A D V O C A C I A - G E R A L D A U N I Ã O P R O C U R A D O R I A - R E G I O N A L D A U N I Ã O N A 1 ª R E G I Ã O EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 9ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL PROCESSO Nº AUTOR RÉU 0041306-75.2014.4.01.3400/DF (Mandado de Segurança) HERON LUIS NEVES LEITE UNIÃO A UNIÃO, pelo Advogado da União abaixo assinado, na forma do art. 9, da Lei Complementar n 73/93, tendo em vista os termos do despacho de fls. 99, expor para ao final requerer. Trata-se de Ação Ordinária, em que o autor pretende que lhe sejam oferecidas aos candidatos que concluírem o Curso de Formação Profissional atualmente em andamento. tendo participado do CFP no ano de 2010. Alega estar sendo preterido, já que é candidato do concurso de 2009, A União foi intimada a se manifestar, especialmente a respeito da situação funcional do autor, se ao mesmo foi oportunizado participar de concurso de remoção. Cabe, agora, prestar alguns esclarecimentos. A segunda etapa no concurso para ingresso nas carreiras do Departamento de Polícia Federal consiste de Curso de Formação Profissional, de caráter eliminatório e classificatório, de responsabilidade da Academia Nacional de Polícia, a ser realizado na Academia Nacional de Polícia, em Brasília/DF. O autor, Heron Luis Neves Leite participou do concurso público regido pelo Edital n 14/2009-DGP/DPF, concorrendo ao cargo de Escrivão de Polícia Federal. O referido candidato obteve 86.00 pontos na prova objetiva (Edital nº 28/2009 DGP/DPF, de 05 de outubro de 2009) e 12.57 pontos na prova subjetiva (Edital nº 30/2009 DGP/DPF, de 13 de outubro de 2009), tendo sido convocado para participar das provas práticas.
Submetido às provas práticas, o candidato foi considerado apto no exame médico, no exame de aptidão física e na digitação, sendo considerado inapto na avaliação psicológica (Edital nº 39/2009 DGP/DPF, de 30 de novembro de 2009). Em cumprimento à decisão proferida no Agravo de Instrumento nº 3206-08.2010.4.01.0000 TRF/1ª Região, o candidato foi matriculado e concluiu o XXXVII Curso de Formação Profissional de Escrivão de Polícia Federal, conforme Portaria n 1.069/2010, de 25 de junho de 2010. Por simulação, o candidato estaria classificado entre a 37ª e 38ª posição. Foram convocados para matrícula no Curso de Formação Profissional de Escrivão de Polícia Federal os candidatos classificados até a 370ª posição. O autor foi nomeado para exercer o cargo efetivo de Escrivão de Polícia Federal, Terceira Classe, da Carreira Policial Federal por meio da PORTARIA No. 2.122, DE 9 DE OUTUBRO DE 2013, publicada no DOU no. 196, de 09.10.2013 Seção 2. Consoante a Portaria No. 2123, DE 9 DE OUTUBRO DE 2013, publicada no DOU no. 199, de 14.10.2013 Seção 2 (BS 200, anexo), HERON LUIS NEVES LEITE foi lotado em Cruzeiro do Sul/AC. Houve um concurso de remoção (na verdade ele ainda está em andamento, uma vez que ainda não foi finalizado com a publicação do seu resultado final). O referido concurso foi instituído pela PORTARIA No. 489/2014-DGP/DPF,24 DE MARÇO DE 2014, publicada no BOLETIM DE SERVIÇO No. 056, cuja cópia segue anexa. Consoante a PORTARIA No. 800/2014-DGP/DPF, DE 12 DE MAIO DE 2018 (BS 088, anexo), que divulgou a lista de pontuação e classificação preliminar do I Concurso de Remoções de 2014, HERON LUIS NEVES LEITE foi impedido de participar do concurso de remoção pois possuía menos de 1 (um) ano de efetivo exercício na unidade atual. Esse requisito é aplicável a todos os membros do Departamento de Polícia Federal, inclusive ao autor e aos candidatos egressos do último CFP, e por isso mesmo o autor não participou do mencionado XXXVII CFP. Há justificativa, funcional e normativa, plausível para sua não participação, inclusive prevista no Edital de Abertura do Concurso Público do qual o autor participou: 19 DA NOMEAÇÃO 19.1 A nomeação do candidato ao cargo fica condicionada:
