Um programa de compensação ambiental que neutraliza emissões de carbono através de projetos socioambientais de plantio de mudas nativas.

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Transcrição:

M a n u a l T é c n i c o Um programa de compensação ambiental que neutraliza emissões de carbono através de projetos socioambientais de plantio de mudas nativas. Logomarca Pegada Verde Propriedade da Marca: Gestão em Meio ambiente CNPJ: 10.806.746/0001-40 Marisa Fagundes Carvalho de Azevedo Ivo Quintino Macaé, RJ - 2010 Consultoria * Projetos * Gestão * Prestação de Serviços * Assessoria Técnica

Página2 Dedicamos este Manual ao Planeta Terra, por tudo o que sempre nos ofereceu prontamente e, pelo socorro que nos pede agora.

Sumário I- O EFEITO ESTUFA E O AQUECIMENTO GLOBAL 04 II- PROGRAMA PEGADA VERDE 04 1 a Etapa 05 1.1. Inventário de Emissões 05 1.2. Cálculo de Neutralização 10 1.3. Selo PEGADA VERDE 12 2 a Etapa 13 2.1. Plantio de Manutenção das Mudas Nativas 13 Plano de Plantio 14 2.2. Certificado PEGADA VERDE 16 III- CONSIDERAÇÕES FINAIS 17 Página3

I- O EFEITO ESTUFA E O AQUECIMENTO GLOBALL O Planeta Terra é envolvido pela atmosfera, uma camada formada pelo acúmulo de gases, dentre eles, vapor d'água, dióxido de carbono ou gás carbônico (CO 2 ), metano (CH 4 ), óxido nitroso (N 2 O), hexafluorido de enxofre (SF 6 ), Hidrofluorocarbonos (HFCs) e Perfluorocarbonos (PFCs). O Efeito Estufa é um fenômeno natural do Planeta que vem ocorrendo há milhões de anos e traz como uma de suas consequências, o Aquecimento Global. Este efeito nada mais é do que a retenção de parte da irradiação solar sobre o planeta pela atmosfera, aquecendo sua superfície. O Aquecimento Global, por sua vez, vem aumentando nas últimas décadas em função do aumento da emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) pela civilização. O crescimento da população mundial nos últimos 250 anos elevou a quantidade de CO atmosférico (o gás carbônico representa mais de 85% dos GEE liberados na atmosfera) de 290 para 379 partes por milhão e tende a se elevar aindaa mais. O crescente Aquecimento Global gerado representa um risco à vida na Terra. O Protocoloo de Quioto, um documento gerado em 1997, busca reverter os danos provocados pelo Aquecimento Global e contém orientações para que os governos dos países industrializados venham a diminuir suass emissõess de GEE, colaborando assim, com a normalização do Efeito Estufa. Dessa forma, medidas de compensação ambiental têm mobilizado pessoas e instituições nesta causa. Tais medidas consistem na tomada de atitudes que venham a diminuir a emissão dos gases, ou ainda, retirar parte desses gases da atmosfera, aliviando o Efeito Estufa no Planeta. O 2 II- PROGRAMA PEGADA VERDEE O programa PEGADA VERDE realiza a compensação ambiental através da neutralização de emissões de carbono por pessoas, empresas, indústrias, órgãos públicos e/ou eventos com o plantio de mudas nativas, que por sua vez, incorporam CO 2, retirando-o da atmosfera. Este programa conta com a parceria do terceiro setor, buscando sempre instituições idôneas, de reconhecimento nacional e experiência comprovada na realização de projetos socioambientais de educação ambiental e formação de mão de obra relacionada a revegetação. Logomarca Pegada Verde Propriedade da Marca: Gestão em Meio ambiente CNPJ: 10.806.746/0001-40 Página4

