Tropa de Elite - Polícia Militar de São Paulo História do Brasil Apostila Adeíldo Oliveira



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Tropa de Elite - Polícia Militar de São Paulo História do Brasil Apostila Adeíldo Oliveira 2013 Copyright. Curso Agora eu Passo - Todos os direitos reservados ao autor.

Prof. Adeildo Oliveira gestação e instalação das instituições republicanas. E-mail: ad.historiatotal@gmail.com Historiador licenciado pleno e bacharelando pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Bacharelando em Direito pelo Centro Universitário Christus (UniChristus). Professor de vários cursos preparatórios para concursos em Fortaleza. Monitor da disciplina de Ciência Política e Teoria do Estado no Centro Universitário Christus, além de autor de vários artigos científicos e de opinião. PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930) A proclamação da República foi, em grande parte, um projeto político resultado da aliança dos cafeicultores paulistas com o exército, visando vencer o inimigo comum o Império embora as duas forças fossem portadoras de projetos políticos republicanos distintos. Nos primeiros dias após a instauração do novo regime político, houve consenso de que os militares deveriam exercer o poder político durante o delicado período de Esse primeiro período da história republicana do Brasil 1889-1894 ficou conhecido como República da Espada, por ser marcado pelos governos militares dos marechais Deodoro da Fonseca (1889-91) e Floriano Peixoto (1891-94). O grande destaque deste primeiro período é a redação de nossa primeira carta magna (constituição) republicana em 1891. Após os conturbados governos militares do inicio de nossa republica, temos a consolidação das oligarquias paulistas e mineiras no poder, é o que chamamos de política do café-comleite, dentro da chamada República Velha, o primeiro presidente deste período é o paulista Prudente de Morais (1894-98), depois temos Campos Sales (1898-1902), Rodrigues Alves (1902-06), Afonso Pena (1906-09), Nilo Peçanha (1909-10) e Hermes da Fonseca (1910-14), Venceslau Brás (1914-18), Delfim Moreira (1918-19), Epitácio Pessoa (1919-22), Artur Bernardes (1922-26) e Washington Luis (1926-30). As três primeiras décadas do século XX no Brasil, marcam a força política do coronelismo e do latifúndio, estruturas herdadas do império e perpetuadas no novo regime político. Vejamos agora algumas das principais marcas ou Prof. Adeíldo Oliveira 2

destaques do processo histórico da república velha. A REPÚBLICA DA ESPADA (1889-1894) 01. Deodoro da Fonseca (1899-1891) É de suma importância termos em mente que o governo de Deodoro da Fonseca possui dois períodos: Governo Provisório(1889-1891) e Governo Constitucional (1891). Com o advento da república, os militares criaram um novo calendário nacional, excluindo as datas religiosas, a exceção do dia de finados, e incluindo datas comemorativas republicanas, assim buscando a formação das almas, ou seja, a criação de um espírito republicano, além, é claro, de tentar construir uma identificação do novo regime com a História do Brasil, para isso alavancaram a figura de Tiradentes, que passou a ser visto como herói nacional, inclusive sendo pintado o mais parecido possível com a imagem que a maior parte da população possui de Jesus. Essa propaganda visava aproximar o máximo possível a população desse novo regime, sendo Tiradentes uma espécie de garoto propaganda, pois se ele morreu pela República é porque ela supostamente seria mais justa. Um dos elementos que muito contribuiu pra a adesão de muitas oligarquias estaduais ao sistema republicano foi justamente a possibilidade que esse dava ao estabelecimento de uma federalização, ou seja, os estados passariam a possuir uma maior autonomia, o que muito agradava aos grupos políticos estaduais. De grande significação para o novo governo foi a criação da Constituição de 1891, que possuía os seguintes pontos: A forma de governo republicana federalista e presidencialista (modelo inspirado na constituição norteamericana); A divisão dos três poderes instituídos (legislativo, executivo e judiciário); Estabeleceu que o Brasil seria um Estado laico (separação entre Igreja e Estado); No artigo 3º foi estabelecido que a União iria demarcar uma área no Planalto Central no intuito de construir uma nova Capital Federal; Foi implementado o instituo do Habeas Corpus (Vale lembrar que ele não estava presente na Constituição de 1824, mas sim no Código de Processo Criminal de 1832); O voto era aberto, para homens maiores de 21 anos e alfabetizados. Estavam excluídos do voto as mulheres, é claro, os praças de pré e os religiosos; Prof. Adeíldo Oliveira 3

Eleição Direta, entretanto a escolha do primeiro presidente da República seria efetivada pelo parlamento; Mandato do presidente de 4 anos; Transformação das províncias em estados; A facilidade de naturalização aos estrangeiros; O casamento civil. Segundo o historiador Marco Antônio Villa: Na primeira eleição presidencial direta, em 1894, sem a participação do eleitorado do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná, por causa dos combates da Revolução Federalista, Prudente de Morais, candidato único, recebeu apenas 290 mil votos, isso quando a população brasileira alcançava 15 milhões de habitantes. 1.1. Economia É bem claro que o sistema econômico deixado pelo Império era bastante caótico, na medida que possuíamos uma divida interna e externa bastante alta. O Brasil não possuía um sistema industrial de significação, sendo a base da economia o setor agrário, com destaque para o café. O presidente nomeou Rui Barbosa para o cargo de ministro da Fazenda, tendo como objetivo que esse intelectual criasse um conjunto de medidas que revertessem a situação precária de nossa economia. O novo ministro estabeleceu a elevação das tarifas alfandegárias, pois assim os produtos importados entrariam no Brasil com preços mais elevados, o que contribuiria para que a população brasileira pudesse comprar mais os produtos nacionais. Também foi feita uma reforma bancária, sendo criados vários bancos que passaram a possuir autonomia para a emissão de papelmoeda. Entretanto, o grande problema é que essas emissões não possuíam lastro em ouro, mas sim em títulos da dívida pública. Mas o porquê dessa política? É que o governo objetivava incentivar a expansão do crédito, o que muito contribuiria para o estimulo ao processo de industrialização nacional. Entretanto, para a infelicidade brasileira tal projeto não deu certo, pois a política de emissão desembocou numa grave crise chamada de encilhamento. Podemos apontar duas razões para essa conjuntura, a imensa quantidade de papel-moeda, não ocorrendo um crescimento industrial proporcional, o que gerou uma grande inflação, e as imensas facilidades para se adquirir crédito, o que muito contribuiu para o surgimento de empresas fantasmas, que contrariam empréstimos do governo, mas não produziam e ainda decretavam falência, e assim, não pagavam o que deviam ao governo. Prof. Adeíldo Oliveira 4

