PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO Lei nº 6.537/73 (RS) RENATO JOSÉ CALSING
PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO E PROCESSO JUDICIAL Segundo Alberto Nogueira - O Devido Processo Legal Tributário -,existem países com tradição administrativa como judiciarista, como na França, isto é, os dissídios havidos entre Estado e particulares serão resolvidos por jurisdição própria (a administração julga, com exclusividade, essas questões, fazendo coisa julgada). Temos, então, dupla jurisdição: a administrativa e a comum (jurisdição jurisdicional e jurisdição administrativa).
PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO E PROCESSO JUDICIAL No Brasil: no Império, a matéria tributária era resolvida exclusivamente dentro do contencioso administrativo. A partir da Constituição de 1891 foi adotado o sistema de jurisdição una - a exemplo dos Estados Unidos. Qual seja, por um lado está à disposição do contribuinte a instância administrativa e, por outro lado, exaurida a instância administrativa ou não querendo dela fazer uso, poderá o contribuinte buscar a prestação jurisdicional (Poder Judiciário).
PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO E PROCESSO JUDICIAL Há quem defenda a obrigatoriedade do processo administrativo como antecedente ao Poder Judiciário. Proposta, neste sentido, foi feita quando da vigência da Emenda Constitucional nº 01/69, quando foi aprovada uma emenda (nº 7/77), alterando o 4º do artigo 153, estipulando a possibilidade da obrigatoriedade do processo administrativo como antecedente ao processo judicial a medida nunca foi implementada. O artigo 204 daquela emenda previa, ainda, que A lei poderá permitir que a parte vencida na instância administrativa (artigos 111 e 203) requeira diretamente ao Tribunal competente a revisão da decisão nela proferida..
PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO E PROCESSO JUDICIAL Discussão judicial paralela aplicação do 2º do artigo 38 da Lei nº 6.537/73 renúncia ou desistência. Decisões do STF confirmam a regra do indeferimento sumário RREE 233582, 234277 e 234798. Ainda, valendo-se desses precedentes, decidiu o STF: AgR no AI 358785, 31082010 (2ª Turma) e AgR no RE 469600, 08.02.2011 (1º Turma). Competência material no julgamento administrativo teses de inconstitucionalidade de norma tributária. Caso de indeferimento da inicial - artigo 38, III, da Lei nº 6.537/73. Súmula nº 03 do TARF/RS (Resolução n 03/91, DOE de 22.07.91).
PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO Exações da competência da União: Decreto nº 70.235/72. Exações da competência do Estado do RS: Lei nº 6.537/73. Exações da competência do Município de Porto Alegre: Lei Complementar nº 07/73 (o TART foi instituído pela LC 534/2005). Aplicação complementar: Lei Geral do Processo Administrativo Federal nº 9.784/99.
PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO Proposta de unificação de procedimentos, em nível nacional (Processos Administrativos Tributários da União, Estados, Distrito Federal e Municípios). Projeto de lei complementar nº 381/2014, tramitando na Câmara dos Deputados (matéria vinda com aprovação do Senado Federal PLC 222/2013).
Princípios a serem seguidos pela administração pública A Constituição Federal, no seu artigo 37, caput, arrola os seguintes princípios: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Cabe destacar, no nosso tema, o princípio da legalidade, dele derivando o princípio do controle (dos atos administrativos. Destaque: a revisão de ofício.
Garantias e princípios constitucionais aplicáveis ao processo administrativo Artigo 5º da Constituição Federal: - inciso XXXIV, a - direito à petição; - inciso LIV - devido processo legal; - inciso LV - contraditório e ampla defesa e os meios e recursos a ela inerentes (aos litigantes, em processo judicial ou administrativo). Destaque: instância único.
Instância única artigo 39-A da Lei nº 6.537/73 Cujos Autos de Lançamento, na data da lavratura, não ultrapassem o montante de 3.850 UPFs-RS (R$ 56.001,71). Quando se tratar de restituição de tributo, cujos valores requeridos, na data da decisão, não ultrapassem o mesmo montante. Comentário: como regra, existe o recurso hierárquico, salvo se a lei específica dispuser em sentido contrário, o que não afeta as garantias constitucionais.