a) ao atendimento dos requisitos básicos para a matrícula no Curso de Formação Profissional constantes do item 3 deste edital e da legislação vigente; b) à classificação do candidato, na primeira etapa, dentro do número de vagas oferecido neste edital e à aprovação na segunda etapa (Curso de Formação Profissional); c) à não eliminação na investigação social. 19.2 O candidato habilitado no Curso de Formação Profissional, dentro do número de vagas oferecido no presente edital, será nomeado, em caráter efetivo, para investidura na classe inicial da categoria funcional, conforme preceitua o artigo 13 do Decreto-Lei nº 2.320, de 26 de janeiro de 1987, modificado pelo Decreto-Lei nº 2.418, de 8 de março de 1988. O policial federal é regido pelas Leis nº 4.878, de 3 de dezembro de 1965, nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e suas alterações, e nº 9.266, de 15 de março de 1996, e pelo Decreto nº 59.310, de 27 de setembro de 1966. 19.3 O candidato nomeado permanecerá na Unidade onde for lotado pelo período mínimo de trinta e seis meses e cumprirá estágio probatório, nos termos do artigo 20 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e da Lei nº 4.878, de 3 de dezembro de 1965. Em suma, esse prazo, para o autor, ainda está em curso regra restritiva prevista no edital de seu concurso, e prevista em lei; regra essa que foi aplicada a todos os candidatos na mesma situação do autor. Há que se considerar, também, a situação do autor, indefinida perante o Poder Judiciário (situação sub judice), uma vez que não há trânsito em julgado no processo mencionado na petição inicial (AO 0061985-72.2009.4.01.3400). Ademais, neste mesmo ano de 2014, o autor ajuizou outra ação (AO 0024493-70.2014.4.01.3400, 7ª VF-DF), com pedido de participação em outro concurso de remoção, tendo seu pedido indeferido (decisão anexa). Judiciário. Assim, sua situação já foi analisada, e seu pleito rejeitado pelo Poder na presente ação. Presentes, assim, vedação normativa, editalícia, à pretensão veiculada autor. Por outro lado, cabe destacar eventuais efeitos de decisão favorável ao No caso de servidores da Polícia Federal, a situação torna-se ainda mais gravosa, pois invibiliza diretamente sua atuação institucional já que haverá um desfalque no local da lotação originária do autor, comprometendo diretamente a sociedade, uma vez que o fim precípuo da Polícia Federal é a segurança pública, bem este indispensável a uma sociedade politicamente organizada.
Pense-se o que é a remoção compulsória de novos servidores, que afetará diversos outros profissionais, que perderão suas vagas em virtude de uma decisão sumária e liminar, ainda passível de revisão ao final do processo. Neste sentido, mesmo que fossem possível a definição antecipada de todas as vagas, o exercício das atribuições constitucionalmente conferidas pelo Departamento de Polícia Federal ficaria extremamente afetado, podendo-se citar, entre outros, o combate à criminalidade e as funções de polícia marítima, aeroportuária, e de fronteiras. Consoante o art. 144 da Constituição vigente, a segurança pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio [...] E toda esta atividade, imposta pelo texto constitucional, vem sendo prejudicada sensivelmente, já que fica impossibilitada a administração, valendo-se da discricionariedade que é inerente a algumas de suas atividades, de cobrir deficiências de pessoal. Logo, imperioso reconhecer que o Administrador deve ter muito critério e cautela na política de disponibilização das vagas, a fim de que as regiões mais inóspitas do país não permaneçam com efetivo reduzido, sob pena de não se ver atendido o interesse público. Por seu turno, é flagrante o prejuízo ao interesse público, conforme acima delineado. E mais, a insegurança e incertezas que são levadas ao concurso público; de forma que, mesmo escolhida a vaga e tomado posse, pode, em um futuro até distante, ser modificada a lotação, em prejuízo dos novos nomeados e empossados, que não terão certeza do local onde ficarão lotados. Não há, no caso, qualquer afronta à ordem de classificação para efeitos de nomeação dos candidatos, uma vez que esta foi rigorosamente observada quando da oportunidade de escolha do local de exercício do cargo dentre as localidades disponíveis no momento da posse, não havendo que se confundir critérios de lotação com critérios de nomeação. Ademais, sendo discricionários os critérios para distribuição de vagas, segundo o interesse e conveniência da Administração, não há que falar em violação de direito subjetivo, até mesmo porque deve prevalecer o interesse público sobre o interesse particular. De fato, a Administração pode determinar critérios de lotação que atendam as áreas mais carentes de pessoal em um dado momento, máxime quando se trata de uma atividade altamente estratégica como a desempenhada pela Polícia Federal.
Assim, com as considerações acima, requer a União seja indeferido o pedido de tutela antecipada formulado pelo autor. Termos em que pede deferimento. Brasília, 13 de junho de 2014. MARCELO MOURA DA CONCEIÇÃO Advogado da União/PRU 1ª Região SIAPE 1553530