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Transcrição

1 Tribunal Regional Eleitoral do Paraná PJe - Processo Judicial Eletrônico 30/09/2018 Número: Classe: REPRESENTAÇÃO Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Regional Eleitoral Órgão julgador: Juiz Auxiliar - Tito Campos de Paula Última distribuição : 30/09/2018 Valor da causa: R$ 0,00 Assuntos: Propaganda Política - Propaganda Eleitoral - Horário Eleitoral Gratuito, Propaganda Política - Propaganda Eleitoral - Horário Eleitoral Gratuito/Inserções de Propaganda, Propaganda Política - Propaganda Eleitoral - Televisão, Representação Objeto do processo: Representação Eleitoral, com pedido liminar, ajuizada pela Coligação Paraná Inovador em face de Maria Aparecida Borghetti, Sérgio Luiz Malucelli e Coligação Paraná Decide, com fundamento no 242 do Código Eleitoral, sob alegação de desrespeito às ordens desta Justiça Especializada, já que em 30/9/2018, os representados está veiculando, em h.e.g, na TV, inserções de 1 minuto, sem qualquer identificação adequada, por não conter o nome da coligação ou dos candidatos, assinatura e número. Sustenta que está sendo veiculada reportagem antiga contendo, supostamente, fatos desabonadores à imagem do candidato Ratinho Júnior, como se tratasse de reportagem atual, dando a ideia que se trata de matéria da Rede Globo, com o seguinte conteúdo: "Ronaldo Ragadali: A gente abre essa edição de hoje falando da operação Pecúlio. Três pessoas prestaram depoimentos na Justiça federal de Foz, entre elas, dois deputados estaduais. Repórter: O deputado estadual licenciado e Secretário de desenvolvimento Urbano do Paraná, Ratinho Júnior, foi questionado por vídeo conferência sobre a licitação para a instalação de 120 câmeras de monitoramento em Foz. Na delação premiada o então secretário de Tecnologia da Informação Melquizedeque Correa Souza, citou que Ratinho Júnior viabilizou recursos de aproximadamente quatro milhões de reais para a implantação de câmeras de segurança, por determinação de Reni a empresa VIGA Netstore deveria vencer a licitação para dar um retorno financeiro em cima do projeto na ordem de 10%, o equivalente a R$ 400 mil para o deputado Ratinho Júnior". Argumenta que a propaganda é irregular, por ser apócrifa com conteúdo antigo, e sem a adequada identificação. (Requer: o recebimento e processamento da presente representação, com a concessão da tutela de urgência de caráter inibitório requisitada, para determinar que os representados se abstenham de veicular o conteúdo ilícito verificado, cominando multa para o caso de descumprimento, remetendo ofício para as emissoras procederem a imediata suspensão da exibição do conteúdo atacado; o julgamento totalmente procedente da demanda, com a manutenção da liminar eventualmente deferida, para o fim de proibir a veiculação do conteúdo atacado, determinando que os representados se abstenham de veicular propaganda eleitoral sem a adequada identificação do autor, com nome e número dos candidatos, fixando multa para o caso de descumprimento). Segredo de justiça? NÃO Justiça gratuita? NÃO Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM Partes Procurador/Terceiro vinculado

2 COLIGAÇÃO "PARANÁ INOVADOR" (REPRESENTANTE) MARIA APARECIDA BORGHETTI (REPRESENTADO) SERGIO LUIZ MALUCELLI (REPRESENTADO) Coligação Paraná Decide (REPRESENTADO) Procurador Regional Eleitoral (FISCAL DA LEI) Id Data da Assinatura Documento Documentos RAMON MIGUEL PEREIRA SOBREIRO (ADVOGADO) ORIDES NEGRELLO NETO (ADVOGADO) PAULO MANUEL DE SOUSA BAPTISTA VALERIO (ADVOGADO) NAYSHI MARTINS (ADVOGADO) EDUARDO WECKL PASETTI (ADVOGADO) EDUARDO VIEIRA DE SOUZA BARBOSA (ADVOGADO) CASSIO PRUDENTE VIEIRA LEITE (ADVOGADO) JAYNE PAVLAK DE CAMARGO (ADVOGADO) GUSTAVO BONINI GUEDES (ADVOGADO) 30/09/ :12 Decisão Decisão Tipo

