Fundamentos sobre o funcionamento e projeto de aeronaves.

Documentos relacionados
Introdução ao Projeto de Aeronaves. Aula 34 Cálculo Estrutural da Fuselagem

Introdução ao Projeto de Aeronaves. Aula 9 Análise Aerodinâmica da Asa

AERONAVES E SUAS PARTES

Introdução ao Projeto de Aeronaves. Aula 5 Fundamentos Básicos sobre o Funcionamento de uma Aeronave

Introdução ao Projeto de Aeronaves. Aula 29 Diagrama v-n de Manobra e de Rajada

Introdução ao Projeto de Aeronaves. Aula 30 Cargas Atuantes nas Asas, na Empenagem, na Fuselagem e no Trem de Pouso

Introdução. Introdução

TEORIA DE VOO. Vinícius Roggério da Rocha. MonolitoNimbus.com.br/ComissarioNerd

Introdução ao Projeto de Aeronaves. Aula 5 Fundamentos Básicos sobre o Funcionamento de uma Aeronave

Aumentam consideravelmente o coeficiente de sustentação de um aerofólio Slots. Flapes

1 05 Voo o Ho H r o i r z i o z n o t n al, l, Voo o Pla l na n do, o, Voo o As A cend n ent n e Prof. Diego Pablo

Introdução ao Projeto de Aeronaves. Aula 17 Diagrama v-n de Manobra, Vôo em Curva e Envelope de Vôo

PROJETO DE AERONAVES Uma abordagem teórica sobre os conceitos de aerodinâmica, desempenho e estabilidade Prof. MSc. Luiz Eduardo Miranda J.

OBJETIVO DO CURSO. Adquirir os devidos conhecimentos técnicos de aeronaves com o objetivo de obter a aprovação na banca do

Mecânica dos Fluidos Aplicado MFA - AULA 07 Arrasto e Sustentação

1 03 Ge G om o etr t i r a i do o A v A iã i o, o, Fo F r o ç r as A e A ro r d o in i â n mic i as Prof. Diego Pablo

Equilíbrio de um corpo rígido

Introdução ao Projeto de Aeronaves. Aula 12 Empenagem, Polar de Arrasto e Aerodinâmica de Biplanos

Introdução ao Projeto de Aeronaves. Aula 28 Introdução ao Estudo de Cargas nas Aeronaves

Turbina eólica: conceitos

Introdução ao Projeto de Aeronaves. Aula 1 Apresentação do Curso e dos Conteúdos

Fundamentos da Engenharia Aeronáutica - Aplicações ao Projeto SAE-AeroDesign. Figura Vista do vôo do 14-Bis em Paris.

Mecânica Geral. Aula 04 Carregamento, Vínculo e Momento de uma força

Introdução ao Projeto de Aeronaves. Aula 33 Cálculo Estrutural da Asa e da Empenagem

Introdução ao Controle Automático de Aeronaves

Palavras-chave Desempenho, Decolagem, AeroDesign.

TEORIA DE VOO E AERODINÂMICA MÓDULO 2. Aula 2.

TEORIA DE VOO E AERODINÂMICA MÓDULO 2

Aula 2 Conhecimentos Técnicos sobre Aviões

MINISTÉRIO DA AERONÁUTICA DEPARTAMENTO DE PESQUISAS E DESENVOLVIMENTO CENTRO TÉCNICO AEROESPACIAL EA

Universidade Federal de Juiz de Fora. Faculdade de Engenharia. Manual de Orientações Básicas

Introdução ao Projeto de Aeronaves. Aula 35 Configurações e Projeto do Trem de Pouso

CÁLCULO PRELIMINAR DE CARGAS E ESTRUTURAS

ESTRADAS E AEROPORTOS. Prof. Vinícius C. Patrizzi

Características das Figuras Geométricas Espaciais

Centro de gravidade de um corpo é o ponto onde podemos supor que seu peso esteja aplicado.