O programa consiste em duas etapas, cujas metodologias estão detalhadas neste Manual. Cada Etapa subdivide-se em: 1 a Etapa 1.1. Inventário de Emissões de CO 2 1.2. Cálculo de Neutralização 1.3. Selo PEGADA VERDE 2 a Etapa 2.1. Plantio e Manutenção de Mudas Nativas 2.1. Certificado PEGADA VERDE 1 a Etapa 1.1. Inventário de Emissões Todo inventário e cálculo de neutralização de emissões de GEE deve ser feito com base nas premissas do Intergovernmental Panel on Climate Change ou Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e do Greenhouse Gas Protocol (GHG Protocol). O programa PEGADA VERDE tem como base as metodologias definidas por esses documentos de reconhecimento internacional. O IPCC foi estabelecido em 1988 pela organização Meteorológica Mundial e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) para compilar informações científicas, técnicas e sócio-econômicas relevantes para o entendimento das mudanças climáticas, seus impactos potenciais e opções de adaptação e mitigação. É um órgão intergovernamental. Não realiza novas pesquisas nem monitora dados relacionados a mudança climática nem recomenda políticas climáticas. É um órgão composto por delegações de 130 governos para prover avaliações regulares sobre a mudança climática. O GHG Protocol, por sua vez, traz toda a metodologia internacionalmente aceita, para formulação do inventário de emissões de GEE, desenvolvido com a parceria entre a World Resources Institute (WRI) e World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), entidades que há uma década trabalham com empresas, governos e grupos ambientais, na construção de uma nova geração de programas sólidos e eficazes para combater as mudanças climáticas. O Programa Brasileiro GHG Protocol, foi realizado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (GVces), que contou com a parceria do Página5

Ministério do Meio Ambiente, WRI e WBCSD na organização; e apoio da Embaixada Britânica (USAID). Segundo o Programa Brasileiro GHG Protocol, A elaboração de inventários é o primeiro passo para que uma instituição possa contribuir para o combate ao aquecimento global, fenômeno crítico que aflige a humanidade neste início de século. Conhecendo o perfil de emissões, a partir do diagnóstico do inventário, qualquer organização pode dar o passo seguinte, de estabelecer planos e metas para redução e gestão das emissões de gases de efeito estufa, engajando-se na solução desse enorme desafio que atinge o planeta. A realização do inventário de GEE permite às empresas enxergarem oportunidades de novos negócios no mercado de carbono, atraírem novos investimentos, ou ainda, planejarem processos que garantam eficiência econômica, energética ou operacional. A oportunidade de inovação costuma derivar desse primeiro passo para a gestão das emissões de GEE. Trata-se, portanto, da lição de casa número um que qualquer instituição deve fazer para beneficiar-se de oportunidades e colaborar para a resolução de problemas na direção de uma nova economia de baixo carbono, em respeito às futuras gerações. Espera-se que esta publicação sirva para apoiar e estimular uma cultura de inventário no país, permitindo às empresas e instituições brasileiras colocarem-se em patamares competitivos no mercado internacional e posicionarem-se ativamente em prol da sustentabilidade global e da cidadania planetária. Programa Brasileiro GHG Protocol Amplamente utilizado por governos e empresas de todo o mundo, o GHG Protocol é uma metodologia que orienta o controle e registro de emissões de GEE permitindo compreender, quantificar, e gerenciar os GEE, de forma a garantir informações confiáveis. Na prática, o GHG Protocol fornece um quadro contábil para a medição de quase todos os GEE padrões existentes e a conversão desses poluentes em CO 2 equivalente (CO 2 e), a equivalência convencional utilizada como parâmetro para inventários de emissões de GEE. Página6

Para a realização dos inventários, o GHG Protocol estabelece seis passos básicos: 1) Definir os limites organizacionais do inventário Determina o que incluir no inventário em nível organizacional, isto é, quais unidades da empresa serão computadas e qual a porcentagem de emissões de cada uma dessas unidades. 2) Definir os limites operacionais do inventário Identifica quais as atividades e operações e quais as respectivas fontes de emissões serão computadas. Também classifica essas fontes em escopos, de acordo com o controle direto ou indireto exercido sobre as operações, a saber: Escopo 1: Emissões Diretas de GEE São aquelas provenientes de fontes que pertencem ou são controladas pela empresa. Escopo 2: Emissões Indiretas de GEE São emissões atribuídas à compra de eletricidade, calor ou vapor, que são emitidas no local de sua geração. Escopo 3: Outras emissões indiretas de GEE Emissões indiretas relacionadas à atividade da empresa, mas que ocorrem em fontes que não pertencem ou não são controladas pela empresa, como por exemplo, terceirização de produção, transporte de matérias-primas, produtos acabados e descartáveis, o uso de combustível pelos funcionários para sua locomoção à empresa ou em atividades pela empresa. De acordo com as normas do GHG Protocol, a inclusão do escopo 3 nos inventários de emissão de GEE não é obrigatória. Página7 3) Selecionar metodologia de cálculo e fatores de emissão O cálculo pode ser realizado pelas três diferentes abordagens: Sistema de medição contínua: As emissões são medidas diretamente como em indústrias petroquímicas e outras automatizadas. Abordagem de balanço de massa: Determina-se a valor de emissões pela diferença da medição dos elementos que entraram e saíram do sistema.

