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Transcrição:

Fls. 2 1 Coordenação-Geral de Tributação Solução de Consulta nº 84 - Data 2 de abril de 2014 Processo Interessado CNPJ/CPF ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF IRPF. Auxílio-moradia. Natureza Tributária. Desde que o beneficiário comprove à pessoa jurídica de direito público o valor das despesas, mediante apresentação do contrato de locação, quando for o caso, ou recibo comprovando os pagamentos realizados, não integra a remuneração o valor recebido a título de auxílio-moradia, em substituição ao direito de uso de imóvel funcional, não se sujeitando à incidência do imposto de renda, na fonte ou na declaração de ajuste. A fonte pagadora é a responsável pela retenção e recolhimento do imposto de renda na fonte incidente sobre os rendimentos pagos a título de auxílio moradia quando caracterizados como rendimentos tributáveis. Independente da fonte pagadora efetuar a retenção do imposto de renda, deve o beneficiário incluir os rendimentos em sua declaração de ajuste anual relativa ao ano-base correspondente. Dispositivos Legais: Lei Complementar nº 8.625, de 12 de fevereiro de 1993, art. 50, II; Medida Provisória nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001, art.25; Ato Declaratório SRF nº 87, de 12 de novembro de 1999. Relatório O interessado, pessoa física acima identificada, formula consulta à Receita Federal do Brasil acerca da interpretação da legislação tributária do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF. 1

Fls. 3 2. Informa que é XXXXXXX e que recebeu do Ministério Público XXXXXXXXX, no ano de 2012, valores mensais correspondentes à verba intitulada de Auxílio Lei nº 8.625/93. 3. Relata que no comprovante de rendimentos, do ano calendário de 2012, a fonte pagadora informou essas verbas como Rendimentos Isentos ou Não Tributáveis, por entender tratar-se de valor de caráter indenizatório, com base no art. 50, II, da Lei nº 8.625, de 12 de fevereiro de 1993 Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, que classifica a referida verba como auxílio-moradia. 4. Em seguida, cita o art. 39, do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, que apesar de não relacionar o auxílio-moradia como rendimentos isentos ou não tributáveis, elenca diversas indenizações e auxílios que independente de qualquer comprovação. 5. Acrescenta que o art. 25 da MP nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001, dispõe sobre o auxílio-moradia sem prever a necessidade de comprovação: Art. 25. O valor recebido de pessoa jurídica de direito público a título de auxílio-moradia, não integrante da remuneração do beneficiário, em substituição ao direito de uso de imóvel funcional, considera-se como da mesma natureza deste direito, não se sujeitando à incidência do imposto de renda, na fonte ou na declaração de ajuste. 6. Aduz que o Superior Tribunal de Justiça consolidou entendimento, através do RE nº 615.625 MT, de que o auxílio moradia tem natureza indenizatória e por isso está isento do imposto de renda. 7. Por fim, questiona, se o valor percebido referente ao auxílio-moradia, entitulado de Auxílio Lei nº 8.625/93, nos termos do art. 50, II, da Lei Federal nº 8.625/93 e do art. 25 da MP nº 2.158-35, de 2001, é considerado como rendimento tributável e sendo tributável, quem é o responsável pela retenção e recolhimento do tributo. 8. Além disso, faz diversas perguntas de caráter geral, de cunho operacional e procedimental, quais sejam: (i) no caso das verbas serem consideradas rendimentos tributáveis que procedimento deverá ser adotado, tendo em vista que na Declaração de Ajuste Anual do ano 2013, ano-calendário 2012, foram informadas como rendimentos isentos ou não tributáveis; (ii) existe Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil, editada após a MP nº 2.158-35, de 2001, sobre auxílio-moradia; (iii) a Secretaria da Receita Federal do Brasil, em suas unidades, pode interpretar diversamente textos normativos e regras procedimentais de aplicação federal, a ponto de exigir a tributação apenas em XXXXXX; (iv). nas unidades da RFB onde as verbas não foram consideradas tributáveis e já ocorreu o lançamento por homologação haverá instauração de processo administrativo para apurar os responsáveis pelas omissões e, se for o caso, encaminhadas informações ao Ministério Público Federal para eventuais providências; (v) caso as outras unidades da RFB estiverem corretas, os responsáveis pelo lançamento de eventual penalidade estariam cometendo excesso na atividade fiscalizatórias. Fundamentos 2

