RELATO. Revista Brasileira de Ciências da Saúde ISSN

Documentos relacionados
Alimentação do Recém-Nascido Pré-Termo: Revisão Integrativa

RESPOSTAS FISIOLÓGICAS EM PREMATUROS: COMPARAÇÃO ENTRE. Autores: JANAÍNA DE ALENCAR NUNES, MARIA CLAUDIA CUNHA,

ALEITAMENTO MATERNO DO PREMATURO EM UMA UNIDADE NEONATAL DA REGIÃO NORDESTE

Aplicação do instrumento de avaliação da prontidão do prematuro para iniciar alimentação oral e desempenho em seio materno com translactação*

Nutrição Neonatal. Rivianny Arrais Faculdade de Medicina Universidade Federal do Ceará

Transição alimentar por via oral em prematuros de um Hospital Amigo da Criança*

O LEITE IDEAL PARA O RECÉM-NASCIDO PRÉ-TERMO E A TRANSIÇÃO DA SONDA PARA O PEITO

Método Mãe Canguru: avaliação do ganho de peso dos recém-nascidos prematuros e ou de baixo peso nas unidades que prestam assistência ao neonato

CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE UBERABA

uma revisão integrativa The practice of breastfeeding and the factors that take to early weaning: an integrating review

TÍTULO: A IMPORTÂNCIA DO MÉTODO MÃE CANGURU NAS UNIDADES NEONATAIS E O VALOR DA HUMANIZAÇÃO NO SEU ATENDIMENTO.

Marlou Cristine Ferreira Dalri. Declaração de conflito de interesse

INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO EM RECÉM- NASCIDOS PRÉ-TERMOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL

INICIATIVA HOSPITAL AMIGO DA CRIANÇA. Material de Base para Seminários PNASII

POLÍTICA DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA CRIANÇA. Material de Base para Seminários PNASII

TRANSIÇÃO ALIMENTAR EM RECÉM-NASCIDOS COM DISPLASIA BRONCOPULMONAR E ALEITAMENTO MATERNO

A IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO ATÉ OS SEIS MESÊS DE IDADE PARA A PROMOÇAO DA SAÚDE DO BEBÊ

Aleitamento materno exclusivo na alta de recém-nascidos internados em berçário de alto risco e os fatores associados a essa prática

MÉTODO CANGURÚ NEONATOLOGIA

SEMANA MUNDIAL DE ALEITAMENTO MATERNO 2010 AMAMENTAÇÃO: OS DEZ PASSOS FUNDAMENTAIS PARA UM BOM COMEÇO

O USO DO COPO NA ALIMENTAÇÃO DE LACTENTES: EXISTE UM MODELO IDEAL?

ALEITAMENTO MATERNO: desmame precoce

Programa Analítico de Disciplina NUR320 Nutrição Materno-Infantil

conhecidos pela comunidade científica e difundidos na sociedade, principalmente aqueles que

Maíra Faria Nogueira FATORES ASSOCIADOS À INCOORDENAÇÃO SUCÇÃO-DEGLUTIÇÃO-RESPIRAÇÃO EM RECÉM-NASCIDOS DE RISCO

Artigo Original. Aliana Eduarda Czechowski 1, Cristina Ide Fujinaga 2 RESUMO INTRODUÇÃO

GEP NEWS, Maceió, V.2, n.2, p , abr./jun. 2018

IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO

FATORES QUE INFLUENCIAM O USO DA MAMADEIRA COMO FORMA DE ALIMENTAÇÃO DE RECÉM-NASCIDOS PRÉ-TERMO INTERNADOS EM HOSPITAIS DE SÃO LUÍS-MA

TÍTULO: FATORES BIOPSICOSSOCIOCULTURAIS ASSOCIADOS AO DESMAME ANTES DOS 24 MESES DE IDADE

ISSN ÁREA TEMÁTICA:

O COPINHO OFERECIDO PELOS CUIDADORES AOS RECÉM-NASCIDOS PREMATUROS HOSPITALIZADOS

Aleitamento materno: estudo da associação das variáveis do instrumento de avaliação da prontidão do prematuro para iniciar alimentação oral *

LIVRE ACESSO E PERMANÊNCIA DOS PAIS E VISITA AMPLIADA NA UNIDADE NEONATAL

Analysis of productions with emphasis on breastfeeding in neonatal intensive care unit

Revista CEFAC ISSN: Instituto Cefac Brasil

PROGRAMA DE INCENTIVO AO ALEITAMENTO MATERNO. Hospital de Clínicas de porto Alegre

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E LICENCIATURA

IDENTIFICANDO E PREVENINDO A OCORRÊNCIA DE TRAUMA MAMILAR EM PUÉRPERAS ATENDIDAS NO PROJETO CPP

A IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO ATÉ SEIS MESES DE VIDA

FATORES QUE INFLUENCIAM NEGATIVAMENTE NO PROCESSO DE AMAMENTAÇÃO

Prontidão para início da alimentação oral e função motora oral de recém-nascidos pré-termo

Estimulação da sucção não nutritiva na mama vazia em bebês prematuros: relato de casos

