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Transcrição:

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SEED SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO SUED PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL PDE FOLHAS DO PROFESSOR PDE Identificação Área: Língua Portuguesa Título: Pensar é preciso, Existir inevitável. Conflito do ser humano? Professor (a) PDE: Carlos Henrique de Fresta dos Santos Orientador (a): Altair Pivovar IES: UFPR 1

A Declaração Universal dos Direitos Humanos assinada em 1948. Artigo I. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. Época triste a nossa em que é mais difícil quebrar um preconceito do que um átomo (Albert Einstein) Lei Nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 Art 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça cor, etnia, religião ou procedência nacional. Art. 20º Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça cor, etnia, religião ou procedência nacional. Pena: reclusão de um a três anos e multa. Pensar é preciso, Existir inevitável. Conflito do ser humano? No principio, Deus criou os céus e a terra... Então Deus disse: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mar. Sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos e sobre toda a terra e sobre os répteis que se arrastam sobre a terra. (Gen 1. 1-26) (Redação dada pela Lei Nº 9.459, de 15/05/97) Significado No poema E nas nuvens Cada qual descobre O que deseja ver Helena Kolody 2

Você gosta de poesia? E de música? De muitas não é mesmo? Nesta unidade vamos conhecer um pouco mais sobre poesia, estudar e debater, através dela e da música, muitos temas polêmicos e importantes em nossa sociedade, que acompanham a humanidade há muito tempo e são retratados ao longo da história também na pintura, fotografia... na arte de modo geral. Na verdade, a indistinção e até certo ponto a fusão conceitual entre poesia e canção tem uma longa história em nossa cultura literária. Foi exatamente nesse ponto de confluência que começou a tradição poética na língua portuguesa. As medievais cantigas de amor e de amigo, que inauguraram a poesia sentimental lusa, eram letras de composições musicais, como seus nomes bem indicam cantigas. Pois suas melodias perderam-se no tempo e as letras sobreviveram, viraram literatura pura, literatura de livro. Literatura é texto que se guarda. (Ítalo Moriconi) Muitas vezes gostamos de uma música não apenas pelo seu ritmo, mas pelo que ela nos diz e principalmente pela forma como nos diz e é justamente esse o foco do nosso trabalho. Os sentimentos, as emoções e a visão de mundo do autor (resultado das suas experiências pessoais) nos são transmitidos de uma forma muito particular e especial, o que chamamos de estilo pessoal do artista, através do uso incomum das palavras. Assim também é com a poesia. A letra da música Todo Camburão Tem um Pouco de Navio Negreiro, de Marcelo Yuka, nos leva à reflexão sobre a existência da discriminação racial em nosso país e no mundo, nos remetendo a uma poesia que é uma verdadeira obra-prima na luta contra a escravidão no Brasil do século XIX, O Navio Negreiro de Castro Alves. E concordemos ou não, ao ouvirmos a música, consciente ou inconscientemente somos levados a formar uma opinião sobre o assunto. Vamos ver qual é a sua? O Rappa - Todo Camburão Tem Um Pouco de Navio Negreiro Tudo começou quando a gente conversava Naquela esquina alí De frente àquela praça Veio os zomens E nos pararam Documento por favor Então a gente apresentou Mas não paravam 3

Qual é negão? Qual é negão? O que que tá pegando? Qual é negão? Qual é negão? É mole de ver Que em qualquer dura O tempo passa mais lento pro negão Quem segurava com força a chibata Agora usa farda Engatilha a macaca Escolhe sempre o primeiro Negro pra passar na revista Pra passar na revista Todo camburão tem um pouco de navio negreiro Todo camburão tem um pouco de navio negreiro É mole de ver Que para o negro Mesmo a AIDS possui hierarquia Na África a doença corre solta E a imprensa mundial Dispensa poucas linhas Comparado, comparado Ao que faz com qualquer Figurinha do cinema Comparado, comparado Ao que faz com qualquer Figurinha do cinema Ou das colunas socias Todo camburão tem um pouco de navio negreiro Todo camburão tem um pouco de navio negreiro *Esta é a parte que pode sair* Esta letra foi retirada do site www.letrasdemusicas.com.br ATIVIDADE VAMOS PENSAR UM POUCO? 1- O que é um camburão? Quais os elementos que aproximam um camburão de um navio negreiro? 2- Leia os versos abaixo: quem segurava com força a chibata agora usa farda Agora responda: -Quem segurava e para que servia a chibata? 4

