Programa Nacional de Sanidade de Animais Aquáticos (PNSAA)

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Transcrição:

Programa Nacional de Sanidade de Animais Aquáticos (PNSAA) VPS 425 Gerenciamento em Saúde Animal e Saúde Pública Bruno Germano, Nº USP: 7145363 Gabriela de Aquino Moreira, Nº USP: 7608146 Íris Todeschini, Nº USP: 7145596 Leonardo Moreira Kitakata, Nº USP: 6826990 Marcelo Augusto Cristaldo Duré, Nº USP: 7637559 Novembro, 2014

Sumário 1. Introdução... 2 2. Programa Nacional de Sanidade de Animais Aquáticos (PNSAA)... 4 1. Instrução Normativa Nº 53, de 2 de julho de 2003... 4 2. Instrução Normativa Nº 18, de 13 de maio de 2008... 5 i. ANEXO... 7 3. Instrução Normativa Nº 39, de 4 de novembro de 1999... 10 3. Acordo Interministerial de Sanidade Pesqueira e Aquícola... 10 4. Referências... 12 5. Anexos... 13 1. Anexo I: Doenças de Notificação Obrigatória - OIE... 13

1. Introdução A aquicultura é feita há vários séculos e por diferentes culturas em várias partes do mundo, sendo que há registros históricos evidenciando esta técnica em documentos e manuscritos chineses datados de séculos remotos, e a aquicultura chega a ser mencionada até em hieróglifos egípcios. Este sistema incluía, de forma simplificada, o armazenamento de exemplares imaturos de diversas espécies de peixes, seu desenvolvimento condicionado a um ambiente propício, que não demandava adição de muitos insumos ou recursos externos, e por fim seu consumo pelas populações, sendo uma importante fonte alimentar (OLIVEIRA, 2009). Atualmente a aquicultura é uma atividade multidisciplinar, referente ao cultivo de diversos organismos aquáticos, incluídos neste contexto plantas aquáticas, moluscos, crustáceos e peixes; sendo que a intervenção ou manejo do processo de criação é imprescindível para o aumento da produção (OLIVEIRA, 2009). A demanda mundial por pescados vem crescendo de forma acelerada em decorrência do aumento populacional e da busca por alimentos mais saudáveis. De 2004 a 2009, o crescimento do consumo de pescados foi de aproximadamente 13% no acumulado [FAO (2010)]. Isso porque o peixe além de ser uma fonte de proteínas de alto valor biológico ele também possui em sua composição ácidos graxos polinsaturados, da família omêga-3 (BRASIL, 2006); sendo que o consumo frequente de alimentos ricos em ácidos graxos ômega-3, está associado à redução do risco de doenças cardiovasculares, de alguns tipos de câncer bem como no tratamento de doenças inflamatórias como a artrite reumatoide (BRASIL, 2006). Nos últimos quarenta anos, o consumo per capita mundial de carnes mais do que dobrou, passando de 23 kg em 1961 para 46,6 kg em 2009 [Roppa (2009)]. Existe intensa correlação entre aumento da renda e maior consumo de carnes, que, a partir do alcance de um ponto crítico, não mais se observa. Mercados mais maduros e desenvolvidos, como os da América do Norte e Europa, estão próximos desse ponto e não devem apresentar grande crescimento. Assim, o maior incremento na demanda vem ocorrendo em mercados emergentes. Em países como China, Índia e Brasil, com elevados quantitativos populacionais, o aumento no poder aquisitivo das camadas mais pobres da população permitiu melhora nas dietas alimentares, acompanhada de maior inserção das proteínas de origem animal (BURNS, [s.d.]). 2

