VULCÕES E ATIVIDADES ANTROPOGÊNICAS: UM CASO RECENTE QUE INDUZ À REFLEXÃO



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Transcrição:

PUBLICAÇÃO Referência: Anais do IV Fórum Ambiental da Alta Paulista Abrangência do Evento: Nacional Instituição Organizadora: ANAP Associação Amigos da Natureza da Alta Paulista Período de Realização do Evento: 21 a 24 de julho de 2008 Local do Evento: Estância Turística de Tupã/SP TRABALHO Categoria do Trabalho: Acadêmico / Resumo Expandido Eixo Temático: Mudanças Climáticas Forma de Apresentação: Painel Forma de Publicação: Eletrônica em CD-Rom PERIÓDICO DO ELETRÔNICO Nome: Fórum Ambiental da Alta Paulista ISSN: 1980-0827 Páginas: 1741 a 1746 Volume: IV Ano: 2008 Titulo do Trabalho VULCÕES E ATIVIDADES ANTROPOGÊNICAS: UM CASO RECENTE QUE INDUZ À REFLEXÃO Nome do Autor (a) Principal Ricardo Augusto Felicio Nome (s) do Co-autor (a) (s) Daniela de Souza Onça Nome (s) do Orientador (a) (s) Ricardo Augusto Felicio Instituição ou Empresa Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo, Programa de Pósgraduação em Geografia Física da Universidade de São Paulo Instituição (s) de Fomento

E-mail de contato ricaftnt@yahoo.com ; danielaonca@yahoo.com.br Palavras-chave Vulcões. Mudanças Climáticas. Cinzas Vulcânicas 1 INTRODUÇÃO Em ritmo de aquecimento global, como um efeito frenético e cataclísmico causado pela imprensa marrom que assola o planeta, vemos na verdade que a comunidade científica está bem distante de um consenso em aceitar se os motivos do suposto efeito de aquecimento são antropogênicos ou naturais, tendo como grande vilão, o dióxido de carbono, gás natural, que serve à vida neste planeta. Há um movimento científico paralelo, totalmente contra ao apregoado IPCC, órgão político e burocrático da ONU. Por motivos um tanto obscuros, há pouco espaço na mídia e eventos, em geral, a um número crescente de cientistas dissidentes. Contudo, deixemos as discussões políticas de lado e levaremos em conta apenas os fatos que temos vivenciado no último ano de 2007 e recentemente, neste mês de maio de 2008. O ano de 2007, em particular, celebrou a abertura do III Ano Polar Internacional. Como era de se esperar, com o frenesi do aquecimento global, acreditava-se que muitos resultados sobre derretimentos e temperaturas altas se revelassem nos pólos Norte e Sul. Contudo, não foi o que apareceu. O ano de 2007, em especial na Antártida costeira, foi um dos mais frios desde 1941, onde remetem as mais longas séries climatológicas de dados. A Estação Antártica Comandante Ferraz Brasil, registrou 11 meses seguidos de recordes de baixas temperaturas. O ar esteve tão frio que a camada do permafrost entre as rochas, essencial para o fornecimento de água doce à estação, esteve congelado. Resultado: em 25 anos de projeto antártico, foi a primeira vez que a estação ficou sem água durante o verão. Estações

vizinhas, na região da península Antártica, considerada a mais quente, em relação as demais localidades, também registraram baixas temperaturas, muito além do esperado. Tais fatos não foram abordados e muito menos divulgados pela mídia em geral. Nem mesmo a visita de um membro da ONU, ligado ao IPCC, noticiou os dados relatados. O que observamos na mídia, em geral, foi o derretimento de gelo do oceano congelado, evento que ocorre ciclicamente em anos espaçados. Neste caso, o derretimento parece intimamente correlacionado com os ciclos da Oscilação Decadal do Pacífico ODC (MOLION, 2002) como contra-resposta à sua fase quente. Tal ciclo é longo, mas já ocorreu em anos não muito distantes, conforme informam os nativos esquimós anciãos. 2 OBJETIVO GERAL Como objetivo geral deste trabalho, pretendeu-se demonstrar os efeitos de uma erupção vulcânica de médio/grande porte (sem ser explosiva) que se assolam pelo meio ambiente e os impactos climáticos relevantes. 3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Demonstrar, através de fenômenos semelhantes de outras erupções do passado, como as cinzas vulcânicas (descrita aqui como Volcanic Ash VAs) interferem decisivamente nos efeitos climáticos globais, pela ação da circulação atmosférica. 4 METODOLOGIA