O Final do governo de Deodoro foi marcado negativamente, sendo crítica a situação financeira, o que fez que o Congresso fizessem várias críticas ao presidente, que não as aceitou e, inclusive, tentou fechar essa instituição, o que não foi aceito pelo seu vicepresidente (Floriano), muito menos pelos cafeicultores. Dessa forma, restou ao marechal a renuncia. 02. Floriano Peixoto (1891-1894) 2.1 A Subida ao Poder Floriano Peixoto demonstrou ser bem mais hábil do que o seu antecessor, tomando decisões de cunho popular, mas também, quando necessário, agindo com firmeza. Vale lembrar que a subida de Floriano Peixoto ao poder deve ser creditada, também, ao apoio que ele conseguiu dos cafeicultores, pois constitucionalmente, o vicepresidente só poderia assumir o cargo se o presidente já tivesse governado por dois anos, sendo que Deodoro só tinha cumprido nove meses do seu mandato. Mas quais eram as razões para que os cafeicultores, mesmo desrespeitando a Constituição, apoiassem Floriano Peixoto? Primeiro, os cafeicultores tinham ficado assustados com as medidas autoritárias de Deodoro, pois achavam que elas prejudicavam o Republicanismo federalista que tanto eles almejavam. Segundo, mesmo Floriano utilizando algumas vezes de medidas autoritárias, estas eram feitas dentro dos limites tolerados pelos cafeicultores (pelo menos inicialmente). Logo após a subida de Floriano ao poder, o Congresso foi restabelecido e o estado de sítio foi retirado, tivemos a volta da normalidade. Uma das medidas iniciais e autoritária foi justamente a retirada dos Governadores que apoiaram Deodoro. Outra ação do presidente, só que essa de cunho popular e restrita ao Rio de Janeiro, foi um decreto que estabelecia a redução dos aluguéis de casas populares e da suspensão da cobrança do imposto sobre a carne, objetivando com isso além de melhorar as condições de vida da população mais carente, também ganhar popularidade. Destaque para o estímulo a indústria, sendo autorizado ao Banco do Brasil a abertura, em 1892, de uma linha de crédito de 100 mil contos de réis, e agregada à essa medida se pensava numa política protecionista, ou seja, de que forma se poderia criar taxas sobre os produtos importados a fim de ampliarem os seus preços. Entretanto, o Brasil possuía muitas limitações, das quais destaque para a necessidade de combater a inflação, os limitados recursos que possuíamos e o descontrole financeiro do início da República. Prof. Adeíldo Oliveira 5

2.2 Formação da Oposição por transformações mais drásticas numa sociedade. Um dos primeiros movimentos de oposição à Floriano se deu no interior do exército, quando treze generais assinaram um manifesto que contestava a legitimidade do governo e exigiam o respeito a Constituição, ou seja, queriam novas eleições. A ação do presidente foi enérgica, mas dentro dos limites da legalidade, pois utilizou o Código Militar, que enquadrava a ação dos generais como ato de insubordinação, e assim, a penalidade poderia ser a de afastamento e até mesmo a prisão. Por essa ação Floriano Peixoto passou a ser chamado de Marechal de Ferro. De grande dificuldade para o governo foi contornar os problemas no Rio Grande do Sul, a chamada Revolução Federalista. Entre os fatores que ocasionaram esse movimento, podemos destacar o conflito entre o PRR (Partido Republicano Riograndense), liderado por Júlio de Castilhos e do outro lado o PF (Partido Federalista) que era liderado por Silveira Martins. Entre os fatores da discórdia estava justamente a briga pelo poder no Rio Grande do Sul, além do interesse dos federalista em diminuírem o excessivo centralismo. 2.2.1 A Revolta Federalista Uma explicação por demais valiosa é a distinção entre Revolta e Revolução. Perceba que constantemente na História do Brasil é utilizado o termo Revolução, mas deveria ser utilizado o termo Revolta. Basicamente falando, revolta é um manifestado de descontentamento da população em relação à alguma medida tomada pelo governo, um imposto, uma lei, etc. Nesse ato não há uma contestação do sistema vigente, mas sim a busca pela mudança de uma parte dele. Já a Revolução é uma busca Floriano Peixoto entrou na guerra ao lado do governo de Júlio de Castilhos também chamados de pica-paus. Uma nova conjuntura se formou quando na Marinha brasileira eclodiu a Revolta da Armada (1893), que se expandiu para o Sul do Brasil, aliandose ao PF, mais conhecidos como maragatos. Quais as motivações para a Marinha se rebelar contra o presidente, além de participar da Revolução Federalista? Primeiro, destaque para uma forte ala da marinha que possuía tendências monarquistas, tendo à frente o almirante Custódio de Melo. Segundo, Prof. Adeíldo Oliveira 6

havia uma ala da marinha que era republicana que apoiava os interesses do Almirante Custódio de Melo, que pretendia chegar à presidência. Lembre-se que com a saída de Deodoro, deveria ter ocorrido novas eleições, mas de forma inconstitucional Floriano subiu ao poder, o que frustrou as pretensões de Custódio de Melo. As batalhas não ficaram circunscritas ao Rio Grande do Sul, ocorrendo combates em terras catarinenses, destaque para a vitória dos florianistas na famosa Batalha de Desterro que mudou de nome para Florianópolis. Cada vez mais os rebeldes iam perdendo terreno, ficavam mais enfraquecidos, e fragilizados só restavam a negociação, que foi estabelecida no início do próximo governo, com Prudente de Morais. 2.3 Política Externa: O Rompimento com Portugal O estremecimento das relações diplomáticos entre Brasil e Portugal ocorreu devido à ação de duas corvetas portuguesas que no ano de 1894 intervieram nas questões políticas internas brasileiras, mais precisamente nos assuntos relacionados a Revolta da Armada. Navios de guerra portugueses aceitaram transportar em segurança para a Argentina cerca de 500 marinheiros brasileiros que tinham se revelado contra o governo de Floriano, o que gerou uma questão diplomático muito séria, tendo como ápice o rompimento diplomático. 03. Prudente de Morais (1894-1898) 3.1 Canudos (1893-1897): Sem sombra de dúvida um grande destaque do governo de Prudente de Morais foi a Guerra de Canudos. Essa comunidade chegou a preocupar parte da igreja oficial, além de fazendeiros e do próprio estado brasileiro. Muitas foram e continuam a ser as análises equivocadas acerca dessa comunidade, pois já foi considerada como um reduto de fanáticos religiosos. Entretanto, devemos ter em mente que religiosa ela era, mas fanática não. Analisando a Comunidade de Canudos poderemos perceber que ela se formou rapidamente, pois eram apenas algumas dezenas no seu início (1893), mas crescendo rapidamente para a casa milhares, aproximadamente 25 mil no ano de 1897. Esse crescimento gigantesco ocorreu por varias motivações, tais como: 1. O descaso das autoridades governamentais em relação à situação Prof. Adeíldo Oliveira 7