ARTIGOS ORIGINAIS INTRODUÇÃO

Residência Saúde Fonoaudiologia DISCURSIVA C COORDENADORIA DE DESENVOLVIMENTO ACADÊMICO D A. wwww.cepuerj.uerj.br ATIVIDADE DATA LOCAL

ANÁLISE DA MORTALIDADE DE NEONATOS EM UMA UTI NEONATAL DE UM HOSPITAL DO VALE DO PARAÍBA

Aleitamento Materno. M.Sc. Prof.ª Viviane Marques Fonoaudióloga, Neurofisiologista e Mestre em Fonoaudiologia

CONHECIMENTO DE GESTANTES SOBRE O TEMA ALEITAMENTO MATERNO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE

Estado comportamental e o desempenho da prontidão do prematuro para início da alimentação oral

Caracterização da técnica de transição da alimentação por sonda enteral para seio materno em recém-nascidos prematuros

COMO OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE E AS MÃES OFERECEM LEITE POR COPO A RECÉM-NASCIDOS?

11º FÓRUM DE EXTENSÃO E CULTURA DA UEM A PERCEPÇÃO DAS MÃES QUANTO AO ATENDIMENTO DO SEU FILHO NO AMBULATÓRIO CANGURU

FALANDO EM AMAMENTAÇÃO

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO NEONATO PREMATURO

A PATERNIDADE NA TERAPIA INTENSIVA NEONATAL: O QUE DIZ A LITERATURA CIENTÍFICA?

PAULA DA COSTA AZEVEDO. Utilização da relactação como método de transição alimentar em recém-nascidos prematuros com ou sem morbidades perinatais

PORTARIA Nº DE 12 DE JULHO DE O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso de suas atribuições,

PROGRAMA DE APRIMORAMENTO PROFISSIONAL

Doutora em Fisioterapia - UFSCar Coordenadora do Curso de Fisioterapia da Universidade Franciscana 4

Parto Normal. A importância de conhecer as vantagens.

Baixado do Site Nutrição Ativa Duração mediana do aleitamento materno e do aleitamento materno exclusivo

MINISTÉRIO DA SAÚDE PORTARIA Nº 1.683, DE 12 DE JULHO DE O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso de suas atribuições, resolve:

Prof. Doutor do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública da EERP/USP, Ribeirão Preto-SP. Brasil.

ALOJAMENTO CONJUNTO M.Sc. Prof.ª

PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM SOBRE MÉTODOS ALTERNATIVOS DE ALIMENTAÇÃO PARA RECÉM-NASCIDOS EM ALOJAMENTO CONJUNTO

IMPORTÂNCIA DA AMAMENTAÇÃO PARA A SAÚDE DA MULHER E DA CRIANÇA

Disciplina: ESTÁGIO EM CLÍNICA PEDIÁTRICA - MÓDULO NEONATOLOGIA

PRÁTICA PROFISSIONAL FACILITADORA E DIFICULTADORA DO INCENTIVO AO ALEITAMENTO NO PUERPÉRIO IMEDIATO

FACULDADE SÃO LUCAS CLAUDINEIA VIEIRA LOPES SUCÇÃO EM MAMA VAZIA ASSOCIADO AO COPO NA TRANSIÇÃO ALIMENTAR DO PREMATURO

CARACTERIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES OFERTADAS AS MÃES DE RECÉM- NASCIDOS PREMATUROS HOSPITALIZADOS SOBRE O ALEITAMENTO MATERNO

POSIÇÃO DE PROFISSIONAIS E GESTORES ACERCA DAS ESTRATÉGIAS DE IMPLANTAÇÃO DE UM BANCO DE LEITE HUMANO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE MEDICINA. Bárbara Generoso Santos de Matos Sales DEFINIÇÃO DE PARÂMETROS PARA ANÁLISE DE MEDIDAS

ESPECÍFICO DE ENFERMAGEM. Prof. Rivaldo lira

INFLUÊNCIA DA ESTIMULAÇÃO SENSÓRIO-MOTORA-ORAL EM RECÉM-NASCIDOS PRÉ-TERMO

HISTÓRICO DA AMAMENTAÇÃO EM PUÉRPERAS MULTIPARAS

16º CONEX - Encontro Conversando sobre Extensão na UEPG Resumo Expandido Modalidade C: Apresentação de pesquisas advindas da extensão universitária

DEMANDA PARA INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM UMA UNIDADE NEONATAL DE UM HOSPITAL-ESCOLA

PRODUÇÃO CIENTÍFICA SOBRE A ATUAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL COM BEBÊS PREMATUROS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Lidiane de Oliveira Carvalho

TÍTULO: A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO NO DESENVOLVIMENTO DE RECÉM-NASCIDOS PRÉ-TERMO

EDUCAÇÃO EM SAÚDE E MÉTODO CANGURU: VIVÊNCIA EXTENSIONISTA NO ÂMBITO HOSPITALAR

MAMADEIRA OU COPO? COMPORTAMENTOS DE LACTENTES DURANTE A ALIMENTAÇÃO

O método mãe-canguru como instrumento de promoção do aleitamento materno exclusivo

ALEITAMENTO MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR FATORES CONTRIBUEM PARA O DESMAME PRECOCE

16º CONEX - Encontro Conversando sobre Extensão na UEPG Resumo Expandido Modalidade B Apresentação de resultados de ações e/ou atividades

É o fornecimento do leite materno ao recém-nascido diretamente das mamas.