O consumo de pescados no mundo foi de 116.960 mil t em 2009, valor superior a 17 kg por habitante [FAO (2010)]. No Brasil, a média de consumo per capita foi bastante inferior, ficando em torno de 9 kg, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um consumo de 12 kg/hab/ano. No entanto, o consumo brasileiro vem crescendo e, de acordo com o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), ele era pouco inferior a 6,5 kg/hab/ano em 2003. Uma elevação na demanda nacional para os patamares recomendados pela OMS representaria um acréscimo de consumo de 5.722 mil t.4 (BURNS, [s.d.]). O Brasil possui grande potencial para a produção de pescado; conta com uma costa bastante ampla, 8.400 Km, banhado pelo oceano Atlântico, dispondo de um mar territorial zona econômica exclusiva (ZEE) de 4.500.000 Km2 e é possuidor de 12% de toda a água doce do mundo; havendo uma abundância de recursos pesqueiros em quantidade e espécies por região (GONÇALVES, 2007; SOARES, 2007). Além dos recursos naturais, outro ponto importante seria a mão de obra. Segundo dados oficiais da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca (SEAP), o setor produtivo envolve mais de 150.000 pessoas, direta ou indiretamente. A questão da mão de obra é ainda crucial para pequenas cidades e comunidades, na qual, a melhoria de renda, por meio da maior inserção das pessoas neste segmento econômico, proporcionaria melhores desenvolvimentos em pontos como educação e urbanismo. Em outro ponto da cadeia produtiva, o Brasil conta com um bem estruturado setor de produção de alevinos e juvenis, larvas de camarão e de moluscos bivalves. Neste foco, a principal relevância é que a produção chega a ser compatível com a demanda, mas apresenta uma baixa qualidade. Não há nenhum programa de controle da qualidade sanitária das formas jovens produzidas e comercializadas. Em questões de melhoramento genético dos cardumes, apenas a cultura de tilápia apresenta investimentos fortes neste contexto. No entanto, é importante que a produção desses animais seja feita de forma correta do ponto de vista sanitário pois, peixes criados ou capturados em ambientes poluídos, que contenham dejetos e fezes, podem albergar não só microrganismos patogênicos (GUZMÁN et al., 2004), mas também podem estar contaminados por substâncias químicas, como os piretróides, organofosforados, avermectinas, 3

inibidores da quitina, dioxina, metais pesados, como o mercúrio e o cobre, e uma gama de antibióticos (BURRIDGE et al., 2010; COLE et al., 2009). Como muitos são os possíveis impactos decorrentes da aquicultura na saúde pública e no meio ambiente, é necessária maior atenção dos órgãos responsáveis pelo controle e fiscalização dessa cadeia produtiva, por isso o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento através da portaria nº 573 de junho de 2003 criou o Programa Nacional de Sanidade dos Animais Aquáticos. 2. Programa Nacional de Sanidade de Animais Aquáticos (PNSAA) O Programa Nacional de Sanidade de Animais Aquáticos (PNSAA) foi instituído pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) por meio da Portaria N º 573, de 4 de junho de 2003, regulamentando, assim, a produção de animais aquáticos no país. No entanto, o Regulamento Técnico do PNSAA foi aprovado pela Instrução Normativa Nº 53, de 2 de julho de 2003, padronizando as ações profiláticas, métodos de diagnósticos e o saneamento dos estabelecimentos de aquicultura. 1. Instrução Normativa Nº 53, de 2 de julho de 2003 A Instrução Normativa (IN) Nº 53 define como animais aquáticos os peixes, crustáceos, moluscos e outros animais aquáticos destinados à aquicultura, em qualquer fase de seu desenvolvimento na água. Além de caracterizar os estabelecimentos de reprodução, recria, terminação, recreação e de comercialização (Art. 6). Sendo necessária o cadastro destes estabelecimentos, realizadas pelas Secretarias estaduais de Agricultura ou seus órgãos de defesa sanitária animal (Art. 7). Os estabelecimentos cadastrados estarão sujeitos a fiscalização do serviço veterinário oficial, tendo a suspenção da autorização de comercialização, importação exportação, caso o estabelecimento não esteja cumprindo as exigências do regulamento. Além disso, os estabelecimentos devem notificar obrigatoriamente as doenças que estão na lista da OIE (Anexo I). Os estabelecimentos os quais praticam comércio internacional devem seguir as normas do Departamento de Defesa Animal (DDA), sendo que animais importados 4