-Nesses versos faz-se uma relação entre passado e presente no trato dos seres humanos, qual? Você concorda com a idéia do autor? 3- A imprensa mundial é criticada por dar mais atenção aos ricos e menos aos pobres. Você concorda? Por quê? Poderia dar um exemplo de algo que tenha lido em um jornal ou revista ou mesmo que tenha acontecido em seu bairro? 4-Em sua opinião como um problema como a AIDS na África pode ser importante para os brasileiros, Na América do Sul? 5- Os policiais usam a expressão documentos, por favor. para abordar as pessoas, porém elas não se sentem respeitadas na letra da música. Por quê? Isso ocorre na sua comunidade? 6- É possível dizer que as distâncias sociais são maiores e mais perversas que as diferenças raciais e vice-versa? 7- O que você faria...? Se você visse alguém sofrendo uma situação parecida com a relatada na letra da música? Se você fosse a vítima? 8 Agora é sua vez. Traga para a escola outras letras de músicas para apresentar para seus colegas. APROFUNDANDO NOSSOS CONHECIMENTOS Que tal fazermos uma pesquisa individual sobre os assuntos: discriminação racial, violência policial, desigualdade social e tirarmos dela as nossas próprias conclusões? Busque informações nos jornais, revistas, livros; colha histórias, depoimentos com seus pais, avós, vizinhos, amigos. Depois se reúna em grupo de três ou quatro participantes e monte um trabalho para ser apresentado oralmente para sua a turma. Elabore o exposto em forma de cartaz para toda a escola ver o resultado da sua pesquisa. É muito importante que seu trabalho seja ilustrado com imagens, poesias, letras de músicas, desenhos, colagens etc. Use sua imaginação. É imprescindível que você forme uma opinião concreta sobre o(s) tema(s) escolhido(s) pelos participantes do grupo, quem sabe até tenha de defendê-la perante outros grupos que não concordem durante a apresentação oral. Por isso é muito importante que o trabalho esteja muito bem preparado. Será muito interessante, não é mesmo? Então mãos a obra e bom trabalho! 5

DICAS IMPORTANTES Apresentação oral: É importante empregar um tom de voz audível a todos; É interessante a divisão da apresentação entre os participantes do grupo; O material deve estar bem organizado; Evitar fazer somente leitura para que a apresentação não fique monótona; A postura corporal é fundamental: não fique encostado na parede ou com um dos pés na parede; Cartaz: É muito apropriado usar o cartaz que será exposto durante a apresentação ORAL. Contudo é importante: 1. O tema deve estar claro; 2. Não se esqueça de organizar o material necessário: cartolina, jornais, revistas, canetas, lápis de cor, cola tesoura 3. Faça letras com uma boa visibilidade que possam ser lidas a uma boa distância; 4. As ilustrações devem estar organizadas de maneira harmônica e devidamente identificadas; 5. O texto escrito não pode conter em hipótese alguma erros ortográficos. faz referência? Você conhece o poema O Navio Negreiro de Castro Alves ao qual a música A seguir apresentaremos as três últimas partes do poema (IV, V e VI), porém é muito importante que você conheça o poema todo, que é composto de seis partes. Oh! bendito o que semeia Livros... livros à mão cheia... E manda o povo pensar! O livro caindo n'alma É gérmen - que faz a palma, É chuva - que faz o mar. Antes a opinião do poeta sobre a leitura, Vós, que o templo das idéias Largo - abris às multidões, Pra o batismo luminoso Das grandes revoluções, Agora que o trem de ferro Acorda o tigre no cerro E espanta os caboc'los nus, Fazei desse "rei dos ventos" - Ginete dos pensamentos, - Arauto da grande luz!... ( O livro e a América, fragmento Castro Alves Bonito, não é mesmo? Mais gente concorda... Veja que boa idéia essa de Caetano Veloso: 6