3 Modelo Cinemático do Veículo

Projeto Estrutural de um Trem de Pouso para uma Aeronave Rádio- Controlada

NBR 10126/87 CORTE TOTAL LONGITUDINAL E TRANSVERSAL

Aula 09 Análise Estrutural - Treliça Capítulo 6 R. C. Hibbeler 10ª Edição Editora Pearson -

I TORNEIO CIENTÍFICO PONTES DE MACARRÃO

Mecânica Geral. Aula 05 - Equilíbrio e Reação de Apoio

XXVII CPRA LISTA DE EXERCÍCIOS FÍSICA (CINEMÁTICA)

Vigas. Viga simplesmente apoiada 12/3/2010

Em 1932, Santos Dumont morre desiludido com seu invento, pela sua utilização na primeira guerra mundial.

Escalas ESCALAS COTAGEM

CAPÍTULO 13 AERODINÂMICA

CINEMÁTICA DO PONTO MATERIAL

PROJETO ESTRUTURAL DE UM AEROMODELO NOS REQUISITOS DA COMPETIÇÃO SAE BRASIL AERODESIGN CLASSE REGULAR

FÍSICA - 1 o ANO MÓDULO 27 TRABALHO, POTÊNCIA E ENERGIA REVISÃO

LISTA DE EXERCÍCIOS MECÂNICA DOS SÓLIDOS I

CÓDIGO: DC 1.2/14 REVISÃO: 01 PÁGINA: 1 de 5

Análise Aerodinâmica Parametrizada Para Aviões de Pequeno Porte

Metrologia Professor: Leonardo Leódido

Lista de exercícios nº 3

CIÊNCIAS PROVA 1º BIMESTRE 6º ANO PROJETO CIENTISTAS DO AMANHÃ

AULA 26 PROCESSO DE FURAÇÃO: ESFORÇOS DE CORTE & AVANÇO MÁXIMO PERMISSÍVEL

Física II Ondas, Fluidos e Termodinâmica USP Prof. Antônio Roque Aula 14

Estrada de Rodagem Superlargura e superelevação

Desenvolvimento de Veículos Autônomos em Escala. Identificação de Parâmetros e Calibração dos Modelos dos Sistemas de Propulsão, Frenagem e Direção

ANÁLISE DOS SISTEMAS ESTRUTURAIS PRESENTES NO CENTRO DE CONVIVÊNCIA INFANTIL DA UNESP DE PRESIDENTE PRUDENTE

ANALISE DE FALHAS EM CADEIRAS ESCOLARES

Conjuntos mecânicos II

MANUAL DE INSTALAÇÃO DA CORTINA DE AR INTERNATIONAL

Licença de uso exclusiva para Petrobrás S.A. Licença de uso exclusiva para Petrobrás S.A.

Steel Cord. Introdução

r o d e s e m p r e. r o d e c o m a v o l v o.

3- ANGULO DE INCIDENCIA É O ANGULO FORMADO ENTRE O EIXO O Velocímetro utiliza as Pressões Estática e Total para LONGITUDINAL o seu funcionamento

Utilização de Veículo Aéreo Não Tripulado - VANT para monitoramento de linhas de transmissão

Acre. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1 o e 3 o quartis nos municípios do estado do Acre (1991, 2000 e 2010)

PROTENSÃO AULA 2 PONTES DE CONCRETO ARMADO

Aula 11 Conhecimentos Técnicos sobre Aviões

CONHECIMENTOS TÉCNICOS DE AERONAVES MÓDULO 1

Capítulo 6 ESCALAS E DIMENSIONAMENTO

CAIXAS ACÚSTICAS OU SONOFLETORES

Resumo: Estudo do Comportamento das Funções. 1º - Explicitar o domínio da função estudada

1) O que é Não-Linearidade?