FACULDADE SÃO LUCAS. Carina de Oliveira Bessa SUCÇÃO EM MAMA ESVAZIADA NA TRANSIÇÃO ALIMENTAR DO PREMATURO

ALEITAMENTO MATERNO: CAUSAS QUE LEVARAM AO DESMAME

Baixo ganho ponderal. em bebês em Aleitamento Materno Exclusivo ENAM Honorina de Almeida; Douglas Nóbrega Gomes

Cup or bottle influence on pre-term newborn stomatognathic system during feed transition and breastfeeding rates

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM ÀS PUÉRPERAS EM UNIDADES DE ATENÇÃO PRIMÁRIA

processos normais relacionados à aquisição e desenvolvimento da audição, voz e fala das crianças.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Faculdade de Medicina PRONTIDÃO DE RECÉM-NASCIDOS PREMATUROS PARA O INÍCIO DA ALIMENTAÇÃO ORAL

PALAVRAS-CHAVE: Amamentação. Amamentação exclusiva. Enfermagem.

COMUNICAÇÃO COORDENADA - ENFERMAGEM OBSTÉTRICA E NEONATAL FAZENDO A DIFERENÇA NO CENÁRIO NACIONAL

11 - Amamentação na UTI

EVELYN MATOS OTONI O ALEITAMENTO MATERNO DO RECÉM NASCIDO PREMATURO INTERNADO NO BRASIL: UMA REVISÃO DE LITERATURA

A IMPORTÂNCIA DA CONSULTA DE ENFERMAGEM NO PUERPÉRIO

ESTIMULAÇÃO PRECOCE DE PREMATUROS E COM BAIXO PESO VISANDO A ADEQUAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR

Grupo de pais da UTI neonatal do Hospital Moinhos de Vento: relato de uma experiência multiprofissional de assistência

Transcrição:

RELATO Revista Brasileira de Ciências da Saúde Report DOI:10.4034/RBCS.2016.20.02.10 Volume 20 Número 2 Páginas 157-162 2016 ISSN 1415-2177 Métodos Alternativos de Alimentação do Recém-Nascido Prematuro: Considerações e Relato de Experiência Alternative Methods of Feeding the Premature Newborn: Considerations and Report of Experience MARIA DA CONCEIÇAO CARNEIRO PESSOA-SANTANA 1 BRUNA LIMA DA SILVEIRA 2 ISABEL CRISTINA DA SILVA SANTOS 3 MÉRCIA LISIEUX VAZ DA COSTA MASCARENHAS 4 EPOLIANA GARROTE CANUTO DIAS 5 RESUMO Objetivo: Descrever os métodos de alimentação mais utilizados na transição da gavagem para o seio materno, em recém-nascidos pré-termo participantes da segunda etapa do Método Canguru de uma maternidade pública referência em alto risco de Alagoas, expondo as vantagens e desvantagens desses métodos. Trata-se de uma pesquisa descritiva, baseada em um relato de experiência vivenciada. Relato da Experiência: Os métodos alternativos de alimentação mais utilizados foram o copo, a translactação, a relactação e a técnica sonda-dedo. Evidenciou-se que, na ocasião da retirada da sonda enteral, o uso do copo associado à amamentação foi a técnica mais utilizada. Temse como focos para correta utilização dessas técnicas a monitorização permanente e a educação em saúde, com estímulo à participação ativa da mãe no cuidado de seu filho. Foram percebidas vantagens e desvantagens em todos os métodos utilizados. Comentários: Percebeu-se a importância da utilização metódica e criteriosa dessas técnicas, com emprego de critérios avaliativos claros para o manejo adequado de cada caso. É apontada a importância de uma assistência acolhedora com foco ampliado, que não considera apenas o recém-nascido, mas a família, além do fortalecimento de uma rede de apoio a esse binômio para manutenção de uma amamentação exclusiva por período satisfatório em domicílio. Há a necessidade da realização de estudos, com desenhos metodológicos adequados, para se comparar a utilização dos métodos de transição da alimentação em prematuros e seus impactos no desenvolvimento a longo prazo. DESCRITORES Recém-nascido Prematuro. Métodos de Alimentação. Nutrição da Criança. Aleitamento materno. ABSTRACT Objective: To describe the feeding methods mostly used in the transition from gavage to breastfeeding in new born preterm infants participating in the second stage of the Kangaroo method of a maternity reference at high risk of Alagoas. The advantages and disadvantages of each method were discussed. This is a descriptive study based on a report of lived experience. Experience Report: The most commonly used alternative methods of feeding were: use of a glass, translactation, relactation and the finger-probe technique. It was evident that at the time of withdrawal of enteral feeding, the use of glass associated with breast feeding was the most used technique. In order to properly used these approaches, there should be a focus on continuous follow-up, health education and encouragement for active participation of mothers in the care of their children. A number of advantages and disadvantages were identified in all methods. Comments: We highlight the importance of the systematic and methodical use of these techniques and of the use of appropriate assessment criteria to manage each case. It is pointed the importance of a welcoming assistance with expanded focus, considering not only the baby but also the family. In addition, special focus should be given to the strengthening of a network to support this binomial in order to maintain a satisfactory period for exclusive breastfeeding at home. There is a need for studies with proper methodological designs to compare the use of transitional feeding methods in premature infants and their impact on long-term development. DESCRIPTORS Infant, Premature. Feeding Methods. Child Nutrition. Breast Feeding. 1 2 3 4 5 Fonoaudióloga da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas e do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes, Maceió/AL; Enfermeira do Núcleo de Desenvolvimento Infantil da Universidade Federal de Alagoas, Maceió/AL; Enfermeira assistencial da Unidade de Tratamento Intensivo da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas, Maceió/AL; Enfermeira assistencial da Unidade de Tratamento Intensivo da Universidade Estadual de Ciência da Saúde de Alagoas e da Universidade Federal de Alagoas, Maceió/AL; Enfermeira da Unidade de Referência à Gestante de Alto Risco e Pediatria da Prefeitura Municipal de Arapiraca, Arapiraca/AL. http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/rbcs

