ARTIGO ORIGINAL RESUMO ABSTRACT. Rebecca Gonçalves da Silva 1, Angelica Castilho Alonso 2, Rita de Cássia Ernandes 2, Fernanda Antico Benetti 1

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ARTIGO ORIGINAL ISSN: 2178-7514 Vol. 8 Nº. 3 Ano 2016 EFEITO DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO NA QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES PORTADORAS DE INCONTINÊNCIA Effect of a rehabilitation program in women s quality of life living with urinary incontinence Rebecca Gonçalves da Silva 1, Angelica Castilho Alonso 2, Rita de Cássia Ernandes 2, Fernanda Antico Benetti 1 RESUMO Introdução: A Incontinência Urinaria (IU) é um tipo de disfunção do trato urinário inferior que pode acontecer quando há alterações no processo fisiológico da micção. O uso de exercícios terapêuticos tem se mostrado muito eficaz no tratamento da IU, com a finalidade de melhorar a eficácia do esfíncter uretral durante os períodos de aumento da pressão intraabdominal Objetivo: avaliar a eficácia dos exercícios perineais e da eletroestimulação vaginal na qualidade de vida de mulheres portadoras de incontinência urinária Método: 10 mulheres com média de idade 55,2 (12,4) anos variando entre 40 a 76 anos com diagnóstico de Incontinência Urinária (IU) foram submetidos a uma serie de exercícios perineais e eletroestimulação. Foi utilizado o questionário especifico para IU Incontinence Quality of Life Instrument (I-QOL) para avaliação dos pacientes. Resultados: Houve uma melhora no escore geral do I-QOL porém sem valores estatisticamente significantes. Conclusão: Exercícios terapêuticos associados com eletroestimulação não apresentou melhora na qualidade de vida de pacientes com incontinência urinária num período de 10 sessões. Palavras Chave: Pressão Arterial. Atividades de Lazer. Adolescente ABSTRACT Introduction: Urinary Incontinence (UI) is a type of dysfunction of the lower urinary tract that can happen when there are changes in the physiological process of urination. The use of exercise therapy has proved very effective in the treatment of UI, in order to improve the effectiveness of the urethral sphincter during periods of increased intra-abdominal pressure Objective: To evaluate the efficacy of perineal exercises and vaginal electrostimulation as women living carriers of urinary incontinence method: 10 women with a mean age 55.2 (12.4) years ranging from 40 to 76 years diagnosed with urinary incontinence (UI) underwent a series of perineal electrical stimulation and exercise. It used the specific questionnaire for UI Incontinence Quality of Life Instrument (I-QOL) for evaluation of patients. Results: There was an improvement in the overall score of I-QOL but not statistically significant values. Conclusion: Therapeutic exercises associated with electrical stimulation did not improve the quality of life of patients with urinary incontinence in a period of 10 sessions. Keywords: Urinary Incontinence; Quality of life; Physiotherapy 1- Curso de Fisioterapia, Faculdade de Medicina do ABC, Santo André, São Paulo, Brasil; 2- Programa de pós-graduação em Ciências do Envelhecimento da Universidade São Judas Tadeu, SP. Autor de correspondência Rebecca Gonçalves da Silva Rua Wenceslau Brás, 265 apto 112 -Bairro Santa Paula - São Caetano do Sul - Cep: 09541-200 - SP rebeccagoncalves03@gmail.com

INTRODUÇÃO A Sociedade Internacional de Continência (International Continence Society - ICS) definiu mais recentemente a incontinência urinária (IU) como perda involuntária de urina 1. Calcula-se que a perda de urina afeta 50-69% das mulheres 2. A IU é um tipo de disfunção do trato urinário inferior e pode acontecer quando há alterações no processo fisiológico da micção ou nas estruturas envolvidas no suporte e na sustentação dos órgãos responsáveis pela micção 3. Constitui uma afecção que não configura risco de vida, mas causa profundas mudanças psicossociais à mulher 4. Sua prevalência