Instância única artigo 39-A da Lei nº 6.537/73 Jurisprudência: STF RHC 79785, julgado pelo Tribunal Pleno em 29.03.2000. TJRS, envolvendo situações diferentes, mas entendendo que a Constituição Federal não garante o duplo grau de jurisdição na esfera administrativa, estando o direito condicionado à legislação específica: AC 70035697994 e AC 70011592227. No RS, especificamente sobre a Lei nº 6.537/73: MS 010/1140018812 (Caxias do Sul), com liminar concedida a favor da contribuinte; e MS 080/11300213006 (Canoas), com sentença contra as pretensões da contribuinte.
Princípios específicos aplicáveis ao processo administrativo tributário Legalidade objetiva, oficialidade, informalismo, verdade material, imparcialidade, caráter escrito do procedimento, inexistência de custas, rapidez, economia, simplicidade, etc. Destaque: artigo 39 da Lei nº 6.537/73 diligências de ofício, decisão fundada em elementos extraídos dos autos, ainda que não alegado pelas partes.
DO PROCESSO CONTENCIOSO FASES Da impugnação ao lançamento - o artigo 28 prevê que a impugnação e a contestação, formalizadas por escrito e instruídas com os documentos em que se fundamentarem, serão apresentadas no prazo de 30 dias, a contar da notificação do lançamento. Efeitos da impugnação - é a única forma de modificar o lançamento por iniciativa do administrado (artigo 145 do CTN); a exigibilidade do crédito tributário fica suspensa até o final do julgamento administrativo (artigo 151, III, do CTN); e a decisão administrativa irreformável é uma das formas de extinção do crédito tributário, quando anular o lançamento (art. 156, IX, do CTN).
DO PROCESSO CONTENCIOSO FASES Capacidade interventiva do sujeito passivo - artigo 19 da Lei nº 6.537/73 - a intervenção do sujeito passivo poderá ser feita diretamente, através dos seus dirigentes legalmente constituídos, ou através de procurador, que deverá ser advogado inscrito na OAB, devendo ser feita a prova da outorga dos poderes de representação. - Artigo 38, 1º, da Lei nº 6.537/73 - impõe o saneamento obrigatório.
DO PROCESSO CONTENCIOSO Fases Preparação do processo - fase disciplinada nos artigos 29 a 35. Neste estágio, todos os atos até então praticados serão organizados na forma de autos forenses. Será juntada a primeira via do Auto de Lançamento e demais documentos (ou o processo AL). Se necessária a perícia, esta poderá ser deferida, seja a pedido da parte ou de ofício.
DO PROCESSO CONTENCIOSO Fases Do Julgamento em primeira instância - encerrada a fase de preparação, o processo será encaminhado à autoridade julgadora de primeira instância. Nos termos do artigo 36, a competência para tal é do Subsecretário da Receita Estadual, a qual poderá ser delegada à Auditor Fiscal, o que sói acontecer e o que é concretizado pela expedição de uma Portaria com delegação de poderes.
DO PROCESSO CONTENCIOSO Fases Casos de indeferimento da inicial (impugnação) - nos termos do artigo 38, incisos I a V: falta da prova da capacidade interventiva ou incapacidade interventiva; intempestividade; teses de inconstitucionalidade de lei; pedido protelatório; e desistência da impugnação (expressa ou tácita).
DO PROCESSO CONTENCIOSO Fases Do julgamento em Segunda Instância - o julgamento do processo em segunda instância compete ao Tribunal Administrativo de Recursos Fiscais TARF (artigo 49), por intermédio das suas Câmaras ou o Plenário (onde são julgados os recursos extraordinários, com as Câmaras reunidas). A composição e funcionamento do TARF, bem como da Defensoria da Fazenda, constam nos artigos 97 a 113 da Lei.
DO PROCESSO CONTENCIOSO COMPOSIÇÃO DO TARF Presidente e Vice-Presidentes (de livre escolha do Secretário da Fazenda). Juízes representantes da Fazenda (Auditores- Fiscais da Receita Estadual). Juízes representantes dos contribuintes (indicados, em lista de seis nomes, pela FEDERASUL, FIERGS, FARSUL e OCERGS). Defensores da Fazenda (Auditores-Fiscais da Receita Estadual).