PESSOA-SANTANA et al. Com advento tecnológico, tornam-se cada vez mais frequentes, em nosso meio, os recémnascidos com baixo peso ao nascimento RNBPN (bebês com peso menor que 2.500g) e os recémnascidos pré-termo RNPT (bebês com idade gestacional menor que 37 semanas ao nascimento), o que constitui um importante problema de saúde pública mundial, porque têm-se o peso e idade gestacionais como fatores contribuintes de alta morbimortalidade neonatal, podendo trazer, a médio e a longo prazo, graves consequências sociais e de saúde. Por este motivo, essa população deve ser foco prioritário de cuidado (BAUER et al., 2008; SILVA, SILVA, 2009). Apesar do aumento da sobrevida desses neonatos, diante de recursos tecnológicos cada vez mais específicos, as dificuldades em relação à alimentação e suporte nutricional acabam sendo motivo de preocupação da equipe multiprofissional (BAUER et al., 2008; SILVA, SILVA, 2009). Isso porque os RNPT ainda se apresentam muito imaturos, sem reflexo de busca e sucção eficientes ou até ausentes e com grande dificuldade de permanecerem em estado de alerta. Além disso, muitos vivenciam quadros clínicos desfavoráveis o que dificultam ou até contraindicam momentaneamente o início da amamentação (SILVA et al., 2009). A alimentação tem papel fundamental para esses prematuros, pois mantém as diversas funções do organismo promovendo um crescimento adequado sem produzir efeitos metabólicos indesejáveis (SCOCHI et al., 2008). Temos, assim, o aleitamento materno como a forma mais natural para um adequado aporte nutricional, principalmente nesta população (NASCIMENTO, ISSLER, 2004). Além de favorecer o estreitamento do vínculo entre o binômio mãe-filho e garantir o contato precoce entre eles, os benefícios nutricionais e imunológicos do leite materno o tornam um excelente alimento para os recém-nascidos prematuros (NASCIMENTO, ISSLER, 2004; SCOCHI et al., 2008). Embora existam atividades educativas quanto ao manejo do aleitamento materno e manutenção da lactação, as mães desses bebês não se sentem seguras de que, de fato, o leite materno atende às necessidades de seu filho. Assim, torna-se de grande importância o apoio e incentivo ao aleitamento materno no sentido de facilitar o processo de recuperação desses neonatos, minimizar a angústia, insegurança e medo dessas mães/famílias ao se depararem com este momento de sofrimento, além de favorecer melhor desenvolvimento destes a longo prazo (GAÍVA et al., 2000; SCOCHI et al., 2008). Temos neste contexto, como estratégia para estimular a amamentação natural a Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), idealizada em 1990 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Esta estratégia estabelece Dez passos para o sucesso do aleitamento materno, dentre esses temos como nono passo Não dar bicos artificiais ou chupetas para crianças amamentadas ao seio (BRASIL, 2001). Este passo é de fundamental importância na manutenção do aleitamento natural, já que o uso de bicos e chupetas têm impacto negativo no comportamento de sucção dos bebês causando a confusão de bicos (MEDEIROS, BERNARDI, 2001; NASCIMENTO, ISSLER, 2004; SCOCHI et al., 2008; LIMA, MELO, 2008). Além disso, temos como outra estratégia bastante eficiente o Método Canguru, iniciado no Brasil no ano de 2000 para favorecer o contato precoce entre o RNBP e sua mãe/familiar, promovendo maior participação da família nos cuidados com o bebê, o estabelecimento do apego, estimulando a produção láctea, além de proporcionar benefícios neurossensoriais, menor morbimortalidade neonatal, menores índices de infecção e menor tempo de internação desses neonatos. Essas estratégias favorecem, então, à manutenção por tempo prolongado do aleitamento nessas famílias (MEDEIROS, BERNARDI, 2001; SCOCHI et al., 2008; LIMA VP, MELO, 2008). Apesar das vantagens amplamente divulgadas e recomendadas por órgãos nacionais e internacionais, o aleitamento materno ainda atinge níveis baixos nos RNPT, sendo não só sua frequência como sua duração menor nesses recém-nascidos comparados aos de termo (SCOCHI et al., 2008).Isso acontece, principalmente, devido à dificuldade no início e na manutenção de uma produção láctea materna eficiente, ocasionada, entre outros motivos, pelo estresse e pelo afastamento do seu bebê; às condições clínicas neonatais desfavoráveis que impedem a sucção direta ao seio; ao tempo prolongado de internação e à maneira como é realizada a transição da alimentação. Dentre os diversos fatores envolvidos no suporte nutricional a essa população, a forma como o leite é oferecido é uma variável importante a ser considerada (CALLEN, PINELLI, 2005; AQUINO, OSÓRIO, 2008). Devido à prematuridade e situações clínicas adversas, essa população acaba por iniciar sua alimentação por via endovenosa nutrição parenteral total - ou através da utilização de sondas enterais até possuir estabilidade clínica, atingir maturidade gastrointestinal e ser capaz de manter coordenação adequada entre sucção/deglutição/respiração (S/D/R) (SCOCHI et al., 2010). Sabe-se também que a utilização prolongada de sondas pode alterar a coordenação sucção/deglutição/respiração desses bebês (MEDEIROS et al., 2011). Deste modo, a transição da alimentação da via gástrica para a oral constitui uma 158 R bras ci Saúde 17(1):55-64, 2013