varia de acordo com o tipo e a definição. É uma queixa muito comum (49,5%), acomete principalmente mulheres aos 50 anos (após a menopausa) e aumenta com a idade. A IU pode ser dividida em diversos tipos e os mais comuns são: incontinência urinária de esforço (IUE) sendo um tipo bastante frequente entre as mulheres 3. Acomete cerca de 23% da população 5 e no Brasil há prevalência de 35% em mulheres na perimenopausa ou menopausa 6. A IU interfere diretamente com as atividades diárias das mulheres, de tal maneira que aquelas que sofrem dessa condição apresentam índices mais baixos de qualidade de vida 7. Seu efeito psicossocial pode ser mais devastador do que as consequências sobre a saúde, com múltiplos e abrangentes efeitos que influenciam as atividades diárias, a interação social e a autopercepção do estado de saúde 8. Instrumentos de aferição da qualidade de vida são comumente utilizados na avaliação de doenças ou de tratamentos para a determinação da percepção individual física, psicológica e bem-estar social. Por esse motivo, a Sociedade Internacional de Continência recomenda que tais avaliações sejam incluídas, em todos os estudos, como complemento das medidas clínicas 9. A medida objetiva mais utilizada em estudos clínicos de IU avalia a quantidade e frequência da perda de urina por diários miccionais, teste do absorvente ou parâmetros urodinâmicos. Tais observações podem refletir a gravidade da perda, contudo não exprimem as alterações nas atividades diárias 10. A aplicação de questionários em mulheres incontinentes é bem aceita, uma vez que o impacto sobre os fatores individuais pode ser avaliado. Para que sejam eficientes, estes instrumentos devem ser simples, ter relevância e ser de fácil compreensão 11. Revista CPAQV Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida Vol.8 Nº. 3 Ano 2016 p. 2

Objetivamente, temos o questionário Incontinence Quality of Life Instrument (I-QOL), um instrumento específico de avaliação de qualidade de vida, para pacientes com IU. Foi desenvolvido em inglês, mas pela sua praticidade e simplicidade já foi traduzido e utilizado em pelo menos 15 países 12. A cinesioterapia é um tratamento que tem se mostrado muito eficaz no tratamento da IU, com a finalidade de melhorar a eficácia do esfíncter uretral durante os períodos de aumento da pressão intra-abdominal 13. A eletroestimulação endovaginal (EEEV) também tem mostrado resultados promissores 14. Entretanto, não está bem padronizado na literatura a eficiência de algum protocolo da fisioterapia em específico. Assim, os objetivos desta pesquisa foram avaliar os efeitos dos exercícios perineais e EEEV sobre a qualidade de vida de pacientes com incontinência urinária. MÉTODOS Esta pesquisa foi desenvolvida no Ambulatório de Fisioterapia Uroginecologica do Hospital Estadual Mario Covas de Santo André (HEMC) e no Ambulatório de Fisioterapia Uroginecologica do Hospital Municipal de São Caetano do Sul e teve aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina do ABC sob o número do parecer 722.449. Critérios de Inclusão Foram incluídas 10 mulheres acima de 40 anos, portadoras de incontinência urinaria de esforço, por urgência ou mista, que apresentassem prescrição médica para fisioterapia, que não tivesse contra-indicação para a prática de exercícios físicos ou utilização de EEEV, além de pacientes que possuíssem qualquer distúrbio cardiovascular, endócrino, ortopédico ou neurológico que pudessem interferir no tratamento. E excluídos aqueles que não aderecem o programa de fisioterapia faltando mais de duas vezes. Procedimentos Inicialmente as voluntárias foram informadas sobre o desenvolvimento da pesquisa e se concordassem em participar como voluntárias, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE. Na sequencia as voluntárias foram orientadas a preencher o questionário de qualidade de vida I-QOL. Aplicamos o I-QOL ( Incontinence Quality Of Life Instrument ), que é um questionário especifico para indivíduos com IU na análise da qualidade de vida. De acordo com Diniz Santos et al (2009)15, o I-QOL é composto por 22 questões organizadas em três domínios. O primeiro analisa a limitação do comportamento humano (questões 1, 2, 3, 4, 10, 11, 13 e 20), o segundo, o impacto psicossocial (questões 5, 6, 7, 9, 15, 16, 17, 21 e 22) e por fim o terceiro avalia o embaraço e o constran_ Revista CPAQV Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida Vol.8 Nº. 3 Ano 2016 p. 3