das populações mais carentes do nordeste brasileiro; 2. O aspecto excludente do novo sistema (República) que dificultou a vida das pessoas, haja vista que o federalismo deu espaço para que os estados pudessem criar seus impostos, o que muito dificultou a vida das populações mais pobres, pois passaram a ter uma carga tributária mais pesada; 3. A opressão e a exploração exercida por muitos latifundiários brasileiros, nesse caso no Nordeste; 4. O afastamento Igreja Católica em relação a muitos dos seus fiéis; Em Canudos havia o trabalho coletivo, sendo a produção dividida de acordo com as necessidades de cada família. Também eles eram messiânicos, ou seja, acreditavam na volta do Messias, que iria salvá-los, pois suas vidas eram permeadas pelo trabalho e pela reza. Outro ponto de destaque era a defesa da Monarquia, que era feita por Antônio Conselheiro. Entretanto, não podemos ter em mente que esse líder fosse um grande conhecedor das teorias monarquistas e/ou republicanas, mas sim que para ele a vida durante a monarquia era difícil, e a república só piorou as coisas. Outra contestação de Antônio Conselheiro era o casamento civil e o controle dos cemitérios pelo estado republicano, pois achava que esses assuntos deveriam ser tratados pela Igreja. Mas quais as motivações para que fazendeiros, a Igreja(pelo menos parte) e o estado brasileiro tiveram para destruir Canudos? Para os fazendeiros a formação dessa comunidade não era vista com bons olhos pelo fato dos habitantes dessa localidade saírem da órbita de influência dos coronéis, ou seja, não apenas os latifundiários estavam perdendo mão-de-obra barata, como também estavam perdendo votos. Lembre-se bastava ao eleitor saber assinar o próprio nome. Já a Igreja via a comunidade de Canudos como indesejada pelo fato de considerá-los fanáticos, desprovidos da verdadeira fé cristã, além de considerar a liderança religiosa de Antônio Conselheiro como inadequada, pois não possuía uma preparação teológica. O estado baiano nada ganhava com Canudos, pois eles não pagavam impostos. Já para o estado brasileiro esse movimento era visto como inadequado pois representava o passado, ou seja, de nada ajudava na formação da imagem de progresso que tanto os republicanos queriam. A Guerra É bem claro que o governo esperava apenas uma desculpa para justificar a destruição da comunidade de Canudos, o que ocorreu quando os canudenses invadiram o armazém de onde retiraram telhas, madeira e tijolos que seriam utilizados para a construção de Prof. Adeíldo Oliveira 8

uma Igrejinha. Vale ressaltar que os sertanejos já tinham pago por essa mercadoria, mas não a recebiam. governo essa expedição sofreu uma derrota surpreendente, inclusive morrendo Moreira César. Foram necessárias quatro expedições ao logo dos anos de 1896-1897 para que a Comunidade de Canudos fosse destruída. A primeira expedição delas foi liderada pelo Tenente Manoel da Silva Pires Ferreira. Entretanto, os canudenses, bastante motivados pelas suas ideias, alem de estarem armados de facões, foices e velhas armas de fogo, resistiram aos invasores, que partiram em retirada. A segunda expedição era composta de seiscentos homens, por dois canhões e duas metralhadoras, sendo comandada pelo Major Febrônio de Brito. Entretanto foram surpreendidos, pois as táticas de guerrilhas empreendidas pelos canudenses acabaram por surpreender as tropas governistas. A terceira expedição maior magnitude, haja vista as repercussões negativas das duas primeiras expedições, sendo assim escolhido para a difícil tarefa de destruir Canudos o Coronel Antônio Moreira César, que ficou conhecido em meio à Revolução Federalista como o corta-cabeças. Vale ressaltar que essa expedição possuiu um contigente de mais de 1.000 homens e com uma vasta munição, mas para surpresa do A quarta expedição demonstrou o quanto era questão de honra para o governo a destruição de Canudos, e assim foram enviados cerca de 8 mil homens, sob o comando do General Artur Oscar. Foi empreendida a tática do cerco, ou seja, Canudos foi cercada e constantemente bombardeada, sendo paulatinamente fragilizada, pois mais cedo ou mais tarde iria faltar água potável e comida, e foi o que ocorreu. Para se ter ideia, Antônio Conselheiro morreu de cólera. No final das batalhas, as habitações foram queimadas e parte da população transferida para outras regiões. Um fato bastante chocante foi o que ocorreu com os restos mortais de Conselheiro, que teve o seu corpo desenterrado, sendo a sua cabeça cortada e levada para se fazer estudos. Um episódio marcante pós-guerra de Canudos ocorreu quando Prudente de Morais, em solenidade pela vitoriosa campanha de Canudos, sofreu um atentado, quando Marcelino Bispo atirou contra o presidente, mas não obtendo êxito na sua tentativa, pois foi atingido o Ministro da Guerra, o Marechal Carlos Machado Bittencourt. Prof. Adeíldo Oliveira 9

