REPRESENTAÇÃO n. 423/2008 (Programa de rádio que veicula crítica ou opinião contrária a candidato)



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Transcrição:

REPRESENTAÇÃO n. 423/2008 (Programa de rádio que veicula crítica ou opinião contrária a candidato) Vistos. Trata-se de representação eleitoral ofertada por COLIGAÇÃO UMA NOVA ATITUDE PARA SÃO PAULO (PT, PRB, PTN, PC do B, PSB e PDT) e MARTA TERESA SUPLICY, com fundamento nos artigos 45, III e V, e 96 da Lei Federal n. 9.504/97, em face de RÁDIO MUSICAL DE SÃO PAULO LTDA., a quem se imputa a indevida conduta de difundir opinião contrária e críticas, ainda que dissimuladamente, contra a Pág. 1/5

candidata MARTA SUPLICY. Com a inicial juntou documentos (fls. 17; 28/34). Houve pedido de liminar, que foi deferido (fls. 21/22). Notificado (fls. 24/25), o representado não ofertou defesa (fls. 36). O parecer do Ministério Público Eleitoral é pela procedência (fls. 37/38). É o relatório. DECIDO. A norma primária construída a partir do enunciado do artigo 45, III e V, da Lei nº 9.504/97 estabelece que, dado o fato do advento de 1º de julho do ano da eleição, deve ser a relação jurídica em que o meio de comunicação está proibido de veicular propaganda política ou difundir opinião favorável ou contrária a candidato, partido, coligação, ou Pág. 2/5

produzir ou veicular programa com esse efeito, e de veicular programa com a alusão ou crítica a candidato ou partido político, mesmo que dissimuladamente, exceto programas jornalísticos ou debates políticos. A norma sancionatória estabelece que, dado o fato da veiculação de peça de comunicação com conteúdo favorável ou contrária a candidato, deve ser a relação em que o Estado pode impor multa (artigo 45, 2º, da Lei nº 9.504/97) e suspensão da programação (artigo 56 da Lei). A questão central refere-se à natureza de propaganda negativa do programa veiculado pela rádio, ressaltada a revelia da requerida. A conclusão é que eles caracterizam, de modo explícito, propaganda contrária à candidata. O programa realizou enquete em que se pergunta você fica com a bíblia ou com o que diz a dona Marta?. Ressaltou, assim, que a candidata defende posições contrárias à doutrina religiosa e à bíblia, e que ela só levou crítica. Afirma que assunto que a dona Marta (...) todo o aspecto de se ir explicando o porquê desse projeto, Parece, meus senhores, que a verdade começa a clarear. E as urnas Pág. 3/5

certamente vão falar se os evangélicos têm ou não um papel de importância dentro desta, nesta... Infelizmente, o que eu noto é que ainda há irmãos que ficam ao lado de pessoas que não têm compromisso com a palavra de Deus, Agora, infelizmente, a Marta, ela foi infeliz nesse pensamento, entendeu? Agora, eu acho o seguinte, atire a primeira pedra quem nunca errou (...) Mas eu estou atirando, que esse tipo de relacionamento aí eu nunca tive não. Eu estou atirando, isso aí eu atiro com muita alegria, com muita satisfação. Eu queria que ela viesse aqui para não fazer atirar, Precisa estudar mais a Bíblia, pastor, e se posicionar de forma diferente porque se vota na Marta, se apóia a Marta e vem dizer que nós estamos tratando de uma questão política, isso é uma questão que envolve a sociedade, o bom senso e aquilo que envolve a palavra de Deus. Nós não podemos ir contra a palavra de Deus., E esses irmãos que tão ligando, que tão a favor da Marta, eles parem e pensem isso também, porque eu acho isso um absurdo de não estar ligando, diz que lê a palavra e fica a favor dela. Que Deus venha a trabalhar no coração deles, que venha a converter de novo porque tá precisando se converter, viu?. Criou-se uma oposição entre os valores defendidos pelos que professam a fé dos pastores que apresentam o programa Pág. 4/5

e as propostas da candidata, concluindo-se que se deve ficar com a bíblia. Há, portanto, propaganda negativa, em que se aconselha os fiéis a não votarem na candidata que defende os interesse dos homossexuais. Ante o exposto, e pelo mais que dos autos consta, JULGO PROCEDENTE a representação, para aplicar ao representado multa de R$21.282,00, tornada definitiva a liminar. Deixo de aplicar a sanção do artigo 56 da Lei nº 9.504/97, por entender que a sanção aplicada é suficiente para a reprimenda do ilícito praticado. Público e intime-se. Publique-se. Registre-se. Ciência ao Ministério São Paulo, 17 de setembro de 2.008 FRANCISCO CARLOS I. SHINTATE Juiz de Direito Pág. 5/5