gimento social (questões 8, 12, 14, 18 e 19). A todas as respostas são atribuídos valores numéricos que variam de 1 a 5, que, somados, produzem um valor total. Tais valores, somados, devem ser transformados em percentuais; portanto, a avaliação da qualidade de vida deverá variar entre 0 e 100 pontos, considerando-se que, quanto menor o número obtido, pior a qualidade de vida. As voluntárias deveriam ser capazes de ler, compreender e responder todas as questões do I-QOL. As voluntárias participaram de um tratamento de fisioterapia, em sessões de 1 hora, 2 vezes por semana, durante 10 sessões. Inicialmente as pacientes foram avaliadas por meio de uma ficha de avaliação fisioterápica onde constavam dados pessoais, queixa principal, historia uroginecológica pregressa, antecedentes ginecológicos e obstétricos e em seguida foi realizado, o exame físico, sendo constituído a princípio da visualização da genitália externa e verificando se existia a presença ou ausência de contração voluntária visível da musculatura do assoalho pélvico após comando verbal do fisioterapeuta. Na sequencia, a palpação feita por meio de toque bidigital para avaliação funcional da força muscular do assoalho pélvico. O tratamento foi constituído de um protocolo de cinesioterapia, que foi realizado em um grupo de no máximo três pacientes, com finalidade de fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico. As pacientes foram estimuladas a realizar três séries de exercícios de quinze contrações fásicas (rápidas) e quinze contrações tônicas (lentas), estas com manutenção de alguns segundos, que iam evoluindo com decorrer das sessões, todas em decúbito dorsal, sentada e em ortostatismo. Após este protocolo foram realizados exercícios de agachamentos com ou sem halteres nas mãos realizando a contração tônica da musculatura do assoalho pélvico e por fim, caminhada em um percurso, conscientizando a incontinente da contração da musculatura. Devese ressaltar que anteriormente aos exercícios perineais, estas pacientes foram orientadas como contrair corretamente os músculos do assoalho pélvico, e também instruídas a manutenção domiciliar dos exercícios de contração do assoalho pélvico em todas as suas atividades de vida diária. A EEEV foi realizada por meio de um aparelho com o eletrodo perineal intracavitário com dois anéis de metal que era introduzido com auxílio de gel lubrificante e utilizado um preservativo masculino no eletrodo. As sessões de EEEV foram intercaladas com as sessões de cinesioterapia, então eram realizadas uma vez por semana, em sessões individuais durante 45 minutos. O tratamento aconteceu em clínicas de fisioterapia e foi realizado por fisioterapeutas especializados. Após o término das 10 sessões de tratamento, as pacientes preencheram novamente o questionário de qualidade de vida I-QOL para comparação dos resultados. Revista CPAQV Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida Vol.8 Nº. 3 Ano 2016 p. 4