DO PROCESSO CONTENCIOSO Fases Dos recursos ao TARF: - recurso de ofício (art. 41); - recurso voluntário (art. 44); - pedido de esclarecimento (art. 58); - pedido de reconsideração (art. 60); e - recurso extraordinário (art. 63).
Recurso de ofício artigo 41 (para uma das Câmaras) Quando: em decisão contrária à Fazenda (inclusive na restituição). Dispensa: quando a importância pecuniária em discussão não exceder o valor de 3.850 UPFs; decisão fundada no reconhecimento de erro de fato; e se a decisão se referir à obrigação acessória.
Recurso voluntário artigos 44 a 48 (para uma das Câmaras) Quando: nas decisões contrárias ao sujeito passivo, inclusive no caso de restituição. Prazo: 15 dias.
Pedido de Esclarecimento artigos 58 e 59. Quando: das decisões do Plenário ou das Câmaras, entendidas omissas, contraditórias ou obscuras. Prazo: 5 dias. Detalhe: quando acolhido o Pedido, há interrupção do prazo para a interposição de Recurso Extraordinário; quando não acolhido, o prazo apenas se suspende.
Pedido de Reconsideração artigos 60 a 62. (para a mesma Câmara) Quando: das decisões das Câmaras que derem provimento ao Recurso de Ofício. Prazo: 10 dias. Detalhe: é defeso distribuir o Pedido ao mesmo juiz que tiver relatado a decisão recorrida.
Recurso Extraordinário artigo 63 (para o Tribunal Pleno) Quando: das decisões das Câmaras proferidas com o voto de desempate do Presidente; ou quando a decisão recorrida der à legislação interpretação divergente da que lhe tenha dado outra Câmara ou o próprio Plenário do TARF. Prazo: 10 dias.
DO PROCESSO CONTENCIOSO Fases Definitividade das decisões - Quanto à definitividade, são as hipóteses arroladas no artigo 65. Quando a decisão final administrativa for favorável ao sujeito passivo, não se estabelece mais qualquer discussão, sendo que, na prática, oferecese a coisa julgada administrativa.
DO PROCESSO CONTENCIOSO Definitividade das decisões (contrárias à Fazenda). Recurso hierárquico: não há previsão legal na nossa Lei nº 6.537/73 (houve uma iniciativa, a qual foi anulada pelo TJRS MS 70002155620). No entanto, alguns Estados, presentes determinados pressupostos, preveem o recurso hierárquico (ao Secretário de Estado da Fazenda), como no RJ.
DO PROCESSO CONTENCIOSO Definitividade das decisões (contrárias à Fazenda). Recurso ao Poder Judiciário: a doutrina se divide quanto à possibilidade de a Fazenda ingressar em juízo no caso de decisão favorável ao sujeito passivo. No Poder Judiciário há manifestações contrárias à iniciativa (RE 68.253, por exemplo).
DO PROCESSO CONTENCIOSO Dos efeitos das decisões e do inadimplemento: o artigo 66 orienta que a decisão contrária ao sujeito passivo deverá ser cumprida no prazo de 15 dias, contados da data em que se tornou definitiva. Esgotado este prazo, sem que o sujeito passivo tenha pagado ou parcelado o crédito tributário (na parte em que foi julgado procedente), o valor correspondente será inscrito como Dívida Ativa (artigo 67, parágrafo único, alínea a ).
Da Repetição do Indébito A competência para de decidir sobre pedido de restituição é a mesma estabelecida na Lei nº 6.537/73 para o processo contencioso (artigo 94).
Não se compreendem na competência estabelecida para o processo contencioso - artigo 27-A As questões relativas à compensação, reconhecimento de imunidade, isenção ou não incidência. Concessão de regimes especiais. Autorização para transferência de saldo credor. Baixa de oficio de inscrição, entre outros. Detalhe: Há previsão de Recurso Hierárquico, uma única vez, no prazo de 15 dias (parágrafo único do artigo).