3.3 Questões Externas Impactante nas Relações Internacionais foi o restabelecimento das Relações Diplomáticas com Portugal e a Questão da Ilha da Trindade (1895), envolvendo o Brasil e a Inglaterra. A Inglaterra acabou por invadir a Ilha da Trindade (Litoral do Espírito Santo) pois afirmava que essa localidade não era habitava e/ou explorada pelo Brasil. Dessa forma, nossa nação contestou veementemente tal ação inglesa, considerando-a como um ato de imperialismo. Tal questão foi resolvia quando as partes envolvidas resolveram entregar o caso para uma mediação internacional, sendo Portugal escolhida para tal julgamento. Assim sendo, vendo as argumentações de ambos os lados, Portugal deu o ganho de causa para o Brasil (1896). 04. Campos Sales (1898-1902) Durante o governo de Campos Sales três foram os pontos principais na sua política interna, a Política dos Governadores, a Política do Café com Leite e o Fundin Loan. 4.1 Política dos Governadores ou Pacto Oligárquico uma rede de alianças em relação aos grupos que governavam os estados, buscando com essa aliança o apoio necessário para colocar em prática os seus projetos. Funcionava da seguinte forma, as oligarquias estaduais seriam responsáveis pelo arregimentamento de votos nos seus currais eleitorais haja vista ser tão comum na República Velha o chamado voto de cabresto- no intuito de eleger o candidato à presidência indicado pelo governo, além, é claro, de votarem nos Deputados e Senadores estaduais que apoiariam o governo federal. Mas o que estas oligarquias estaduais ganhariam em troca? Apoio político, pois quando havia eleições o resultado era conferido pelo órgão federal chamado de Comissão Verificadora de Poderes, que validaria ou não as eleições. Dessa forma, se um candidato opositor às oligarquias que apoiassem o governo federal vencesse, provavelmente, sua vitória seria anulada. Outro benefício ganho pelos grupos estaduais era justamente as facilidades para o recebimento de investimentos federais. A Política dos Governadores foi uma tentativa do governo central de criar Prof. Adeíldo Oliveira 10

4.2 A Política do Café com Leite Chamamos de Política do Café com Leite o acordo estabelecido entre São Paulo e Minas Gerais, que consistia no apoio mútuo que deveria ser estabelecido entre esses estados, sendo central nesse debate a decisão de se revezarem no poder federal, ou seja, numa eleição deveria ser apoiado o candidato de São Paulo, já na outra o apoio deveria ser dada à Minas Gerais. Qual era o peso político-econômico desses dois estados? São Paulo era o estado mais rico da federação e o segundo em número de eleitores, já Minas Gerais era o primeiro em número de eleitores, e o segundo em riqueza. Vale salientar que a Política do Café com Leite e o Pacto Oligárquico fazem parte de um mesmo contexto político nacional. exercidas por grupos dissidentes de intelectuais, jornalista e militares. Tomando esses últimos como exemplo, podemos citar o movimento tenentista que tanto contestou o governo na década de 1920. 4.3 Funding Loan O funding loan consistiu num plano de refinanciamento da dívida brasileira, em troca o Brasil se comprometia a praticar uma severas medidas de saneamento monetário e fiscal. O projeto ocorreu da seguinte forma, o Brasil iria pagar no período de três anos os juros dos empréstimos que foram feitos anteriormente ao fundig loan. Os antigos empréstimos, acrescido desse novo seriam pagos futuramente, mais precisamente, dentro de 13 anos. Obs.: Deve ser observado que o Pacto Oligárquico não pode ser visto como absoluto, como totalizante nas decisões, pois tinha três fatores de instabilidade que variava conforme as circunstâncias: Primeiro, nos choques que muitas vezes iriam ocorrer entre os grupos políticos mineiros e paulistas. Segundo, a dificuldade de contornar as ambições de estados intermediários que possuíam poder político e/ou econômicos, destaque para o Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia. Terceiro, as pressões que cada vez mais iriam ser Quais eram as garantias e exigências dos nossos credores, a Casa Rothschild? Eles tiveram como garantias a hipoteca da Alfândega do Rio de Janeiro. Uma exigência do funding loan foi justamente que o governo amenizasse a inflação diminuindo a grande quantidade de papel moeda que estava em circulação. Prof. Adeíldo Oliveira 11

4.4 Relações Internacionais: A Questão do Amapá Essa localidade de longa data gerou problemas, primeiro entre Portugal e França, depois entre Brasil e França. Pelo Tratado de Utrech, de 1713, foi estabelecido que o rio Oiapoque seria o limite entre o Brasil e a Guiana Francesa, o que foi aceito a contragosto por parte desses últimos. No final do século XIX, o governador da Guiana Francesa quis se aproveitar do momento delicado pelo qual passava o Brasil, invadindo a região do Amapá. Vale ressaltar que estávamos envolvidos em duas questões litigiosas, uma com a Argentina, a Questão das Missões, e a outra com a Inglaterra, a Questão da Ilha da Trindade. 05. Rodrigues Alves (1902-1906) 5.1 A Regeneração Grande destaque do governo de Rodrigues Alves foi a regeneração, ou seja, o processo de transformação pela qual passou o Rio de Janeiro. A Constituição de 1891 já estabelecia a possibilidade da criação de uma nova Capital Federal, mas mesmo que esse novo centro administrativo fosse feito ainda continuaria a existir uma grande necessidade brasileira, uma cidade portuária bem estruturada. Assim, o presidente, sabendo que não havia capital necessário para fazer as duas coisas, resolveu por investir pesado na transformação do Rio de Janeiro (que era extremamente estratégica para escoar a produção de café). Para resolver essa questão foi decidido que esse episódio deveria ser solucionado por uma arbitragem internacional. Dessa forma, foi escolhido o presidente da Suíça, Walter Hauser, para ser o juiz dessa causa. O Brasil venceu também essa causa muito devido à argumentação feita pelo barão do Rio Branco. Ficou a cargo do prefeito Pereira Passos que era engenheiro de formação a parte relacionada à reforma do centro da cidade e do porto. Já a parte sanitária foi encabeçada pelo brilhante sanitarista Oswaldo Cruz. O Brasil estava adentrando o período conhecido como a Belle Époque (Bela Época). Nesse momento era visto com bons olhos copiar as práticas europeias, pois o velho continente era visto como um exemplo a ser seguido, daí ser civilizado para parte substancial de nossas elites, era copiar padrões europeus. Prof. Adeíldo Oliveira 12