deverão ser transferidos para unidade de quarentena e monitorados de acordo com cada espécie, controlados por veterinário do serviço oficial. Nos estabelecimentos que houverem suspeita de doença de notificação obrigatória (Art. 33), os procedimentos realizados são visita ao local com coleta de material para laboratório, preenchendo a documentação adequada; realizado um mapeamento epidemiológico da doença, buscando informações do foco de origem, evolução e as consequências; interdição da área focal e perifocal; comunicação do foco ao serviço veterinária oficial; de acordo com a doença notificada, as medidas tomadas poderão ser o sacrifício sanitário ou tratamento terapêutico, posteriormente, realiza-se a desinfecção, quando necessária, e acompanhamento do foco. Constada a inexistência do agente patogênico no local, o foco será encerrado e a interdição, suspensa. 2. Instrução Normativa Nº 18, de 13 de maio de 2008 Estabelece os procedimentos para importação de animais aquáticos para fins ornamentais e destinados à comercialização. Art. 1º Estabelecer os procedimentos para importação de animais aquáticos para fins ornamentais e destinados à comercialização. Art. 2º Os animais aquáticos para fins ornamentais e destinados à comercialização ficam dispensados do atendimento do disposto no art. 26, da Instrução Normativa SDA nº 53, de 2 de julho de 2003. Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se também às importações de animais aquáticos para fins ornamentais, por motivo de mudança de domicílio. Ou seja, animais aquáticos para fins ornamentais podem ser liberados nos corpos de água para aquicultura, sendo que os animais que não são para fins ornamentais não podem ser liberados e o lote original permanecerá sob condições de isolamento e vigilância sanitária por todo o período reprodutivo no estabelecimento de reprodução; sendo que somente os descendentes da primeira geração (F1) poderão ser liberados. Art. 3º A importação de crustáceos e peixes da família Cyprinidae vivos será autorizada apenas quando destinados à reprodução, nos termos do art. 26, da Instrução Normativa SDA nº 53, de 2 de julho de 2003. 5

Este artigo é uma forma de defesa zoosanitária que tenta impedir a entrada de novos animais que possam carrear doenças de importância econômica como é o caso da mancha branca e cabeça amarela além de doenças de caráter zoonótico. Art. 4º A importação de animais aquáticos para fins ornamentais destinados à comercialização deverá ser submetida à análise de risco e ao atendimento dos requisitos constantes da autorização prévia emitida pelo MAPA. Art. 5º Os animais aquáticos para fins de ornamentação importados para comercialização serão submetidos a período mínimo de quarentena de 7 (sete) dias, em estabelecimentos credenciados para tal fim, na forma do Anexo à presente Instrução Normativa. Art. 6º Os animais aquáticos importados por motivo de mudança devem chegar ao País acompanhados de seu proprietário, previamente autorizados e com certificação zoossanitária internacional, de acordo com os requisitos brasileiros. 1º Os animais referidos no caput deste artigo serão submetidos a um período de observação de 90 (noventa) dias sob supervisão de Médico Veterinário, no domicílio de destino. 2º O proprietário ficará como depositário, devendo apresentar atestado de sanidade dos animais no final do período ao Serviço de Sanidade Agropecuária - SEDESA, da Superintendência Federal de Agricultura na Unidade Federativa correspondente. Art. 7º A suspeita da ocorrência de doenças em animais aquáticos para fins ornamentais deverá ser notificada ao SEDESA na Unidade Federativa correspondente. Parágrafo único. O tratamento de doenças durante o período de quarentena ou de observação dos animais somente poderá ser realizado após autorização expressa do SEDESA. Art. 8º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação. 6

