PROJETO DE LEI Nº 1.785, de 2011



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Transcrição:

PROJETO DE LEI Nº 1.785, de 2011 Acrescenta inciso IX ao art. 12 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), para incluir entre as incumbências dos estabelecimentos de ensino a promoção de ambiente escolar seguro e a adoção de estratégias de prevenção e combate ao bullying. Autor: Senado Federal Relator: Deputado Rafael Motta APENSOS: PL 7.457/10, PL 283/11, PL 350/11, PL 908/11, PL 1.226/11, PL 1.633/11, PL 1.765/11, PL 1.841/11, PL 2.048/11, PL 2.108/11, PL 3.036/11 e PL 3.153/12. I - RELATÓRIO O Projeto de Lei 1.785, de 2011, de autoria do Senador Gim Argello, pretende acrescentar o inciso IX ao art. 12 da Lei 9.394, de 1996 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de forma a incluir a promoção de ambiente escolar seguro, por meio de estratégias de prevenção e combate à prática do bullying, entre as incumbências dos estabelecimentos de ensino. À sobredita proposição foram apensados 12 (doze) projetos de lei, que dispõem sobre assuntos análogos, os quais se encontram abaixo relacionados: O PL nº 7.457/10 pretende que as instituições de ensino e de educação infantil pública estadual ou privada, desenvolvam políticas antibullying. O PL nº 283/11 dispõe sobre a inclusão de medidas de conscientização, prevenção, diagnose e combate ao bullying em escolas públicas e privadas de educação básica do território nacional. O PL nº 350/11 cria o Programa de Combate ao Bullying Escolar em escolas públicas e privadas no âmbito do território nacional. O PL nº 908/11 dispõe sobre a política antibullying nas instituições de

ensino no país. O PL nº 1.841/11 dispõe sobre a realização de seminário contra a prática do bullying nas escolas da rede pública e privada de ensino no primeiro semestre de cada ano letivo. O PL nº 1.226/11 acrescenta o art. 9º-A e incisos IX e X ao art. 12 da LDB para determinar a criação de medidas de prevenção e combate às práticas de intimidação sistemática nas escolas da educação básica. O PL nº 1.633/11 proíbe a prática de trotes violentos e de bullying presencial ou virtual nas instituições de ensino públicas e privadas. O PL nº 1.765/11 torna obrigatória a veiculação de mensagens, desenhos ou logomarcas educativas contra a prática do bullying, em cadernos e livros didáticos adquiridos pela rede pública de ensino no país. O PL nº 2.048/11 institui o serviço de Disque-Denúncia de atos ou infrações que denotem a prática do bullying, não só nas escolas, como em qualquer ambiente. O PL nº 2.108/11 dispõe sobre a proibição de trotes violentos e/ou vexatórios aplicados em alunos iniciantes das instituições escolares de nível médio e superior. O PL nº 3.036/11 obriga as escolas públicas e privadas de educação infantil, ensino fundamental e médio a instituírem e manterem Comissão Antibullying, composta por membros do corpo docente e por pais de alunos ou seus responsáveis. O PL nº 3.153/12 acrescenta ao art. 12 da LDB o inciso IX prevendo que estabelecimentos de ensino definam normas e princípios para relacionamento e convivência harmônica dos integrantes da sua comunidade escolar. Na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado (CSPCCO), tanto a proposição principal quanto seus apensos foram aprovados na forma do substitutivo. A Comissão de Educação (CE) aprovou, na forma do substitutivo apresentado por seu relator, o presente projeto de lei e apensos. No âmbito da Comissão de Finanças e Tributação, a matéria foi relatada, em 2014, pelo Deputado Diego Andrade. Contudo, seu parecer não chegou a ser apreciado por este Comitê. Agora, em 2015, coube a este Parlamentar relatar a proposição. Desse 2