Análise Estatística Realizou-se análise descritiva dos dados, as variáveis qualitativas foram apresentadas por frequência relativa e as quantitativas por média, desvio padrão, mínimo e máximo (os dados apresentaram distribuição normal, com teste de Shapiro-Wilk, p<0,05). Para comparar diferenças na qualidade de vida antes e após o tratamento fisioterapêutico, utilizou-se teste de t Student. Para toda esta análise adotou-se o nível de confiança de 95% e a análise estatística foi realizada no software estatístico Stata versão 11.0. RESULTADOS Participaram do presente estudo 10 mulheres com a média de idade de Não houve efeito significante de um protocolo de cinesioterapia específico sobre a qualidade de vida de pacientes com incontinência urinária.. O gráfico 1 mostra a proporção de mulheres de acordo com o tipo de IU, sendo visto que a IUE é a tipologia mais predominante neste estudo, onde a maioria das mulheres obtiveram este diagnóstico. A minoria foi diagnosticada com IU mista e IU de urgência. Gráfico 1. Proporção de mulheres por tipo de incontinência urinária (IU). A tabela 1 refere-se aos três domínios de qualidade de vida (comportamento humano, impacto psicossocial e embaraço e constrangimento social) avaliados pelo questionário I-QOL. Pode-se notar que não foram encontrados valores estatisticamente significantes em nenhum dos três antes e após a intervenção fisioterapêutica. Revista CPAQV Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida Vol.8 Nº. 3 Ano 2016 p. 5

Tabela 1. Estimativa pontual e estimativa intervalar dos domínios de qualidade de vida avaliados pelo questionário I-QOL. Domínios do I-QOL Antes Após Média (IC 95%) Média (IC 95%) p* Comportamento humano 66,0 (52,6 79,4) 71,3 (55,3 87,2) 0,575 Impacto Psicossocial 70,4 (52,5 88,4) 80,4 (64,0 96,9) 0,365 Embaraço e constrangimento social 52,4 (35,6 69,2) 60,4 (40,6 80,2) 0,494 I-QOL - Incontinence Quality of Life Instrument ; IC 95% - Intervalo de confiança de 95%. *Valor probabilístico do teste de t student, adotando o nível de significância p<0,05. Avaliando o escore geral da qualidade de vida das mulheres com incontinência urinária antes e após o tratamento fisioterapêutico de 10 sessões, nota-se que não houveram valores estatisticamente significantes (p=0,430). A comparação entre a qualidade de vida antes e após tratamento encontra-se no gráfico 2. *I-QOL - Incontinence Quality of Life Instrument *Teste de t student, adotando o nível de significância p<0,05. Gráfico 2. Média do percentual do Escore Geral de Qualidade de Vida de mulheres com incontinência urinária antes e após o tratamento fisioterapêutico. DISCUSSÃO O principal achado do presente estudo foi que em apenas 10 sessões de tratamento fisioterapêutico baseado na utilização de cinesioterapia e EEEV não foi capaz de modificar a qualidade de vida de mulheres portadoras de incontinência urinária, avaliados por um questionário específico, embora em todos os parâmetros apresentaram valores superiores. Em relação a idade as voluntárias tinham em média 55,2 (12,4) anos variando entre 40 a 76 anos Revista CPAQV Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida Vol.8 Nº. 3 Ano 2016 p. 6

sendo semelhante ao estudo realizado por Dedicação 16 onde a faixa etária estudada foi em média de 55,2 anos (34 a 85 anos). Em um estudo brasileiro realizado por Agostinho 17, onde foram voluntárias 1.606 mulheres, 45,05% das mulheres incontinentes encontravam-se na faixa etária de 50 a 59 anos e segundo Guarisi et al. 18 em um estudo com 456 mulheres observou-se incidência da faixa etária de 45 a 60 anos de idade. Diversos estudos que utilizam de questionários, afirmam que o predomínio de IU em mulheres de meiaidade tem sido notado em 9% a 60%, segundo Elving 19, isto ocorre por conta do período da menopausa, onde segundo Guarisi et al 18 ocorre diminuição dos níveis estrogênicos endógenos, fato que é respaldado pela íntima associação embriológica e anatômica entre tratos urinário e genital, contrariando esta afirmação Thom 20, não encontrou um aumento da prevalência de IU no período da menopausa. Da mesma maneira, um estudo com 541 mulheres de 42 a 50 anos encontrou significativamente menos incontinência entre as menopausadas, comparadas com as que estavam na pré-menopausa, conforme afirma Burgio et al 21. Guarisi et al 18 afirma que, a literatura também não parece ser conclusiva quanto às relações entre menopausa e IU, embora