Observatório Pedagógico. O refluxo das políticas sociais em Portugal: o exemplo do RSI. Carlos Farinha Rodrigues

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Transcrição:

Observatório Pedagógico em Portugal: o exemplo do RSI Carlos Farinha Rodrigues ISEG / Universidade Técnica de Lisboa carlosfr@iseg.utl.pt

Principais tópicos: Existe um refluxo das políticas sociais? O exemplo do RSI Política social e desigualdades sociais. Que políticas sociais em contexto de contenção orçamental? 18 de Dezembro de 2012 2

Existe um refluxo das políticas sociais? 18 de Dezembro de 2012 3

As políticas sociais estão em refluxo? Assistimos hoje em Portugal a um claro recuo das políticas sociais, em particular as destinadas ao combate às situações de pobreza e de maior precariedade social. Este recuo das políticas sociais tem como pano de fundo o esforço de contenção orçamental que o país atravessa, mas vai muito para além disso. Ninguém contesta o esforço de contenção da despesa e de maior rigor orçamental que o país no seu conjunto tem que fazer e de que as políticas sociais não se podem alhear. 18 de Dezembro de 2012 4

As políticas sociais estão em refluxo? No entanto, aquilo que presenciamos actualmente é a estigmatização de algumas políticas como o RSI, a introdução de cortes generalizados nas prestações sociais a pretexto de um maior rigor na sua atribuição e no combate à fraude e, de um modo geral, à substituição progressiva de uma visão de política social baseada no reconhecimento de direitos e de deveres para uma visão assistencialista que tende a desresponsabilizar o papel do estado no combate à exclusão social. 18 de Dezembro de 2012 5

As políticas sociais estão em refluxo? Tomemos como exemplo a questão do maior rigor na atribuição das prestações sociais e no combate à fraude. Todas as medidas que possibilitem um maior controle dos recursos das famílias beneficiárias e o evitar da sua atribuição a quem delas não necessita são bem-vindas. Mas um maior rigor na atribuição dos benefícios não implica necessariamente uma redução desses mesmos benefícios para quem está legitimamente nas medidas. 18 de Dezembro de 2012 6

As políticas sociais estão em refluxo? Por outro lado algumas das medidas recentemente anunciadas são relativamente inócuas do ponto de vista dos seus efeitos concretos mas contribuem para denegrir e estigmatizar a imagem dos beneficiários. Um exemplo claro deste tipo de medidas é o da imposição de limites aos activos financeiros detidos pelos beneficiários do RSI. É duvidoso que uma parcela significativa de beneficiários do RSI disponha de grandes contas bancárias até agora não controladas pela condição de recursos. 18 de Dezembro de 2012 7

As políticas sociais estão em refluxo? Mas a imagem que passa para a opinião pública é a de que os beneficiários do RSI têm recursos escondidos e estão indevidamente no Programa. Seria bom que o Governo viesse a esclarecer quantos dos actuais beneficiários do RSI foram excluídos do programa por terem contas bancárias com mais de 25 mil euros. O exemplo do RSI 18 de Dezembro de 2012 8

Existe um refluxo das políticas sociais? O exemplo do RSI 18 de Dezembro de 2012 9

Principais características do RSI Implementado desde 1997 o objectivo do RSI é o de atenuar a pobreza extrema através da redução da intensidade da pobreza dos sectores mais vulneráveis da população. O RSI materializa-se numa prestação do regime não contributivo da S. Social, que garante a todos os indivíduos a reposição da diferença entre os seus rendimentos reais e um limiar mínimo de rendimento tomado como referência. Combina o direito à prestação e o sistema de obrigação-direito de inserção através da obrigatoriedade de seguimento dum programa de inserção social. 18 de Dezembro de 2012 10

A alteração da condição de recursos de 2010 1. Alargamento dos rendimentos tidos em conta na avaliação dos recursos dos beneficiários; 2. Alteração do conceito de família utilizado na agregação dos recursos dos vários indivíduos que conjuntamente recorrem aos benefícios; 3. Modificação das escalas de equivalência impondo como escala de referência a escala da OCDE; 4. Eliminação de alguns benefícios complementares associados aos principais benefícios; 5. Reforço das condições de fiscalização e das medidas de combate à fraude. 18 de Dezembro de 2012 11