modo, peço vênia para aproveitar o Relatório apresentado em 2014, com atualização da legislação. É o relatório. II - VOTO DO RELATOR Compete à Comissão de Finanças e Tributação, apreciar a proposta, nos termos do art. 32, inciso X, alínea h, do Regimento Interno desta Casa e da Norma Interna da Comissão de Finanças e Tributação, de 29 de maio de 1996, quanto à compatibilização ou adequação de seus dispositivos com o plano plurianual (PPA), com a lei de diretrizes orçamentárias (LDO), com o orçamento anual (LOA) e demais dispositivos legais em vigor. Estabelece a sobredita Norma Interna da Comissão de Finanças e Tributação - CFT em seu art. 1º, 2º, que sujeitam-se obrigatoriamente ao exame de compatibilidade ou adequação orçamentária e financeira as proposições que impliquem aumento ou diminuição da receita ou despesa da União ou repercutam de qualquer modo sobre os respectivos Orçamentos, sua forma ou seu conteúdo. (g.n) Preliminarmente, é importante observar que, tanto o Projeto de Lei nº 1.785/11, quanto os apensados de números 283/11, 1.633/11, 2.108/11, 3.036/11 e 3.153/12, não provocam alterações na receita e despesa públicas, vez que tratam exclusivamente da normatização de ações que objetivam conscientizar, prevenir, identificar e combater a prática de atos de violência, sejam eles físicos ou psíquicos, denominados bullying, incluindo-se dentre estes atos os trotes violentos. Portanto, aplica-se às sobreditas proposições o que estabelece o art. 9º da Norma Interna da Comissão de Finanças e Tributação: Art. 9º Quando a matéria não tiver implicações orçamentária e financeira deve-se concluir no voto final que à Comissão não cabe afirmar se a proposição é adequada ou não. Da análise do PL nº 7.457, de 2010, apenso, observa-se que, apesar de propor, no inciso VII do art. 3º, a assistência técnica e psicológica com vistas à garantia de recuperação da autoestima das vítimas da prática do bullying, o que certamente implica em criação de despesa, o projeto restringe sua proposição às escolas privadas e públicas estaduais. Conclui-se, portanto, que não cabe a análise de adequação orçamentária e financeira, conforme rege a supracitada norma da Comissão de Finanças e Tributação, vez que não cria despesa para a União. A Lei de Responsabilidade Fiscal LRF, no 1º de seu artigo 17, determina que: os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o caput 3

deverão ser instruídos com a estimativa prevista no inciso I do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio. Por sua vez o art. 16, inciso I, preceitua que : Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado de: I estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes. No mesmo sentido dispõe a Lei 13.080, de 2 de janeiro de 2015 (Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2015): Art. 108. As proposições legislativas e respectivas emendas, conforme art. 59 da Constituição Federal, que, direta ou indiretamente, importem ou autorizem diminuição de receita ou aumento de despesa da União, deverão estar acompanhadas de estimativas desses efeitos no exercício em que entrarem em vigor e nos dois subsequentes, detalhando a memória de cálculo respectiva e correspondente compensação, para efeito de adequação orçamentária e financeira e compatibilidade com as disposições constitucionais e legais que regem a matéria. Confirma o entendimento dos dispositivos supramencionados, a Súmula nº 1, de 2008, editada pela Comissão de Finanças e Tributação, a qual considera incompatível e inadequada a proposição que, mesmo em caráter autorizativo, conflite com a LRF, ao deixar de estimar o impacto orçamentáriofinanceiro e de demonstrar a origem dos recursos para seu custeio, exarada nos seguintes termos: SÚMULA nº 1/08-CFT - É incompatível e inadequada a proposição, inclusive em caráter autorizativo, que, conflitando com as normas da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal - deixe de apresentar a estimativa de seu impacto orçamentário e financeiro bem como a respectiva compensação. Assim, do exame dos demais projetos de lei apensos e substitutivos aprovados pela CSPCCO e CE, observa-se que possuem particularidades, em seus respectivos textos, que os tornam inadequados e incompatíveis com as normas orçamentárias e financeiras, conforme demonstrado abaixo. Os PLs nºs 350/11 e 908/11, apensos, na medida em que propõem a promoção de assistência psicológica, social e jurídica às vítimas e agressores da prática do bullying, em escolas públicas do território nacional, criam despesas para o Erário sem as devidas estimativas dos gastos e a indicação dos recursos para provêlas. 4

Por sua vez, o PL nº 1.226/11, apenso, também cria despesa para a União, sem a devida estimativa e indicação da origem dos recursos necessários, quando propõe o acréscimo do artigo 9º-A na LDB, onde determina que a União apoiará técnica e financeiramente os sistemas de ensino na promoção de medidas de prevenção, diagnóstico e combate a práticas de intimidação sistemática cometida por alunos nas escolas. O PL nº 1.765/11, apenso, certamente cria despesa continuada sem a devida observância do que preceituam as supracitadas normas orçamentárias e financeiras, quando torna obrigatório que a União veicule mensagens, desenhos ou logomarcas educativas contra a prática do bullying, em cadernos escolares e livros didáticos a serem adquiridos pela rede pública de ensino do país. O PL nº 1.841/11, apenso, cria a possibilidade de instituição de despesa indireta e continuada para a União, contrariando as supracitadas normas, na medida em que obriga as escolas públicas a realizarem, em todos os primeiros semestres letivos, seminários contra a prática do bulllying, inclusive com possibilidade de trazer especialistas para palestrarem sobre o tema. Quanto ao PL nº 2.048/11, apenso, observa-se que também contraria o que preceituam as supracitadas normas, quando propõe a instituição do serviço de Disque-Denúncia contra a prática do bullying, dentro e fora do ambiente escolar. A criação e implantação deste serviço, da forma generalizada indicada pelo projeto, decerto cria despesa para o Erário, vez que envolve escolas públicas de todas as esferas de governo, e sugere ainda, no Parágrafo único do art. 3º, o envolvimento de órgão público na implantação e execução do projeto proposto. No que concerne ao Substitutivo aprovado na CSPCCO, trata-se, em sua quase totalidade, de matéria meramente normativa, exceto por seus artigos 6º e 7º que propõem a criação de grupos de estudos para produção de conhecimento e reflexão sobre o fenômeno do bullying, com apoio e coordenação dos órgãos públicos de cada entidade política da Federação, inclusive com implantação de serviço de disque-denúncia contra a prática do bullying nesses órgãos públicos. Ambos os artigos podem criar despesa para o Erário sem a observância do que pressupõem as supracitadas normas quanto à estimativa da despesa e indicação da origem dos recursos necessários. O Substitutivo aprovado na CE, que propõe alterações no texto do Substitutivo da CSPCCO, da mesma forma, contem, quase que tão somente, matéria normativa, a não ser pelos incisos II e III do art. 4º que propõem que os sistemas de ensino e suas instituições de ensino criem programas visando, respectivamente, o estabelecimento de grupos de apoio formado por funcionários, equipe pedagógica, psicólogos e assistentes sociais, para combater, intervir, prevenir e refletir sobre a prática do bullying, bem como a integração das comunidades, das 5