No CD Livro (1998) o baiano Caetano Veloso cria uma música para o poema O Navio Negreiro, de Castro Alves e canta-o em ritmo de Rap, juntamente com Maria Betânia. Sugiro, se houver oportunidade, ouvir esse grande cantor e compositor da MPB. Música: O Navio Negreiro (exceto) Caetano Veloso, CD O livro. É interessante vermos uma poesia tão antiga, de abril de 1868, musicada na atualidade e com tanta qualidade e muito bom gosto. Isso se deve ao fato de nós brasileiros sermos muito criativos. Muitas letras de músicas são verdadeiras poesias. E quem foi Castro Alves? Antonio Frederico de Castro Alves nasceu na Fazenda de Cabaceiras, município de Curralinho, Bahia, a 14 de março de 1847 e faleceu a 6 de julho de 1871. Um dos maiores poetas do Romantismo brasileiro tinha uma vocação especial para as causa sociais e como podemos perceber no poema O Navio Negreiro deu voz à massa escrava oprimida revelando seus dramas. Afinal que sentimento é esse que se cria dentro de mim, dentro de você, quando agente lê um poema de Fernando Pessoa ou de Calos Drummond de Andrade, por exemplo? Que artimanha é essa que a poesia tece dentro do nosso chamado coração e, despertando encanto consegue nos revelar uma vida mais nua, mais viva, cheia de detalhes deslumbrantes? Parece até que a poesia age como um fogo rápido que esquenta a frieza do dia-a-dia e desvenda fatos reais através de uma lente especial: a sensibilidade. (Fernando Paixão) Como vocês já devem ter percebido e vão confirmar Castro Alves também era um jovem mestre na arte de transformar sentimento em palavras. Trecho musicado do poema: I 'Stamos em pleno mar... IV Era um sonho dantesco... o tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho. O Navio Negreiro Castro Alves Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar de açoite... Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar... Negras mulheres, suspendendo às tetas Magras crianças, cujas bocas pretas 7

Rega o sangue das mães: Outras moças, mas nuas e espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs! E ri-se a orquestra irônica, estridente... E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais... Se o velho arqueja, se no chão resvala, Ouvem-se gritos... o chicote estala. E voam mais e mais... Presa nos elos de uma só cadeia, A multidão faminta cambaleia, E chora e dança ali! Um de raiva delira, outro enlouquece, Outro, que martírios embrutece, Cantando, geme e ri! No entanto o capitão manda a manobra, E após fitando o céu que se desdobra, Tão puro sobre o mar, Diz do fumo entre os densos nevoeiros: "Vibrai rijo o chicote, marinheiros! Fazei-os mais dançar!..." E ri-se a orquestra irônica, estridente... E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais... Qual um sonho dantesco as sombras voam!... Gritos, ais, maldições, preces ressoam! E ri-se Satanás!... V Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade Tanto horror perante os céus?! Ó mar, por que não apagas Co'a esponja de tuas vagas De teu manto este borrão?... Astros! noites! tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão! Quem são estes desgraçados Que não encontram em vós Mais que o rir calmo da turba Que excita a fúria do algoz? Quem são? Se a estrela se cala, Se a vaga à pressa resvala Como um cúmplice fugaz, Perante a noite confusa... Dize-o tu, severa Musa, Musa libérrima, audaz!... São os filhos do deserto, Onde a terra esposa a luz. Onde vive em campo aberto A tribo dos homens nus... São os guerreiros ousados Que com os tigres mosqueados Combatem na solidão. Ontem simples, fortes, bravos. Hoje míseros escravos, Sem luz, sem ar, sem razão... São mulheres desgraçadas, Como Agar o foi também. Que sedentas, alquebradas, De longe... bem longe vêm... Trazendo com tíbios passos, Filhos e algemas nos braços, N'alma lágrimas e fel... Como Agar sofrendo tanto, Que nem o leite de pranto Têm que dar para Ismael. Lá nas areias infindas, Das palmeiras no país, Nasceram crianças lindas, Viveram moças gentis... Passa um dia a caravana, Quando a virgem na cabana Cisma da noite nos véus...... Adeus, ó choça do monte,... Adeus, palmeiras da fonte!...... Adeus, amores... adeus!... Depois, o areal extenso... Depois, o oceano de pó. Depois no horizonte imenso Desertos... desertos só... E a fome, o cansaço, a sede... Ai! quanto infeliz que cede, E cai p'ra não mais s'erguer!... Vaga um lugar na cadeia, Mas o chacal sobre a areia Acha um corpo que roer. Ontem a Serra Leoa, A guerra, a caça ao leão, O sono dormido à toa Sob as tendas d'amplidão! Hoje... o porão negro, fundo, Infecto, apertado, imundo, Tendo a peste por jaguar... E o sono sempre cortado Pelo arranco de um finado, E o baque de um corpo ao mar... Ontem plena liberdade, A vontade por poder... Hoje... cúm'lo de maldade, Nem são livres p'ra morrer.. Prende-os a mesma corrente Férrea, lúgubre serpente Nas roscas da escravidão. E assim zombando da morte, Dança a lúgubre coorte Ao som do açoute... Irrisão!... Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus, Se eu deliro... ou se é verdade Tanto horror perante os céus?!... Ó mar, por que não apagas Co'a esponja de tuas vagas Do teu manto este borrão? Astros! noites! tempestades! Rolai das imensidades! 8