muitas mulheres relacionem o aparecimento da IU com esse período. No presente estudo, a proporção de mulheres de acordo com o tipo de IU foi de 70,0% diagnosticadas como IUE, este resultado varia na literatura. No estudo de Yang et al 22 a forma leve da IUE estava presente em 57%, de Guarisi et al 18, onde a prevalência de IUE estava em 30% das pacientes climatéricas e no estudo de Virtuoso 23 onde a proporção foi de 28,7% de mulheres com IUE. Já Mendonça et al 24 apresentou valores de 12,68% do total de mulheres, sendo que a maior frequência desta queixa (48%) ocorreu entre as mulheres com idade entre 41 e 50 anos de idade. Moller et al 25, observou-se 16% de IUE nas mulheres dinamarquesas de 40 a 60 anos. De acordo com Marques et al 3, a IUE é um tipo de IU bastante frequente entre as mulheres. Acomete cerca de 23% da população e no Brasil há prevalência de 35% em mulheres na perimenopausa ou menopausa. A diferença para o presente estudo está relacionado ao número da casuística, que foi pequeno, em relação aos outros estudos. No estudo atual foi eleito o questionário específico para indivíduos com IU I-QOL ( Incontinence Quality Of Life Instrument ), para avaliar a qualidade de vida das voluntárias antes e após a intervenção fisioterapêutica, sendo esta constituída de sessões de cinesioterapia perineal intercalada às sessões de EEEV com eletrodo intracavitário. E, foi observado que houve uma melhora na média antes e após o tratamento de 10 sessões de fisioterapia nos três domínios que são avaliados no questionário: comportamento humano (66,0 versus 71,3), impacto psicossocial (70,4 versus 80,4) e embaraço e constrangimento social (52,4 versus 60,4). Apesar disto, o nível de Revista CPAQV Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida Vol.8 Nº. 3 Ano 2016 p. 7

significância estatística não foi alcançado neste estudo (p<0,05). Diferentemente dos nossos resultados, um estudo realizado por Franco et al 26 onde foram voluntárias 42 mulheres com diagnóstico de bexiga hiperativa ou IU mista, sendo estas divididas para tratamento com EEEV ou eletroestimulação do nervo tibial. A qualidade de vida neste estudo discutido foi avaliada através do questionário genérico SF-36 e do específico I-QOL. Em relação aos resultados do I-QOL encontrado, ambos os grupos obtiveram uma melhora significativa em todos os domínios do questionário, mais especificamente o grupo da eletroestimulação do nervo tibial que teve uma melhora relevante. Bem como no estudo de Berghmans 27, que utilizou o I-QOL para avaliar o tratamento de EEEV nas pacientes com diagnóstico de bexiga hiperativa e que também apresentou uma diferença significativa após o tratamento. Da mesma maneira, estudos de Pal et al 28, Svihra et al 29 e Vandoninck et al 30, onde estes também utilizaram o questionário específico I-QOL para avaliar os efeitos do tratamento de IU com eletroestimulação do nervo tibial e da mesma forma obtiveram uma melhora significativa no escore total. Sendo mais expressivo o estudo de Svihra et al 29, onde a melhora dos sintomas de bexiga hiperativa foi observada em 56% das pacientes acompanhada de uma melhora significativa na qualidade de vida avaliada pelo I-QOL. Distinto do presente estudo foi constatado no estudo de Diniz Santos et al 15, onde foram estudadas 45 pacientes com IUE e estas foram divididas em dois grupos: sendo um grupo composto por 24 pacientes que foram tratadas com EEEV e o outro grupo constituído por 21 pacientes que submeteram-se ao tratamento com cones vaginais. Para avaliar os resultados das técnicas fisioterapêuticas, foi utilizado o diário miccional de sete dias, o teste do absorvente de uma hora e o questionário de qualidade de vida I-QOL, antes e após quatro meses do início do tratamento. Analisando os resultados referentes ao I-QOL pode-se observar um aumento significativo na qualidade de vida medida pelo I-QOL nas pacientes tratadas com EEEV e a terapia com cones