UNESP DESENHO TÉCNICO: Fundamentos Teóricos e Introdução ao CAD. Parte 6/5: Prof. Víctor O. Gamarra Rosado

v = velocidade média, m/s; a = aceleração média do corpo, m/s 2 ;

REGULAMENTO ESPECIFICO DE GINÁSTICA RÍTMICA

Análise de Projetos: BALANÇAS

TÍTULO: MODELAGEM E RESOLUÇÃO DE UM PROBLEMA PRÁTICO DE ENGENHARIA CIVIL ATRAVÉS DA OTIMIZAÇÃO

ELEMENTOS BÁSICOS PARA O PROJETO DE UMA ESTRADA

Representação de rugosidade

Programa da cadeira Física I Cursos: Matemática, Engenharia Informática, Engenharia de Telecomunicações e Redes

Cinesiologia 19/4/2011. Classificação planar da posição e dos movimentos. Cinemática: Ciência do movimento dos corpos no espaço. Prof.

Classe F3-PCR-3A. Regulamento

Interdisciplinar II Módulo CST: GESCOM

Escolha do Perfil e da Geometria

Aula 14 Conhecimentos Técnicos sobre Aviões

Suponha que a velocidade de propagação v de uma onda sonora dependa somente da pressão P e da massa específica do meio µ, de acordo com a expressão:

ESTRUTURAS DE MADEIRA

L U M E A R Q U I T E T U R A

Introdução ao Projeto de Aeronaves. Aula 10 Características do Estol e Utilização de Flapes na Aeronave

Características Técnicas para Projeto

MECÂNICA - DINÂMICA APLICAÇÃO DAS LEIS DE NEWTON BLOCOS

Escolha do Perfil e da Geometria

Laboratório de Robótica XT95

A Derivada. 1.0 Conceitos. 2.0 Técnicas de Diferenciação. 2.1 Técnicas Básicas. Derivada de f em relação a x:

Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional Identificação: PROSHISET 03. Procedimento para GCR (Guarda Corpo e Rodapé)

Transcrição:

1 Fundamentos sobre o funcionamento e projeto de aeronaves. Gabriel Buglia Aluno de Gestão da Produção Industrial Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo Campus Salto gabriel_buglia@hotmail.com Resumo O presente artigo possui como objetivo apresentar os fundamentos básicos sobre o projeto de uma aeronave para a competição Aerodesign. Em um projeto conceitual, devem ser utilizadas diversas técnicas relacionadas à criatividade para auxiliar no desenvolvimento de idéias que surgiram em fases anteriores e novos conceitos. Podem ser realizados muitos rascunhos e esboços com ou sem elementos inovadores. No entanto, uma coerência com a estratégia precisa ser enfatizada. Palavras-chave Projeto Aeronáutico, Projeto Conceitual, AeroDesign. 1 Introdução O Projeto conceitual é uma fase importante do processo de produção onde são desenvolvidas as primeiras idéias concretas em busca da criação de uma aeronave adequada às necessidades do projeto preliminar. Objetivos devem estar de acordo com a estratégia, restrições e oportunidades que devem ser definidos levando em consideração novas tecnologias e necessidades da competição. Estes objetivos podem ser reformulados conforme a realidade e podem exigir mudanças de postura com novos problemas e ampliações ou retrações do mercado. Certos limites definidos durante a fase de planejamento devem ser avaliados no projeto conceitual para estudar a viabilidade de aplicação na aeronave. Nesta fase começam a ser desenvolvidos os aspectos formais e funcionais da aeronave que devem estar de acordo com o benefício básico. 2 Projeto Conceitual Os conceitos e definições presentes nesse artigo são destinados a aplicação de qualquer aeronave, porém há ênfase maior na competição SAEAerodesign. A analise minuciosa do regulamento da competição é de extrema necessidade para o conhecimento das restrições iniciais, como dimensões máximas e mínimas da aeronave e do compartimento de carga, exigências do regulamento, entre outros aspectos. Figura 1 Exemplo de Dimensões de uma Aeronave. A partir da leitura e verificando todas as restrições do projeto, inicia-se desenvolvimento de idéias e a realização de esboços preliminares, nessa fase não é obrigatório o uso de cálculos específicos, já que será apenas definida uma possível configuração para o projeto.