organizações da sociedade, dos psicólogos e assistentes sociais nas atividades multidisciplinares de combate ao bullying, o que também pode contribuir para o aumento da despesa da União, sem o cumprimento do que determinam os dispositivos anteriormente citados. Assim, com o propósito de compatibilizar e adequar financeira e orçamentária ambos os substitutivos, proponho a subemenda de adequação nº 01/2015, que exclui os artigos 6º e 7º do Substitutivo da CSPCCO e a subemenda de adequação nº 02/2015, que dá nova redação ao art. 4º do Substitutivo da CE. Pelo exposto, submeto a este colegiado meu voto pela não implicação em aumento ou diminuição da receita ou despesa pública da União, não cabendo pronunciamento quanto à adequação financeira e orçamentária, do Projeto de Lei nº 1.785/11 e apensos nºs. 7.457/10, 283/11, 1.633/11, 2.108/11, 3.036/11 e 3.153/12; pela inadequação e incompatibilidade com as normas orçamentárias e financeiras dos Projetos de Lei apensados nºs. 350/11, 908/11, 1.226/11, 1.765/11, 1.841/11 e 2.048/11 e pela adequação e compatibilidade orçamentária e financeira do Substitutivo da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, com subemenda de adequação nº 01/2015 e do Substitutivo da Comissão de Educação, com subemenda de adequação 02/2015. Sala da Comissão, em de de 2015. Deputado Rafael Motta Relator P_5139 6

SUBSTITUTIVO AO PROJETO DE LEI N 1.785, DE 2011 SUBEMENDA DE ADEQUAÇÃO Nº 01/2015 Excluam-se os artigos 6º e 7º do Substitutivo ao Projeto de Lei nº 1.785, de 2011, aprovado pela Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, renumerando-se os demais artigos. Sala de Comissão, de de 2015. DEPUTADO RAFAEL MOTTA Relator 7

SUBSTITUTIVO AO PROJETO DE LEI N 1.785, DE 2011 SUBEMENDA DE ADEQUAÇÃO Nº 02/2015 Dê-se ao art. 4º do Substitutivo ao Projeto de Lei nº 1.785, de 2011, aprovado pela Comissão de Educação, a seguinte redação: Art. 4º objetivando a aplicação desta Lei, os sistemas de ensino e as instituições de ensino que os integram instituirão programas visando a: I capacitar funcionários, docentes e equipe pedagógica para a implementação das ações de discussão, prevenção, orientação e intervenção ao bullying no projeto político-pedagógico da instituição ou entidade; II integrar a comunidade, podendo contar com o apoio das organizações da sociedade, de psicólogos e de assistentes sociais nas atividades multidisciplinares de intervenção e combate ao bullying; III observar, analisar e identificar eventuais praticantes e vítimas de bullying; IV evitar tanto quanto possível a punição dos agressores, privilegiando mecanismos alternativos como, por exemplo, os círculos restaurativos, a fim de promover sua efetiva responsabilização e mudança de comportamento; V valorizar as individualidades, canalizando as diferenças para a melhora da autoestima das pessoas a fim de promover um ambiente seguro e sadio, incentivando a tolerância e o respeito mútuo; VI promover a reinclusão social de todos os envolvidos na prática de bullying, tanto as vítimas, quanto os agressores e as famílias; Parágrafo único. Os sistemas de ensino e as instituições de ensino que os integram a que se refere esta Lei deverão fazer o preenchimento da ficha de notificação, suspeita ou confirmação de prática de bullying para fins de estudo e adoção das medidas necessárias, inclusive legais. Sala de Comissão, de de 2015. DEPUTADO RAFAEL MOTTA Relator 8