vaginais, sendo que a melhora foi semelhante em ambos os grupos após o tratamento. Neste estudo foi adotado como tratamento fisioterapêutico para IU o uso da EEEV e da cinesioterapia do assoalho pélvico, nos nossos resultados houve uma melhora clínica observada, quando analisado o índice de qualidade de vida geral antes e após (64,7% versus 72,5%) a intervenção fisioterapêutica de 10 sessões, entretanto sem significância estatística (p<0,05). Em um estudo semelhante ao realizado, de Bernardes et al 14, onde teve a finalidade de comparar pacientes portadoras de IUE que submeteram-se a um protocolo de cinesioterapia com as que realizaram EEEV, sendo 7 pacientes submetidas em cada grupo durante 10 dias Revista CPAQV Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida Vol.8 Nº. 3 Ano 2016 p. 8

consecutivos de tratamento e observou que todas as pacientes obtiveram uma melhora parcial ou total com 10 sessões, tanto a cinesioterapia quanto a EEEV se mostraram efetivas no tratamento, no entanto a cinesioterapia para o reforço perineal apresentou uma tendência para ser o tratamento de escolha. Resultados são visto no estudo de Fitz et al 31, que avaliou o impacto do treinamento dos músculos do assoalho pélvico na qualidade de vida de mulheres com IUE por meio do questionário (KHG) King s Health Questionnaire, diário miccional e palpação digital, durante a avaliação inicial e após três meses de tratamento. Foi constatada no estudo, uma diminuição significativa das médias dos escores dos domínios avaliados pelo questionário e um aumento significativo na força e endurance muscular o que proporcionou uma melhora na QV de mulheres com IUE. Em um estudo de Silva et al 32 também foi observada uma melhora significativa na qualidade de vida, através do SF- 36 e de um questionário subjetivo de satisfação com o tratamento, após o treinamento com exercícios voltado para os músculos do assoalho pélvico durante 9 semanas de tratamento. Neste estudo as mulheres melhoraram a consciência da região vaginal melhorando assim a contração ativa. Em um estudo de Gomes 33, resultados são vistos no estudo de um caso, que verificou a efetividade do tratamento para IU feminina através da cinesioterapia e da EEEV. O tratamento neste estudo baseou-se em 20 sessões, 2 vezes por semana e foi constituída de cinesioterapia e EEEV e pode-se concluir que houve uma contribuição para melhora no quadro de IUE e, consequentemente na melhora da qualidade de vida desta paciente. Segundo Gomes 33, a utilização de terapias isoladas no tratamento da IU vem sendo descritos, porém, devido a sua causa multifatorial, quando se utilizam terapias associadas, são obtidos melhores resultados. Ressaltando, a EEEV tem mostrado resultados promissores e pode-se dizer que é capaz de reeducar o assoalho pélvico, porém para melhores resultados, deve ser associada a outros métodos de tratamento conservador como a cinesioterapia do assoalho pélvico, conforme afirma Bernardes et al. 14 Conforme afirma Fitz 31, embora a IU não coloque diretamente a vida das pessoas acometidas em risco, existe um consenso quanto ao fato de que ela pode afetar negativamente a qualidade de vida em muitos aspectos, tanto psicológica e social, quanto física, pessoal e sexualmente. Por meio deste estudo pode-se constatar uma melhora nas variáveis analisadas, sendo importante clinicamente, embora não tenhamos uma significância estatística, o que pode ter ocorrido em decorrência do número pequeno da amostra. Outro fator que possivelmente pode ter influenciado para os resultados não ter significância estatística, seria em relação ao número de sessões definido neste estudo para Revista CPAQV Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida Vol.8 Nº. 3 Ano 2016 p. 9