Métodos Alternativos de Alimentação do Recém-Nascido Prematuro: Considerações e Relato de Experiência grande dificuldade para o binômio mãe-filho, por ser uma mudança importante para um bebê que ainda não estava preparado para nascer. O início da transição, sendo esta o período em que se inicia a alimentação por via oral até sua aceitação completa pelo prematuro (SCOCHI et al., 2010), visando ao aleitamento materno, tem sido fator de discussões, ainda existindo divergências diante o tema. Não existem critérios estabelecidos para iniciar a alimentação oral, porém de forma geral, esta decisão baseia-se no peso e na idade gestacional corrigida. É necessário, entretanto, que sejam considerados também outros fatores como estabilidade clínica, habilidade de sucção, balanço calórico e critérios comportamentais (reflexos orais presentes e estado de alerta mantido) (NASCIMENTO, ISSLER, 2004; BAUER et al., 2008; MEDEIROS et al., 2011). Tem sido demonstrado que recém-nascidos prétermos clinicamente estáveis conseguem coordenar sucção/deglutição/respiração antes da 34ª semana de idade gestacional corrigida, quando estimulados. O aprimoramento da sucção através de técnicas de estimulação, como a sucção não-nutritiva (SNN), pode contribuir para a adequação da coordenação S/D/R durante a alimentação oral (MEDEIROS et al., 2011). Há divergências quanto ao modo como deve ser realizada essa transição, sendo a retirada precoce da sonda enteral e oferta por via oral preconizada para alguns autores, no qual se sabe que a alimentação oral estimula as estruturas do sistema estomatognático. Já outros, preferem um período prolongado da utilização da alimentação gástrica com finalidade de garantir o aleitamento materno exclusivo (MEDEIROS et al., 2011). Assim, algumas técnicas são utilizadas durante o processo de transição alimentar nos neonatos prematuros seja para estimular a sucção direta ao seio materno ou para favorecer a harmonia da coordenação S/D/R já estabelecida de forma indireta (NASCIMENTO, ISSLER, 2004; MEDEIROS et al., 2011). Temos a relactação e translactação como técnicas, de sucção direta ao seio, amplamente utilizadas. A utilização de copos nesse processo tem sido descrita como uma forma segura e prática de alimentação para RNPT e RNBP, até que esses neonatos sejam capazes de utilizarem o próprio seio materno para obter suas necessidades calóricas (MEDEIROS, BERNARDI, 2001; SILVA et al., 2009). A técnica sonda-dedo (finger feeding) e a utilização de protetores flexíveis de mamilos também vêm sendo realizadas como métodos alternativos de transição alimentar, como facilitadores do aleitamento materno (NASCIMENTO, ISSLER, 2004). E x i s t e m vários métodos para realizar a transição entre a alimentação gástrica e o seio materno e, até mesmo, para substituir o aleitamento materno. É importante que o sistema de transição utilizado e seu manejo sejam adequados a fim de garantir o sucesso da amamentação (AQUINO, OSÓRIO, 2008). Diante do exposto, é relevante o apoio ao aleitamento materno, principalmente a esses bebês de risco, através de práticas facilitadoras nesse processo, sendo a utilização de métodos alternativos importantes para o início e manutenção da amamentação, tendo o binômio como sujeito durante todo percurso. Este estudo teve como objetivo descrever os métodos de alimentação mais utilizados na transição da gavagem para o seio materno em RNPT participantes da segunda etapa do Método Canguru de uma maternidade pública de Alagoas, expondo as vantagens e desvantagens desses métodos. RELATO DE EXPERIÊNCIA Trata-se de um relato da experiência vivenciada na Enfermaria Canguru, segunda etapa do Método Canguru, de uma maternidade pública de alto risco do estado de Alagoas, ocorrido durante a prática da Residência de Enfermagem em Saúde da Criança e Neonatologia pela Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL). A escolha do estudo descritivo teve como principal objetivo a observação de fenômenos, procurando descrevê-los, classificá-los e interpretá-los (DYNIEWICZ, 2009). A partir disso, será descrita a vivência na utilização desses métodos pelos binômios mãe-filho participantes do Método Canguru, sendo enfatizados os principais benefícios e dificuldades ocorridas durante sua utilização. O cenário da pesquisa é a Segunda Etapa do Método Canguru, de uma maternidade de alto risco em Maceió-AL. A instituição possui serviço de média e alta complexidade na assistência à gestante, sendo referência no atendimento obstétrico e neonatal do estado de Alagoas. Está vinculada exclusivamente ao Sistema Único de Saúde, tendo como clientela gestantes e recém-nascidos de alto risco, através de demanda espontânea ou encaminhamentos de outras instituições. Temos como sujeitos do estudo, todos os binômios participantes do método durante a observação e análise da pesquisadora no referente cenário. Além disso, fez-se necessária uma pesquisa exploratória bibliográfica para melhor descrever os métodos utilizados e suas principais indicações, vantagens e dificuldades de utilização. A pesquisa bibliográfica é a reunião sistemática de estudos e literatura relevantes sobre um tema específico com o R bras ci Saúde 17(1):55-64, 2013 159

