CORPO NACIONAL DE ESCUTAS Escutismo Católico Português CONSELHO FISCAL E JURISDICIONAL NACIONAL Junta Central pergunta: - É necessária alguma autorização ou formação especial para o transporte ocasional de associados em actividade feita pelos Agrupamentos em carrinhas de 9 lugares? Sumário: 1 Em face da LTCC o CNE não precisa de licença (alvará) para o transporte de crianças; mas os veículos que utilizar têm de estar licenciados para o efeito. 2 O licenciamento dos veículos depende da prova de que a actividade principal da entidade requerente ( CNE) implica a deslocação de crianças; 3- Os veículos do CNE só poderão ser licenciados para o transporte de crianças se comprovar que a actividade principal do CNE implica a deslocação de crianças; 4- Como pessoa colectiva sem fins lucrativos que visa a promoção de actividades culturais, recreativas e sociais, o transporte de crianças licenciado a veículos CNE dispensa o certificado de motorista, o vigilante e o tacógrafo mas só para os veículos até 9 lugares incluindo o motorista; 5- Até 17/4/2009, o transporte de crianças efectuado em veículos do CNE está dispensado da observância das regras supra descritas e estabelecidas pela Lei nº 13/06 de 17/4 e legislação complementar; 6- Seria de toda a conveniência interpelar a DGTT, no sentido de sendo o CNE uma associação de juventude sem fins lucrativos que visa a educação integral dos jovens, e que procede em veículos seus ao transporte ocasional de crianças para a prática de actividades culturais, recreativas e sociais, ser informado dos requisitos ou condições que tem de observar para proceder àquele transporte em veículos de passageiros de nove lugares e nos veículos de lotação superior. e em especial como deve comprovar que a actividade principal do CNE implica a deslocação de crianças, de modo a obter o licenciamento dos veículos para esse efeito 1
. Texto Integral: Questão prévia: A competência do CFJN é definida no artº 39º RG de acordo com o qual lhe compete elaborar parecer sobre questões de âmbito estatutário e regulamentar, e fora disso quando os regulamentos do CNE o impõem. A matéria em questão não se inserindo nesse âmbito, pois não se prende com os Estatutos ou com os Regulamentos do CNE ou deliberações dos seus órgãos nacionais, está fora da competência deste CFJN. Prendendo-se a dúvida suscitada apenas com a interpretação e ou aplicação das leis da Republica Portuguesa, é um problema de gestão administrativa do CNE, fora da alçada do CFJN. Todavia, porque ao CFJN compete nos termos estatutários acompanhar e fiscalizar a administração e gestão financeira da Junta Central artº 39º1 b) RG, não fazia sentido não prestar á Junta Central a colaboração institucional que solicitou, e sem necessidade de chamar á colação a Lei do Escuta Dentro desse espírito, passamos a analisar a questão suscitada. Assim: A matéria em causa está regulada pela Lei 13/06 de 17/4 (alterada pela Lei 17A/06 de 26/5 e DL 255/07 de 13/7 sem relevo para o caso) e Portaria nº 1350/06 de 27/11, e constitui o regime jurídico do transporte colectivo de crianças e jovens até aos 16 anos; A actividade de transporte de crianças pode ser efectuada como actividade principal de uma empresa ou indivíduo, ou como actividade acessória. No caso do CNE o transporte efectuado, só seria enquadrável como actividade acessória que é aquela que se efectua como complemento da actividade principal artº 2º 2 LTCC ( Lei do transporte Colectivo de Crianças), sendo que o transporte regulado é também o efectuado de e para os estabelecimentos de educação e outras instalações e espaços em que decorram actividades educativas ou formativas, designadamente os transportes para locais destinados à prática de actividades 2
desportivas ou culturais, visitas de estudo e outras deslocações organizadas para ocupação de tempos livres - artº 1º LTCC Para fazer tais transportes a título principal é necessário: licença para exercer a actividade (Alvará); licença para os veículos; certificado para o motorista (artºs 3º, 5º e 6º LTCC); para além de outros requisitos dos veículos licenciados, ou a presença de vigilantes; O transporte de crianças pode ser feito por Empresas transportadoras, por Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia, IPSS e outras pessoas colectivas sem fins lucrativos, e, ainda por pessoas colectivas sem fins lucrativos cujo objecto social seja a promoção de actividades culturais, recreativas, sociais e desportivas; Para o transporte ocasional ou a titulo particular feito pela entidades cuja actividade principal implique a deslocação de crianças ( artº 1º 3 a) Port. 1350/06 de 27/11, não é preciso licença (alvará); e, não é necessário: o certificado de motorista ( mas este tem de ter experiência de pelo menos 2 anos), a presença de vigilantes, e o uso do tacógrafo mas só se o transporte for feito por uma pessoa colectiva sem fins lucrativos dedicada á promoção de actividades culturais, recreativas, sociais e desportivas, e o veículo não tiver mais de 9 lugares incluindo o motorista. (artº 26º da Lei 13/06) Mas todos os veículos utilizados no transporte colectivo de crianças (ligeiros ou pesados, de transporte publico ou particular) têm de ser licenciados ( artº 6º Portaria 1350/06 de 27/11 que fixa os requisitos para o efeito) e identificados com o dístico ( artº 5º4 Lei 13/06), mas o licenciamento de automóveis ligeiros para transporte de crianças, particular ou a título acessório depende da prova de que a actividade principal da entidade requerente implica a deslocação de crianças, ( no caso de veículos pesados mais de 9 lugares essa comprovação pode ser feita pelo certificado emitido ao abrigo do artº 17º DL 3/01 de 10/1) artº 7º Port. 1350/06). O CNE é uma associação de juventude, sem fins lucrativos, destinada á formação integral dos jovens, em todas as vertentes da pessoa humana (carácter, saúde, criatividade, habilidade manual e sentido de serviço), e tem por finalidade a educação integral dos jovens (artºs 1º e 2º ECNE e 1º e 2ºRG), pelo que a classe em que se integra face á nomenclatura da LTCC é a de uma pessoa colectiva dedicada a actividades culturais, recreativas, sociais e desportivas, 3
