Ministério Público Eleitoral

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Transcrição:

Ministério Público Eleitoral O Ministério Público é uma instituição permanente, criada de forma direta pelo texto constitucional. Trata-se de uma instituição essencial à função jurisdicional do Estado, à qual foi atribuída a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. A Constituição Federal dividiu o Ministério Público em Ministério Público da União (MPU) e Ministério Público dos Estados. Curiosamente, o MPU foi subdividido em Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Militar e Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. Apesar de ser um órgão voltado à defesa do regime democrático, não se encontra, nessa subdivisão, a existência de um Ministério Público Eleitoral. A função eleitoral do Ministério Público, dada a sua extrema importância, não foi esquecida pelo constituinte nem pelo legislador, pois há referências a ele no art. 127 da Constituição Federal e no art. 72 da Lei Complementar nº 75/1993. Constituição Federal: Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Lei Complementar nº 75/1993: Art. 72. Compete ao Ministério Público Federal exercer, no que couber, junto à Justiça Eleitoral, as funções do Ministério Público, atuando em todas as fases e instâncias do processo eleitoral. 1

Parágrafo único. O Ministério Público Federal tem legitimação para propor, perante o juízo competente, as ações para declarar ou decretar a nulidade de negócios jurídicos ou atos da administração pública, infringentes de vedações legais destinadas a proteger a normalidade e a legitimidade das eleições, contra a influência do poder econômico ou o abuso do poder político ou administrativo. Em razão disso, pode-se afirmar que a função eleitoral do Ministério Público é exercida pelo Ministério Público Federal, atuando junto à Justiça Eleitoral, para defender o regime democrático, todas as fases e instâncias do processo eleitoral e a normalidade e legitimidade das eleições, como também para reprimir a influência do poder econômico e o abuso de poder político ou administrativo nas eleições. A função eleitoral permite ao Ministério Público: [...] dirigir a atividade do setor de fiscalização das fases do processo eleitoral (alistamento, votação, apuração e diplomação) obriga-o a atuar por dever de ofício e intervir na persecução criminal, nas lides decorrentes da propaganda eleitoral, partidária, no registro de candidatos e outras. 1 Portanto, os serviços eleitorais prestados pelo Ministério Público, na qualidade de instituição voltada para a defesa da democracia, são de grande importância a essa área do Direito. O Ministério Público, no exercício dessa função, não se desfigura em relação ao ponto de vista institucional, isto é, suas características, seus princípios, sua estrutura e organização não se alteram pelo simples fato de estarem atuando junto à Justiça 1 RAMAYANA, Marcos. Direito Eleitoral. 12. ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2011, p. 158. 2

Eleitoral. Em decorrência disso, ao Ministério Público Federal, no exercício das funções eleitorais, aplicam-se normalmente todas as regras do texto constitucional e das leis específicas. Atuam junto à Justiça Eleitoral o procurador-geral eleitoral, os procuradores regionais eleitorais e os promotores eleitorais. Para cada uma dessas categorias, há regulamentação específica sobre designação e destituição, que serão comentadas adiante. Não obstante, o art. 80 da Lei Complementar nº 75/1993 trouxe disposição aplicável a todos eles, no sentido de que: Art. 80. A filiação a partido político impede o exercício de funções eleitorais por membro do Ministério Público até dois anos do seu cancelamento., visando impedir que a atividade partidária, exercida particularmente por membro do Ministério Público, venha a influenciar o desempenho de suas funções como defensor do regime democrático. Procurador-geral eleitoral A função de procurador-geral eleitoral é obrigatoriamente exercida pelo procurador-geral da República, de acordo com o que determina o art. 73 da Lei Complementar nº 75/1993. Ele terá suas atividades exercidas diretamente nas causas de competência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Deve, o procurador-geral eleitoral, designar um viceprocurador-geral eleitoral, a ser escolhido entre os subprocuradoresgerais da República, para substituí-lo em seus impedimentos e para exercer o cargo em caso de vacância, até que haja o provimento definitivo do cargo. Em outras palavras, na falta do procurador-geral eleitoral, o vice não se titulariza no cargo, cabendo a ele apenas exercê-lo até que o procurador-geral eleitoral retorne ou até que se preencha novamente o cargo. 3