Pereira Passos, inspirado nessas ideias, tendo como padrão a reforma de Paris, resolveu que as habitações consideradas insalubres - que não possuíam condições adequadas para a saúde - o que era o caso dos cortiços, deveriam ser derrubados. Ele achava que poderia fazer do Rio de Janeiro uma Paris brasileira, com avenidas largas, que melhoravam a circulação de pessoas e de produtos, além, é claro, de facilitar para o governo o controle das manifestações populares. Em relação à segunda questão, devemos saber que o Brasil objetiva com essas transformações fazer do Rio de Janeiro um cartão postal, ou seja, demonstrar internacionalmente que o governo republicano estava fazendo a nossa nação prosperar, e com essa demonstração objetivava atrair mais investidores. Grande parte da população pobre foi obrigada a deixar os seus lares, e assim, acabaram por se dirigir para os morros, onde as condições de habitação continuaram igual ou mais precárias do que antes, eis um dos momentos principais para o processo de favelização do Rio de Janeiro. Duas questões de grande importância devem ser feitas: Primeiro, de onde vieram os capitais para uma reforma tão grande? Segundo, quais eram os objetivos? Para responder a primeira questão devemos ter em mente que o Brasil possuía capitais acumulados da comercialização do café, sem falar, é claro, que estávamos exportando bastante borracha, e, por fim, devemos saber que nossa nação estava contraindo empréstimos de casas bancárias internacionais. Avenida Central do Rio de Janeiro pósreforma A Reforma Sanitária Outro grande problema era a questão sanitária, pois uma enorme quantidade de pessoas estavam adoecendo e morrendo de doenças como a varíola, cólera e peste bubônica. A preocupação foi tanta que o governo chegou ao ponto de pagar para que os populares capturassem ratos, que eram vetores de doenças, mas isso não deu muito certo, pois parte da população começou a criar esses animais em cativeiro, para logo depois vendê-los ao governo. É bem claro que as inúmeras mortes causadas por essas doenças afetavam o andamento da cidade, inclusive prejudicando a produção realizada nas fábricas, e manchando a imagem do Brasil lá fora, daí a necessidade de uma reforma sanitária. Vale ressaltar que essa reforma ocorreu paralelamente à reforma urbana empreendida por Pereira Passos. Prof. Adeíldo Oliveira 13

Outra questão a ser lembrada é alguns cientistas de outras nações defendiam que o povo brasileiro era biologicamente fraco devido a miscigenação, e assim eram mais sensíveis em relação às doenças. Muitos cientistas brasileiros combateram veementemente essa teoria, a exemplo de Oswaldo Cruz. Ele afirmava que a miscigenação não poderia ser culpabilizada pela morte de tantas pessoas, mas sim as condições sanitárias precárias, alem da proliferação de ratos e mosquitos, que eram vetores de muitas doenças. Dessa forma, Oswaldo Cruz defendia a imunização das pessoas, através de uma campanha de vacinação, mas também a drenagem de pântanos e uma melhor limpeza da cidade. A campanha, pelo menos inicialmente, não obteve o êxito desejado, o que muito contribuiu para que Oswaldo Cruz pressionasse o governo para a aprovação da Lei de Vacinação Obrigatória, o que ocorreu em 1904. Ela dava o direito aos sanitaristas de vacinarem as pessoas à força, se necessário fosse. O que pode ser observado à partir dessa lei? Pode ser visto que o estado se sentia no direito de interferir diretamente nas escolhas das pessoas, ou seja, é claro que o objetivo era amenizar o número de pessoas mortas, mas os métodos violentos acabaram por deixar a população mais insatisfeita ainda em relação ao governo. Primeiro foram expulsas de suas casas no centro do Rio de Janeiro, e agora, mais umas vez, estão sofrendo com o autoritarismo do governo. Nesse contexto ocorreu a Revolta da Vacina (1904). Populares entraram em conflito com a polícia, que foi expulsa dos morros. Ainda mais, o povo desceu o morro, fechou ruas, queimou bondes, e por alguns dias empreendeu uma forte resistência ao governo, que teve que negociar, e assim acabou por ser retirada a Lei de Vacinação Obrigatória. Seria muito simplificador afirmar que a Revolta da Vacina ocorreu pelo fato da população achar que a vacina iria matálas, muito embora alguns, a minoria, pudesse acreditar em tal ideia. Também não podemos acreditar esse movimento tenha ocorrido devido apenas à questão moral, pois as mulheres eram vacinadas em locais tidos como inadequados (nádegas, por exemplo) para a moral da época. Correto é afirmar que essa revolta ocorreu devido à questão moral, o temor e, principalmente, por causa da arbitrariedade e autoritarismo do governo. 5.2 O Convênio de Taubaté No final do período administrativo de Rodrigues Alves foi criado um acordo entre os cafeicultores e o governo, estabelecendo políticas de incentivo e/ou proteção ao café, ou seja, o governo, se necessário fosse, deveria comprar o excedente da produção do café a fim de evitar a queda internacional do preço desse produto. Essa política foi muito utilizada durante a República Velha, acabando por gerar inúmeras contestações por parte de outros estados, como o Rio Grande do Sul. 5.3 Questões Externas Durante o governo de Rodrigues Alves assumiu o cargo de Ministro das Relações Exteriores José Maria Paranhos Júnior, o barão do Rio Branco (1902-1912). Umas das características mais marcantes desse período foi o americanismo, ou seja, a aproximação Prof. Adeíldo Oliveira 14

diplomática em relação aos Estados Unidos, que era uma potência em ascensão. Essa aproximação de forma nenhuma pode ser vista como subalterna, subserviente, mas sim como uma estratégia muito bem criada por Rio Branco para que nossa nação pudesse agir de forma mais autônoma nos assuntos diplomáticos em relação às questões de fronteiras litigiosas. A Questão do Acre A região do Acre de longa data já era utilizado por seringueiros brasileiros, que não apenas buscaram explorar essa localidade, mas também buscaram fazer a sua independência em relação à Bolívia. Dessa forma, não tardou para que a Bolívia buscasse reaver o controle dessa região, o que ocorreu, não de forma direta, mas sim indireta, ou seja, arrendando essa região para um consórcio anglo-americano chamado The Bolivian Syndicate. Esse grupo estrangeiro reivindicava junto ao governo brasileiro uma maior possibilidade transitar pela região amazônica brasileira, o que muito preocupou o nosso governo. Desse modo, o presidente Rodrigues Alves, através do barão do Rio Branco, buscou o mais rápido possível solucionar essa questão. Dessa forma, em novembro de 1903, foi feito assinado entre o Brasil e a Bolívia o Tratado de Petrópolis. Nele ficava estabelecido que o Brasil deveria indenizar a Bolívia com 2 milhões de libras, além, é claro, de pagar uma multa de mil libras e 126 esterlinas ao The Bolivian Syndicate pela rompimento de contrato. Também, o nosso governo deveria construir a Estrada de Ferro Madeira- Mamoré para facilitar aos os bolivianos o acesso ao oceano Atlântico. Já o Brasil passaria a ser dono do Acre, de onde ganhamos muito dinheiro com a borracha. 06. Afonso Pena (1906-1909) Afonso Moreira Pena foi o primeiro presidente mineiro eleito pela Política do Café com Leite, sendo escolhido como vice-presidente o carioca Nilo Peçanha. Vale lembrar que antes ser presidente fora governador de Minas Gerais, quando deu início as obras de Belo Horizonte. Uma das criticas ao seu governo foi o jovem gabinete nomeado por esse presidente, que era chamado pelos seus rivais de jardim-de-infância. Na presidência desse mineiro foi posto em ação o Convênio de Taubaté, pois o governo vai efetivar a compra de café no intuito de valorizar esse produto. Outro destaque foi a criação da Caixa de Conversão, que possuía como intuito fomentar as exportações do café. Mas como isso poderia ser feito? O governo poderia fazer a desvalorização artificial de nossa moeda, o que estimularia setores internacionais a comprar mais o nosso produto, pois ele estaria mais barato. Para compensar as perdas por parte dos cafeicultores, o governo iria recompensá-los com empréstimos. Outra medida de grande valia desse presidente foi justamente o estimulo que ele deu à imigração, inclusive falando que para ele governar é povoar. Por isso mesmo em 1908, o Navio Kasato Maru, desembarcou no porto de Santos 168 famílias japonesa, cerca de 781 famílias. O ano de 1909 marcou tragicamente o Brasil devido a morte de Afonso Pena, sendo sucedido por Nilo Peçanha. 07. Nilo Peçanha (1909-1910) Nilo Peçanha representava um grupo de certa importância no cenário nacional, os produtos de café e de Prof. Adeíldo Oliveira 15