i. ANEXO Requisitos para credenciamento de estabelecimentos quarentenários de animais aquáticos ornamentais CAPÍTULO I Capítulo I Da infraestrutura mínima O artigo 1º diz que estabelecimento quarentenário deve ser isolado fisicamente de outras instalações, dispor de áreas cobertas para acomodação dos animais quarentenados, protegidas do acesso de animais invasores. O artigo 2º estabelece que a infraestrutura existente deve ser dividida fisicamente em ambiente interno, onde estarão alojados os animais, e em ambiente externo, onde deve estar a estrutura da administrativa. As estruturas de suporte do ambiente interno e externo devem ser construídas de forma que sejam minimizados os riscos de propagação de contaminações. (Administração, sala para lavagem de equipamentos e utensílios, lavanderia, depósito de resíduos sólidos, etc.) e contar com vestiários e banheiro, localizados entre os dois ambientes. O artigo 3º estabelece que as instalações e suas dependências devem ser identificadas quanto à finalidade e dispostas de forma a propiciar um fluxo lógico dos trabalhos, que deve ser sinalizado. O artigo 4º fala sobre o acabamento interno das instalações e os reservatórios para alojamento dos animais, sendo que estas instalações devem ser construídas em material impermeável, capaz de suportar limpezas e desinfecções frequentes, e dotados de drenagem eficiente para escoamento de toda a água servida e da sujidade gerada. No artigo 5º há uma preocupação tanto com a sanidade dos animais quanto com a impacto da criação no meio ambiente, pois ele especifica que a água de abastecimento da unidade deve ser captada de fonte segura e submetida a tratamento que garanta a destruição dos agentes patogênicos, e a distribuição promovida por sistema de derivação para cada reservatório. O artigo 6º diz que o escoamento de águas servidas deve ser canalizado para sistema de tratamento aprovado pelo serviço veterinário oficial, pelo órgão ambiental e de saneamento. Além disso, o artigo 7ºespecifica que o estabelecimento quarentenário deve contar com sistema de fumigação, ou outro similar, para desinfecção de objetos e utensílios necessários aos trabalhos, localizado na divisa das áreas interna e externa. 7

O artigo 8º estabelece que as instalações devem dispor de manilúvios em cada uma de suas dependências onde são mantidos animais. Capítulo II Do quadro funcional e controle da circulação de pessoas O Art. 9º diz que o estabelecimento quarentenário deve funcionar sob Responsabilidade Técnica de Médico Veterinário, homologada pelo conselho de classe. O artigo 10º fala sobre a parte sanitária que envolve todos os funcionários e especifica que estes devem tomar banho ao entrar e sair das instalações quarentenárias; pois isto é uma forma de controle e prevenção de doenças que os animais possam apresentar durante o período de quarentena. O artigo 11º continua a falar de medidas sanitárias e estabelece que todos os funcionários devem usar paramentação adequada ao trabalho que deve ser de uso exclusivo no estabelecimento quarentenário. O artigo 12º restringe as visitas dizendo que somente serão permitidas se previamente autorizadas pelo Responsável Técnico. Segundo o artigo 13º o registro das visitas deve ser realizado em livro próprio, identificando o último estabelecimento visitado com a presença de animais aquáticos ou outros locais de risco. Sendo que o artigo 14º diz que o período mínimo de afastamento de animais aquáticos ou locais de risco para que o visitante seja autorizado a entrar no estabelecimento quarentenário é de 48 (quarenta e oito) horas. Capítulo III Dos procedimentos de controle e registro sanitário O artigo 15 diz que toda documentação referente ao trânsito de animais, pessoas e insumos, e demais registros sanitários do quarentenário devem ser arquivados no estabelecimento à disposição do serviço veterinário oficial. O artigo 16 estabelece que os protocolos dos procedimentos realizados no estabelecimento quarentenário deverão estar impressos e organizados em forma de manual e descreverão o manejo de animais e instalações, desinfecções e tratamentos físicos, químicos ou biológicos, produtos e doses ou concentrações utilizadas, com a referência técnica ou científica aplicada. Segundo o artigo 17 o estabelecimento quarentenário criará e adotará relatórios 8