É facultado ao procurador-geral eleitoral que, por necessidade de serviço, venha a designar outros membros do Ministério Público Federal para, também, mediante sua aprovação, oficiarem perante o TSE. Finalmente, as legislações definem as competências do procurador-geral eleitoral, sendo que a Lei Complementar nº 75/1993 trata de aspectos administrativos do cargo, e o Código Eleitoral trata de aspectos funcionais sobre a área de atuação. Lei complementar nº 75/1993: Art. 75. Incumbe ao Procurador-Geral Eleitoral: I - designar o Procurador Regional Eleitoral em cada Estado e no Distrito Federal; II - acompanhar os procedimentos do Corregedor-Geral Eleitoral; III - dirimir conflitos de atribuições; IV - requisitar servidores da União e de suas autarquias, quando o exigir a necessidade do serviço, sem prejuízo dos direitos e vantagens inerentes ao exercício de seus cargos ou empregos. Código Eleitoral: Art. 24. Compete ao Procurador Geral, como Chefe do Ministério Público Eleitoral; I - assistir às sessões do Tribunal Superior e tomar parte nas discussões; II - exercer a ação pública e promovê-la até final, em todos os feitos de competência originária do Tribunal; III - oficiar em todos os recursos encaminhados ao Tribunal; IV - manifestar-se, por escrito ou oralmente, em todos os assuntos submetidos à deliberação do Tribunal, quando solicitada sua audiência por qualquer dos juízes, ou por iniciativa sua, se entender necessário; 4

V - defender a jurisdição do Tribunal; VI - representar ao Tribunal sobre a fiel observância das leis eleitorais, especialmente quanto à sua aplicação uniforme em todo o País; VII - requisitar diligências, certidões e esclarecimentos necessários ao desempenho de suas atribuições; VIII - expedir instruções aos órgãos do Ministério Público junto aos Tribunais Regionais; IX - acompanhar, quando solicitado, o Corregedor Geral, pessoalmente ou por intermédio de Procurador que designe, nas diligências a serem realizadas. Nesse contexto, percebe-se a preponderância do procuradorgeral eleitoral no cenário nacional quanto às funções eleitorais do Ministério Público, pois é a ele que cabe atuar perante a mais alta corte eleitoral do país e a designar os ocupantes dos cargos mais importantes para a atuação do Ministério Público junto à Justiça Eleitoral. Procurador regional eleitoral Em nível de estado da federação, a competência para atuar perante os tribunais regionais eleitorais (TRE) é do procurador regional eleitoral. Ele será designado diretamente pelo procuradorgeral eleitoral, de acordo com os critérios do art. 76 da LC nº 75/1993, que determina que a escolha recaia sobre os procuradores regionais da República ou, onde não houver, sobre os procuradores da República vitalícios. A Justiça Federal brasileira está dividida em cinco regiões, de forma que haja apenas cinco tribunais regionais federais (TRF) no país, com competência jurisdicional em mais de um estado da 5

federação. Esses tribunais estão sediados em algumas capitais (Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Recife). Apenas nesses locais, existe a figura dos procuradores regionais da República, que são os procuradores que atuam diretamente no TRF. Nos demais estados, diante da inexistência do TRF, haverá os procuradores da República que não atuam perante o tribunal. Por outro lado, a Justiça Eleitoral está dividida por estados da federação, ou seja, existem hoje 27 TRE, um em cada estado, todos com sede nas capitais. Dessa forma, tendo em vista a inexistência do Ministério Público Eleitoral, que é apenas uma função atribuída ao Ministério Público Federal, é necessário que se tomem de empréstimo os procuradores do MPF para exercer a função. Assim, por determinação da lei complementar, nos locais onde houver TRF, a indicação deverá recair sobre os membros que atuam perante esse tribunal (procuradores regionais da República) e, onde não houver TRF, a indicação deverá ocorrer sobre os procuradores da República vitalícios. O procurador-geral eleitoral também tem a liberdade de designar outros membros do MPF para atuar, por necessidade de serviço, no TRE, todos sob a coordenação do procurador regional eleitoral. O período de atuação nas funções eleitorais do procurador regional eleitoral será de dois anos, sendo possível apenas uma recondução. Existe, também, a possibilidade de destituição antes do término do mandato do procurador regional eleitoral, que deverá ser feita por iniciativa do procurador-geral eleitoral e por aprovação de maioria absoluta do Conselho Superior do Ministério Público Federal. 6

Promotor eleitoral Em âmbito local, as funções eleitorais do MPF serão exercidas pelo promotor eleitoral, que atuará perante os juízes e as juntas eleitorais. De acordo com a lei complementar, esses promotores são membros do Ministério Público local, indicados pelos procuradores regionais eleitorais. Um membro do Ministério Público Federal indicará membros do Ministério Público Estadual para atuar em uma função do Federal. São esferas políticas de níveis diferentes (União e estados). Em virtude disso, o promotor eleitoral não é subordinado, administrativamente, ao procurador regional eleitoral, mas apenas funcionalmente, conforme ensina José Jairo Gomes: Ao PRE incumbe exercer as funções do Ministério Público nas causas de competência do Tribunal Regional Eleitoral. Outrossim, dirige, no Estado, as atividades do Ministério Público Eleitoral (LC n. 75/93, art. 77). Assim, nesse particular, os Promotores Eleitorais encontram-se funcionalmente (não administrativamente!) subordinados a ele, e não ao Procurador-Geral de Justiça. 2 Portanto, a atividade eleitoral do Ministério Público em nível local é exercida pelo Ministério Público Federal com o auxílio do Ministério Público Estadual. 2 GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 10. ed. São Paulo: Atlas Jurídico, 2010, p. 76. 7