A alteração da condição de recursos de 2010 2. Alteração do conceito de família utilizado na agregação dos recursos dos vários indivíduos que conjuntamente recorrem aos benefícios; A sua implementação, conjugada com a alteração das economias de escala e a manutenção dos valores de referência pode, porém conduzir a um aumento artificial dos recursos (rendimento equivalente) das famílias mais carenciadas conduzindo assim à sua exclusão do acesso aos benefícios ou à redução dos seus montantes. 18 de Dezembro de 2012 12

A alteração da condição de recursos de 2010 3. Modificação das escalas de equivalência impondo como escala de referência a escala da OCDE; Escala Original do RSI Escala da OCDE 1º Adulto 1 1 2º Adulto 1 0.7 Restantes adultos 0.7 0.7 Crianças 0.5 0.5 18 de Dezembro de 2012 13

A alteração da condição de recursos de 2012 Modificação das escalas de equivalência impondo como escala de referência a escala da OCDE modificada; Escala Original do RSI Escala Modificada da OCDE 1º Adulto 1 1 2º Adulto 1 0.5 Restantes adultos 0.7 0.5 Crianças 0.5 0.3 18 de Dezembro de 2012 14

Análise das alterações do RSI RSI 1 Regime do RSI anterior à alteração da condição de recursos RSI 2 Regime do RSI após a alteração da condição de recursos de 2010 (DL 70/2010 de 16 de Junho) RSI 3 Regime do RSI após a alteração da condição de recursos de 2012 (DL 133/2012 de 27 de Junho) 18 de Dezembro de 2012 15

Impacto das alterações do RSI: Casal com dois Filhos Nº Adultos Equivalentes Limiar RSI Var (%) RSI LP RSI 1 3.0 569-64 % RSI 2 2.7 512-10 % 58 % RSI 3 2.1 398-30 % 45 % Valor de referência do RSI (2010-2012) 189.52 Valor mensal da Linha de pobreza (2010) 421 Valor mensal da Linha de pobreza (2010) para um casal com dois filhos 884 18 de Dezembro de 2012 16

Microssimulação do RSI: Principais resultados RSI 1 (%) RSI 2 (%) RSI 3 (%) Taxa de Participação (indivíduos) 502364 4.7 411852 3.9 235332 2.2 Taxa de Participação (famílias) 164980 4.2 122939 3.1 75984 1.9 Taxa de Participação (famílias RSI 1) 188327 3.4 159700 2.9 96868 1.7 Despesa Total (106 /ano) 521.3 286.5 165.1 Subsídio Médio por indivíduo ( /mês) 86.5 58.0 58.5 Subsídio Médio por Família RSI 1 ( /mês) 230.7 Subsídio Médio por Família ( /mês) 263.3 194.2 181.1 Fonte: Microdados do ICOR 2009. Cálculos do autor. 18 de Dezembro de 2012 17

Microssimulação do RSI: Rendimento Equivalente por Decil Euros/Ano Antes RSI Após RSI 1 Var. (%) Após RSI 2 Var. (%) Após RSI 3 Var. (%) 1 º decil 2777 3593 29.4 3232 16.4 3034 9.3 2 º decil 4759 4778 0.4 4769 0.2 4764 0.1 3 º decil 5922 5922-5922 - 5922-4 º decil 6971 6971-6971 - 6971-5 º decil 7959 7959-7959 - 7959-6 º decil 9031 9031-9031 - 9031-7 º decil 10442 10442-10442 - 10442-8 º decil 12352 12352-12352 - 12352-9 º decil 15950 15950-15950 - 15950-10 º decil 29710 29710-29710 - 29710 - Total 10590 10673 0.8 10636 0.4 10616 0.2 Fonte: Microdados do ICOR 2009. Cálculos do autor. 18 de Dezembro de 2012 18

