AULA 09 PONTO: 09 Objetivo da aula: Teoria geral dos contratos. Teoria geral dos contratos. Perfil e princípios. Formação defeito e extinção. Classificação e interpretação. Garantias legais específicas. Tópico do plano de ensino: Estipulação em favor de terceiros. Promessa por fato de terceiros. Contrato com pessoa a declarar. Roteiro de aula EFEITOS DOS CONTRATOS COM RELAÇÃO A TERCEIROS Princípio da relatividade dos efeitos do contrato: É regra geral que os contratos só produzem efeitos perante as partes, não aproveitando ou prejudicando a terceiros; todavia, esta regra comporta exceções. Exceções: a) estipulação em favor de terceiro: arts. 436/438 CC; b) promessa de fato de terceiro: arts. 439/440 CC; c) contrato com pessoa a declarar: arts. 467/471 CC. Terceiro: é aquele que não participa do negócio jurídico, para quem a relação é absolutamente alheia. ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO CONCEITO: é o contrato pelo qual uma pessoa obriga-se perante outra a conferir um direito em favor de quem não participa dessa relação contratual. Ocorre quando, num contrato entre duas pessoas, pactua-se que a vantagem resultante do ajuste reverterá em benefício de terceiro, estranho à convenção e nela não representado.
Dá-se a estipulação em favor de terceiro quando no contrato celebrado entre duas partes, denominadas estipulante e promitente, convenciona-se que a vantagem resultante do ajuste reverterá em beneficio de terceira pessoa, alheia a formação do vinculo contratual. (Silvio Rodrigues) Sujeitos: a) Estipulante: pactua a cláusula de beneficio determinando a quem caberá o proveito da contratação; b) Promitente ou devedor: reconhece o beneficiário e promete transmitir, na época marcada, a vantagem ao beneficiário; c) Beneficiário: é o terceiro destinatário da vantagem. Capacidade: Assim como em qualquer contrato mister se faz a capacidade dos contratantes ou a supressão da incapacidade mediante representação ou assistência, entretanto, o terceiro que será o beneficiário e credor do promitente não precisa ser capaz, ou seja, a vantagem resultante da avença poderá ser estipulada em favor de pessoa incapaz. Consentimento: Para a formação do contrato (validade) prescinde o consentimento do beneficiário, por outro lado, para a execução do contrato (eficácia) poderá o terceiro recusar o beneficio. Direito romano: não admitia a estipulação em favor de terceiros, justamente porque, por suas regras, o contrato só podia obrigar os contratantes ( alteri stipulari nemo potest ) ninguém pode estipular em favor de outro. Natureza jurídica: são inúmeras as teorias para explicar a natureza jurídica; todavia, temos que se trata de um contrato sui generis, pois seu principal objetivo é beneficiar quem não é contratante. Trata-se de um contrato unilateral, pois uma vez realizada a avença, só o promitente tem obrigação perante o terceiro.
Efeitos: a) Obrigatoriedade da estipulação: pode o estipulante exigir que o promitente efetue o cumprimento da obrigação (artigo 436 CC); b) Substituição do beneficiário: pode o estipulante substituir o terceiro designado, desde que se reserve a este direito (artigo 438 CC); c) Irrevogabilidade da estipulação: pode o estipulante exonerar o devedor; exceto se concedeu o direito ao BENEFICIÁRIO de exigir o adimplemento da obrigação (artigo 437 CC). Ex.: Pode o estipulante substituir o beneficiário se assim fez constar no ajuste, porém, se não puder substituir, poderá exonerar o devedor e frustrar o direito do beneficiário. d) Exigibilidade pelo terceiro: se estiver previsto no contrato, o beneficiário pode reclamar a execução da promessa e manter-se insubstituível. e)alteração da estipulação: se a estipulação for graciosa pode o estipulador revogá-la ou inová-la a qualquer tempo. Entretanto, se a estipulação derivar de causa onerosa, ou seja, obrigação assumida para obter a quitação do beneficiário, não é possível a exoneração da obrigação ou substituição por terceiro. PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO Conceito: Contrato por outrem. Contrato pelo qual uma das partes contratantes promete fato de terceiro, assumindo obrigação de fazer de resultado, que em caso de inadimplemento se resolverá em perdas e danos, devidas pelo promitente, pois não há como vincular terceiro estranho à relação obrigacional. É a obrigação que assume uma pessoa, perante outra, a conseguir de uma terceira a realização de um ato ou de um negócio (fato, acontecimento). Sujeitos: promitente: aquele que promete fato de terceiro e assume obrigação de resultado; contratante promissário: é o que aceita a promessa de fato de terceiro e assume o risco da resolução da obrigação em perdas e danos; e, terceiro: é aquele de quem se promete o fato a ser executado e que poderá anuir ou não à promessa feita pelo promitente.