3 JUSTIÇA ELEITORAL TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ REPRESENTAÇÃO (11541) - Processo nº Curitiba - PARANÁ [Propaganda Política - Propaganda Eleitoral - Horário Eleitoral Gratuito, Propaganda Política - Propaganda Eleitoral - Horário Eleitoral Gratuito/Inserções de Propaganda, Propaganda Política - Propaganda Eleitoral - Televisão, Representação] RELATOR: TITO CAMPOS DE PAULA REPRESENTANTE: COLIGAÇÃO "PARANÁ INOVADOR" Advogados do(a) REPRESENTANTE: RAMON MIGUEL PEREIRA SOBREIRO - PR84117, ORIDES NEGRELLO NETO - PR85791, PAULO MANUEL DE SOUSA BAPTISTA VALERIO - PR31447, NAYSHI MARTINS - PR82352, EDUARDO WECKL PASETTI - PR80880, EDUARDO VIEIRA DE SOUZA BARBOSA - PR48709, CASSIO PRUDENTE VIEIRA LEITE - PR58425, JAYNE PAVLAK DE CAMARGO - PR83449, GUSTAVO BONINI GUEDES - PR41756 REPRESENTADO: MARIA APARECIDA BORGHETTI, SERGIO LUIZ MALUCELLI, COLIGAÇÃO PARANÁ DECIDE DECISÃO LIMINAR Trata-se de representação eleitoral, com pedido liminar, ajuizada pela Coligação PARANÁ INOVADOR - PSD, PSC, PV, PR, PRB, PHS, PPS, PODE E AVANTE, em face de MARIA APARECIDA BORGHETTI, SERGIO LUIZ MALUCELLI e Coligação PARANÁ DECIDE PP, PMB, PSDB, PROS, DEM, PTB, PMN, PSB sob a alegação de veiculação de inserções na televisão sem identificação adequada do candidato/coligação. Alega que na data de hoje, 30 de setembro de 2018, os representados veicularam propaganda eleitoral, na forma de inserções de 1 minuto, em todas as emissoras de televisão do Estado, sem identificação adequada, posto que não é veiculado o nome da coligação ou dos candidatos, tampouco assinatura ou número, traz trechos de reportagem antiga para veicular fatos desabonadores à imagem do candidato Ratinho Junior, como se tratasse de reportagem atual dando a ideia de que se trata de matéria da Rede Globo. A transcrição do conteúdo é a seguinte: Ronaldo Ragadali: A gente abre a edição de hoje falando de operação Pecúlio. Três pessoas prestaram depoimentos na Justiça Federal de Foz, entre elas, dois deputados estaduais. Repórter: O deputado estadual licenciado e Secretário de desenvolvimento Urbano do Paraná, Ratinho Júnior, foi questionado por vídeo conferência sobre a licitação para a instalação de 120 câmeras de monitoramento em Foz. Na delação premiada o Num Pág. 1

4 então secretário de Tecnologia da Informação Melquizedeque Correa Souza, citou que Ratinho Júnior viabilizou recursos de aproximadamente quatro milhões de reais para a implantação de câmeras de segurança, por determinação de Reni a empresa VIGA Netstore, de Curitiba, deveria vencer a licitação para dar um retorno financeiro em cima do projeto na ordem de 10%, o equivalente a 400 mil reais para o deputado Ratinho Júnior. Aduz tratar-se de propaganda irregular que desfere críticas e veicula conteúdo antigo, não condizente com seu atual estágio processual e à medida que o eleitor não possui condições de identificar os responsáveis pela propaganda, vez que já foi reconhecida ser insuficiente a mera inserção do nome da coligação responsável, e afirma que com tal atitude os representados visam se ocultar dos prejuízos advindos da conduta difamatória. Assevera que o conteúdo irregular ocupa a totalidade da inserção, 1 minuto, e que da forma como foi veiculada faz transparecer ser efetivamente uma reportagem atual, tencionando criar na opinião pública, artificialmente, estados mentais desfavoráveis em relação à pessoa de Ratinho Junior, afrontando o art. 242 do Código Eleitoral. Assegura estar presente a probabilidade do direito e o perigo de dano na possibilidade de que os representados continuem veicular inserção de crítica sem a devida identificação do responsável e requer a concessão de medida liminar a fim de determinar a proibição da exibição do conteúdo ilícito sob pena de multa em caso de descumprimento, e que se remeta ofício as emissoras para que estas procedam a imediata suspensão da exibição do conteúdo impugnado. Destaca que como as inserções foram entregues na sexta-feira (28/09) elas serão transmitidas até o último bloco de segunda-feira, sendo que somente na terça-feira os Representados terão condições de cumprir a liminar, razão pela qual alega ser imprescindível a expedição de ofício às emissoras para dar cumprimento à tal medida. Ao final, em mérito, pugna pela total procedência da demanda com a manutenção da liminar eventualmente deferida, a fim de proibir a veiculação do conteúdo impugnado e determinar que os representados se abstenham de veicular propaganda eleitoral sem a adequada identificação do autor, com nome e número dos candidatos, sob pena de multa me caso de descumprimento. É o relatório. Decido. A concessão de tutela de urgência, nos termos do artigo 300 do Código de Processo Civil, está condicionada à demonstração de dois requisitos, quais sejam a probabilidade do direito e o perigo de dano irreparável ou risco ao resultado útil do processo. É sabido que a concessão de liminar, sem a ouvida da parte contrária, é providência que restringe o direito constitucional de defesa, constituindo uma exceção legal, que só se justifica para garantir a efetividade do direito pleiteado, quando em risco, por eventual ação da parte adversa ou pela demora exagerada na prestação jurisdicional. Numa análise perfunctória, própria deste momento processual, verifica-se a probabilidade do direito. Isso porque, em que pese, numa análise superficial, não se verifique qualquer irregularidade em relação ao conteúdo da propaganda, porque trata-se de fato que realmente aconteceu e foi divulgado pela imprensa, porém não resta claro ao eleitor quem são os autores da crítica da propaganda. A identificação pelo eleitor do autor da propaganda é relevante, inclusive, para que ele possa dar ou não a credibilidade àquele determinado conteúdo. Num Pág. 2