açúcar do Rio de Janeiro. Durante o seu governo o Brasil passou por uma forte crise política, pois ocorreu o rompimento momentâneo da Política do Café com Leite. Dessa forma, em 1910, a campanha presidencial foi marcada pela luta entre a farda e a toga, ou seja, entre o militar Hermes da Fonseca, apoiado por Minas Gerais, e o jurista Rui Barbosa, que foi apoiado por São Paulo. Vale destacar que Rui Barbosa lançou a Campanha Civilista, transitando parte considerável do território nacional, objetivando não apenas dificultar a vitória eleitora de Hermes da Fonseca, tentado fortalecer a ideia de que era inadequado um militar governar o país. Entretanto, a vitória foi do Marechal Hermes que obteve 400 mil votos, contra 200 mil de Rui Barbosa. Personagem de importância significativa do governo de Nilo Peçanha foi o Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, que fez expedições de reconhecimento, demarcação e exploração da região amazônica. Um dos seus grandes objetivos foi justamente a integração nacional a partir das comunicações, daí a implantação de postes telegráficos. Outro ponto de relevância foi a criação da Secretaria de Proteção ao Índio (SPI), que serviu de base para que fosse criada a futura FUNAI. 08. Hermes da Fonseca (1910-1914) Política das Salvações A Política das Salvações foi um conjunto de medidas implementadas pelo Governo no intuito de fragilizar as Oligarquias estaduais que fizeram oposição à sua campanha, apoiando Rui Barbosa. Assim, de salvação não tinha nada, de nobre só o nome, pois o intuito era colocar para governar os estados os grupos ligados ao presidente Hermes da Fonseca. A Revolta da Chibata (1910) Logo no início do Governo de Hermes da Fonseca, eclodiu a Revolta da Chibata, sendo destaque a liderança o marinheiro João Cândido, apelidado pelos companheiros como Almirante Negro. Entre as motivações para tal levante, destaque para os castigos físicos que sofriam, também a péssima alimentação, além dos baixos soldos e da ausência de um plano de carreira que realmente beneficiasse a meritocracia. Outro elemento de grande significação para o início da Revolta da Chibata foi justamente a mudança de mentalidade adquirida por alguns marinheiros, ou seja, ao terem um maior contato com os marujos ingleses (lembre-se que o Brasil comprou alguns navios que foram fabricados na Inglaterra), perceberam que a situação deles era bem melhor de que a dos brasileiros, e que os britânicos só conseguiram essa melhorias devido à organização deles. Dessa forma, no dia 24 de Novembro de 1910, quando iria começar a punição do marinheiro Marcelino Rodrigues Menezes, explodiu a revolta. João Cândido liderou a tomada dos navios Minas Gerais, São Paulo e Bahia, apontou os canhões para o Rio de Janeiro, e ameaçou bombardear a cidade caso o governo não quisesse negociar. Entre as reivindicações, destaque para o fim dos castigos físicos, da melhoria dos soldos, de um plano de carreira, de uma melhor alimentação e da anistia para os envolvidos. No Congresso Nacional, destaque para as manifestações de Rui Barbosa, que pressionou o governo de Hermes da Fonseca para que solucionasse o mais rápido possível tal Prof. Adeíldo Oliveira 16

problema. Assim, o Congresso Nacional aprovou a anistia aos rebeldes e o fim da chibata. O grande problema é que o acordo não foi cumprido pelo governo, sendo muitos marinheiros presos. Assim, não tardou para que ocorresse outra revolta, pois em Dezembro do mesmo ano um novo levante se fez, agora na ilha das cobras. Muitos foram os marinheiros presos, outros tantos foram mandados para a Amazônia. João Cândido, por exemplo, passou alguns anos na prisão, sendo depois liberto, sob alegação de que tinha enlouquecido. Entretanto, o próprio Almirante Negro afirmava que essa acusação era infundada, pois o que a marinha não queria era que ele denunciasse os culpados pelas mortes dos presos que estavam detidos na ilha das cobras no momento da 2ª Revolta da Chibata. Vale salientar que após o levante de Dezembro o governo resolveu fazer algumas melhorias na Marinha para que não ocorresse novas revoltas. Guerra do Contestado (PR/SC 1912-1916) Esse conflito ocorreu na fronteira entre Paraná e Santa Catarina. Várias foram as motivações para esse conflito, tais como: litígio entre Santa Catarina e Paraná por uma região de fronteira, a grande exclusão de grande parte da população camponesa, além dos interesses de companhias estrangeiras que ambicionavam ganhar muitos lucros naquela localidade, pois era muito rica em madeira. Como causa imediata dessa guerra foi a luta entre os habitantes dessa localidade contra a companhia a companhia norte-americana de Percival Farqhuar, a Brazil Railway Company, que utilizaria parte daquele território para a construção da ferrovia São Paulo-Rio Grande. Mas também vale destacar que os estados que reivindicam o território do contestado não viam com bons olhos a população que vivia nessa localidade, pois não geravam impostos. Também a Igreja possuía as suas críticas em relação à comunidade do Contestado, pois os considerava fanáticos, seja pelo messianismo dessa comunidade, ou pela forma que eram regidos pelo seu líder religioso, o beato José Maria, que foi morto no combate dos Campos de Irani. Mapa do Contestado No ano de 1914 o governo intensificou os ataques, e em 1915, o general Fernando Setembrino de Carvalho liderou um grupo de 8 mil soldados, que cercaram a área, tática similar a que foi feita em Canudos. Assim, os populares que combatiam o governo acabaram sendo vencidos pela fome e pela sede. Em 1916, o governo retomou a área e futuramente, no governo de Venceslau Brás, foi feita uma divisão da área, sendo entregue ao Paraná vinte mil quilômetros quadrados de área, e para Santa Catarina foi entregue vinte e oito mil quilômetros quadrados. E aos pobres? Alguns palmos de terras, mais precisamente, sete palmos, ou seja, uma cova bem rasa, como diria João Cabral de Melo Neto: Eis a parte que te cabe nesse latifúndio. Prof. Adeíldo Oliveira 17