Microssimulação do RSI: Taxa de Participação por Tipo de Família Tipo de Família Taxa de Participação (%) RSI 1 RSI 2 RSI 3 Um adulto 1.9 1.9 1.9 Dois adultos ambos com menos de 65 anos 4.4 2.9 2.0 Dois adultos pelo menos um com 65+ anos 1.3 0.5 0.1 Outros agregados sem crianças dependentes 1.7 1.1 0.7 Um adulto com crianças dependentes 12.0 12.0 8.4 Dois adultos com uma criança dependente 5.0 3.2 2.0 Dois adultos com 2 crianças dependentes 6.7 5.2 1.9 Dois adultos com 3+ crianças dependentes 28.7 24.9 18.1 Outros agregados com crianças dependentes 6.0 4.0 1.5 Total 4.2 3.1 1.9 Fonte: Microdados do ICOR 2009. Cálculos do autor. 18 de Dezembro de 2012 19

Microssimulação do RSI: Distribuição dos Beneficiários por Tipo de Família Tipo de Família Distribuição dos Beneficiários (%) RSI 1 RSI 2 RSI 3 Um adulto 2.6 3.2 5.7 Dois adultos ambos com menos de 65 anos 9.0 7.4 9.0 Dois adultos pelo menos um com 65+ anos 2.2 1.6 0.5 Outros agregados sem crianças dependentes 5.1 5.5 6.5 Um adulto com crianças dependentes 9.9 12.1 13.9 Dois adultos com uma criança dependente 15.7 13.1 14.3 Dois adultos com 2 crianças dependentes 21.6 20.3 13.0 Dois adultos com 3+ crianças dependentes 19.9 21.6 27.8 Outros agregados com crianças dependentes 14.0 15.3 9.2 Total 100.0 100.0 100.0 Fonte: Microdados do ICOR 2009. Cálculos do autor. 18 de Dezembro de 2012 20

Microssimulação do RSI: Indicadores de Desigualdade Euros/Ano Antes RSI Após RSI 1 Var. (%) Após RSI 2 Var. (%) Após RSI 3 Var. (%) Gini 0.353 0.343-2.8 0.347-1.7 0.350-0.8 Atkinson (e=0.5) 0.106 0.098-7.5 0.101-4.7 0.102-3.8 Atkinson (e=1.0) 0.195 0.176-9.7 0.182-6.7 0.186-4.6 Atkinson (e=2.0) 0.366 0.295-19.4 0.310-15.3 0.323-11.7 S80/S20 6.1 5.5-9.8 5.7-6.6 5.9-3.3 S90/S10 10.7 8.5-20.6 9.2-14.0 9.8-8.4 S95/S05 19.4 12.3-36.6 15.5-20.1 Fonte: Microdados do ICOR 2009. Cálculos do autor. 18 de Dezembro de 2012 21

Microssimulação do RSI: Indicadores de Pobreza Euros/Ano Antes RSI Após RSI 1 Var. (%) Após RSI 2 Var. (%) Após RSI 3 Var. (%) Incidência (F0) 17.8 17.5-1.7 17.7-0.6 17.7-0.6 Intensidade (F1) 5.2 3.7-28.8 4.3-17.3 4.7-9.6 Severidade (F2) 2.5 1.1-56.0 1.5-40.0 1.9-24.0 Fonte: Microdados do ICOR 2009. Cálculos do autor. 18 de Dezembro de 2012 22

Microssimulação do RSI: Eficiência 10 6 euros RSI 1 RSI 2 RSI 3 Total das Transferências RSI 521.3 286.5 165.1 Total das Transferências RSI para os pobres 518.3 285.7 165.1 Défice de Recursos antes do RSI 1842.4 Défice de Recursos pós RSI 1339.1 1558.9 1677.4 Redução do Défice de Recursos 503.3 283.5 165.0 EVP Eficiência Vertical do Programa 99.4 99.7 100.0 ERP Eficiência na Redução da Pobreza 96.5 99.0 99.9 ERD - Eficiência na Redução do Défice 27.3 15.4 9.0 Fonte: Microdados do ICOR 2009. Cálculos do autor. 18 de Dezembro de 2012 23