PESSOA-SANTANA et al. propósito de estudá-lo e analisá-lo de maneira crítica e reflexiva (FRIEDLAND, 2001; DYNIEWICZ, 2009).Esta foi realizada no período de 2000 a 2011 nas bases de dados LILACS, MEDLINE, SciELO e Biblioteca Cochrane, sem restrição à língua e local de publicação. Temos a alimentação como processo complexo, sendo este influenciado por diversos fatores sejam eles ambientais, emocionais, culturais e clínicos. O afastamento do binômio e os sentimentos maternos desfavoráveis envolvidos são fatores que têm grande impacto diante início e manutenção da amamentação, agindo negativamente sob o aleitamento materno. Sabese que fatores neonatais relacionados à maturidade, peso, interação afetiva, estado comportamental e condições clínicas desse segmento populacional também estão intimamente ligados ao sucesso do aleitamento materno (SCOCHI et al., 2010; MEDEIROS et al., 2011; MANCINI, MELÉNDEZ, 2004). Percebe-se, assim, a grande dificuldade dessas mães em manter sua produção láctea, mesmo com estimulação. Esse fato é significativamente maior em mães de RNPT quando comparadas às mães de recémnascidos a termo (bebês com idade gestacional maior que 37 semanas ao nascimento) (GAÍVA et al., 2000). É demonstrada também a necessidade de um maior período de tempo para que esses RNPT possam estabelecer suas funções sensório-motoras e mantê-las de forma satisfatória. A partir disso, a utilização de métodos alternativos de alimentação é imprescindível para uma transição adequada (SCOCHI et al., 2010; MEDEIROS et al., 2011). Nesse contexto, temos como pontos fundamentais para o sucesso na utilização dessas técnicas a monitorização permanente e a educação em saúde, já que estas estimulam o bom manejo do aleitamento e sua manutenção, facilitando a transição alimentar desses prematuros e expandindo a participação da mãe nesses momentos com estreitamento do vínculo (SCOCHI et al., 2008). Também vale salientar que a utilização da técnica de forma correta é importante para uma transição efetiva através do estímulo da coordenação das funções sucção/deglutição/respiração desses recém-nascidos; aumento da produção láctea materna, em algumas ocasiões; e facilitação da introdução e manutenção do aleitamento materno nesses binômios (AQUINO, OSÓRIO, 2008). Os métodos alternativos de alimentação dos RNPT mais utilizados no serviço em estudo foram o copinho, a translactação, a relactação e a técnica sondadedo ou finger feeding. Temos, então: 1) Relactação: utiliza-se para esta técnica uma sonda gástrica acoplada a uma seringa sem êmbolo, sendo a ponta da sonda fixada à mama da mãe, perto do mamilo. Assim, o bebê abocanha o seio junto à sonda, sugando o leite materno e o leite colocado na seringa (pasteurizado ou artificial); 2) Translactação: segue o mesmo princípio da técnica anterior, sendo que, neste caso, é utilizado o leite ordenhado da mãe; 3) Técnica sonda-dedo: o leite é oferecido através de uma sonda gástrica conectada a uma seringa sem êmbolo e fixada no dedo mínimo enluvado com fita adesiva. A sonda é posicionada na boca do bebê que receberá o leite através de movimentos de sucção; 4) Técnica do copinho: deve ser realizada segurando o bebê sentado ou semi-sentado no colo. Assim, deve-se apoiar levemente a borda do copo no lábio inferior do bebê e deixar que ele sorva o leite. Diante dos inúmeros benefícios, temos o leite materno como alimento de escolha para essa população. Assim, o início precoce da alimentação gástrica e/ou oral é de fundamental importância, pois o aleitamento materno proporciona o estabelecimento de padrões mais ordenados, presença de atividade motora migratória, modificação da motilidade intestinal com diminuição do tempo de trânsito intestinal, além de minimizar o risco de ocorrência de efeitos iatrogênicos pelo uso de nutrição parenteral prolongada (SCOCHI et al., 2010). Diante disso, foi observado durante o estudo que, na ocasião da retirada da sonda enteral, o uso do copo associado à amamentação é a técnica mais utilizada, apesar da translactação, relactação e sonda-dedo serem também empregadas. A técnica do copinho permite uma alimentação fácil e segura, sendo amplamente utilizada até que o bebê tenha vigor e maturação necessária para a amamentação. Essa técnica está associada a um aumento significativo das taxas de aleitamento materno exclusivo na ocasião da alta, entretanto, com período de internação mais prolongado (MEDEIROS, BERNARDI, 2001; LIMA, MELO, 2008; PEDRAS, PINTO, MEZZACAPPA, 2008). Estudos demonstram melhor estabilidade clínica naqueles bebês que utilizaram copinho quando comparados aos de mamadeira. No primeiro grupo houve menor incidência na queda de saturação de oxigênio e no aumento da frequência cardíaca. Com relação à variação da frequência respiratória e presença de intercorrências (apneia, engasgos e vômitos) não houve diferenças significativas entre os dois grupos (SCOCHI et al., 2008; AQUINO, OSÓRIO et al., 2008). Com relação ao risco de broncoaspiração e apneia, não houve aumento de frequência dessas intercorrências durante utilização do copo (LIMA, MELO, 2008). Porém, mesmo com vantagens, é contraindicado 160 R bras ci Saúde 17(1):55-64, 2013

