Mecanismos de gestão e avaliação da produção do Jornal-laboratório Impressão



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Transcrição:

Mecanismos de gestão e avaliação da produção do Jornal-laboratório Impressão Marta Regina Maia Universidade Metodista de Piracicaba Resumo Este trabalho apresenta o caso do jornal-laboratório Impressão, do curso de jornalismo da Universidade Metodista de Piracicaba, que mantém em funcionamento um Conselho Editorial, que contribui para definir diretrizes e as pautas da publicação. Conta ainda com a produção dos bastidores (making of) das matérias realizadas pelos alunos. A avaliação externa é realizada por um ombudsman. Palavras-chave Jornal-laboratório; Conselho Editorial, ombudsman, making of e gestão participativa. Introdução O intenso fluxo de informações, gerado, em grande parte, pela disseminação das novas tecnologias associadas ao processo de industrialização e comercialização do jornalismo, coloca um enorme desafio para os cursos de jornalismo, que devem formar gestores deste volume de informações. A seleção e a hierarquização destas informações devem ser balizadas por uma tessitura ética, técnica e estética que nem sempre é possível atingir na correria do dia-a-dia das redações. De qualquer forma, a formação do profissional da área deve ser norteada por esta tessitura. Um dos instrumentos mais consistentes no processo do ensino de jornalismo é a produção do jornal-laboratório, já que nesta etapa o aluno tem condições de praticar muitos dos ensinamentos ministrados em diversas disciplinas. Há 13 anos experimento inúmeros mecanismos que me ajudam a avaliar a aplicação prática da teoria da técnica, 1

por intermédio da edição do jornal-laboratório (www.unimep.br/fc/impressao) da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Como diz o professor Dirceu F. Lopes, nesses veículos [órgãos laboratoriais], ao se fazer jornalismo, já estamos aplicando aquele conjunto de aptidões e atividades que a formação universitária deve desenvolver (...) o órgão laboratorial não é apenas prática, mas teoria-prática em movimento. (1989, p. 36). A gestão do jornal-laboratório, nesse caso, pelo menos, acabava sendo uma tarefa muito isolada, já que não havia (e ainda não há) envolvimento de outras disciplinas nesta produção i, neste sentido, a implantação do Conselho Editorial, em 2004, ajudou a estabelecer algumas diretrizes editoriais para o veículo, além de ampliar a visão editorial do jornal. Outra medida que estimulou a própria produção dos estudantes foi a implantação da função de Ombudsman. Na medida em que a avaliação passa a ter um olhar externo, é natural que os alunos se esforcem um pouco mais na elaboração das matérias. A produção do making of, solicitado a partir de 2003, também revelou-se um importante mecanismo de aferição das produções. A própria Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) tem hoje, como uma de suas lutas a necessidade da implantação de making of nos concursos da área de jornalismo, com o intuito tanto da socialização do conhecimento quanto da importância de se conhecer os procedimentos utilizados na produção das reportagens. Inclusive, a partir das discussões da Abraji ii, resolvi tornar público o making of, que era produzido somente para efeito de avaliação, a partir de 2006, no site do Impressão, já que não há espaço no jornal impresso para a veiculação destes bastidores da produção. Breve histórico do jornal-laboratório O jornal-laboratório começou com um trabalho direcionado às favelas de Piracicaba, em 1992, com a denominação de Impressão Popular. Esta experiência foi proveitosa, entretanto insatisfatória, já que a produção do jornal tem que levar em consideração a relação processo de ensino e prática profissional. Problemas de concepção teórica e operacionais dificultaram o encaminhamento do projeto nesta direção. A indefinição de um público-alvo e a dificuldade de regularizar a periodicidade do veículo ocasionaram uma relativa crise no ano de 93. Apesar destes problemas, o 2

Conselho de Departamento, aceitando uma proposta apresentada por mim, resolveu definir um novo público-alvo: a comunidade universitária. Com o nome redefinido para Impressão, em 1994 esta proposta foi implementada e representou um avanço em relação ao ano anterior. Ao definirmos este público-alvo discutimos a importância de se manter a independência editorial do jornal. Atualmente o Impressão tem a periodicidade bimestral, tiragem de 3 mil exemplares, 12 páginas, sendo a primeira e a última coloridas e o miolo em preto e branco, em papel 75g, formato tablóide, e é distribuído para os alunos, funcionários e docentes da Unimep. Conselho editorial, ombudsman e making of A implantação do Conselho Editorial do Impressão contribuiu para a chamada gestão participativa, pois algumas modificações editoriais, entre outras sugestões, foram implantadas de maneira bastante satisfatória. Foi a forma encontrada para que o público-alvo tivesse voz na definição da política editorial, afinal a grande preocupação é que o jornal não seja institucional. O Conselho é composto por representantes dos professores, funcionários, estudantes, além de representantes da Pastoral Universitária, da Reitoria e de um jornalista convidado; o Conselho tem um mandato de dois anos. A diversidade da composição deste Conselho auxilia a realização de debates saudáveis, já que são apontadas diferentes perspectivas de compreensão da realidade. Desde 2004 o jornal passou a contar com a análise de um ombudsman, que tem contribuído para o enriquecimento pedagógico, já que uma avaliação externa apresenta percepções diferentes da editora-professora, pois analisa o produto final com um olhar distanciado de todo o processo de produção. Outra maneira muito eficiente é a solicitação do making of das matérias produzidas, pois este é um dos instrumentos avaliativos que compõem o conceito final. Da definição da pauta, passando pela pesquisa e captação até a edição, é possível identificar algumas das dificuldades relatadas pelos repórteres-alunos. Várias observações feitas pelos alunos contribuíram, por exemplo, para evidenciar que algo básico em nossa profissão, que é o agendamento de uma entrevista, era considerado difícil por muitos. Comecei então a marcar reuniões de pautas específicas, com o intuito de direcionar a realização desta tarefa. 3