Elencar sumariamente as avaliações sobre a ação das atividades dos vulcões sobre o clima global, no que tange as temperaturas médias, comparando-se com outros eventos similares. Como metodologia, este relato pretende explanar estes efeitos e indagar sobre a grande quantidade de elementos envolvidos no cômputo do clima, além das incertezas presentes em todos eles. Deste modo, não se pode deixar de avaliar nenhum dos parâmetros, pelo menos os mais conhecidos. Sempre deve-se frisar que mesmo estes, não possuem todos os seus mecanismos completamente elucidados, conforme a Teoria Geral dos Sistemas, por exemplo, nos indica. 6 RESULTADO E DISCUSSÃO Retomando o assunto proposto neste resumo, observou-se, em cinco de maio de 2008, a erupção súbita e quase explosiva do vulcão Chaitén, no Chile. Este vulcão, adormecido por anos, pertence ao grupo do chamado Cinturão de Fogo, composto por mais de 500 vulcões ativos e semi-ativos que circulam todo o Oeste da América, passando pelo Leste da Ásia, Japão, Oceania e chegando até a Antártida, à Oeste da península Antártica. É notório verificar que apenas a erupção deste vulcão, e sua permanente atividade, causaram muito mais estragos na atmosfera da Terra do que toda a produção industrial prevista para 2008. A pluma de cinzas vulcânicas formou violetas tempestades com relâmpagos, ainda sobre a cratera do vulcão. Esta combinação, por si própria, gerou diversos compostos dos gases chamados estufa, como os combinados de nitrogênio NOx. Além disto, espalhou-se por três países, causando muitos problemas ambientais. A iniciar pelo Chile, o efeito foi mais localizado, necessitando evacuar a cidade vizinha ao vulcão. Contudo, boa parte da Argentina e estados do Sul do Brasil sentiram os efeitos arrasadores das VAs. Destacou-se o Sul da Argentina, onde diversas cidades tiveram precipitação de VAs e céu totalmente obscurecido.

Realizando uma comparação de casos semelhantes do passado recente que resultaram em queda da média de temperatura global e baixos índices médios de permanência de ozônio estratosférico, temos as erupções dos vulcões El Chichón, que produziu anomalias de baixas temperaturas na ordem de 0,2ºC durante os anos de 1982 a 1983 e o caso do Pinatubo, muito mais expressivo, com anomalias de 0,4ºC durante o período de 1992 a 1995. O mais famoso, o Cracatoa, baixou as temperaturas na ordem de 1,0ºC em relação à média global. E como computar tais efeitos naturais ao cenário do IPCC? Erupções deste porte podem muito bem baixar a temperatura do planeta em cerca de 0,5 a 1,0ºC, como visto em outros eventos similares. Quantas erupções deste tipo teremos em um século? Como estes eventos contribuem para a climatologia global? Nota-se que a climatologia do hemisfério Sul é completamente diferente da observada no hemisfério Norte. Além deste fato, a quantidade de dados e séries longas para o hemisfério Sul é parca ou inexistente. Contudo, o que poderemos esperar de um evento geofísico que envolveu todo o estrato geográfico? É bem possível que a contra-resposta para o próximo ano seja uma contribuição para o resfriamento, tamanha a quantidade de VAs lançadas na atmosfera, principalmente na camada da estratosfera. Mesmo após o vulcão ter fornecido uma enorme contribuição de gases estufa, o balanço radiativo entre VAs e estes gases ainda está longe de ser conhecido. Pela literatura e as experiências de outros eventos, a probabilidade de resfriamento é muito maior (SAGAN, 1980; MOLION, 1996). 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste caso, o que poderemos fazer é aguardar as contra-respostas climáticas que ocorrerão nos próximos anos, realizando novas medições, cada vez mais cientes de que eventos geológicos são muito mais ameaçadores do que as nossas atividades. Não se pode negar que as grandes cidades emitem gases e poluem, mas o que devemos ressaltar é o

problema da escala. Poluímos e lançamos material particulado para nós mesmos. Se andarmos cerca de 500km para longe dos centros urbanos, o ar estará muito limpo. A crise da poluição aumenta no caso do estado de São Paulo, com as queimadas da cana, com ventos Noroeste, evento pouco discutido, em geral, que contribui muito mais que a frota de automóveis da cidade no lançamento de gases. Ao que tudo indica, criamos e vivemos dentro da cratera de nossos próprios vulcões, porém, em escala bem reduzida. REFERÊNCIAS MOLION, L. C. B. Os vulcões afetam o clima do planeta. Revista Ciência Hoje. [S.l.], v.20, n.120, ano 0, p.24, 1996;, Aquecimento global, el niños, manchas solares, vulcões e oscilação decadal do pacífico, Revista Climanálise, São Paulo, n.1, ano 3, 2002;, Aquecimento global é terrorismo climático, Revista Isto é, São Paulo, n.1967, Editora Três, 2007; SAGAN, C. Cosmos, Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora, 1980, 1ª edição, 350p.