Água suficiente é tão importante como água segura... 46 O fardo das mulheres... 46 O que é que faz com que a água não seja segura?...



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Transcrição:

Água suficiente é tão importante como água segura.................... 46 O fardo das mulheres.................................................... 46 O que é que faz com que a água não seja segura?....................... 47 A história do Timóteo................................................ 47 Como é que os micróbios e os vermes espalham as doenças............. 49 Actividade: Como é que as doenças diarreicas se propagam......... 50 Doenças diarreicas....................................................... 51 Tratamento para doenças diarreicas.................................... 51 Como fazer uma bebida hidratante...................................... 53 Actividade: Parar a propagação da diarreia......................... 54 Dracúnculo (filária-de-medina)......................................... 55 Bilharziose (esquistossomíase, febre do caracol)......................... 56 Prevenir a propagação de micróbios e vermes........................... 57 Poluição tóxica da água.................................................. 59 Desenho para discussão: Como é que os produtos químicos tóxicos entram na água?............................................. 59 Prevenir a poluição tóxica............................................... 60 História: Arsénio na água segura.................................. 61 O direito a ter água segura suficiente................................... 62 História: Parceria melhora o abastecimento de água................ 62 Engarrafar e vender o direito à água.................................... 63

Ninguém pode viver sem água. Para serem saudáveis, as pessoas precisam de água suficiente e precisam que a água seja segura. A água não é segura quando tem micróbios e vermes dos dejectos humanos e animais (urina e fezes). Os micróbios e vermes podem passar através da água ou de uma pessoa para outra, causando muitos problemas graves de saúde e afectando uma comunidade inteira. Os produtos químicos da agricultura, da indústria e da exploração mineira e o abandono de lixos também podem tornar a água insegura e causar doenças como erupções da pele, cancros e outros problemas de saúde graves. Não ter água suficiente para beber, cozinhar e lavar pode levar ao aparecimento de doenças. Sobretudo quando não há forma de lavar as mãos depois de usar a casa de banho, as doenças com diarreia propagam -se rapidamente de pessoa para pessoa. Falta de água para limpeza pessoal também pode levar a infecções dos olhos e da pele. A falta de água pode causar (perda de demasiada água no corpo) e morte. Não ter água suficiente pode ter a ver com uma seca (tempo seco durante muito tempo), com o elevado custo da água ou com a água que não foi bem. A contaminação da água pode piorar os efeitos da escassez de água e, da mesma maneira, a escassez de água pode agravar a contaminação (para informação sobre como proteger pontos de água e tornar a água limpa e segura, ver Capítulo 6. Para informação sobre saneamento seguro, ver Capítulo 7).

Muitas pessoas não têm água suficiente para as suas necessidades diárias. Quando não há água suficiente para a higiene, as pessoas podem apanhar infecções como e. Não ter água suficiente para beber e lavar-se pode também causar infecções da bexiga e dos rins, em especial nas mulheres (para aprender mais sobre estas doenças, ver os livros da Hesperian Onde Não Há Médico, Where Women Have No Doctor ou qualquer outro manual sobre saúde geral). Nos hospitais e noutros centros de saúde, se não houver água suficiente para a limpeza, as infecções podem passar de pessoa para pessoa. Sobretudo para as crianças, não ter água suficiente pode significar desidratação e morte. Quando a água é pouca, as pessoas que a vão buscar e que a transportam habitualmente as mulheres e as crianças têm de viajar longas distâncias e transportar cargas muito pesadas. Isto leva a lesões nos seus pescoços, costas e ancas. Frequentemente, ir buscar água implica tanto tempo e força que elas e as suas famílias usam menos água do que o necessário. A procura de água pode levar tanto tempo que as restantes tarefas das mulheres para apoiarem a saúde familiar, incluindo cuidar dos filhos e trabalhar os campos, não se realizam. A água é usada para reduzir febres e para limpar feridas e infecções da pele. Beber muita água ajuda a prevenir e tratar a diarreia, as infecções urinárias, as tosses e a prisão de ventre. Lavar as mãos com sabão e água depois de usar a casa de banho e antes de comer ou mexer em alimentos também ajuda a prevenir muitas doenças.