Varrei os mares, tufão!... VI Existe um povo que a bandeira empresta P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... E deixa-a transformar-se nessa festa Em manto impuro de bacante fria!... Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, Que impudente na gávea tripudia? Silêncio. Musa... chora, e chora tanto Que o pavilhão se lave no teu pranto!... Auriverde pendão de minha terra, Que a brisa do Brasil beija e balança, Estandarte que a luz do sol encerra E as promessas divinas da esperança... Tu que, da liberdade após a guerra, Foste hasteado dos heróis na lança Antes te houvessem roto na batalha, Que servires a um povo de mortalha!... Fatalidade atroz que a mente esmaga! Extingue nesta hora o brigue imundo O trilho que Colombo abriu nas vagas, Como um íris no pélago profundo! Mas é infâmia demais!... Da etérea plaga Levantai-vos, heróis do Novo Mundo! Andrada! arranca esse pendão dos ares! Colombo! fecha a porta dos teus mares! ATIVIDADE São evidentes as condições precárias de transporte dos escravos pela leitura do trecho do Navio Negreiro que foi musicado, como também é evidente a crítica a um comportamento social negativo por parte das autoridades policiais, da imprensa e da omissão das pessoas na música Todo Camburão Tem um Pouco de Navio Negreiro, d`o Rappa. Porém, na poesia você terá uma dimensão melhor deste triste fato histórico (a escravidão) e, se conhecê-la na integra, poderá entender melhor os múltiplos significados assumidos pela palavra camburão, a partir da sua comparação com o navio negreiro. Nela (a poesia) o poeta faz uma síntese em seis partes de toda trajetória do povo escravo: os horrores do tráfico, o martírio da chibata (também lembrada na música) e da privação da liberdade de uma raça que ganham aterradora vivacidade aos olhos do leitor. Castro Alves dá, através de seus versos, alma à massa escrava oprimida, expondo toda sua revolta e de todos os abolicionistas perante os donos de fazendas que importavam os negros da África. Vamos pensar um pouco 1- Como vimos, no poema era grande o sofrimento dos escravos, principalmente durante o transporte desumano, porém é possível determinarmos a distância entre continente Africano e o Brasil? E o tempo de viagem? E quantos escravos eram transportados ao mesmo tempo? 9

2- Castro Alves, assim como nós, nunca foi transportado nos porões de um navio negreiro, porém tirou suas conclusões. E você? A partir dos dados levantados pode concluir o quanto sofriam os negros transportados nos navios negreiros? E os efeitos da discriminação racial ou social? 3- Podemos deduzir por que os navios negreiros eram também conhecidos por navios tumbeiros? 4- Em seu livro O que é poesia Fernando Paixão coloca que: E como a matéria-prima do poeta é em primeiro lugar o sentimento, ele procura arranjar as palavras no poema do modo como seu sentimento exige, afim de transmitir toda sua experiência. Ao contrario da linguagem de uso prático, onde as palavras são empregadas a partir do significado comum a todas as pessoas, a característica marcante da poesia é a de recriar o significado da palavras, colocando-as num contexto diferente do normal. (Fernando Paixão) Você acha que Castro Alves conseguiu transformar seus sentimentos em relação à escravidão em palavras? Justifique sua resposta. 5 Colocando as palavras em um contexto diferente do normal, o poeta está explorando o valor conotativo das palavras, ou seja, o seu sentido figurado. Uma figura de linguagem muito explorada no poema é a metáfora. Vamos pesquisar um pouco mais sobre esse assunto? Localize uma metáfora que você acha importante. Justifique a sua escolha. Linguagem denotativa = quando a palavra é empregada em seu sentido real, comum, literal. É usada na linguagem cientifica, informativa, sem preocupação literária. Linguagem conotativa = quando a palavra assume um sentido figurado, poético. É muito usada na linguagem literária. Metáfora = é um recurso estilístico que consiste na mudança de significação de uma palavra determinada por uma relação de semelhança. Poesia: é a expressão dos sentimentos, das sensações e emoções do ser. Refere-se ao conteúdo. Poema: é a expressão em versos. Refere-se à forma Apesar da discriminação racial ser um problema que já deveria estar superado, principalmente em nosso país, ainda convivemos com ela cotidianamente. Porém 10