O processo de pesquisa e captação também fica claro nos bastidores produzidos. Geralmente os discentes afirmam: começamos a pesquisa na internet. A rede, de fato, é um importante instrumento de apoio ao nosso trabalho, a questão é: quais as referências procuradas na internet? E aí surge o Google todo poderoso. Também não há problemas em usar este buscador, a questão é o uso da primeira referência que aparece, ou seja, muitas vezes, o aluno não tem condições de avaliar qual o nível de credibilidade do site pesquisado. Passei a acompanhar mais de perto então esta pesquisa, não sem antes reforçar a importância de outras fontes e documentos para esta etapa do processo de produção. Outro problema, discutido nos cursos e também no ambiente profissional, é o distanciamento dos repórteres da rua; um fator da vida das cidades, a rua tem alma!, já dizia João do Rio, em A alma encantadora da rua, texto escrito em 1905. Com o relato dos alunos, consigo perceber até que ponto eles saem à rua ou dependem exclusivamente do telefone e da internet. O trabalho de captação é o momento em que o professor-editor tem menor poder de intervenção. A partir dos relatos, comecei a perceber também onde houve falhas - e acertos. Percebe-se relatos em que, na maioria das vezes, o entrevistado é quem dirige a entrevista. Comecei a reforçar, portanto, a produção de uma pauta mais bem elaborada, em que o repórter-aluno tenha mais conhecimento do assunto e consiga se impor um pouco mais. Como afirma Felipe Pena (Teoria do Jornalismo, 2005) a objetividade não pode ser definida em oposição à subjetividade, ao contrário, ela representa um método que pode assegurar um rigor científico ao se reportar a realidade. É válido, entretanto, abrir um parêntese nesta discussão para um aspecto que antecede à intervenção do repórter em seu trabalho cotidiano, que é a sua capacidade de observação. Como passar isto para o aluno? Por intermédio das leituras dos bastidores, consegui perceber que há uma dificuldade dos graduandos em relatar o próprio processo de produção das matérias. O conhecimento das técnicas do exercício profissional não garante, necessariamente, uma boa condução da reportagem. Matérias que chegam à edição final com um gancho diferente da pauta original têm no próprio making of a sua explicação, já que um bom jornalista não tem a pauta como uma camisa de força, mas sim como uma referência. Os relatos também servem, portanto, para mostrar como um bom repórter pode alterar a direção de sua pauta. 4

Considerações finais A gestão participativa do Impressão tem contribuído para que o jornal não se transforme em uma publicação institucional e assim possa manter a sua independência editorial, com uma relativa participação do próprio público-alvo. Outro aspecto relevante é que desta maneira o editor não tem poderes absolutos sobre o jornal. A participação do ombudsman, por intermédio de suas análises, contribui não só para com o desenvolvimento profissional dos estudantes, mas também com a própria professora-editora que também se vê obrigada a repensar seus critérios de análise em alguns casos. A produção do making of contribui para uma maior aproximação com os futuros repórteres. Muitos elogios, soluções e problemas também são apontados pelos estudantes que têm um espaço formal de relato dos métodos utilizados para a produção das matérias, o que seria difícil de se descobrir somente pelas matérias prontas. Bibliografia LOPES, Dirceu Fernando. Jornal-laboratório Do exercício escolar ao compromisso com o público leitor. São Paulo: Summus, 1989. MAIA, Marta R. Projeto do Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Unimep. Piracicaba: 1992. PENA, Felipe. Teoria do Jornalismo. São Paulo: Contexto, 2005. RIO, João do. A alma encantadora das ruas. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. 5

i A nova grade curricular, que entrará em vigor a partir de 2006, tem como perspectiva um maior entrosamento entre as diversas disciplinas. ii A Abraji (www.abraji.org.br) mantém uma lista de jornalistas que discutem importantes questões relacionadas à atividade profissional.