A Geotecnologia em apoio ao estabelecimento dos Limites Marítimos do Brasil Palestrante: Luiz Carlos Torres



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Transcrição:

A Geotecnologia em apoio ao estabelecimento dos Limites Marítimos do Brasil Palestrante: Luiz Carlos Torres Ciclo de palestras - Geotecnologias na Gestão Pública

Sumário 1.Geotecnologias na Marinha do Brasil 2.Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM) 3.LEPLAC 4.A Proposta de Extensão da Plataforma Continental Brasileira

Início do uso de geotecnologias na Marinha do Brasil Decreto 243/67 Fixa as diretrizes e bases da Cartografia brasileira e dá outras providências Década de 1970 Primeiras pesquisas sobre o uso de tecnologias digitais na cartografia náutica Final de 1983 Aquisição deunidade de fita magnética um sistema CAD/cartográfico digital pela Marinha do Brasil, pioneira entre os órgãos públicos, composto de: 1 Mainframe VAX 11/780 de 2 mb de RAM e 2 unidades de fita magnética 3 unidades de disco rigido de 300 mb para trabalho e 6 de backup 2 workstations com duas telas (1 colorida e 1 preto e branco) 2 Plotters de mesa Gerber 3178 (1 mecânica e 1 ótica) Softwares IGDS e WMS e DTM, dentre outros, e compilador para linguagem FORTRAN 77 1992 VAX é substituído sistemas desktop Mainframe por VAX-11/780, com 2mb deunix, RAM utilizando softwares da família Plotter Gerber 3178 MicroStation (Intergraph) Unidade de Disco Rígido 300 mb Workstation de de duas telas Workstation UNIX

Geotecnologias na Marinha hoje Sistemas desktop Windows Cartografia e Hidrografia utilizando softwares da família CARIS Bathy DataBASE HIPS and SIPS HPD (Hydrographic Production Database) Fotogrametria e sensoriamento remoto utilizando ERDAS Imagine Pesquisa geofísica utilizando soluções Geosoft Armazenamento de dados em Oracle Spatial

... o oceano é um meio diferente da terra, tão diferente, de fato, que nos forçam a pensar diferentemente. O oceano, onde tudo flui e tudo é interconectado, nos forçam a desfocar, a repelir nossos velhos conceitos e paradigmas - a refocar um novo paradigma. Conceitos fundamentais desenvolvidos por milênios no continente, como os de soberania, fronteiras geográficas e propriedade, simplesmente não funcionarão no meio oceânico, onde novos conceitos políticos, jurídicos e econômicos estão emergindo". (BORGENENSE, E. M. The organic cicle: governing the seas as a global resource. New York: United Nations University, 1998. pp 338)

CNUDM (UNCLOS) 1958 (I)/1960 (II)/1973 a 1982(III) A Convenção procurou regulamentar o uso dos oceanos e do seu solo e subsolo através de cooperação internacional e sempre por consenso. Disciplina, de modo unitário e abrangente, as relações que envolvem diversas vertentes do relacionamento entre os Estados acerca dos mares e oceanos.

A Convenção propõe-se a resolver questões relativas a: defesa dos países em desenvolvimento; transferência de tecnologia; conservação do meio ambiente; desenvolvimento da ciência; aproveitamento e desenvolvimento das fontes de energia marítima; regulamentação dos transportes e comunicações marítimas; regulamentação das águas dos Estados arquipélagos; criação de um novo Tribunal Internacional do Mar; institucionalização de uma Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos; institucionalização da Comissão de Limites da Plataforma Continental; definição do conceito de Zona Econômica Exclusiva (ZEE); fixação de critérios de delimitação dos limites marítimos.

CRONOLOGIA 10/12/1982 Adesão do Brasil (e mais 118 países) à Convenção (encerramento da III Conferência). 09/11/1987 Congresso Nacional, através do Decreto Legislativo nº5, aprova a adesão do Brasil à Convenção. 22/12/1988 Brasil é o 36º Estado a ratificar a Convenção. 15/09/1989 Instituído o Plano de Levantamento da Plataforma Continental Brasileira (LEPLAC), pelo Decreto nº 98.145. 04/01/1993 Promulgada a Lei nº 8.617, que dispõe sobre o Mar Territorial, a Zona Econômica Exclusiva e a Plataforma Continental brasileiras e dá outras providências. 16/11/1994 Com a 60ª ratificação, a Convenção entra em vigor com 320 artigos e 9 anexos e inicia-se o prazo de dez anos para a conclusão das tarefas de delimitação da Plataforma Continental Jurídica (PCJ), conforme preceitua o Artigo 4, do Anexo II, da Convenção. 13/05/1999 - Aprovação das Scientific and Technical Guidelines 16/11/2009 - Prazo para apresentação de Submissões e de Informações Preliminares

BANDEIRANTES DAS LONGITUDES SALGADAS A partir de 1700, por meio das Entradas e Bandeiras, foi iniciado no Brasil um processo de alargamento de suas fronteiras terrestres, com o propósito, entre outros, de mapear o território e minerar pedras preciosas. Depois de cerca de 280 anos, um outro processo aconteceu, desta feita com a finalidade de alargar as fronteiras marítimas do Brasil, em direção ao leste, fruto do trabalho inteligente, pertinaz e patriótico de um punhado de especialistas da Marinha do Brasil, da Petrobras e da Comunidade Científica, cognominados, reconhecidamente, de Bandeirantes das Longitudes Salgadas. ALEXANDRE TAGORE MEDEIROS DE ALBUQUERQUE Capitão-de-Fragata (RM1)

Muito obrigado Luiz Carlos Torres torres.luizcarlos@gmail.com Emir Ordacgi Caldeira emircaldeira@gmail.com Estevan Barbará Teixeira estevan.barbara@gmail.com