RSI: Número de Beneficiários 450000 400000 350000 300000 250000 200000 150000 100000 50000 0 Fonte: MSSS - Boletim Estatístico Segurança Social. 18 de Dezembro de 2012 24

Alteração das regras do RSI: conclusões A simulação do impacto da alteração das regras de funcionamento do RSI confirma cabalmente a apreciação efectuada no início quanto ao refluxo das políticas sociais. O objectivo de criar um quadro harmonizado de acesso às prestações sociais não contributivas que estava subjacente às alterações foi claramente subordinado ao objectivo de reduzir a despesa pública nos apoios sociais. 18 de Dezembro de 2012 25

Alteração das regras do RSI: conclusões Os ganhos de eficiência obtidos com a nova condição de recursos dificilmente poderão justificar a forte redução da eficácia do RSI na redução da intensidade e severidade da pobreza. A crise económica e financeira que Portugal actualmente enfrenta impõe, indiscutivelmente, a necessidade de uma implementação mais rigorosa das políticas sociais, mas igualmente implica o reforço simultâneo da sua eficácia e da sua eficiência. 18 de Dezembro de 2012 26

Política Social e Desigualdades Sociais. 18 de Dezembro de 2012 27

Política Social e Desigualdades Sociais Portugal é dos países da União Europeia que apresenta maiores níveis de desigualdade na distribuição dos rendimentos. Nos últimos anos assistiu-se a uma ligeira redução das desigualdades familiares, apesar da inexistência de políticas claras de combate às desigualdades. Os resultados alcançados foramno à boleia das políticas sociais de combate à pobreza e à exclusão social. 18 de Dezembro de 2012 28

Política Social e Desigualdades Sociais O instrumento ideal de redistribuição dos rendimentos deveria ser o sistema fiscal. O aumentar da capacidade redistributiva do sistema fiscal é fundamental para reduzir as desigualdades sociais. Nomeadamente, através do combate à fuga ao fisco e à economia informal, reforçando a abrangência do sistema fiscal. O refluxo da política social traduz-se igualmente num atenuar do esforço de redução das desigualdades. 18 de Dezembro de 2012 29

Que políticas sociais em contexto de contenção orçamental? 18 de Dezembro de 2012 30

Que políticas sociais em contexto de contenção orçamental? Em primeiro lugar é necessário perceber que é precisamente em períodos de crise que as políticas sociais são mais ainda mais necessárias, visto constituírem como que um estabilizador automático que assegura um mínimo de coesão social indispensável para o funcionamento da nossa sociedade. 18 de Dezembro de 2012 31

Que políticas sociais em contexto de contenção orçamental? Em segundo lugar, é necessário um rigor acrescido na sua atribuição de forma a obter-se ganhos de eficiência que não ponham em causa ou reduzam substancialmente a eficácia dessas medidas no combate às situações de maior precariedade. 18 de Dezembro de 2012 32

Que políticas sociais em contexto de contenção orçamental? Em terceiro lugar, as políticas sociais não podem ser exclusivamente um processo de transferência de recursos financeiros para as famílias mais carenciadas. É necessário que elas constituam efectivamente uma alavanca no processo de inserção social das famílias e dos indivíduos mais pobres na sociedade. 18 de Dezembro de 2012 33

Que políticas sociais em contexto de contenção orçamental? Por último a política social portuguesa, mesmo em tempos de crise, não se deve alhear da política social europeia. A Estratégia 2020 tem objectivos de redução de exclusão social, com metas quantificadas a nível europeu. Será que a actual crise é argumento para Portugal ficar de fora? Para definir metas menos ambiciosas? O governo português deveria clarificar quais os objectivos que pretende alcançar no âmbito da estratégia europeia de redução da pobreza e da exclusão social. 18 de Dezembro de 2012 34

em Portugal: o exemplo do RSI 18 de Dezembro de 2012 35