o tratamento fisioterapêutico, sendo apenas de dez sessões, justificada pela dificuldade quanto à regularidade ou adesão dessas mulheres para o tratamento. Tais dificuldades talvez estejam relacionadas à falta de conhecimento da população sobre os tratamentos possíveis, a possibilidade de agravamento dos sintomas e sobre a possibilidade de cura da IU. A vergonha ou o constrangimento provocado nessas pacientes faz com que estas, acreditem que a perda de urina é um processo comum do envelhecimento ou da multiparidade, tornando o diagnóstico e tratamento precoce prejudicado, interferindo na qualidade de vida. CONCLUSÃO Não houve efeito significante de um protocolo de cinesioterapia específico sobre a qualidade de vida de pacientes com incontinência urinária num período de 10 sessões. REFERÊNCIAS 1. Bushnell DM, Martin ML, Summers KH, Svihra J, Lionis C, Patrick DL. Quality of life of women with urinary incontinence: Cross-cultural performance of 15 language versions of the I-QOL. Qual Life Res. 2005 Oct;14(8):1901-13. 2. Thüroff J. et al. Guías EAU sobre incontinência urinaria. Acta Urológicas Espanholas, 2011;35(7):373 388 3. Marques AA, Pinto e Silva MP, Amaral MTP. Tratato de Fisioterapia em Saúde da Mulher. São Paulo: Roca, 2011. 4. Barroso JCV, Ramos JGL, Martins Costa S, Sanches PRS, Muller AF. Transvaginal electrical stimulation in the treatment of urinary incontinence. BJU Int, 2004. Feb;93(3):319-23 5. Minassian VA, Stewart WF, Wood GC, Urinary incontinence in women: variation in prevalence estimates and risk factors. Obstet. Gynecol, 2008 Feb;111(2 Pt 1):324-31 6. Guarisi T, Pinto Neto AM, Osis MJ et al. Urinary incontinence among climateric Brazilian women: household survey. Rev. Saúde Pública, 2001;35(5):428-35 7. Borges J. et al. Avaliação da qualidade de vida em mulheres com incontinência urinária pelo uso do Kings Health Questionnaire. Einstein. 2009; 7(3 Pt 1):308-13. 8. Lopes M. Restrições causadas pela incontinência urinária à vida da mulher. Rev Esc Enfermagem USP, São Paulo 2006; 40(1):34-41. 34 9. Blaivas JG, Appell RA, Fantl JA, Leach G, McGuire EJ, Resnick NM, et al.. Standards of efficacy for evaluation of treatment outcomes in urinary incontinence: recommendations of the Urodynamic Society. Neurourol Urodyn. 1997;16(3):145-7. 10. Feldner PCJ, Sartori MGF, Lima GR, Baracat EC, Girão MJBC. Diagnóstico clínico e subsidiário da incontinência urinária. Rev Bras Ginecol Obstet. 2006; 28(1): 54-62 11. Corcos J, Beaulieu S, Donovan J, Naughton M, Gotoh M; Symptom Quality of Life Assessment Committee of the First International Consultation on Incontinence. Quality of life assessment in men and women with urinary incontinence. J Urol. 2002 Sep;168(3):896-905. 12. Cunha e Souza CC. Tradução e Validação para a língua inglesa do questionário de qualidade de vida IQOL (Incontinence Quality of life Questionnaire), em mulheres brasileiras com incontinência urinária [tese de mestrado]. São Paulo:Oasis br; 2010. 13. Kakihara C. et al. Efeito do treinamento funcional do assoalho pélvico associado ou não à eletroestimulação na incontinência urinária após prostatectomia radical. Rev. Bras. Fisioterapia, 2007; 11(6), p. 481-486. 14. Bernardes NO, Pérez FR, Souza ELBL, Souza OL. Métodos de Tratamento Utilizados na Incontinência Urinária de Esforço Genuína: um Estudo Comparativo entre Cinesioterapia e Eletroestimulação Endovaginal. RGBO, 2000; 22(1):49-54. 15. Diniz Santos PF, Oliveira E, Diniz Zanetti MR, Arruda RM, Sartori MGF, Manoel Castello Girão JB, Castro RA. Eletroestimulação funcional do assoalho pélvico versus terapia com os cones vaginais para o tratamento de incontinência urinária de esforço. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., 2009; 31: p. 447-452. 16. Dedicação AC, Haddad M, Saldanha MES, Driusso P. Comparação da qualidade de vida nos diferentes tipos de incontinência urinária feminina. Rev. Bras. Fisioterapia, 2009; 13(2):116-122. 17. Agostinho AD, Bellote Geanna MH. Prevalência de Revista CPAQV Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida Vol.8 Nº. 3 Ano 2016 p. 10

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