Fls. 4 9. Preliminarmente, esclarece-se que o Imposto sobre a Renda é tributo de competência privativa da União, conforme disposição contida no art. 153, inciso III da Constituição Federal de 5 de outubro de 1988 (CF/1988), estando aí compreendida a competência para legislar sobre hipóteses de incidência, não-incidência e isenção. 10. Neste sentido, é necessário afirmar que a Carta Federal de 1988, ao disciplinar o Sistema Tributário Nacional, estabeleceu a repartição material da competência tributária para os entes autônomos da Federação. Com isso, designou expressamente as espécies tributárias pertencentes a cada esfera governamental, tangendo à União a competência tributária em face do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza, por força do seu art. 153, III, verbis: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: III - renda e proventos de qualquer natureza; 11. Ora, o ente federativo que recebe originariamente a competência tributária, detém, de regra, o poder para instituir, regulamentar, fiscalizar, arrecadar a exação que lhe diz respeito. A competência tributária é indelegável e pressupõe a competência legislativa plena. 12. Outrossim, o texto constitucional estatui em que medida o conjunto dos entes federativos, cooperando entre si, promovem a repartição das receitas tributárias. Por outras palavras, a Magna Carta definiu os critérios acerca da repartição das receitas tributárias entre os níveis estatais componentes da Federação. 13. De fato, é neste espírito de federalismo cooperativo que a CF/1988 em seu art. 157, I, atribui pertencer aos Estados e Municípios o produto da arrecadação do imposto da União sobre a renda, incidente na fonte sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem. 14. Assim, o poder tributante cabe à União, mas o produto da arrecadação pertence aos Estados e Municípios. 15. Frise-se, porém, que a mencionada parcela tributária prevista no art. 157, I, do diploma constitucional não constitui uma espécie distinta do gênero Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza, senão o mesmo tributo, de competência tributária exclusiva da União. 16. A fortalecer esse entendimento, observe-se que a situação em estudo subordina-se às normas federais tributárias, cuja competência é da União, as quais definem os caracteres essenciais daquele tributo (hipótese de incidência, base de cálculo, alíquotas, contribuintes, responsáveis etc.). 17. A delimitação do tributo, bem como sua instituição constitui a etapa anterior àquela referente a sua arrecadação e destinação financeira. A CF/1988 ao determinar pertencer aos Estados e Municípios o produto da arrecadação do imposto da União sobre a renda, incidente na fonte sobre rendimentos pagos por aqueles entes federativos, está a referir- 3

Fls. 5 se àquele momento posterior, que é financeiro e não tributário, em que são desobrigados do recolhimento do imposto retido, uma vez que lhes pertence tal produto. 18. O interesse dos Estados e Municípios em relação ao imposto de renda retido na fonte relativo aos rendimentos tributáveis por eles pagos é financeiro, posto que a integralidade desta arrecadação será destinada com exclusividade e integralmente aos seus cofres, sem desobrigá-los, contudo, da sua responsabilidade, na qualidade de fonte pagadora, da retenção do tributo e do cumprimento das obrigações acessórias estabelecidas na legislação tributária federal, inclusive as referentes à apresentação de Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (Dirf) e à emissão dos comprovantes de rendimentos em nome das pessoas físicas. 19. Nesse sentido, em relação ao imposto de renda, dois são os sujeitos passivos: a) o beneficiário do rendimento, na condição de contribuinte; b) a fonte pagadora, na condição de responsável pela retenção do imposto, observada a legislação tributária federal. 20. Acrescente-se também que o simples fato de não ter ocorrido a retenção na fonte pelos Estados e Municípios por si só não descaracteriza a natureza do rendimento, pois o ente que detém a competência para legislar sobre a natureza dos rendimentos é a União. Além disso, independente de ter ocorrido a retenção, o contribuinte está obrigado a entrega da Declaração de Ajuste Anual (DAA), onde deve informar os rendimentos percebidos. 21. Imagine-se, se assim não o fosse, como entender o tratamento tributário sobre determinadas verbas de igual natureza recebidas por três servidores: um da União, um de um Estado e outro de Município, supondo-se que cada ente público possuísse entendimento distinto sobre a tributação de tais verbas. Estar-se-ia dando tratamentos desiguais a contribuintes de um mesmo imposto em situações absolutamente idênticas. 22. Esclarecida, preliminarmente, a competência tributária acerca do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza, neste caso especificamente acerca do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (IRPF), cabe analisar o caso em apreço em relação ao tratamento tributário dispensado aos rendimentos percebidos pelos membros de carreira de Estado a título auxílio-moradia, como se esclarece a seguir: 23. A respeito da remuneração de membros de carreira de Estado, entre outras disposições, a CF/1988 prevê que: Art. 37 XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio 4

Fls. 6 do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) Art. 39.... 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. Art. 93.... V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá a noventa e cinco por cento do subsídio mensal fixado para os Ministros do Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos demais magistrados serão fixados em lei e escalonados, em nível federal e estadual, conforme as respectivas categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre uma e outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem exceder a noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores, obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39, 4º;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Art. 128.... 5º - Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus membros: 24. A lei complementar de que trata o 5º do art. 128 da CF/1988, acima transcrito, é a Lei Complementar nº 8.625, de 12 de fevereiro de 1993. Esta lei prevê a possibilidade de estabelecimento de vantagens pecuniárias adicionais à remuneração dos membros do Ministério Público, à época descrita como vencimentos, dispondo em seu art. 50, incisos I e II: Art. 50. Além dos vencimentos, poderão ser outorgadas, a membro do Ministério Público, nos termos da lei, as seguintes vantagens: II - auxílio-moradia, nas Comarcas em que não haja residência oficial condigna para o membro do Ministério Público; 25. Note-se que a Lei Complementar nº 8.625, de 12 de fevereiro de 1993, embora preveja a possibilidade de pagamento de auxílio-moradia aos membros do Ministério 5