Aplicação de fatores de emissão padrão: Utiliza-se um índice de conversão estipulado e padronizado por organizações governamentais. As fontes dos fatores de emissão devem ser explicitadas no inventário. A aplicação de fatores de emissão padrão é a abordagem mais comumente utilizada e a que mais se adéqua aos diferentes setores institucionais, sendo, portanto, a abordagem empregada no programa PEGADA VERDE. 4) Coletar dados das atividades que resultam na emissão de GEE São tabuladas as informações levantadas de quanto a instituição emite de GEE na atmosfera através do estudo das suas atividades decorrentes do transporte, do consumo de energia elétrica, consumo de produtos descartáveis, resíduos, matriz energética entre várias outras fontes de carbono, por um período de três meses. A média de emissões de GEE obtida é projetada para o valor de emissão anual com as devidas correções de cálculo. 5) Calcular as emissões O cálculo de emissões de GEE feito com a abordagem de aplicação de fatores de emissão padrão, adotada neste programa, é feito com base em uma fórmula matemática onde o dado de emissão é o produto do dado de atividade (i) pelo fator de emissão (ii). (i) Dado de atividade: Todas as emissões de GEE contabilizadas são expressas na forma de toneladas de dióxido de carbônico equivalente (tco 2 e), seguindo o padrão mundial estipulado pelo IPCC, órgão científico para assuntos de mudanças climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU). O CO 2 e é uma medida utilizada para comparar as emissões de vários GEE baseado no potencial de aquecimento global de cada um (GWP Global Warming Potential). O CO 2 e é o resultado da multiplicação das toneladas emitidas do gás pelo seu GWP. Por exemplo, o GWP do CO 2 é 1, do CH 4 é 21 e do N 2 O é 310, o que equivale dizer que: 1 ton de CO 2 = 1 tco 2 e 1 ton de CH 4 = 21 tco 2 e 1 ton de N 2 O = 310 tco 2 e Página8

Dessa forma, são computadas as contribuições ao efeito estufa dos diversos tipos de gases emitidos pelas atividades humanas. Isto significa que o número de árvores a serem plantadas para compensar as emissões de GEE é então calculado em CO 2 e para que a emissão dos demais GEE também possam ser contabilizadas e compensadas. (ii) Com os dados de atividade em mãos, o GHG Protocol recomenda o uso dos fatores de emissão de GEE, aprovados pela United Nations Framework Convention for Climate Change (UNFCCC), órgão máximo da ONU para assuntos relacionados às mudanças climáticas, para o cálculo de emissões de GEE. O fator de emissão é uma expressão da emissão associada a uma unidade da atividade da fonte de emissão. Os fatores de emissão reportam a quantidade de CO 2 e emitida por unidade de atividade. Assim, expressam o quão intensiva é uma dada atividade em emissão de GEE, ou seja, é uma medida da taxa de emissão. Fatores de emissão são utilizados para quantificar as emissões relativas ao gasto de recursos naturais nas atividades realizadas pela instituição e analisadas neste programa. A qualidade dos inventários depende de dados de atividade confiáveis e dos fatores de emissão, que devem ser os mais precisos. Os fatores de emissão utilizados no programa PEGADA VERDE são fornecidos pelos IPCC (http://www.ipcc-nggip.iges.or.jp/) e GHG Protocol (http://www.ghgprotocol.org/), o qual se baseia na ferramenta de Análise de Ciclo de Vida associada a fatores de mudanças climáticas do IPCC para definir o fator de emissão de GEE (tco2e/kg) de cada material. Para muitos dos padrões brasileiros, os dados de atividades e seus respectivos fatores de emissão, não estão ainda estabelecidos ou disponibilizados pelo IPCC ou GHG Protocol. Nesses casos, o programa PEGADA VERDE aplica modelos matemáticos de conversão sobre fatores de emissão correspondentes, obtidos da literatura pertinente. Posteriormente, no cálculo de neutralização, uma compensação é feita para se evitar possíveis erros de imprecisão por esta conversão. Uma vez que se têm os dados das atividades e os devidos fatores de emissão, o dado de emissão de GEE é obtido pela multiplicação desses valores, como demonstrado no exemplo abaixo: Página9 EMISSÃO = DADO DE ATIVIDADE X FATOR DE EMISSÃO 2,63 tco 2 = 1.000 litros de Diesel consumidos x 0,00263 tco 2 /litro