5 O art. 54 da Lei nº 9.504/1997, em seu 2º permite a veiculação críticas, a respeito de falhas administrativas e deficiências verificadas em obras e serviços públicos em geral, desde que o candidato, pessoalmente, as exponha. No caso em análise, ainda que a crítica tenha sido veiculada dentro do tempo de 60 segundos destinado aos representados, o formato pela qual foi realizada pode causar confusão ao eleitor, uma vez que, a princípio, não aparece o nome ou número dos candidatos donos da propaganda em que são tecidas as críticas. Ainda que apareça o nome da Coligação em letras diminutas, tem-se que tal informação não é suficiente para identificar os candidatos donos do tempo e da crítica, pois mesmo na propaganda eleitoral negativa, deve haver um protagonismo do candidato dono do espaço. Ademais, tal fato, realizar propaganda negativa, que não é proibida, sem deixar claro, pode constituir em trucagem, vedada pelo 'caput', do art. 54, da Lei 9.504/97, eis que estar-se-ia, através de um truque, fazer crer que o candidato representado faz apenas propaganda propositiva, escondendo, em seu espaço, que seria o autor da propaganda negativa. Ademais, restando poucos dias do término da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV, a urgência é inerente e clama pela atuação eficiente da Justiça Eleitoral. No entanto, sendo apenas esta a irregularidade em questão, num juízo preliminar, considera-se medida drástica a remoção/proibição de veiculação da inserção. Inclusive, essa foi a mesma conclusão da sentença do processo , pela qual se concluiu que Tal irregularidade, se única, seria passível de correção que tornasse clara a identificação do candidato/coligação que a veiculam. Desta forma, mostra-se medida mais consentânea com o princípio da liberdade da propaganda eleitoral e com o direito de informação do eleitor, a determinação aos representados que promovam as medidas necessárias para que, no caso de reiteração da exibição da crítica impugnada, façam constar no respectivo trecho identificação inequívoca do candidato/coligação que a veicula, sob pena de multa por descumprimento. DISPOSITIVO Com essas considerações, defere-se em parte o pedido liminar, determinando-se aos representados que promovam as medidas necessárias para que, no caso de reiteração da exibição da crítica impugnada, deverá fazer constar no respectivo trecho identificação inequívoca do candidato/coligação que a veicula, sob pena de multa de R$ 10,000,00 (Dez mil reais), por veiculação em desacordo com a presente ordem. Intimem-se pelo meio mais expedito. Citem-se os representados, para que, no prazo de 02 (dois) dias, contestar o pedido e indicar as provas que pretendem produzir. Com ou sem resposta, vista ao Ministério Público Eleitoral. Após, voltem conclusos. Curitiba, 29 de setembro de Des. TITO CAMPOS DE PAULA Juiz Auxiliar Num Pág. 3