zoossanitários que contenham dados sobre o estoque de animais, mortes, observações de sinais clínicos, diagnóstico de doenças e tratamentos empregados, movimentações internas de animais, vazios sanitários e desinfecções, monitoramento das águas a serem utilizadas, em uso e as descartadas, documentação do trânsito de ingresso e egresso dos animais, controle da origem e data de entrada de alimentos e destinações, que deverão ter atualização diária realizada sob supervisão do Responsável Técnico. O artigo 18 diz que o estabelecimento quarentenário deve dispor de livro de ocorrências com páginas tipograficamente numeradas, onde devem ser registrados os acontecimentos de relevância sanitária pelo Responsável Técnico. Outra parte importante é o controle de pragas que segundo o artigo 19 o estabelecimento quarentenário manterá programa de controle de pragas, roedores e de ausência de quaisquer outros animais que não aqueles objetos de quarentena. O artigo 20 fala sobre a importante separação dos lotes mesmo em quarentena: os lotes de animais importados deverão ser separados em reservatórios distintos por procedência, e por espécies, de forma que seja possível o isolamento, desinfecções ou tratamentos, separadamente. Sendo que o artigo 21 diz que em cada reservatório, devem constar as informações de número do reservatório, procedência, família, espécie, número de indivíduos nele alojados e registro de mortalidade, sempre atualizadas. O artigo 22 especifica que os utensílios de uso rotineiro no manejo de animais devem ser individuais para cada reservatório. O artigo 23 diz que os resíduos ou dejetos orgânicos devem ser incinerados ou submetidos a tratamento capaz de garantir a destruição de agentes patogênicos. O artigo 24 fala que o material inorgânico deve ser desinfetado e descartado de forma apropriada. Dessa forma, esses dois artigos estabelecem medidas de controle de disseminação de possíveis doenças dos animais em quarentena para o meio ambiente e consequentemente para outros animais que nele vivem. Capítulo IV Das condições de quarentena e ocorrência de doenças O artigo 25 diz que o período de quarentena a ser cumprido poderá ser estendido, de acordo com os requisitos estabelecidos na autorização prévia de importação, ou alteração da condição sanitária dos animais. 9

O artigo 26 permite a entrada de novos lotes de animais com quarentena em andamento, porém a contagem do período será reiniciada. O artigo 27estabelece que ao término do período de quarentena as instalações deverão ser totalmente despovoadas e passar por vazio sanitário mínimo de 24 (vinte e quatro) horas, contados a partir da conclusão dos trabalhos de limpeza e desinfecção. O artigo 28 estabelece que a parte de custos com remessa de amostras oficiais e testes laboratoriais necessários ao monitoramento de doenças correrão por conta do proprietário. O artigo 29 coloca como medida de controle preventivo de doenças a destruição de todos os animais quarentemados devendo-se colher amostras de fiscalização para investigação, caso houver ocorrência de doença de notificação obrigatória ou altas mortalidades sem causa definida. O artigo 30 estabelece as sanções administrativas para os estabelecimentos quarentenários que não atender ao disposto nesta Instrução Normativa; sendo que as penalidades são o descredenciamento temporário ou definitivo. 3. Instrução Normativa Nº 39, de 4 de novembro de 1999 Esta IN suspende, temporariamente, a entrada no território nacional de qualquer espécie de crustáceos, em qualquer fase do desenvolvimento e de qualquer procedência. Esta medida foi tomada, considerando-se que doenças, as quais estão listadas na OIE, sendo elas Mancha Branca (WSSV) e Cabeça Amarela (YHV), foram detectadas em diversos países exportadores destes produtos e também, estas doenças não foram detectadas em cultivos de crustáceos no Brasil. Portanto, para evitar a difusão destas doenças no território brasileiro, suspende-se temporariamente a importação destes produtos. No entanto, a IN Nº39 foi revogada pela IN Nº 28, de 11 de dezembro de 2012. 3. Acordo Interministerial de Sanidade Pesqueira e Aquícola O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) foi criado em 1 de janeiro de 2003 com o nome de Secretaria Especial da Aquicultura e Pesca (SEAP) pela medida provisória 103, que depois se transformou na lei nº 10.683. A transformação em ministério se deu pela lei nº 11.958 de 26 de junho de 2009. Compete também a este 10