Métodos Alternativos de Alimentação do Recém-Nascido Prematuro: Considerações e Relato de Experiência seu uso de forma indiscriminada já que não se sabe os desfechos motores na utilização a longo prazo dessa técnica (SCOCHI et al., 2010). Além disso, algumas desvantagens devem ser citadas como escape e desperdício de leite durante a oferta, ausência de vedamento do lábio anterior e diminuição da estimulação da musculatura da sucção (SCOCHI et al., 2008; AQUINO, OSÓRIO et al., 2008; SCOCHI et al., 2010). O recém-nascido, então, não se beneficia de todo valor energético indicado no volume total da dieta, havendo também menor estímulo sensório-motor a esses bebês (SILVA et al., 2009). Vale salientar a importância da orientação e monitorização permanente da equipe durante a utilização dessa técnica pela mãe, já que foi demonstrado baixo índice de acerto na forma dessas mães oferecerem a dieta no copo aos seus filhos, enfatizando-se escape prematuro de leite e pausas longas para que o bebê sorva esse leite. Isso ocorre devido ao mau posicionamento do copo na boca do bebê e manutenção do bebê em má postura durante o oferecimento da dieta (DOWLING et al., 2002; LIMA, MELO, 2008). Desse modo, um modo eficaz para realizar a transição coordenando S/D/R é através do desmame direto da sonda para o seio materno, sem utilização de mamadeiras e copos, utilizando-se técnicas como a relactação e translactação. Estas técnicas permitem a associação da ingestão do leite recebido pela sonda com a sucção do bebê na mama. Assim, induzem a produção láctea, favorecem o estabelecimento da coordenação S/D/R e o desenvolvimento orofacial, além de permitir a participação ativa da mãe durante a alimentação de seu filho e o contato do binômio mãefilho (NASCIMENTO, ISSLER, 2004; MEDEIROS, 2011; MEDEIROS et al., 2011). As técnicas de relactação e translactação, além da sonda-dedo vêm sendo utilizadas com intuito de estimulação das funções de sucção e deglutição e vínculo afetivo. Apesar das vantagens, são métodos que trazem algumas restrições em sua utilização, como o uso de instrumental específico e uma atuação multidisciplinar (CALLEN, PINELLI, 2005; SCOCHI et al., 2010). Foi demonstrado que o tipo de alimento utilizado pelo recém-nascido na ocasião da alta está associado ao tempo de internação. Períodos prolongados de internação estão relacionados a maiores taxas de aleitamento artificial ou misto diante todas as dificuldades enfrentadas por esses binômios (GAÍVA et al., 2000; SCOCHI et al., 2008; VALETE et al., 2009). O maior sucesso da amamentação está relacionado à maturidade e peso do neonato. A duração do aleitamento materno exclusivo é tanto maior quanto mais elevada é a idade gestacional e peso ao nascer. Esses fatores também predizem o início da alimentação oral, sendo sua relação inversa (VALETE et al., 2009; SCOCHI et al., 2010). O ato de amamentar envolve diversos aspectos não só fisiológicos, mas emocionais, psicológicos, socioeconômicos e culturais. Para uma transição satisfatória, com manutenção da amamentação, preconiza-se a participação da mãe de forma ativa, sendo está inserida em um ambiente propício ao aleitamento materno, com apoio permanente da equipe multidisciplinar. Assim, faz-se necessário a utilização sistemática dos métodos de transição e alimentação desses neonatos e a utilização de mecanismos de avaliação claros e objetivos, a fim de se obter a otimização na utilização dessas técnicas, nos diversos serviços, e a introdução precoce da amamentação, na realidade dessas famílias. CONCLUSÕES Os métodos alternativos de alimentação mais utilizados na transição da gavagem para o seio materno, em RNPT participantes da segunda etapa do Método Canguru de uma maternidade pública de Alagoas, foram o copo, a translactação, a relactação e a técnica sonda-dedo. Evidenciou-se que, na ocasião da retirada da sonda enteral, o uso do copo associado à amamentação foi a técnica mais utilizada. Foram percebidas vantagens e desvantagens em todos os métodos utilizados, assim como se percebeu a importância da utilização metódica e criteriosa dessas técnicas, com emprego de critérios avaliativos claros para o manejo adequado de cada caso. Considerando as dificuldades para o início da alimentação em RNPT, espera-se que o trabalho venha contribuir para o conhecimento sobre cada técnica abordada. Há a necessidade da realização de estudos, com desenhos metodológicos adequados, para se comparar a utilização dos métodos de transição da alimentação em prematuros e seus impactos no desenvolvimento a longo prazo. R bras ci Saúde 17(1):55-64, 2013 161