2 3- Conceitos A equipe a realizar um projeto deve estar ciente das definições e componentes principais do projeto. Como mencionado anteriormente, o presente artigo é direcionado a criação de uma aeronave para a competição SAEAerodesign. A primeira definição a ser conhecida é sobre o produto que está sendo estudado. Avião é definido como uma aeronave de asas fixas, mais pesado que o ar, movido por propulsão mecânica, que é mantido em vôo devido à reação dinâmica do ar que se escoa através de suas asas. Existem vários tipos de modelos de aviões, porém a maioria apresenta componentes básicos, a saber: fuselagem, asas, uma empenagem, trem de pouso, e grupo de moto-propulsor. As características operacionais e dimensões são determinadas a partir do objetivo desejado no projeto. Figura 2 Componentes Básicos de uma Aeronave. 3.1 Trem de Pouso O trem de pouso, ou trem de aterragem, é o principal integrante do sistema de pouso de um avião. Suas funções principais são apoiar o avião no solo e manobra-lo durante os processos de taxiamento, decolagem e pouso. O trem de pouso pode ser classificado basicamente em duas categorias: trem de pouso convencional ou triciclo, de acordo com a posição das rodas. Figura 3 Trem de pouso triciclo. Figura 4 Trem de pouso convencional. O trem de pouso convencional (Figura 4) é formado por um trem de pouso principal e geralmente uma bequilha ao fim da cauda. O trem de pouso triciclo (Figura 3) é formado por duas rodas principais e uma roda frontal. Nas ultimas edições do SAE- AeroDesign a maioria das aeronaves apresentaram trem de pouso triciclo pela melhora do controle e da estabilidade da aeronave no solo, além da melhora no desempenho de decolagem. 3.2 Fuselagem A fuselagem é a camada de proteção exterior da aeronave. Ela ainda inclui a cabine de comando, o compartimento de carga e os vínculos de fixação para outros componentes da aeronave. Pode ser construída basicamente de três formas diferentes: treliçada, monocoque ou semi-monocoque. Para o AeroDesign o tipo mais comum de fuselagem é a treliçada, que é uma estrutura em forma de treliça cuja resistência é obtida através da junção de barras conforme pode ser observado na Figura 5.

3 Figura 5 Fuselagem Treliçada. 3.3 Empenagem Estabilizar e controlar o avião em vôo são as principais funções da empenagem. É dividida em superfície vertical e superfície horizontal. Esta é formada pelo estabilizador horizontal (fixo) e pelo profundor (móvel). Ela é responsável pela estabilidade e controle longitudinal da aeronave, ou seja, pelos movimentos de afagem (levantar e abaixar o nariz) da aeronave. A superfície vertical é formada pelo estabilizador vertical (fixo) e pelo leme de direção (móvel). É responsável pelo controle e estabilidade direcional da aeronave, ou seja, pelos movimentos de guinada (deslocamento do nariz para esquerda ou direita) da aeronave. O posicionamento correto da empenagem é de extrema importância para o controle e estabilidade da aeronave. Os critérios analisados devem ser de estabilidade, controle, peso e balanceamento da aeronave. Figura 6 Modelo de empenagem. 3.4 Grupo moto-propulsor O grupo moto-propulsor é formado pelo motor e pela hélice. A função do motor é proporcionar potência necessária para fazer com que a hélice se movimente. Uma vez que a hélice esta em movimento, sua função é proporcionar tração para impulsionar a aeronave. De acordo com o número de motores existentes na aeronave, elas podem ser classificadas em monomotores, bimotores e multimotores. Os componentes necessários para a montagem do grupo moto-propulsor são o motor, a hélice, o spinner e a parede de fogo. Como o motor é padronizado para todas as equipes no AeroDesign, a análise para a escolha da hélice é fundamental. A escolha deve ser por aquela que apresentar maior tração disponível. Figura 7 Grupo moto-propulsor 3.5 Asa As asas são componentes fundamentais da aeronave para a sustentação em vôo. São unidas a cada lado da fuselagem e apresentam diversos projetos, tamanhos e formas a fim de atender o desempenho desejado para cada projeto. Em relação ao posicionamento na fuselagem pode ser classificado em alta, média e baixa. Pode ser classificada também em relação ao número de asas, com apenas um par de asas são classificados em monoplano, já com dois pares de asas são