Diferença entre estipulação em favor de terceiro e promessa de fato de terceiro: na primeira o beneficiário se coloca numa posição de recebimento de uma vantagem e na segunda a pessoa cumpre uma obrigação prometida por terceiro. Perdas e danos: É lícito comprometer-se alguém a obter ato ou fato de outrem. Essa promessa, em sua essência, é uma obrigação de fazer, que, não sendo executada, resolve-se em perdas e danos. E, sob o ponto de vista da relação especial, que prepara, é uma fiança. Aquele que promete fato de terceiro é um fiador, que assegura a prestação prometida Clóvis Bevilaqua. Modalidades: a) o devedor promete que o terceiro ratificará o contrato, mas não garante o cumprimento do contrato pelo terceiro (obrigação de resultado); b) o devedor promete que o terceiro não somente ratificará o contrato como irá cumpri-lo (fiança) (obrigação de resultado); c) o devedor promete envidar os melhores esforços para obter a ratificação por parte do terceiro (obrigação de meio). Excludentes de responsabilidade: a) Do promitente casado: não haverá responsabilidade daquele que prometeu, se o terceiro for seu cônjuge, desde que o ato a ser praticado dependa de seu consentimento ou a indenização, dado o regime matrimonial venha a cair sobre os seus bens. b) Se houver cumprimento da obrigação de meio: inexiste responsabilidade do promitente se o terceiro assumir a obrigação prometida e deixar de cumpri-la, exceto se o promitente se obrigar pelo seu cumprimento. c) Ratificação pelo terceiro: se o terceiro, de quem se prometeu o fato, ratificar a promessa e se comprometer com ela deixará de ser terceiro e passará a compor a relação obrigacional.
CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR Conceito: Contrato pelo qual uma das partes se reserva a faculdade de designar outra pessoa que assuma a sua posição na relação contratual, como se o contrato fora celebrado com esta ultima. (Antunes Varela) Utilizada para evitar despesas com a nova alienação quando o bem for adquirido com a finalidade de revenda. Consiste na reserva de direito do contratante de fazer figurar outra pessoa em sua posição contratual. Ex.: promessa de compra e venda com outorga da escritura definitiva para outra pessoa. Contrato de confiança pro amico eligendo : é a cláusula especial de nomeação do terceiro ou contraente in eligendo. Partes: a) promitente: aquele que reconhece o amicus ou o electus para a revenda; b) estipulante: aquele que pactua a cláusula de substituição; c) electus: o terceiro nomeado que aceita a indicação e assume a inteira posição contratual do estipulante. Capacidade: para a validade do contrato com pessoa a declarar, todas as partes deverão ser capazes. Característica: indeterminação provisória para a nomeação de uma das partes. Prazo: para a validade da indicação do terceiro o prazo será o do contrato, se contrato a termo, ou, em caso de silencio contratual, no prazo legal de 5 dias, sob pena de se consolidar entre as partes originárias (estipulante e ppromitente). Efeitos: a) A aceitação deve obedecer a forma do contrato; b) O terceiro, ao aceitar, assume os direitos e obrigações do contrato desde a data de sua celebração (efeitos ex tunc, art. 469 CC). c) O contrato vinculará as partes originárias se não for indicada a pessoa ou houver recusa desta, ou na hipótese de incapacidade e insolvência (arts. 470 e 471 CC).