PORQUE UMA REVISTA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL: O INÍCIO WHY ONE JOURNAL ABOUT SPECIAL EDUCATION: THE BEGINNING



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Transcrição:

Porque uma Revista de Educação Especial Dez anos da ABPEE PORQUE UMA REVISTA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL: O INÍCIO WHY ONE JOURNAL ABOUT SPECIAL EDUCATION: THE BEGINNING Tárcia Regina da S. DIAS 1 RESUMO: o presente texto resgata a história e os motivos que deram início à publicação da Revista Brasileira de Educação Especial, dentre esses motivos são indicados: a necessidade de divulgação científicas de artigos da área, a necessidade de intercâmbios entre pesquisadores e a necessidade de demonstrar à comunidade científica a existência de forte produção de conhecimento na área. PALAVRAS-CHAVE: Revista Brasileira de Educação Especial, Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial; História da Educação Especial no Brasil. ABSTRACT: This paper rescues the history and the reasons that involved the start of the publication of Special Education Brazilian Journal. Among them it is pointed: the need of scientific spreading of the articles in the area, the need of exchange among researchers and the need of showing to the scientific community the existence of great knowledge production in the area. KEYWORDS: Special Education Brazilian Journal; Brazilian Association of Special Education Researchers; history of Brazilian Special Education. A necessidade de mais uma revista que pudesse circular informações científicas sobre a Educação Especial se fortaleceu no Grupo de Trabalho 12 Educação Especial no III Simpósio Brasileiro de Pesquisa e Intercâmbio Científico da ANPEPP (Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Psicologia) de Águas de São Pedro, entre dias 26 a 30 de agosto de 1990 (Relatório do GT 12, 1990). Nesse encontro, três temas foram considerados prioritários para serem discutidos na área: Produção, divulgação e utilização do conhecimento em Educação Especial; Funcionalidade da pesquisa em Educação Especial; e Papel da pós-graduação em viabilizar a produção, divulgação e utilização do conhecimento e a funcionalidade das pesquisas em Educação Especial. Considerando que a produção científica em Educação Especial, para os integrantes do GT 12, não estava atingindo o trabalho docente e nem respondendo às necessidades desse trabalho, era preciso criar mais espaços para o intercâmbio entre pesquisadores, profissionais em geral e professores da área, ou seja, entre as experiências, tanto de produção de conhecimento quanto da prática profissional em Educação. 1 Centro Universitário Moura Lacerda - Programa de Pós-graduação em Educação Escola - tdias@netsite.com.br. Rev. Bras. Ed. Esp., Marília, Jan.-Jun. 2003, v.9, n.1, p.1-15 1

T. R. S. Dias Naquela ocasião ponderou-se sobre o fato da Educação Especial ser uma área relativamente recente no Brasil, principalmente nos níveis da graduação e da pós-graduação, sem a consolidação necessária para a participação efetiva na definição de políticas públicas. A partir desse evento, houve todo um esforço para viabilizar a edição de uma revista em Educação Especial, como um canal apropriado para garantir o intercâmbio de informações com os profissionais da área e com os professores que atuavam na educação escolar de um modo geral. A idéia de uma revista nacional em Educação Especial ficou ainda mais consolidada a partir das discussões ocorridas durante a XIII Reunião da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), no mês de outubro em Belo Horizonte, no VI Ciclo de Estudos sobre Deficiência Mental da Universidade Federal de São Carlos, em novembro, e no Encontro Nacional para discussão de Política Nacional para Integração das Pessoas Portadoras de Deficiência no Sistema Regular de Ensino, em Petrópolis, em dezembro; eventos que aconteceram, todos, em 1990. Nesses encontros, percebeu-se que, as associações nacionais de pesquisa dos programas de pós-graduação stricto sensu, principalmente em Educação e em Psicologia, estavam preocupadas, também, em integrar a produção científica e garantir as trocas de experiências nas respectivas áreas por meio da edição de revistas organizadas por elas e pelos programas. Na Educação Especial, contudo, a formação em pós-graduação stricto sensu ocorria vinculada a outras áreas de conhecimento, principalmente aquelas que imprimiam o caráter multidisciplinar da Educação Especial, ou na modalidade lato sensu. Essa característica da produção do conhecimento em Educação Especial não garantia que o intercâmbio científico, promovido pelas associações de programas stricto sensu, pudesse chegar a produzir trocas expressivas dentro da área. A produção, possivelmente, ficaria dispersa entre os vários canais organizados pelas associações e programas afins e dificilmente conseguiria atingir, com rapidez, os estudiosos, profissionais e professores da área, promovendo as trocas entre produção de conhecimento e prática profissional. O caminho, então, era abrir canais de comunicação por meio de revistas e de espaços para discussão do conhecimento produzido em Educação Especial nas Associações de Pós-graduação e Pesquisa, principalmente na ANPEd, onde ainda não havia se consolidado tal núcleo, de forma a mostrar a Educação Especial como um grupo sólido produzindo conhecimento científico em Educação. Com essa visão, a partir da XIII Reunião ANPEd, em outubro de 1990 (Belo Horizonte), foram desenvolvidas ações para transformar o Grupo de Estudo (GE)-Educação Especial, iniciado em 1989, na XII Reunião Anual, em GT, grupo de trabalho. Essas ações consistiram em solicitar publicações aos pesquisadores da área e encaminhá-las ao coordenador do GE, demonstrando que a produção da área era significativa e justificava a abertura do GT. 2 Rev. Bras. Ed. Esp., Marília, Jan.-Jun. 2003, v.9, n.1, p.1-6