Fls. 7 Público, não a define como de caráter indenizatório. Ademais, o dispositivo encontra-se inserido em artigo destinado a prever o pagamento de vantagens de diversas naturezas, não se tratando de disposição legal específica sobre verbas indenizatórias. 26. Com relação à não-incidência do Imposto sobre a Renda de pessoa física relativo ao auxílio-moradia, o art. 25 da MP nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001, assim dispõe: Art. 25. O valor recebido de pessoa jurídica de direito público a título de auxílio-moradia, não integrante da remuneração do beneficiário, em substituição ao direito de uso de imóvel funcional, considera-se como da mesma natureza deste direito, não se sujeitando à incidência do imposto de renda, na fonte ou da declaração de ajuste. 27. Em face desse dispositivo, foi editado o Ato Declaratório SRF nº 87, de 12 de novembro de 1999, esclarecendo que para a outorga da isenção é necessário que haja o direito de uso de imóvel funcional e ainda que o beneficiário comprove à pessoa jurídica de direito público o valor das despesas efetuadas em substituição a esse direito, mediante apresentação do contrato de locação ou recibo comprovando os pagamentos efetuados, ou seja, as despesas efetivamente incorridas é que são ressarcidas: ATO DECLARATÓRIO Nº. 87 DE 12 /11 /1999 SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL - SRF PUBLICADO NO DOU NA PAG. 00013 EM 17 /11 /1999 Dispõe sobre a comprovação valores referentes ao auxílio-moradia, quando ressarcidos por pessoa jurídica de direito público. O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso de suas atribuições e, tendo em vista o disposto no art. 25 da Medida Provisória No 1.858-9, de 24 de setembro de 1999, declara. I - Não integra a remuneração do beneficiário o valor recebido de pessoa jurídica de direito público a título de auxílio-moradia, em substituição ao direito de uso de imóvel funcional, não se sujeitando à incidência do imposto de renda, na fonte ou na declaração de ajuste. II - Para aplicação do disposto no artigo anterior é necessário que o beneficiário comprove à pessoa jurídica de direito público o valor das despesas, mediante apresentação do contrato de locação, quando for o caso, ou recibo comprovando os pagamentos realizados. EVERARDO MACIEL 28. Logo, o auxílio-moradia somente não sofrerá a incidência do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF) e no ajuste anual se, em substituição ao direito de utilizar imóvel funcional, for ressarcido ao beneficiário o montante por ele efetivamente gasto a tal título, comprovado com recibo de locação ou contrato de aluguel. 6

Fls. 8 29. Por fim, quanto aos demais questionamentos efetuados pelo consulente, cabe esclarecer que o processo administrativo da consulta se presta a dirimir dúvidas relativas à a interpretação da legislação tributária, não alcançando questões de natureza operacional e procedimental. Conclusão 30. Diante do exposto, soluciona-se a consulta respondendo ao consulente que: I) desde que o beneficiário comprove à pessoa jurídica de direito público o valor das despesas, mediante apresentação do contrato de locação, quando for o caso, ou recibo comprovando os pagamentos realizados, não integra a remuneração o valor recebido a título de auxíliomoradia, em substituição ao direito de uso de imóvel funcional, não se sujeitando à incidência do imposto de renda, na fonte ou na declaração de ajuste; II) a fonte pagadora é a responsável pela retenção e recolhimento do imposto de renda na fonte incidente sobre os rendimentos pagos a título de auxílio-moradia quando caracterizados tributáveis; III) independente da fonte pagadora efetuar a retenção do imposto de renda, deve o beneficiário incluir os rendimentos em sua declaração de ajuste anual relativa ao ano-base correspondente. À consideração superior. Assinado digitalmente ÂNGELA MACHADO GÓES Auditora-Fiscal da Receita Federal do Brasil De acordo. Encaminhe-se a Cotir. Assinado digitalmente MILENA REBOUÇAS NERY MONTALVÃO Auditora-Fiscal da RFB - Chefe da Disit 05 De acordo. À consideração do Coordenador-Geral da. Assinado digitalmente CLÁUDIA LUCIA PIMENTEL MARTINS DA SILVA Auditor-Fiscal da RFB Coordenadora da Cotir 7

Fls. 9 Ordem de Intimação Aprovo a Solução de Consulta. Divulgue-se e publique-se nos termos do art. 27 da Instrução Normativa RFB nº 1.396, de 16 de setembro de 2013. Dê-se ciência ao consulente. Assinado digitalmente FERNANDO MOMBELLI Auditor-Fiscal da RFB Coordenador-Geral da 8