4 classificados em biplanos, como mostram as Figuras 8 e 9. Figura 8 Monoplano 3.5.2 Formas Geométricas da Asa Os formatos mais comuns para o AeroDesign são as asas retangulares, as asas trapezoidais e as asas elípticas. As asas retangulares têm baixa eficiência aerodinâmica, porém são de fácil construção e menor custo de fabricação. As asas trapezoidais têm ótima eficiência aerodinâmica, porém sua fabricação se torna mais difícil, uma vez que cada nervura possui um tamanho diferente. As asas elípticas representam a melhor asa, pois é ela que apresenta maior eficiência aerodinâmica, contudo sua fabricação e seu custo são mais elevados que os outros tipos de asas. 3.5.3 Nomenclatura do perfil e da asa Figura 9 - Biplano 3.5.1 Estrutura da asa Os principais elementos de uma asa são as nervuras, a longarina e o bordo de ataque e bordo de fuga. As nervuras dão a forma aerodinâmica da asa e transmitem os esforços do revestimentos para a longarina. A longarina é o principal componente da asa, pois é ela que é dimensionada para suportar os esforços de cisalhamento, flexão e torção. O bordo de ataque e o bordo de fuga representam a parte dianteira e a parte traseira da asa. Figura 10 Componentes da Asa Figura 11 Perfis. Extradorso: representa a parte superior do perfil; Intradorso: representa a parte inferior do perfil; Corda: é a linha reta que une o bordo de ataque ao bordo de fuga do perfil aerodinâmico;

5 Envergadura: representa a distância entre a ponta das asas; Área da asa: representa toda a área em planta, inclusive a porção compreendida pela fuselagem. Esta análise feita no tópico 3, mostra de forma simples e objetiva os principais tipos e características geométricas das asas. Uma análise maior deve ser feita na aerodinâmica, cujas análises qualitativas e quantitativas sobre o desempenho dos perfis aerodinâmicos e das asas de envergadura finita são analisados. 4.2.1 Aileron Os ailerons são estruturas moveis localizados no bordo de fuga e nas extremidades da asa. Seu principio de comando é quando um comando é aplicado para a direita, por exemplo, o aileron localizado na asa direita é defletido para cima e o aileron da asa esquerda é defletido para baixo fazendo com que a aeronave execute uma manobra de rolamento para a direita, e vice-versa. 4 - Movimento e Direção de uma aeronave Para entender todos os referenciais de movimento e direção de uma aeronave são necessários estabelecer um sistema de coordenadas cartesianas tridimensional. Os três eixos das coordenadas se interceptam no centróide formando ângulos de 90º entre si. 4.1 Movimentos da Aeronave Durante o vôo uma aeronave pode realizar seis tipos de movimento em relação aos três eixos de referência. Os movimentos lineares ou de translação são os seguintes: para frente e para trás ao longo do eixo longitudinal, para a esquerda e para a direita ao longo do eixo lateral e para cima e para baixo ao longo do eixo vertical. Os outros três movimentos são os movimentos de rolamento, movimentos de arfagem e movimentos de guinada. Figura 13 Deflexão dos Ailerons. 4.2.2 Profundor Já o profundor, é responsável por baixar ou subir o nariz da aeronave. Quando deseja-se que o nariz do avião levante, o bordo de fuga do profundor se deflete para cima. Quando se quer abaixar o nariz da aeronave, o bordo de fuga do profundor se deflete para baixo, como mostrado na Figura 14. 4.2 Superfícies de controle Existem três superfícies de controle nas aeronaves, são elas: os ailerons, o profundor e o leme de direção. Figura 12 - Superfícies de Controle. Figura 14 - Deflexão do Profundor. 4.2.3 Leme de Direção É o leme de direção que controla o movimento em torno do eixo vertical. Quando um comando é aplicado para a

