IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE SANITÁRIA DE SEMENTES DE FLORESTAIS NA PRODUÇÃO DE MUDAS

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Importância da qualidade DIVULGAÇÃO sanitária de sementes TÉCNICA de florestais na produção de mudas. 27 IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE SANITÁRIA DE SEMENTES DE FLORESTAIS NA PRODUÇÃO DE MUDAS Instituto Biológico, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Vegetal, Av. Cons. Rodrigues Alves, 1252, CEP 04014-002, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: vechiato@biologico.sp.gov.br RESUMO As sementes de essências florestais possuem, de maneira geral, baixas porcentagens de germinação, pois os fungos podem causar anormalidades e lesões nas plântulas, bem como a deterioração dessas sementes. Os maiores problemas ligados a doenças ocorrem durante a germinação e formação de mudas em viveiro e, geralmente, são causados por fungos. Neste trabalho, amostras de 12 espécies de sementes de florestais foram analisadas para sanidade. Os 18 gêneros de fungos detectados foram discutidos quanto a sua importância na associação com as sementes e os reflexos na produção de mudas. PALAVRAS-CHAVE: Patologia de sementes, fungos, doença. ABSTRACT IMPORTANCE OF SANITARY QUALITY OF SEEDS IN FORESTRY SEEDLING PRODUCTION. Forest species seeds have, in general, low germination percentages because fungi cause damage in seedlings and seed deterioration. In this work samples of 12 seed species forest were examined for sanity. The 18 fungi genera identified, were discussed in terms of importance in seed association and reflections on the seedlings productions. KEY WORDS: Seed pathology, fungi, disease. As compensações ambientais, tais como a reposição obrigatória de mata nativa nas propriedades rurais e a recuperação de áreas degradadas, visando a atender ao rigor das leis federais e estaduais, propiciaram o aumento na demanda de sementes de espécies florestais que constituem insumo básico nos programas de recuperação e conservação de ecossistemas. Desta forma, as sementes de espécies florestais ganharam grande importância para a formação de mudas a serem utilizadas em programa de reflorestamento, recuperação de áreas degradadas, arborização urbana e a preservação das espécies em extinção, entre outras atividades que necessitam deste insumo. O segmento das espécies florestais vem se organizando de forma efetiva, com legislações próprias para atender à demanda de sementes de boa qualidade sanitária e fisiológica. Entretanto, a produção de sementes florestais não é tão simples, pois a maioria das matrizes encontra-se em reservas onde é proibida a extração de material. Sendo assim, os viveiristas são obrigados a coletar apenas em locais permitidos e otimizar o uso das amostras. Outra dificuldade é a falta de garantia da qualidade do lote que estes estão adquirindo. O estabelecimento de Programas de Recuperação de Áreas Degradadas (PRADs) necessita de mudas provenientes de sementes com diversidade de espécies e variabilidade genética. Neste contexto, a qualidade sanitária, fisiológica, física e genética das sementes assume grande importância tendo em vista que as mudas formadas a partir delas, irão refletir na capacidade das mesmas em originar plantas sadias. As sementes de essências florestais possuem, de maneira geral, baixas porcentagens de germinação, pois os micro-organismos podem causar anormalidades e lesões nas plântulas, bem como a deterioração dessas sementes. Os maiores problemas ligados a doenças ocorrem durante a germinação e formação de mudas em viveiro e, geralmente, são causados por fungos. Entre os fatores que podem afetar a qualidade das sementes florestais estão, sem dúvida, os de caráter fitossanitário, entre os quais se destacam os fungos. Para a obtenção de sementes de boa qualidade há necessidade de implantação de um programa de certificação de sementes para sanidade, que tem sido dificultada pela falta de informações oriundas da pesquisa sobre a patogenicidade dos fungos associados às sementes de florestais, métodos eficientes de