09. Venceslau Brás (1914-1918) Venceslau Brás Pereira Gomes, através do Pacto de Ouro Fino, marca o restabelecimentos da Política do Café com Leite. O período de governo desse presidente foi por demais conturbado, haja vista a eclosão da 1ª Guerra Mundial (1914-1918). Economicamente, essa guerra afetou fortemente a nossa economia, pois as exportações de café foram diminuídas drasticamente, também passamos a ter sérias dificuldades para importar produtos industrializados, primeiro pelo fato de boa parte da indústria européia ter se voltado para guerra, e segundo, pelo fato do Brasil não poder gastar tanto dinheiro nesse momento que pouco estava vendendo. Dessa forma, Venceslau Brás adotou a política de substituição de importações, que consistia em tentarmos fabricar parte dos produtos industriais que necessitávamos. Entre 1915 e 1919 foram criados cinco mil novecentos e trinta e seis estabelecimentos industriais, destacando-se os setores têxteis, alimentício, de bebidas, de calçados e de vestuário. Mas, de onde vinha o capital investido na indústria? Vinha do acúmulo efetivado pelo setor cafeicultor nos anteriores a guerra. Outro fator de destaque foi o processo de crescimento da influência econômica estadunidense sobre o Brasil, haja vista a instalação de um grande número de empresas dessa nação em nossas terras. Esse processo foi continuado e ampliado no período posterior a à 1ª Guerra Mundial, pois eles passaram a ser um mercado muito importante para o nosso café. Outro ponto de relevo foi o crescimento da influência cultural estadunidense em nossas terras, inclusive dividindo, e posteriormente suplantando a influência francesa Outra questão econômica de relevo que ocorreu no governo de Venceslau Brás foi justamente o declínio do Ciclo da Borracha, que teve o seu esplendor entre 1900 e 1909, mas depois desse período passou a perder espaço para a Ásia, graças a biopirataria feita pelos ingleses, que retiraram a hevea brasilensis daqui e passaram a plantála naquela localidade. Período Brasil (t) Sudeste da Ásia (t) 1900-1904 146.758 4.572 1905-1909 184.076 23.876 1910-1914 187.141 193.040 1915-1919 156.52 1.046.480 1920-1924 100.463 1.761.236 1925-1929 111.649 3.144.012 Edgar Carone. In: A República Velha, Difel. Política Externa Marcou a Política Externa desse governo a participação do Brasil na 1ª Guerra Mundial, saindo da neutralidade em 1917. Vale ressaltar que o Brasil foi o único país da América do Sul a entrar nesse confronto. Antes da entrada do Brasil na guerra, as opiniões eram divididas em relação ao lado que deveríamos apoiar. De um lado os germanófilos, como Monteiro Lobato e Lima Barreto, já do outro os próaliados, como Rui Barbosa e Olavo Bilac. A razão imediata para a entrada do Brasil na Guerra foi justamente o ataque que os submarinos alemães Prof. Adeíldo Oliveira 18

fizeram aos navios brasileiros, sendo a declaração do estado de guerra contra a Alemanha ocorrido logo após o torpedeamento do vapor Macau, em outubro de 1917. O Brasil enviou oficiais aviadores que fizeram parte do 16º Grupo da RAF, além de enviar médicos e de forma a Divisão Naval de Operações de Guerra (DNOG). Ela deveria atuar conjuntamente com a força naval britânica, porém quando atracou em Dakar, a tripulação foi assolada por uma epidemia de gripe espanhola, que fragilizou parte considerável da tripulação, assim acabou por chegar atrasada na guerra, pois entrou em Gibraltar um dia antes do tratado que deu fim a Primeira Guerra. Movimento Operário Destaque para a Greve Geral de 1917, quando os operários de uma tecelagem de São Paulo pararam os trabalhos por não aceitarem o decreto dos donos que estabelecia a ampliação do trabalho noturno. Também havia uma forte contestação por causa da forma extremada de repressão que sofriam os operários, não raro ocorrer mortes. Dessa forma, ocorreu a morte de um jovem operário anarquista, sendo o seu enterro comparecido por mais de 10 mil pessoas, ocorrendo protestos que se prolongaram, provocando a paralisação de várias fábricas, também paralisando os transportes rodoviário e ferroviário. Vale destacar que muitos dos operários eram imigrantes, sendo que muitos eram anarquistas e/ou socialistas, entre as suas reivindicações constava: a redução da jornada de trabalho, melhores salários e a proibição do trabalho feminino noturno. Nas eleições de 1917 saiu vitorioso Rodrigues Alves, porém morreu devido a gripe espanhola, e o seu vice, Delfim Moreira, só poderia assumir provisoriamente, pois a Constituição estabelecia que o vice só poderia assumir de fato se tivesse passado dois anos de governo do presidente. Assim, tivemos novas eleições, de onde saiu vitorioso Epitácio Pessoa. 10. Epitácio Pessoa (1919-1922) Durante o governo de Epitácio Pessoa, foi ampliada a influência dos Estados Unidos, pois o dólar passou a ser o padrão internacional de conversão da nossa moeda. Outro ponto de destaque foi no que se refere o pedido de mais empréstimos por parte do governo para por em prática o que estava estabelecido pelo Convênio de Taubaté, mas também para combater o efeitos deletérios da seca nas terras nordestinas. Semana de Arte Moderna de 1922 Até as primeiras décadas do século XX, o modelo cultural a ser seguido no Brasil era o europeu, fundamentado nas idéias de civilização e progresso, bem como na corroboração da mentalidade eurocêntrica de que o branco do velho continente era superior as demais raças. Neste sentido, quando se pensava o Brasil, buscava-se negar o passado colonial e a herança negra e indígena. Aqui se encontra, no nosso entender particular, uma das mudanças essenciais promovidas pelos modernistas no pensamento da brasilidade. Pregando a crítica, a ruptura com os padrões tradicionais de arte e a criatividade, os modernistas passaram a defender a antropofagia da cultura externa e a sua, consequente, Prof. Adeíldo Oliveira 19