Muitos outros problemas sociais favorecem, tanto quanto, as diferenças sociais: o trabalho infantil, a prostituição infantil e, por que não citar também a adulta, a corrupção em todas as esferas públicas e, muitas vezes, em empresas privadas, a insegurança, por falta de policiamento adequado, falta de um atendimento digno de saúde pública e etc. Tudo isso evidencia que os menos favorecidos estão cada vez mais entregues à própria sorte. Basta lermos os jornais ou assistimos na televisão que nunca vão faltar noticias ruins ou muitas promessas mentirosas que dão ao povo falsas esperanças. Talvez os versos abaixo de O Navio Negreiro sejam tão atuais quanto a miséria de algumas pessoas e alguns povos. O que você pensa disso? Veja, também, mais essa poesia muito conhecida e sem dúvida muito polêmica no sentido de que assim como O Navio Negreiro é muito atual não só no Brasil, mas no mundo inteiro: E quem foi Manuel Bandeira? O Bicho Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem. ( Manuel Bandeira) Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade Tanto horror perante os céus? (Castro Alves O Navio Negreiro) Manuel Carneiro de Souza Bandeira nasceu no dia 19 de abril de 1886, na cidade do Recife e veio a falecer aos 82 anos no Rio de Janeiro, a 13 de outubro de 1968. 1- Certamente você desconhece o significado de algumas palavras no texto, vamos usar o dicionário e conhecê-las melhor? 2- Não é só a escravidão ou a discriminação que faz o ser humano parecer um bicho a FOME bem como outras carências de nossa sociedade já citadas ou estudadas tiram a 11

dignidade das pessoas e também nos fazem parecer bichos. Com base em tudo que foi trabalhado, debatido, estudado supere o desafio abaixo: Agora, descreva o seu Bicho : Vi ontem um bicho............... O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era gente. 3-Faça um desenho, uma pintura ou colagens do que é descrito no seu texto: Vamos entender mais um pouco sobre poetas e poesias através da visão dos próprios artistas: Os poemas Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam vôo como de um alçapão. Eles não têm pouso nem porto alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhoso espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti... Mário Quintana Autopsicografia O poeta é um fingidor. Finge tão completamenteque chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que lêem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm. E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama coração. Fernando Pessoa A partir dos poemas lidos e do que você já conhece, diga quais as características que diferenciam a poesia dos demais tipos de texto. 12

Pesquisando sobre Poesia O que você acha de realizar uma pesquisa sobre poesia? Forme um grupo de quatro ou cinco colegas; Tente lembrar-se de alguma poesia. Se não lembrar, pergunte a alguém de sua família se pode te ajudar procure nos livros da biblioteca de sua escola. Registre a pesquisa em folhas de papel sulfite. Depois que o trabalho estiver concluído, preparem uma apresentação para o professor e seus colegas. Nas atividades anteriores vimos que a poesia tem um modo especial de definir as coisas, os sentimentos, as emoções. É uma linguagem viva. Apresenta um modo especial de ver o mundo. Uma forma abstrata. Através de símbolos criados por nós mesmos. A poesia colore o mundo. E mais, explica o inexplicável. Existem diferentes tipos de poesia, veja alguns exemplos abaixo: Soneto: Conclusão Os impactos de amor não são poesia (tentaram ser: aspiração noturna). A memória infantil e o outono pobre vazam no verso de nossa urna diurna. Que é a poesia, o belo? Não é poesia, e o que não é poesia não tem fala. Nem o mistério em si nem velhos nomes poesia são: coxa, fúria, cabala. Então, desanimamos. Adeus, tudo! A mala pronta, o corpo desprendido, resta a alegria de estar só, e mudo. Haikai: Amar é um elo Entre o azul E o amarelo Paulo Leminski De que se formam nossos poemas? Onde? Que sonho envenenado lhes responde, Se o poeta é um ressentido, e o mais são nuvens? Carlos Drummond de Andrade Faça uma pesquisa sobre soneto e haikai. Contando quais as características de cada tipo de poema. 13