6) Elaborar o relatório de emissões de GEE Existem cinco princípios que balizam a contabilização e elaboração de relatórios de GEE de acordo com o Programa Brasileiro GHG Protocol e estão descritos abaixo: Relevância: Garante que o Inventário reflita apropriadamente as emissões e sirva para a tomada de decisão dos seus usuários (internos e externos). Integralidade: Identifica e reporta todas as fontes e atividades de emissão e justifica as exclusões. Consistência: Utiliza metodologias consistentes a fim de permitir comparações das emissões ao longo do tempo. Documenta, de forma transparente, todas as modificações de dados, fronteiras, métodos e outros fatores relevantes. Precisão: Garante que a quantificação das emissões de GEE não está sistematicamente sob ou sobre estimada, na medida do que pode ser julgado, e que as incertezas estão reduzidas. Transparência: Aborda todos os fatos relevantes de forma coerente, baseando-se em uma seqüência lógica. Declara todas as hipóteses relevantes e faz referências apropriadas para todas as metodologias de cálculo utilizadas. 1.2. Cálculo de Neutralização A neutralização do CO 2 e emitido nada mais é do que a retirada de CO 2 da atmosfera e conversão deste em biomassa pela reação de fotossíntese. A reação permite o crescimento das árvores e o acúmulo de biomassa através da absorção CO 2 e liberação de oxigênio (O 2 ) na atmosfera, fixando o carbono (C) nos troncos, galhos, folhas e raízes. Este carbono fica aprisionado ali até a morte natural da árvore ou até que seja cortada e queimada. Em uma árvore adulta aproximadamente 50% de sua massa é biomassa, a outra metade é água. Esta relação está vinculada a densidade da madeira. Árvores de madeira mole crescem mais rápido, morrem mais rápido e possuem densidade menor que as árvores de madeira mais densa que crescem mais devagar por mais tempo e absorvem mais carbono, acumulando maior biomassa. Página10 A neutralização do que é emitido em um ano é realizada em um período de aproximadamente 20 anos, pois as árvores vão captar o carbono durante o seu ciclo de crescimento.

A partir do resultado final de emissão de GEE em tco 2 e e de dados de fixação de carbono pelas árvores, estipula-se o número de espécies arbóreas nativas a serem plantadas para neutralizar o CO 2 emitido pelo período de um ano, através da seguinte equação: N = [(Et / Ff) 1,2] 0,5 Onde: N Número de árvores a serem plantadas Et Emissão total de GEE estimada no cálculo de emissão (tco 2 e) Ff Fator de fixação de carbono em biomassa no local de plantio do projeto 1,2 Fator de compensação para possíveis perdas de mudas 0,5 Fator de imprecisão do fator de emissão O fator de fixação utilizado é estimado de acordo com a quantidade de carbono sequestrado da atmosfera pelas plantas, que por sua vez, depende das diferenças de espécies, solo, clima e tipo de vegetação. Com a utilização de cálculos matemáticos, estipula-se o valor de fixação de carbono em biomassa no local de implantação do projeto. Este cálculo leva em consideração o valor da área basal de uma árvore, isto é, o produto da medida da circunferência do tronco a um metro e meio do chão por esta altura. Utilizando equações alométricas, que relacionam a área basal com o volume de uma árvore, é possível determinar o volume de biomassa de uma árvore. Através das relações de densidade e teor de carbono é possível determinar a quantidade de carbono estocada por árvore. Finalmente, para converter toneladas de carbono em toneladas de CO 2 utilizase o fator de 3,6 que é a relação entre a massa molecular do carbono e a do CO 2. Dessa forma, o programa PEGADA VERDE considera o fator de fixação de 0,18 tco2e/árvore, estimado por Carmo et al. (2005)* e dimensiona o reflorestamento com um número médio de 1600 indivíduos de espécies nativas por hectare. O fator de compensação para possíveis perdas de mudas refere-se as mudas que, porventura, podem não vingar no local do plantio. O fator de imprecisão é uma margem de segurança que o cálculo permite, que evita um plantio insuficiente de mudas para compensação de todo CO 2 e emitido, em função de uma eventual aproximação errônea do fator de emissão. Página11 * Carmo, C. A.F S.; Manzatto, C.V.; Alvarenga, A.P.; Tosto, S. G.; Lima, J. A.S.; Kindel,A. & Meneguelli, N. A Biomassa e estoque de carbono em seringais implantados na Zona da Mata de Minas Gerais. in: Alvarenga, A.De P.; Carmo, C. A.F. De S. (Ed.) Seqüestro de carbono: quantificação em seringais de cultivo e na vegetação natural. Viçosa, MG: UFMG/Embrapa Solos/EPAMIG, 2006. p. 77-109. 352p.