interpretação e transformação em algo que fosse tipicamente nacional. Ou seja, com os modernistas, a questão nacional vai passar a ser uma prioridade na construção de uma nação melhor e mais desenvolvida. O quadro de Tarsila do Amaral faz referência exatamente a essa antropofagia, pois quando buscamos a etimologia da palavra abaporu identificamos a artista em sua fase antropofágica. Abaporu: Tarsila do Amaral Tenentismo Os tenentes propunham a montagem de um projeto de governo alternativo em relação à República Velha, chegaram a realizar contestações diretas e armadas contra o governo oligárquico da época. Em 1922, ocorreu no rio de Janeiro o Levante dos 18 do Forte de Copacabana, primeira ação efetiva da jovem oficialidade contra a eleição de Artur Bernardes. Neste levante, algumas centenas de baixas patentes do exército tomaram o forte de Copacabana e enfrentaram o governo entre os dias 5 e 6 de julho de 1922. Porém, no dia seguinte apenas 18 continuaram com a luta e saíram em confronto com as forças federais, de onde só sobreviveram apenas dois, Siqueira Campos e Eduardo Gomes. O governo de Epitácio Pessoa decretou estado de sítio, que foi prolongado até a Subida de Artur Bernardes, em 1926. 11. Artur Bernardes (1922-1926) O governo de Artur Bernardes foi fortemente marcado por uma grave crise social, destaque para o movimento tenentista e para o movimento operário, sendo constante o presidente decretar estado de sítio, ou melhor, a maior parte do seu governo ocorreu sob estado de sítio, daí a frase de ele como presidente não passava de um chefe de policia. Novos levantes Tenentistas Em 1924, mais uma vez os tenentes pegaram em armas, dessa vez a partir de São Paulo e Rio Grande do Sul. Nesses dois estados formaram-se colunas militares contra o governo Bernardes, que se juntaram e originou a chamada coluna Miguel Costa-Luis Carlos Prestes, mais conhecida como Coluna Prestes, representada na foto acima, que percorreu o país pregando os ideais tenentistas e a derrubada do governo Bernardes. Apesar de não conseguirem o seu principal objetivo (derrubada de Artur Bernardes), os tenentes promoveram grandes conturbações no governo de Bernardes, obrigando-o a governar a maior parte do tempo sob estado de Sítio. O tenentismo, sem dúvida alguma, está inserido, de forma marcante, no contexto que favoreceu o golpe de 1930. Grande destaque em meio ao movimento tenentista se dá à Coluna Prestes (1925-1927) que possuía como comandante principal Miguel Costa, mas mesmo assim recebeu o nome de Coluna Prestes, devido à grande importância dele. Vale salientar que Luis Carlos Prestes só viria a se tornar comunista futuramente, no período pós-coluna. Esse movimento se tornou épico, pois percorreu uma longa marcha de 25.000 quilômetros pelo Prof. Adeíldo Oliveira 20

país, do Rio Grande ao sul do Maranhão. Seu objetivo era obter apoio de vários quartéis para fortalecer a marcha. Sem atingir o objetivo, seus membros, já cansados, refugiaram-se na Bolívia. Em 1926, o presidente, com o apoio do Congresso Nacional, realizou uma reforma na Constituição de 1891, cujo objetivo principal era fortalecer o poder Executivo. Principais destaques da reforma Regulamentação da expulsão de estrangeiros considerados nocivos à ordem sócio-política; Direito ao Executivo de vetar parcialmente os projetos do Legislativo; Ampliação dos limites de intervenção federal nos estados. 12. Washington Luís (1926-1930) Washington Luis foi o último presidente eleito pela Política do Café com Leite, sendo deposto no final do seu mandato. Durante sua permanecia no Palácio do Catete foi aprovada a Lei Celerada, que restringia a liberdade de imprensa. Outro ponto de bastante relevo foi a atenção que teve em relação à construção de estradas, inclusive tendo como lema: Governar é abrir estradas. Construiu as rodovias Rio-São Paulo e Rio-Petrópolis. A Crise de 1929 e A Revolução de 1930 O ano de 1929 foi marcado pela Crise de 1929 ou Quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque. Ocorreu a crise da superprodução, ou seja, ocorreu uma grande produção industrial, mas o mercado acabou por não adquirir o que foi produzido, assim muitas empresas fecharam as portas, ampliando o desemprego, e, consequentemente, diminuindo o mercado consumidor. Os efeitos dessa crise foram sentidos pela Europa, onde os Estados Unidos investiam capitais, além de toda a América do Sul, de uma forma geral, e do Brasil, de uma forma particular. Lembre-se que os estadunidenses eram grandes compradores do nosso café. O grande problema em 1929 é que o governo de Washington Luís não estava disposto a socorrer os cafeicultores como haviam feito governos passados. Naquele momento, Washington Luís estava realizando uma política de saneamento econômico no Brasil e, consequentemente, estava cortando gastos públicos e direcionando os investimentos para a construção de estradas, que era uma das principais metas de sua gestão. Ao negar ajuda aos cafeicultores, Washington Luís distanciava-se de uma das suas principais bases de apoio político. Para completar o quadro de equívocos políticos do então presidente, o governante ainda insistiu na indicação de um candidato paulista para a sucessão presidencial, Júlio Prestes, fato que rompia com o casamento político entre Minas e São Paulo e, por sua vez, como foi visto anteriormente e nos é indicado na segunda imagem, proporcionava um novo casamento forçado entre minas e o Rio Grande do Sul. Esse casamento, fez surgir, junto com os paraibanos, a Aliança Liberal, chapa de oposição nas eleições de 1930 e que lançou a candidatura do gaúcho Getúlio Vargas para presidente e do paraibano João Pessoa para vice. Assim, estava montado o quadro político e econômico que iria culminar no golpe de 1930. O movimento que ficou conhecido historicamente como Revolução de 1930, foi, na prática, um golpe de Estado articulado pela chamada Aliança Prof. Adeíldo Oliveira 21