PESSOA-SANTANA et al. REFERÊNCIAS 1. Silva RV, Silva IA. A vivência de mães de recémnascidos prematuros no processo de lactação e amamentação. Esc Anna Nery Rev Enferm, 2009; 13(1):108-115. 2. Bauer MA, Prade LS, Keske-Soares M, Haeffner LSB Weinmann Arm. The oral motor capacity and feeding performance of preterm newborns at the time of transition to oral feeding. Braz J Med Biol Res, October 2008, Volume 41(10) 904-907Braz J Med BiolRes, 2008; 41(10):904-907. 3. Silva ACMG, Alencar KPC, Rodrigues LCB, Perillo VCA. A alimentação do prematuro por meio do copo. Rev Soc Bras Fonoaudiol, 2009; 14(3):387-393. 4. Scochi CGS, Ferreira FY, Góes FSN, Fujinaga CI, Ferecini GM, Leite AM. Alimentação láctea e prevalência do aleitamento materno em prematuros durante a internação em um hospital amigo da criança de Ribeirão Preto-SP, Brasil. Ciênc Cuid Saúde, 2008; 7(2):145-154. 5. Nascimento MBR, Issler H. Aleitamento materno em prematuros: manejo clínico hospitalar. Jornal de Pediatria, 2004; 80(5):163-171. 6. Gaíva MAM, Gomes MMF, Scochi CGS, Barbeira CBS. Aleitamento materno em recém-nascidos internados em UTI neonatal de um Hospital Universitário de Cuiabá MT. Pediatria Moderna, 2000; 36(3):119-130. 7. Brasil, Ministério da Saúde. Organização Mundial da Saúde. Organização Pan-Americana da Saúde. Evidências científicas dos dez passos para o sucesso no aleitamento materno, Brasília: Ministério da Saúde, 2001. 8. Medeiros AMC, Bernardi AT. Alimentação do recémnascido pré-termo: aleitamento materno, copo e mamadeira. Rev Soc Bras Fonoaudiol, 2001; 16(1):73-79. 9. Lima VP, Melo AM. Uso do copinho no alojamento canguru. Rev. CEFAC, 2008; 10(1):126-133. 10. Callen J, Pinelli J. A review of the literature examining the benefits and challenges, incidence and duration, and barriers to breastfeeding in preterm infants. Adv Neonatal Care, 2005; 5(2):72-88. 11. Aquino RR, Osório MM. Alimentação do recém-nascido pré-termo: métodos alternativos de transição da gavagem para o peito materno. Rev Bras Saúde Mater Infant, 2008; 18(1):11-16. 12. Scochi CGS, Gauy JS, Fujinaga CI, Fonseca LMM, Zamberlan NE. Transição alimentar por via oral em prematuros em um Hospital Amigo da Criança. Acta Paul Enferm, 2010; 23(4):540-5. 13. Medeiros AMC, Oliveira ARM, Fernandes AM, Guardachoni GAS, Aquino JPS, Pinto RML, Zveibil NM, Gabriel TCF. Caracterização da técnica de transição da alimentação por sonda enteral para seio materno em recém-nascidos prematuros. J. Soc. Bras. Fonoaudiol, 2011; 23(1):57-65. 14. Pedras CTPA, Pinto EALC, Mezzacappa MA. Uso do copo e da mamadeira e o aleitamento materno em recém-nascidos prematuros e a termo: uma revisão sistemática. Rev Bras Saúde Matern Infant, 2008; 8(2):163-169. 15. Dyniewicz AM. Metodologia da pesquisa em saúde para iniciantes, 2 Ed, São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2009. 16. Friedland DJ, Go AS, Davoren JB, Sllipak MG, Bent SW, Subak LL. Medicina baseada em evidências: uma estrutura para a prática clínica, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. 17. Mancini PGB, Meléndez GV. Aleitamento materno exclusivo na alta de recém-nascidos internados em berçário de alto risco e os fatores associados a essa prática. Jornal de Pediatria, 2004; 80(3):241-248, 18. Dowling DA, Meier PP, Difiore JM, Blatz M, Martin RJ. Cup-feeding for preterm infants: mechanics and safety. J Hum Lact, 2002; 18(1):13-20. 19. Valete CO, Sichieri R, Peyneau DPL, Mendonça LF. Análise das práticas de alimentação de prematuros em maternidade pública no Rio de Janeiro. Rev Nutr, Campinas, 2009; 22(5):653-659. Correspondência Maria da Conceição Carneiro Pessoa de Santana Endereço: Maternidade Escola Santa Mônica. Av. Comendador Leão, S/N - Poço. CEP:57025-000 Maceió - Alagoas - Brasil E-mail: cpessoafono@yahoo.com.br 162 R bras ci Saúde 17(1):55-64, 2013