1.3. Selo PEGADA VERDE O selo PEGADA VERDE é concedido à instituição que aderir ao programa, fazendo seu Inventário e Cálculo de Neutralização. Com validade de um ano, o selo atesta que esta instituição calculou seus GEEs emitidos por este período. A instituição terá total liberdadee para utilizar o selo em suas peças publicitárias, tais como, uniformes, banners, papel ofício, brindes, etc. Selo Pegada Verde Propriedade da Marca: Gestão em Meio ambiente CNPJ: 10.806.746/0001-40 Página12

2 a Etapa 2.1. Plantio e Manutenção de Mudas Nativas As florestas tropicais abrigam uma das maiores biodiversidades do mundo. Encontramos este tipo de floresta predominantemente em regiões situadas na faixa entre os trópicos. A Mata Atlântica e a Floresta Amazônica são as florestas tropicais da América do Sul, caracterizadas por possuírem: Riquíssima biodiversidade com grande quantidade de espécies vegetais e animais; Solo com cobertura de húmus (de 30 a 50 cm), proveniente da decomposição de folhas, frutos, fezes e animais mortos em decomposição; As árvores possuem, em média, de 30 a 50 metros de altura e situam-se muito próximas umas das outras formando um ambiente de muita sombra; Umidade elevada em função do alto índice pluviométrico; Clima quente quase o ano todo. A Mata Atlântica, originalmente, estendia-se por toda a costa nordeste, sudeste e sul do país, com faixa de largura variável, que atravessava as regiões onde hoje estão as fronteiras com Argentina e Paraguai. Hoje, praticamente 90% da Mata Atlântica em toda a extensão territorial brasileira está totalmente destruída. Do que restou, acredita-se que 75% está sob risco de extinção total. Os remanescentes da Mata Atlântica situam-se principalmente nas Serras do Mar e da Mantiqueira, com fragmentos de mata nos Estados de Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina. Apesar da devastação sofrida, a riqueza das espécies animais e vegetais que ainda se abrigam na Mata Atlântica é espantosa. Em alguns trechos remanescentes de floresta os níveis de biodiversidade são considerados os maiores do planeta. A redução dos recursos hídricos, mudanças no regime de chuvas e perturbações nos microclimas são algumas das graves conseqüências que a destruição contínua da mata atlântica pode ainda acarretar. Isso sem mencionar os prejuízos à biodiversidade, o comprometimento da fertilização do solo, o aumento das pragas agrícolas e a diminuição da qualidade do ar. O programa PEGADA VERDE visa contribuir com a recuperação, mesmo que parcial, e a conservação dos recursos naturais advindos deste bioma brasileiro. Dessa Página13

forma, o programa trabalha preferencialmente com Áreas Públicas de Preservação Permanente (APP), focando as atuações em locais que precisam de recuperação ambiental e que, por serem públicas, não serão exploradas comercialmente nem correm o risco de desmatamento para propósitos imobiliários. Nesta etapa do programa, o plantio e manutenção das mudas são realizados em parceria com o terceiro setor, buscando sempre instituições idôneas, de reconhecimento nacional e experiência comprovada na realização de projetos socioambientais de educação ambiental e formação de mão de obra relacionada a revegetação. Plano de Plantio O programa PEGADA VERDE segue um Plano de Plantio Padrão, onde são feitas as devidas alterações de acordo com a área a ser revegetada. Todos os projetos de plantios específicos são vistoriados e aprovados por um profissional qualificado, de formação e experiência comprovada na área. O Plano de Plantio Padrão possui uma lista de espécies nativas, que leva em conta critérios estabelecidos de máxima diversidade florística de cada um dos grupos ecológicos (primária, secundária e clímax), visando restaurar a vegetação da área o mais próximo possível de sua condição original. Espécie pioneira: Cresce rápido, a pleno sol. Longevidade de 05 a 10 anos. Espécie secundária: Necessita de sombra na fase juvenil. Madeira leve de média densidade, de crescimento rápido a intermediário e longevidade de 10 a 100 anos. Espécie clímax: Cresce à sombra. Madeira pesada (de Lei), de crescimento lento e longevidade maior que 100 anos. Página14 O sistema de plantio indicado para a vegetação típica de Mata Atlântica é aquele que posiciona as mudas de espécies pioneiras, secundárias e clímax intercalando-as em fila, em uma proporção aproximada de duas pioneiras e duas secundárias para uma espécie clímax. O espaçamento entre as plantas e entre as linhas de plantio é de aproximadamente dois metros e meio, o que resulta em 1.600 mudas por hectare. Essas medidas podem variar de acordo com o relevo e particularidades do local de plantio.