Vamos pensar um pouco A Novidade Gilberto Gil A novidade veio dar à praia, na qualidade rara de sereia Metade o busto de uma deusa Maia, metade um grande rabo de baleia A novidade era o máximo, do paradoxo estendido na areia Alguns a desejar seus beijos de deusa Alguns a desejar seu rabo pra ceia Ó mundo tão desigual, tudo é tão desigual, ô ô ô ô ô De um lado este carnaval, de outro a fome total, ô ô ô ô ô E a novidade que seria um sonho, o milagre risonho da sereia Virava um pesadelo tão medonho, ali naquela praia, ali na areia A novidade era a guerra entre o feliz poeta e o esfomeado Estraçalhando uma sereia bonita, despedaçando o sonho prá cada lado Ó mundo tão desigual, tudo é tão desigual, ô ô ô ô ô De um lado este carnaval, de outro a fome total, ô ô ô ô ô Comida Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Brito Bebida é água Comida é pasto Você tem sede de que? Você tem fome de que? A gente não quer só comida, A gente comida, diversão e arte A gente não quer só comida, A gente quer saída para qualquer parte, hum A gente não quer só comida, A gente quer bebida, diversão, balé A gente não quer só comida, A gente quer a vida como a vida quer A gente não quer só comida, A gente comida, diversão e arte A gente não quer só comida, A gente quer saída para qualquer parte A gente não quer só comida, A gente quer bebida, diversão, balé A gente não quer só comida, A gente quer a vida como a vida quer Bebida é água Comida é pasto Você tem sede de que? Você tem fome de que? Bebida é água Comida é pasto Você tem sede de que? Você tem fome de que? Questão A gente não sobre quer só relações comer, sociais A gente quer comer e quer fazer amor A gente não quer só comer, Vamos debater o assunto dos textos? A gente quer prazer pra aliviar a dor A gente não quer só dinheiro, A gente quer dinheiro e felicidade A gente não quer só dinheiro, A gente quer inteiro e não pela metade Bebida é água Comida é pasto Você tem sede de que? Você tem fome de que? A gente não quer só comer, A gente quer comer e quer fazer amor A gente não quer só comer, A gente quer prazer pra aliviar a dor A gente não quer só dinheiro, A gente quer dinheiro e felicidade A gente não quer só dinheiro, A gente quer inteiro e não pela metade Desejo, Necessidade e vontade Necessidade e desejo Necessidade e vontade Necessidade e desejo Necessidade e vontade Necessidade 14

1-Você concorda com o poeta quando ele diz que o mundo é tão desigual? Em sua opinião a quais desigualdades ele se refere? 2-O poeta afirma a gente não quer só comida. E você, o que quer? 3-O que falta para as pessoas terem uma igualdade de condições? Oficina de Poesia Vamos fazer um acróstico? Mas o que é um acróstico? Acróstico é o nome que se dá a uma composição poética cujas letras iniciais dos versos lidas verticalmente, geralmente de cima para baixo formam uma palavra. Falta Opção Melhor que a Esperança Agora é sua vez Mas antes ouça o conselho dos poetas Eu escrevo muitas vezes cada poema. faço varias vezes à mão, depois passo à máquina, depois ainda faço correções à mão até chegar a versão final. João Cabral de Melo neto É preciso escrever um poema Varias vezes para que dê a impressão de que foi escrito pela primeira vez Mario Quintana Faça um acróstico escolhendo uma palavra que retrate um problema social da sua comunidade. Não esqueça os conselhos dos grandes poetas. 15

Referências Bibliográficas ALVES, C. Espumas flutuantes. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997. ANDRADE, C. D. O melhor da poesia brsileira. Rio de Janeiro: Jose Olimpio, 2005 BANDEIRA, M. Estrela da Vida Inteira. Rio de Janeiro: Jose Olimpio, 2005 KOLODY, H. Sinfonia da vida. Paraná. Org. Tereza Hatue de Rezende: Pólo Editorial do Paraná, 1997. KLEIMAN. A. Literatura: ensino e pesquisa: Campinas, São Paulo: Pontes, 2ª Edição, 2001 LAJOLO, M. O que é Literatura? Coleção primeiros passos. São Paulo, Editora Brasiliense: 1982. LEMINSKI, P. Melhores Poemas de Paulo Leminski, seleção Fred Góes, Álvaro Martins. São Paulo: Gaia, 2006 MORICONE, Í. Como e porque ler a poesia do século XX. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002. PAIXÃO, F. O que é poesia? Coleção primeiros passos. São Pulo: Brasiliense: 1991. PESSOA, F. QUINTANA, M.M. Esconderijos do Tempo. Porto Alegre: L&PM, 1980 SECRETARIA DE EDUCAÇAO PARANÁ/SUED. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para Educação Básica do Estado do Paraná, 2006. 16