28 detecção, taxa de transmissão e danos ocasionados à cultura subsequente, bem como a eficiência de produtos químicos e alternativos para o tratamento de sementes. A inclusão de padrões sanitários em sementes de florestais, visando ao controle da qualidade de sementes e mudas produzidas, é estratégico para dificultar a introdução e disseminação de patógenos. Neste trabalho, amostras de 12 espécies de sementes de florestais foram analisadas para sanidade. Os 18 gêneros de fungos detectados foram discutidos quanto a sua importância na associação com as sementes e os reflexos na produção de mudas. Amostras de sementes de Aroeira Brava (Lithraea brasiliens), Aroeira Preta (Myracrodrun urundeuva), Ipê-roxo (Tabebuia impetiginosa), Pau- -jangada (Apeiba tibourbou), Acácia-australiana (Acácia mangium), Eucalipto citriodora (Eucalyptus citriodora), Cedro Rosa (Cedrela fissilis), Leucena (Leucaeana leucocephala), Pinus (Pinnus taeda e P. elliottii ), Jacarandá-paulista (Machaerium villosum) e Jacarandá-da-bahia (Dalbergia nigra) foram analisadas para sanidade visando à detecção de fungos no Laboratório de Patologia de Sementes, Centro de Pesquisa & Desenvolvimento de Sanidade Vegetal, pertencente ao Instituto Biológico, empregando-se o método do papel de filtro. Essa análise permitiu a identificação de 18 gêneros de fungos: Pestalotiopsis, Botrytis, Phoma, Colletotrichum, Alternaria, Phomopsis, Macrophomina, Stemphylium, Exserohilum, Curvularia, Fusarium, Cladosporium, Epicoccum, Nigrospora, Rhizopus, Trichoderma, Aspergillus e Penicillium (Fig. 1). Em outros trabalhos realizados, objetivando o conhecimento de fungos associados a sementes florestais, os seguintes gêneros de fungos foram encontrados: Alternaria, Aspergillus, Botryodiplodia, Chaetomium, Cladosporium, Curvularia, Cylindrocladium, Diplodia, Fusarium, Gilmanielia, Helminthosporium, Macrophomina, Monocillium, Nigrospora, Penicillium, Pestalotia, Phoma, Pithomyces, Peyroneleaea, Oidiodendron, Rhizoctonia, Torula, Trichoderma e Verticillium. Como mostra a Figura 1, os gêneros de fungos que apresentaram as maiores incidências foram Penicillium (Fig. 2) em Pinus taeda (99,5%), P. elliotii (99,0%), Myracrodrun urundeuva (93,0) e Apeiba tibourbou (78,0%) e Aspergillus (Fig. 3) em Leucaeana leucocephala (98,25%) e Cladosporium (97,25) em Machaerium villosum. Os fungos associados às sementes podem ser divididos em dois grupos: campo e armazenamento. Os fungos de campo estabelecem-se na semente durante o período de crescimento e maturação, ou seja, antes da colheita. Após essa fase, o grupo denominado de fungos de armazenamento pode invadir a semente, tendo como principais representantes os gêneros Aspergillus e Penicillium, que causam podridão e deterioração das sementes. Esses danos ocorrem, sobretudo, quando as sementes apresentam teor de umidade em torno de 25%. Os fungos podem estar presentes como contaminantes ou sob a forma de micélio dormente, uma vez que sobrevivem nas sementes mesmo quando apresentam baixos conteúdos de umidade. Espécies de Aspergillus sp. são consideradas indicadoras da deterioração das sementes Fig. 1 - Incidência de fungos em sementes de Aroeira Brava (Lithraea brasiliens), Aroeira Preta (Myracrodrun urundeuva), Ipê-roxo (Tabebuia impetiginosa), Pau Jangada (Apeiba tibourbou), Acácia-australiana (Acácia mangium), Eucalipto citriodora (Eucalyptus citriodora), Cedro Rosa (Cedrela fissilis), Leucena (Leucaeana leucocephala), Pinus (Pinnus taeda), Pinus (Pinnus elliottii), Jacarandá-paulista (Machaerium villosum) e Jacarandá-da-bahia (Dalbergia nigra), analisadas pelo método do papel de filtro.

Importância da qualidade sanitária de sementes de florestais na produção de mudas. 29 Fig. 2 - Conídios e conidióforos de Penicillium sp. em sementes de Tabebuia impetiginosa - ipê-roxo (A) e conídios em lâminas (B). Foto: T.T. Rocha. Fig. 3 - Conídios e conidióforos de Aspergillus sp. em sementes de Tabebuia impetiginosa - ipê-roxo (A) e conídios em lâminas (B). Foto: T.T. Rocha. e grãos, causando danos, descoloração e alterações nutricionais. Este fungo pode crescer com menor teor de água, seguindo-se, após a contaminação, por Penicillium sp., cuja necessidade por umidade é mais elevada, desenvolvido em função da atividade metabólica dos primeiros invasores. Cladosporium sp., quando detectado em alta incidência, também pode reduzir o poder germinativo das sementes. Dos fungos detectados, os gêneros Pestalotiopsis (Fig. 4), Botrytis (Fig. 5), Phoma, Colletotrichum, Alternaria (Fig. 6), Phomopsis, Macrophomina, Stemphylium, Exserohilum, Curvularia e Fusarium são considerados potencialmente patogênicos a sementes de florestais, podendo ocasionar podridão de sementes, manchas foliares e danos em plântulas. Dos fungos citados, os gêneros que apresentaram incidências expressivas foram: Phomopsis (83,0%), Macrophomina (44,5%), Stemphylium, (52,0%) e Fusarium (34,5%). O gênero Phomopsis, detectado em alta incidência (83,0%) em Jacarandá-da-bahia, é responsável pela deterioração da qualidade das sementes, causando frequentemente o apodrecimento das sementes. Os gêneros Macrophomina, Stemphylium e Fusarium, também

30 Fig. 4 - Conídios e conidióforos de Pestalotiopsis sp. em sementes de Tabebuia impetiginosa - ipê-roxo (A) e conídios em lâminas (B). Foto: P.Q. Gouveia. Fig. 5 - Conídios e conidióforos de Botrytis sp. em sementes de Tabebuia impetiginosa - ipê-roxo (A) e conídios em lâminas (B). Foto: P.Q. Gouveia e H.T. Minoru. constatados em porcentagens expressivas, são fungos relatados como possíveis patógenos a várias espécies florestais. Espécies do gênero Fusarium, como F. solani e F. oxysporum, são agentes causais de podridão de colo e raízes e doenças vasculares, respectivamente. Por outro lado, os gêneros Epicocum, Nigrospora e Trichoderma são saprófitas, comumente detectados em sementes submetidas à análise de sanidade, quando se utiliza o método do papel de filtro. Os demais fungos foram constatados em baixa a moderada incidência, porém são considerados potencialmente patogênicos a espécies florestais como: Pestalotiopsis, Botrytis, Phoma, Alternaria, Colletotrichum e Exserohilum. Embora estes fungos tenham apresentado incidências de baixa a moderada, nada se pode afirmar no que diz respeito aos danos que eles podem causar, uma vez que não existem resultados de pesquisas sobre taxas de transmissão e modelos epidemiológicos que possam quantificar os seus danos. Os resultados obtidos nas análises realizadas mostram que a flora fúngica associada às sementes de florestais é composta por vários gêneros de fungos, que podem, de alguma forma, interferir na produção de mudas, reduzindo o número de plantas emergidas e contaminando o substrato, refletindo na qualidade sanitária da muda produzida e acarretando prejuízos ao produtor.

Importância da qualidade sanitária de sementes de florestais na produção de mudas. 31 Fig. 6 - Conídios e conidióforos de Alternaria sp. em sementes de Tabebuia impetiginosa - ipê-roxo (A) e conídios em lâminas (B). Foto: P.Q. Gouveia. Entre as medidas preventivas para evitar perdas em sementes de florestais, é recomendada a utilização de sementes de boa qualidade sanitária, empregando- -se algumas técnicas de manejo, como a colheita das sementes antes do período de maturação, o tratamento das sementes com produtos químicos e alternativos e a utilização de substratos sem contaminação. O tratamento biológico, especialmente em sementes de florestais, é uma alternativa extremamente desejável, pois é um método não poluente, não agride o meio ambiente, que exerce controle por meio do desequilíbrio ecológico nos patógenos alvo, e oferece uma ação mais duradoura que os controles químicos e físicos. Algumas formulações como de Trichoderma harzianum (óleo emulsionável e solução de esporos puros) tem se mostrado promissoras no controle biológico de fungos em sementes de florestais. BIBLIOGRAFIA BARBOSA, J.M.; SANTOS JUNIOR, N.A. Produção e tecnologia de sementes aplicadas à recuperação de áreas degradadas. In: BARBOSA, L.M. (Coord.). Manual para recuperação de áreas degradadas em matas ciliares do Estado de São Paulo, 2006. São Paulo: Instituto de Botânica, 2006. p.78-87. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Manual de análise sanitária de sementes. Brasília: MAPA/ACS, 200p. 2009. BEDENDO, I.P. Classificação de doenças. In: BERGAMIN FILHO, A.; KIMATI, H.; AMORIM, L. (Ed.). Manual de fitopatologia. 3.ed. São Paulo: Ceres, 1995. v.1, cap. 40, p-805-906. CARNEIRO, J.S. Microflora associada a sementes de essências florestais. Fitopatologia Brasileira, v.11, p.557-566, 1986. COELHO, R.M.S.; CASTRO, H.A. de; MENEZES, M. Patogenicidade de Phomopsis e Phoma associados a sementes de ipê (Tabebuia serratifolia) e angico vermelho (Anadenanthera perigrina). Summa Phytopathologica, v.22, p.224-227, 1996. FAIAD, M.G.R.; SALOMÃO, A.N.; CUNHA, R.D.; PA- DILHA, L.S. Efeito do hipoclorito de sódio sobre a qualidade fisiológica e sanitária de sementes de Commiphora lepthophloeos (Mart.) J.B. Gillet. Revista Brasileira de Sementes, v.19, n.1, p.14-17, 1997. HARMON, G.G.; PFLENGER, F. Pathogenicity and infection sites of Aspergillus species in store seeds. Phytopathology, v.64, p.1339-1344, 1974. INTERNATIONAL SEED TESTING ASSOCIATION ISTA. International rules for seed testing. Proceedings of the Internacional Seed Testing Association, v.31, p.107-115, 1976. MACHADO, J.C. Tratamento de sementes no controle de doenças. Lavras: LAPS/UFLA/FAEPE, 2000. 138p. MEDEIROS, M.I.B.; VECHIATO, M.H.; PARISI, J.J.; BARBOSA J.M. Efeito do tratamento de sementes de aroeira-preta sobre germinação, emergência e incidência de fungos. Informativo Abrates, v.19, n.2, p.397, 2009. Trabalho apresentado no CONGRESSO BRASILEIRO DE SEMENTES, 16., 2009, Curitiba. Resumos.

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