ministério, a sanidade pesqueira e aquícola, assim como, fiscalização das atividades pesqueiras, organização e manutenção do Registro Geral de Atividade Pesqueira, entre outras. Sendo assim, o Decreto nº 7.024, de 7 de dezembro de 2009 estabelece as competências, em relação à sanidade aquícola, do MPA (Art. 1), mantendo as competências atribuídas ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) não alcançadas pelo decreto. Em 2010, os dois ministérios firmaram o Acordo de Cooperação Técnico (ACT) nº 6, destinado ao desenvolvimento de ações de sanidade pesqueira e aquícola. Este acordo tem como objetivo fortalecer o Serviço Veterinário Oficial brasileiro. Este acordo já resultou na publicação de três Instruções Normativas Interministeriais (INIs). A INI nº 7, de 08 de maio de 2012, que instituiu o Programa Nacional de Controle Higiênico Sanitário de Moluscos Bivalves; a INI nº 32, de 16 de agosto de 2014, que disciplinou a importação de material de laboratório para as redes LANAGRO, RENAQUA e para pesquisa e diagnóstico; e a INI nº 4, de 30 de maio de 2014, que estabeleceu a nota fiscal como comprovação de origem para trânsito de matéria-prima para as indústrias. 11

4. Referências BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Manual de Legislação: programas nacionais de saúde animal do Brasil / Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Departamento de Saúde Animal. Brasília: MAPA/SDA/DSA, 2009. 440 p. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília, MS; 2006. BURNS, V. Panorama da aquicultura no Brasil : desafios e oportunidades. [s.d.]. BURRIDGE, L.; WEIS, J. S.; CABELLO, F.; PIZARRO, J.; BOSTICK, K. Chemical use in salmon aquaculture: a review of current practices and possible environmental effects. Aquaculture, v. 306, p. 7-23, 2010. COLE, D. W.; COLE, R.; GAYDOS, S. J.; GRAY, J.; HYLAND, G.; JACQUES, M. L.; DUNFORD, N. P.; SAWHNEY, C.; AU, W. W. Aquaculture: environmental, toxicological, and health issues. International Journal Enviromental Health, v. 212, p. 369-377, 2009. GERMANO, P. M. L; GERMANO, M. I. S; OLIVEIRA, C. A. F. Aspectos da qualidade do pescado de relevância em saúde pública. Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v. 53, janeiro de 1998. GUZMÁN, M. C.; BISTONI, M. A.; TAMAGNINI, L. M.; GONZÁLEZ, R. D. Recovery of Escherichia coli in fresh water fish, Jenynsia multidentata and Bryconamericus iheringi. Water Research, v. 38, p. 2368-2374, 2004 FAO ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A AGRICULTURA E ALIMENTAÇÃO. The State of World Fisheries and Aquaculture, 2010. OLIVEIRA, R. C. DE. O contexto mundial. v. 2, p. 71 89, 2009. Sites: http://www.mpa.gov.br/ http://www.agrodefesa.go.gov.br/programas-sanidade-animal/2-noticias/59-pesaa http://www.oie.int/index.php?id=171&l=0&htmfile=chapitre_diseases_listed.htm http://www.mpa.gov.br/index.php/ultimas-noticias/240-sanidade-acordo http://www.agricultura.gov.br/legislacao 12

5. Anexos 1. Anexo I: Doenças de Notificação Obrigatória - OIE Imagem 1: doenças de notificação obrigatória de crustáceos. Imagem 2: doenças de notificação obrigatória de peixes - OIE Imagem 3: doenças de notificação obrigatória de anfíbios OIE 13

Imagem 4: doenças de interesse para aquicultura nacional sem necessidade de notificação imediata à OIE Imagem 5: doenças de notificação obrigatória OIE e de interesse para a aquicultura nacional 14