Assim se o CNE fizer o transporte em veículos de 9 lugares tem de observar as normas aplicáveis aos veículos de transporte de crianças da LTCC salvo os mencionados supra (certificado de motorista, vigilante e tacógrafo), porque se fizer em veículos pesados de passageiros tem de observar integralmente aquelas regras Da regulamentação que se expõe cremos que se podem extrair as seguintes ideias chaves: 1 O CNE não precisa de licença ( alvará) para o transporte de crianças; mas os veículos que utilizar têm de estar licenciados para o efeito. 2 O licenciamento desses veículos depende da prova de que a actividade principal da entidade requerente implica a deslocação de crianças; Ou seja, no caso, de o CNE convencer a Administração Publica que a sua actividade principal implica a deslocação de crianças (ou aquela assim decida por despacho normativo ou através da alteração da portaria), sem o não pode requerer o licenciamento de veículos para transporte de crianças e consequentemente não pode fazer esse transporte. Esta legislação entrou em vigor 30 dias após a sua publicação, ou seja em 17/4/06 artº 29º1 LTCC), todavia, sem prejuízo do disposto no artº 8º do capítulo II e nos artºs 10º, 14º, 15º, 16º e 17º do capítulo III, ao prazo referido no número anterior acresce: ( ) d) Três anos para as pessoas colectivas sem fins lucrativos cujo objecto social seja a promoção de actividades culturais, recreativas e desportivas. Quer isto dizer que apesar de a lei ter entrado em vigor em 17/4/06, para aquelas associações só tem aplicação decorridos que sejam mais 3 anos (ou seja em 17/4/2009), considerado o tempo necessário para se adaptarem, sem prejuízo das normas sobre vigilantes ( artº 8º: veiculo pesado de passageiros), lotação (artº 10º), extintor de incêndios e caixa de socorros ( artº 14º), circularem com as luzes acesas ( artº 15º), cuidados a observar na tomada e largada das crianças ( artº 16º) e transporte de bagagens ( artº 17º) Ora como integrámos o CNE na categoria das pessoas colectivas sem fins lucrativos que promovem actividades culturais, recreativas, sociais e desportivas al.d) do artº 29º LTCC, o regime jurídico relativo ao transporte de crianças estabelecido na LTCC ainda não se aplica ao transporte efectuado pelo CNE, pelo que até 17/4/09, não é necessária qualquer licença ou condição especial relativa ao veículo. 4
Parece, assim, haver uma desconformidade ou inadequação das normas descritas com a actividade escutista desenvolvida pelo CNE e outras associações escutistas, que sairão penalizadas, porque regula de igual forma o transporte publico e o particular de crianças, em veículos ligeiros e pesados, como faz depender o licenciamento dos veículos de a actividade principal do requerente da licença implicar a deslocação de crianças, e poder ser difícil comprovar essa circunstância á Administração Publica. Em face disso e porque é necessário um acto da administração publica ( licenciamento) seria conveniente a interpelação da mesma (através da DGTT Direcção Geral de Transportes Terrestres) no sentido de averiguar qual o entendimento desta entidade licenciadora á questão colocada, de modo a habilitar a J.C. a difundir a posição da Administração ou providenciar pela conformação da regulamentação legal á realidade do CNE sob pena de os veículos não puderem ser utilizados após 17/4/09 e dos custos que tal pode acarretar sem qualquer benefício; Em face de todo o exposto é nosso parecer que: 1 Em face da LTCC o CNE não precisa de licença (alvará) para o transporte de crianças; mas os veículos que utilizar têm de estar licenciados para o efeito. 2 O licenciamento dos veículos depende da prova de que a actividade principal da entidade requerente ( CNE) implica a deslocação de crianças; 3- Os veículos do CNE só poderão ser licenciados para o transporte de crianças se comprovar que a actividade principal do CNE implica a deslocação de crianças; 4- Como pessoa colectiva sem fins lucrativos que visa a promoção de actividades culturais, recreativas e sociais, o transporte de crianças licenciado a veículos CNE dispensa o certificado de motorista, o vigilante e o tacógrafo mas só para os veículos até 9 lugares incluindo o motorista; 5- Até 17/4/2009, o transporte de crianças efectuado em veículos do CNE está dispensado da observância das regras supra descritas e estabelecidas pela Lei nº 13/06 de 17/4 e legislação complementar; 6- Seria de toda a conveniência interpelar a DGTT, no sentido de sendo o CNE uma associação de juventude sem fins lucrativos que visa a educação integral dos jovens, e que procede em veículos seus ao transporte ocasional de crianças para a 5
prática de actividades culturais, recreativas e sociais, ser informado dos requisitos ou condições que tem de observar para proceder àquele transporte em veículos de passageiros de nove lugares e nos veículos de lotação superior. e em especial como deve comprovar que a actividade principal do CNE implica a deslocação de crianças, de modo a obter o licenciamento dos veículos para esse efeito. Tal é o que se nos oferece dizer Aprovado CFJN, / / José A. Vaz Carreto ( vogal Relator) F. Saul Mouro ( vogal) Francisco J. Camarinha ( Secretário) Rita Vaz. Luís ( Vice Presidente) F. Calado Lopes ( Presidente) 6