Porque uma Revista de Educação Especial Dez anos da ABPEE Outros eventos que tiveram importância para a divulgação dessas propostas foram: o Encontro Nacional para discussão de Política Nacional para Integração das Pessoas Portadoras de Deficiência no Sistema Regular de Ensino, em Petrópolis; a Reunião Técnica de Coordenadores de Programa de Pós-Graduação em Educação, realizada na Universidade de Campinas (UNICAMP) (abril de 1991); e o 2o. Seminário Brasileiro de Pesquisa em Educação Especial (junho de 1991), na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Em todos esses encontros discutiuse a necessidade de abrir caminhos para a comunicação nacional em Educação Especial, fortalecendo a idéia, entre profissionais e pesquisadores, de uma revista a ser administrada por uma associação de pesquisadores em Educação Especial. Finalmente, no segundo semestre de 1991, foi possível organizar o GT - Educação Especial, hoje GT-15, na XIV Reunião da ANPEd em São Paulo, e obter financiamento da Secretaria Nacional do Ensino Básico (SENEB/MEC), apoio das Universidades Federal de São Carlos e Metodista de Piracicaba, principalmente quanto a disponibilização de recursos humanos, técnicos e financeiros, e o apoio da Universidade de Santa Maria, na elaboração do projeto, para a organização do primeiro número da Revista Brasileira de Educação Especial. O primeiro número da revista, lançado no final de 1992, deixa transparecer esses movimentos da Educação Especial, propondo-se à divulgação de relatos, ensaios, comentários, resenhas e documentos, buscando viabilizar o intercâmbio técnicocientífico e integrar o conhecimento produzido e a prática profissional. Nesse primeiro número é muito marcante a interação da produção expressa na revista com a produção do GT Educação Especial da ANPEd. A publicação conta com cinco relatos de pesquisa que foram trabalhos apresentados na XIV Reunião Anual da ANPEd e, como informe, o relatório das atividades desse GT, nos anos de 1991 e 1992, incluindo informações sobre o seu desenvolvimento e as suas principais resoluções na XV Reunião, em setembro de 1992. Tanto os informes quanto os trabalhos apresentados nesses GTs ( MASINI, 1992 e DIAS, 1992) mencionaram a importância do GT e da Revista Brasileira de Educação Especial como importantes canais de comunicação a serem incentivados, apoiados e promovidos para auxiliarem no intercâmbio do conhecimento em Educação Especial produzido no Brasil. No primeiro número da revista já é mencionada a Associação Brasileira de Educação Especial (ABPEE), como entidade a se responsabilizar pela publicação da mesma. Associação a ser organizada para manter canais de comunicação já abertos, como a Revista, quanto para propor novas empresas, estabelecer contatos com profissionais de vários níveis, dispor de informações gerais sobre a área entre outros (DIAS, 1992, p.5). A Associação foi discutida e proposta durante o III Seminário de Pesquisa em Educação Especial, promovido pela Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, pela Universidade Federal Fluminense e pela ANPEd GT Rev. Bras. Ed. Esp., Marília, Jan.-Jun. 2003, v.9, n.1, p.1-15 3