O Plano de Plantio Padrão segue as seguintes etapas: i. O plantio inicia-se com a limpeza da área, que é a erradicação ou controle de espécies invasoras que possam vir a competir com as mudas, prejudicando o desenvolvimento das mesmas; ii. Com a área limpa, é feita uma inspeção para identificação de possíveis ocorrências de formigas cortadeiras. No caso da presença das mesmas, providencia-se o combate com o uso de iscas granuladas, na proporção de 10 gramas do inseticida em pó por metro quadrado de formigueiro (dosagem recomendada para não causar danos ao meio ambiente). As iscas deverão ser colocadas ao lado dos carreadores de formigas, nunca diretamente no olheiro. É importante fazer inspeção constante durante os próximos 36 meses; iii. O alinhamento para confecção das covas é feito de forma mecanizada, demarcando as distâncias entre as linhas e em seguida afetua-se a marcação das futuras covas com estacas de bambu. No processo de coveamento, o solo retirado da cova é reservado para ser utilizado no recobrimento das mudas; iv. Dependendo das condições do terreno, faz-se a adubação e/ou correção do solo acrescentam-se fertilizantes nessa porção reservada de terra antes de recobrir as mudas; v. Quando necessário, é construída uma cerca de isolamento para evitar a possível entrada de animais que possam causar danos às mudas; vi. No ato do plantio, retirar totalmente os recipientes plásticos das mudas e colocá-las na cova evitando longo manuseio para não causar danos aos rizomas. Utilizar a terra retirada da cova, com fertilizantes adicionados, para cobrir as raízes com o cuidado necessário para não colocá-las em contato direto com o adubo químico, quando presente; Página15 vii. O período ideal para plantio é o das chuvas (outubro a março), mas na necessidade de se plantar em outra época do ano, é indispensável o uso de irrigação. Aplicar de 6 a 10 litros de água por muda a cada rega, que deverá ser ao menos uma vez por dia, nos horários mais frescos, até o pegamento;

viii. Todas as mudas deverão ser tutoradas com o auxílio de estaqueamento de aproximadamente 2,0 metros de comprimento, para auxiliar no processo de enraizamento e fixação ao solo; ix. x. O replantio deverá ocorrer após um período de observação sistemática, utilizando-se mudas do mesmo grupo ecológico, onde houver ocorrido mortalidade; Deve ser realizadaa uma limpeza manual seletiva na área, para eliminação das espécies invasoras, na forma de uma capinaa em faixas, nas entrelinhas de plantio além do coroamento (limpeza ou eliminação de espécies invasorass ao redorr das mudas). A palha resultante é colocada ao redor da muda para auxiliar na retenção de umidade. 2.1. Certificado PEGADAA VERDE O certificado PEGADAA VERDE é concedido à instituição que aderir à segunda fase do programa, plantando o número de mudas calculado e, dessa forma, neutralizando suas emissões de GEE. Como no selo, a validade de um ano atestaa que esta instituição neutralizou seus GEEs emitidos por este período. Este certificado é aferido pela AMBIENTAL COMPANY CONSULTORIA, PROJETOS E SERVIÇOS, através de sua equipe técnica. Página16 Certificado Pegadaa Verde Propriedade da Marca: Gestão em Meio ambiente CNPJ: 10.806.746/0001-40

III- CONSIDERAÇÕES FINAIS O programa PEGADA VERDE adota um caráter socioambiental, quando a partir de sua implantação: Sequestra carbono da atmosfera Recupera áreas degradadas Melhora os recursos hídricos Aumenta a biodiversidade Combate erosão Preserva nascentes Educa e forma pessoas Dessa forma fica claro que os benefícios das ações ambientais serão multiplicados e perpetuados, por várias razões: Previne o corte futuro por interesses particulares Atua em áreas públicas que precisam de recuperação Tem proteção das leis ambientais Envolve a comunidade local por um objetivo comum Oferece conforto paisagístico à região Torna a cidade mais verde e o ar mais puro Proporciona à cidade e aos cidadãos praças, bosques e parques Página17 Este Manual está registrado na Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro