EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER E NÃO FAZER
1. Execução com base em título judicial Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específicada obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) 1 o A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) 2 o A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (art. 287). (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
3 o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão fundamentada. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) 4 o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
multa do art. 287 Art. 287. Se o autor pedir que seja imposta ao réu a abstenção da prática de algum ato, tolerar alguma atividade, prestar ato ou entregar coisa, poderá requerer cominação de pena pecuniária para o caso de descumprimento da sentença ou da decisão antecipatória de tutela (arts. 461, 4 o, e 461- A).(Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
Tutela específica Maior coincidência possível entre o resultado da tutela jurisdicional pedida e o cumprimento da obrigação caso não houvesse ocorrido lesão ou, quando menos, ameaça do direito no plano material
Resultado prático equivalente Variação da forma de obtenção (jurisdicional) daquilo que deveria decorrer do adimplemento da obrigação por ato do próprio réu A diferença entre a tutela específica e o resultado prático equivalente ao adimplemento repousa nas técnicas a serem empregadas jurisdicionalmente na atividade jurisdicional executiva a ser desempenhada, portanto para obtenção do cumprimento da obrigação
O caput do art. 461 autoriza, por si só sem necessidade da utilização do expediente da cumulação de pedidos a conversão do pedido de tutela específica em resultado práticoequivalentee,seforocaso,emperdas e danos, consoante se demonstrem os fatos subjacentes ao processo durante a tramitação (a variação do pedido expressamente consagrada pela lei)
Obrigações de fazer e não fazer no plano material Obrigações de fazer: tem como prestação uma determinada atividade ou ato a ser praticado pelo devedor Obrigações de não fazer: tem como prestação uma abstenção ou o dever de tolerar uma dada atividade por parte do devedor (podem ser instantaneas ou permanentes)
Mecanismos de efetivação da tutela específica ou da obtenção do resultado prático equivalente medidas de apoio 5 o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
Rol exemplificativo: quaisquer outras medidas que se mostrem necessárias, suficientes, adequadas e proporcionais a obtenção dos resultados desejados pelo artigo podem também ser utilizados pelo Magistrado
multa O par. 4º do 461 autoriza a imposição de multa diária ao réu para compeli-lo a praticar o ato a que é obrigado ou abster-se de sua pratica. Trata-se do que usualmente é denominado astreintes, instituto herdado do direito frances A multa não tem caráter compensatório, indenizatório ou sancionatório: sua natureza jurídica repousa no caráter INTIMIDATORIO para conseguir, do próprio réu, o especifico comportamento pretendido pelo autor e determinado pelo magistrado. E, pois, medida COERCITIVA, COMINATORIA
Em função dessa sua natureza jurídica a multa pode ser alterada quanto a seu valor e quanto a sua periodicidade, para mais ou para menos, consoante seja necessário para a obtenção adequada e proporcional da tutela especifica ou do resultado prático equivalente O beneficiário do valor da multa é o autor (exequente) e não o Estado. Não pago o valor corresponde espontaneamente, poderá o exequente cobra-lajudicialmente (art. 475-J), nos mesmos autor
Não tem aplicação a LACP, que dispoeser a multa exigivelapenas após o transito em julgado da decisaofavoravelao exequente, embora devida desde o descumprimento da ordem (LACP é norma especial) A multa deve atender a sua finalidade, que é a de obter, do proprioexecutado, um especifico comportamento ou uma abstencao nunca pode servir como baliza para fixar perdas e danos ou assumir qualquer sentido indenizatorio
Intimação para cumprimento Pessoal? Depende do fato de a parte ter ou não advogado constituído nos autos!
Perdas e danos 1 o A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente No plano do direito material, é impossível a obrigação de fazer toda vez que ela for naturalmente infungivel, isto é, toda vez que a obrigacaoassumida depende de uma manifestacao especifica de alguém
2. Execução com base em título extrajudicial Obrigação de fazer: arts. 632 a 638 Obrigação de não fazer: arts. 642 e 643 disposições comuns: arts. 644 e 545
2.1 Obrigação de fazer: arts. 632 a 638 Art. 632. Quando o objeto da execução for obrigação de fazer, o devedor será citado para satisfazê-la no prazo que o juiz Iheassinar, se outro não estiver determinado no título executivo. Art. 633. Se, no prazo fixado, o devedor não satisfizer a obrigação, é lícito ao credor, nos próprios autos do processo, requerer que ela seja executada à custa do devedor, ou haver perdas e danos; caso em que ela se converte em indenização. Parágrafo único. O valor das perdas e danos será apurado em liquidação, seguindo-se a execução para cobrança de quantia certa.
Art. 634. Se o fato puder ser prestado por terceiro, é lícito ao juiz, a requerimento do exeqüente, decidir que aquele o realize à custa do executado.(redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). Parágrafo único. O exeqüenteadiantará as quantias previstas na proposta que, ouvidas as partes, o juiz houver aprovado.(redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
Art. 635. Prestado o fato, o juiz ouvirá as partes no prazo de 10 (dez) dias; não havendo impugnação, dará por cumprida a obrigação; em caso contrário, decidirá a impugnação. Art. 636. Se o contratante não prestar o fato no prazo, ou se o praticar de modo incompleto ou defeituoso, poderá o credor requerer ao juiz, no prazo de 10 (dez) dias, que o autorize a concluí-lo, ou a repará-lo, por conta do contratante. Parágrafo único. Ouvido o contratante no prazo de 5 (cinco) dias, o juiz mandará avaliar o custo das despesas necessárias e condenará o contratante a pagá-lo. Art. 637. Se o credor quiser executar, ou mandar executar, sob sua direção e vigilância, as obras e trabalhos necessários à prestação do fato, terá preferência, em igualdade de condições de oferta, ao terceiro.
Art. 638. Nas obrigações de fazer, quando for convencionado que o devedor a faça pessoalmente, o credor poderá requerer ao juiz que Ihe assine prazo para cumpri-la. Parágrafo único. Havendo recusa ou mora do devedor, a obrigação pessoal do devedor converter-se-á em perdas e danos, aplicando-se outrossim o disposto no art. 633.
2.2 Obrigação de não fazer Art. 642. Se o devedor praticou o ato, a cuja abstenção estava obrigado pela lei ou pelo contrato, o credor requererá ao juiz que Iheassine prazo para desfazê-lo. Art. 643. Havendo recusa ou mora do devedor, o credor requererá ao juiz que mande desfazer o ato à sua custa, respondendo o devedor por perdas e danos. Parágrafo único. Não sendo possível desfazer-se o ato, a obrigação resolve-se em perdas e danos.
disposições comuns Art. 644. A sentença relativa a obrigação de fazer ou não fazer cumpre-se de acordo com o art. 461, observandose, subsidiariamente, o disposto neste Capítulo.(Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002) Art. 645. Na execução de obrigação de fazer ou não fazer, fundada em título extrajudicial, o juiz, ao despachar a inicial, fixará multa por dia de atraso no cumprimento da obrigação e a data a partir da qual será devida.(redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994) Parágrafo único. Se o valor da multa estiver previsto no título, o juiz poderá reduzi-lo se excessivo.(incluído pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)
Roteiro da execução das obrigações de fazer 1) O juiz, ao despachar a inicial determinando a citação, fixa multa por dia de atraso no cumprimento da obrigação e a data a partir da qual será devida (art. 645) 2) Devedor citado para satisfazer a obrigação no prazo que o juiz assinalar, se outro não estiver determinado no título (art. 632). O valor da multa pode ou não corresponder ao eventualmente previsto no título, cabendo a elevação ou redução, tendo em vista o objetivo da sanção, que é sensibilizar o devedor de que vale a pena cumprir a obrigação no prazo determinado (art. 645, p. ún.) 3) Citado, o devedor pode satisfazer a obrigação nesse caso o juiz declara a extinção do processo executivo (art. 794, I, c.c. art. 795)
4) Em 15 dias, pode o devedor opor embargos (art. 738), os quais, de regra, não têm efeito suspensivo 5) Caso não satisfaça a obrigação nem oponha embargos, é lícito ao credor requerer que ela seja executada à custa do devedor, ou haver perdas e danos, caso em que ela se converte em indenização (art. 633) 6) As perdas e danos serão apuradas em liquidação, seguindo-se a execução para cobrança da quantia certa apurada (art. 633, par. Único) 7) Havendo opção pela execução à custa do devedor, o credor apresentará proposta que, ouvidas as partes, será submetida à aprovação do juiz (art. 634, par. ún.). Aprovada a proposta, o exequente adiantará a s quantias nela previstas, para pagamento do contratante, prestador do fato. Se o credor quiser executar, ou mandar executar, sob sua direção e vigilância as obras e trabalhos necessários à prestação do fato, terá preferência, em igualdade de condições de oferta, a terceiro (art. 637)
Roteiro da execução das obrigações de não fazer 1) O juiz, ao despachar a inicial, determinará a citação e fixará multa por dia de atraso no cumprimento da obrigação e a data a partir da qual será devida (art. 645) 2) Devedor será citado para desfazer o ato, se possível (art. 642) 3) Se o devedor, citado, desfizer o que fez, extingue-se a obrigação
4) Caso não desfaça, duas situações: Prestação negativa instantânea (impossibilidade de se retornar ao statuquo ante): obrigação resolve-se em perdas e danos (art. 643, par. ún.) Prestação negativa permanente: pode ser executada especificamente, com o desfazimento do que se fez, ou pela conversão em perdas e danos o desfazimento pode ser realizado por terceiro, à custa do devedor, aplicando-se o art. 633 e seguintes
5) Qualquer que seja a natureza da prestação executada, é lícito ao devedor opor embargos no prazo de 15 dias, a contar da juntada aos autor do mandado de citação (art. 738)
Quadro esquemático Título judicial: comporta efetivação (art. 644 c.c. 461, CPC) Título extrajudicial: arts. 632 a 645 Devedor citado para satisfazer no prazo que o juiz assinar, se outro do título não constar Execução das obrigações de fazer e não fazer (arts. 632 a 645) Obrigação de Fazer Obrg. fungível Obrg. infungível Devedor citado para desfazer Exec. à custa do devedor ou perdas e danos Perdas e danos Obrigação de não fazer Se não desfizer Obrg. instantânea Obrg. permanente Perdas e danos Desfazimento e perdas e danos