T. R. S. Dias Educação Especial, nos dias 11 e 12 de agosto de 1993, no Rio de Janeiro. Foi, finalmente, fundada em 13 de agosto de 1993, no Rio de Janeiro, durante o Encontro de Pesquisadores em Educação Especial promovido, também, pelas instituições universitárias Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Universidade Federal Fluminense e ANPEd GT de Educação Especial. O segundo número da Revista Brasileira de Educação Especial noticia, em 1994, a fundação e implementação da Associação de Pesquisadores em Educação Especial, com diretoria e sede provisória no Rio de Janeiro. E a consolidação dessa Associação em 1995, data da saída do número três da Revista, que se propunha, entre outros objetivos, a dar suporte a publicações científicas na área. A interação da revista com o GT da ANPEd se manteve até a criação da Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial. A partir dessa data, ambas as iniciativas se desenvolveram independentemente. Hoje, esses dois espaços de divulgação de conhecimento em Educação Especial têm se configurado como importantes foros para intercâmbio científico e técnico. A Revista Brasileira, nos seus dez números, tem cumprido a sua função de possibilitar a interação entre pesquisadores e profissionais que atuam com as pessoas com necessidades especiais e que buscam construir um sistema escolar para todos. Na análise realizada por Manzini (2003) foi possível notar que a Revista Brasileira de Educação Especial tem divulgado estudos sobre temas importantes para a área, inclusive semelhantes aos tratados nas dissertações e teses em Educação Especial. Mostra também que os artigos da revista têm produzido impacto sobre a produção em Educação Especial brasileira. E o GT- Educação Especial (GT 15), nesses 12 anos de funcionamento, é um dos que mais recebe estudos para apresentação na ANPEd. Tem divulgado trabalhos de todo o Brasil, inclusive da América Latina (ANPEd, 2001 e 2002), possibilitando, portanto, a interação e o conhecimento entre pesquisadores e profissionais da educação e áreas afins. REFERÊNCIAS ANPEd, 24ª Reunião Anual: intelectuais, conhecimento e espaço público. Caxambu/ MG: CD-Rom, 2001. ANPEd, 25ª Reunião Anual: manifestos, lutas e utopias. Caxambu/MG: CD-Rom, 2002. DIAS, T. R. S. Formação de educadores e pesquisadores em Educação Especial: a questão da pós-graduação. XV Reunião Anual da ANPEd. Caxambu, 1992. MASINI, E.S. Informe: o GT de Educação Especial na XV Reunião da ANPED (Setembro de 1992). Revista Brasileira de Educação Especial, v.1, n1, 1992, p.133-138. 4 Rev. Bras. Ed. Esp., Marília, Jan.-Jun. 2003, v.9, n.1, p.1-6

Porque uma Revista de Educação Especial Dez anos da ABPEE MANZINI, E.J. Análise de artigos da Revista Brasileira de Educação Especial (1992-2002). Revista Brasileira de Educação Especial. Marília: Unesp, v. 9, n.1, p. 13-23, 2003. RELATÓRIO DO GT 12 ANPEPP, 1990 (mimiog.). REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL. Piracicaba: Unimep, v.1, n.1, 1992. REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL. Piracicaba: Unimep, v.1, n.2, 1994. REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL. Piracicaba: Unimep, v.2, n.3, 1995. Recebido em 28/08/03 Aceito em 22/09/03 Rev. Bras. Ed. Esp., Marília, Jan.-Jun. 2003, v.9, n.1, p.1-15 5

T. R. S. Dias 6 Rev. Bras. Ed. Esp., Marília, Jan.-Jun. 2003, v.9, n.1, p.1-6