6 direita, por exemplo, o leme se deflete para a direita o nariz da mesma se desloca no mesmo sentido do comando aplicado, ou seja, para a direita e vice-versa. Figura 15 - Deflexão do Leme de Direção. 4.2.4 Flaps Os flaps, localizados no bordo de fuga da asa, são acionados para baixo com a função de aumentar a área de superfície da asa. Os flaps aumentam a sustentação e o arrasto, diminuindo a velocidade. Estas superfícies são normalmente usadas em baixa velocidade, originando o chamado vôo reduzido ou nos procedimento de aproximação e pouso. 5 Forças que atuam em um aeronave em vôo reto e nivelado com velocidade constante. Para a condição de vôo reto e nivelado, quatro forças são atuantes em uma aeronave: a força de sustentação (L), a força de arrasto (D), a força de tração originada pela hélice (T) e o peso do avião (W) Figura 16 Forças atuantes em uma aeronave em vôo reto e nivelado com velocidade constante. A força de sustentação (L) representa a maior qualidade da aeronave e é a responsável por garantir o vôo. Esta força é originada pela diferença de pressão existente entre o intradorso e o extradorso da asa. A força de arrasto (D) se opõe ao movimento da aeronave. O maior desafio do projetista é reduzir o quanto possível essa força como forma de se melhorar a eficiência aerodinâmica da aeronave. A força de tração (T) é oriunda da hélice. Uma escolha adequada para a hélice pode propiciar um aumento significativo da tração disponível. A escolha da hélice para o projeto SAEAerodesign é de extrema importância, já que o motor é padronizado para todas as equipes. A finalidade principal da força de tração é vencer a força de arrasto. O peso (W) representa uma força gravitacional direcionada verticalmente para baixo. No caso de uma aeronave, a única forma de se obter o vôo é garantir uma força de sustentação igual ou maior que o peso. 6 Conclusão É importante ressaltar que no artigo apenas foram apresentados alguns modelos mais comuns utilizados em aeronaves de pequeno porte, com a dedicação em outras fontes de pesquisa é possível obter idéias para o desenvolvimento da aeronave. No caso do projeto de uma aeronave para a competição AeroDesign, a equipe deve se atentar nos seguintes pontos: a) Escolha da configuração da aeronave; b) Escolha do modelo a ser empregado na construção da fuselagem; c) Determinação da forma geométrica da asa e suas dimensões principais; d) Selecionar a posição da asa em relação à fuselagem e o número de asas; e) Escolher o tipo de trem de pouso a ser utilizado; f) Selecionar o modelo da empenagem; g) Fazer um esboço inicial da aeronave com as principais dimensões indicadas. Com a configuração básica definida, a equipe já possui uma idéia das necessidades fundamentais para a realização do projeto.

7 Esta primeira fase é definida na indústria aeronáutica como projeto conceitual da aeronave. Figura 17 Aeronave Taperá 2010. 7 Referências Bibliográficas [1] ANDERSON, JOHN, D. Aircraft performance and design, McGraw-Hill, New York, 1999. [2] ANDERSON, JOHN, D. Introduction to fligth, McGraw-Hill, New York, 1989. [3] FEDERAL AVIATION REGULATIONS, Part 23 Airwothiness standarts: normal, utility, acrobatic, and commuter category airplanes, USA. [4] RODRIGUES. LEMJ, Fundamentos de Engenharia Aeronáutica, Instituto Federal de Educação, Ciência e tecnologia de São Paulo, E-Book, São Paulo, 2009. [5] ROSKAM. JAN, Airplane aerodynamics and performance, DARcorporation, University of Kansas, 1997.