A água não é segura quanto contém micróbios, vermes ou produtos químicos tóxicos (para mais informação sobre produtos tóxicos, ver Capítulos 16 e 20). Os micróbios (seres vivos muito pequeninos, demasiado pequenos para serem vistos, que causam muitos tipos de doenças) e os vermes, como o nemátodo da tricuríase, o ancilóstomo e o nemátodo da ascaríase, causam muitas doenças graves. Os micróbios e os vermes vivem nos dejectos humanos e animais (urina e fezes) e podem causar doenças graves e crónicas quando: Não há uma boa maneira de eliminar os dejectos humanos e animais; O abastecimento de água não está protegido e não é mantido limpo; Não há água suficiente para lavagens. Algumas das doenças provocadas pelos micróbios, como a cólera, propagam-se rapidamente e podem causar muitas mortes. Outras doenças causadas por micróbios e vermes podem durar anos e anos e trazer outros problemas de saúde como a desidratação, as infecções, a (sangue fraco) e a malnutrição. Como o sinal mais comum de doenças com micróbios e vermes é a diarreia, estas doenças chamam-se por vezes doenças com diarreia. A Njoki vivia numa aldeia com o seu filho de um ano de idade, o Timóteo. Tal como os outros aldeãos, ela ia buscar água a uma fonte bem construída há muitos anos atrás por um grupo de desenvolvimento. Nessa altura, quando a bomba se avariou, os trabalhadores de desenvolvimento trouxeram novas peças e arranjaram-na. Mas depois de os trabalhadores de desenvolvimento se terem ido embora, ninguém na aldeia sabia como arranjar a bomba ou onde obter as peças. E, de qualquer maneira, eles não tinham dinheiro para comprar peças. Por isso, quando a bomba se avariou, as mulheres passaram a ter de ir buscar água a um buraco fora da aldeia. O buraco também era usado pelos animais e estava contaminado com vermes e micróbios. Depois de beber a água deste buraco, o Timóteo ficou doente com diarreia aguada grave. Ele ficou cada vez mais fraco. A Njoki não tinha dinheiro para o levar ao centro de saúde, a muitas horas dali. Em poucos dias, o Timóteo morreu. A desidratação provocada pelas doenças diarreicas é a causa de morte mais comum das crianças no mundo. A discussão sobre a forma como as pessoas apanham doenças com diarreia continua na página seguinte.

A actividade Mas porquê? (ver páginas 7 e 12) pode ajudar a compreender as várias causas da doença e morte do Timóteo. Diarreia e desidratação. Porque havia micróbios na água. Era um buraco de água sem protecção, contaminado com micróbios e vermes. A bomba da aldeia estava avariada. Percorra a cadeia até não ter mais perguntas. Também pode voltar a um elo da cadeia e fazer mais perguntas sobre causas profundas. Por exemplo: Bomba avariada? Ela tinha pouca lenha para ferver a água e não tinha dinheiro para a desinfectar com cloro. Dejectos animais na água As perguntas Mas porquê? continuam à medida que as pessoas encontram razões para a morte do Timóteo. Uma cadeia de razões desenhada num papel ou num quadro, ou feita com cartão ou tecido, pode mostrar como é que cada causa está ligada às outras causas. Para cada razão dada, é acrescentado um elo à cadeia. Desta forma, as pessoas podem compreender as várias causas da doença e a maneira como estas causas podem ser prevenidas. Falta de lenha para ferver água Timóteo apanha diarreia Falta de bebida hidratante Falta de dinheiro para médico

Às vezes, é fácil saber onde é que os micróbios e os vermes estão, sobretudo nas coisas sujas, como as fezes, os alimentos estragados, as casas de banho sujas, etc. Mas, às vezes, eles estão em lugares que parecem limpos, como a água transparente, ou nas nossas mãos. Os micróbios e os vermes podem passar de pessoa para pessoa através do toque e através do ar, com a poeira ou quando as pessoas tossem ou espirram. Eles podem espalhar-se através da comida ou da água de beber ou podem ser transportados por moscas, outros insectos e animais. Eles também podem viver nos alimentos não cozinhados ou mal cozinhados. Alguns vermes podem ser passadas quando bebemos, pisamos ou nos lavamos com água contaminada ou quando comemos mariscos não cozinhados ou plantas provenientes de locais com água contaminada. Os micróbios e os vermes que causam diarreia viajam por estes caminhos:

A maior parte das doenças com diarreia são causadas por falta de água para a limpeza pessoal, casas de banho que não são limpas e seguras, e água e alimentos contaminados. O sinal mais comum de uma doença com diarreia são fezes frequentes, a pingar ou líquidas. Outros sinais incluem febre, dores de cabeça, tremuras, arrepios, fraqueza, dores no estômago e nos intestinos, vómitos e barriga inchada. O tratamento depende do tipo de diarreia que a pessoa tem. Estes sinais podem ajudá-lo a saber que tipo de doença com diarreia é que a pessoa tem: : diarreia tipo água de arroz, dores intestinais, vómitos. : febre, dores intestinais fortes, dores de cabeça, prisão de ventre ou diarreia grossa (tipo sopa de ervilhas). diarreia que parece gordurosa, que flutua e cheira mal, dores intestinais, febre baixa, vómitos, gases, os arrotos por vezes cheiram a ovos podres. diarreia com sangue, 10 a 20 vezes por dia, febre, dores intestinais graves. diarreia 4 a 10 vezes por dia, frequentemente com muco branco, febre, dores intestinais e diarreia logo depois de comer. barriga inchada, fraqueza, grandes vermes cor-de-rosa ou brancas que podem sair com as fezes ou através da boca e do nariz. diarreia, fraqueza, anemia, pele pálida. As crianças com ancilostomíase podem comer terra. diarreia, vermes finos cor-de-rosa ou cinzentas nas fezes. Para aprender mais sobre como tratar doenças com diarreia e infecções provocadas por vermes, ver os Capítulos 16 e 18 no livro da TALC Onde Não Há Médico. A diarreia trata-se melhor dando à pessoa muitos líquidos e alimentos. Na maior parte dos casos, mas não em todos, não são necessários medicamentos (para mais informações, consultar um trabalhador de saúde ou um livro sobre saúde geral como o Onde Não Há Médico). A trata-se melhor com medicamentos. A trata-se melhor com antibióticos, porque pode durar semanas e levar à morte. A trata-se melhor com bebidas hidratantes, muitos líquidos e alimentos de fácil digestão para substituir os nutrientes perdidos através da diarreia e dos vómitos. Os medicamentos podem ser usados para impedir que a cólera se propague. Se uma pessoa tem diarreia com sangue, febre ou está muito doente, precisa de ir imediatamente a um centro de saúde.

Muitas pessoas morrem de doenças com diarreia, sobretudo as crianças. É frequente elas morrerem porque ficaram desidratadas. As pessoas de qualquer idade podem ficar desidratadas, mas a desidratação grave pode acontecer mais depressa com as crianças pequenas e é muito perigosa para elas. Quando uma criança tem diarreia aguada ou diarreia e vómitos,. como por exemplo uma papa de cereais fina ou papa de aveia muito diluída, sopa, água ou uma bebida hidratante (ver página seguinte).. Assim que a criança doente (ou o adulto) puder comer comida, dê-lhe quantidades frequentes das comidas de que ela gosta. No caso dos bebés, continue a amamentar com frequência antes de lhe dar quaisquer outras comidas ou bebidas. ajuda a prevenir ou tratar a desidratação. Não cura a diarreia, mas pode ajudar a pessoa doente até que a diarreia passe.

Se a desidratação piorar ou aparecerem outros sinais perigosos, procure ajuda médica.

O dracúnculo ou filária-de-medina é um verme longo e fina que vive debaixo da pele e que faz uma ferida dolorosa no corpo. O verme, que parece um fio branco, pode crescer até mais de 1 metro de comprimento. O dracúnculo encontra-se em partes da África, porém não existe em nehum país d'espressão portuguesa. Está em vias de eradicação. Um inchaço doloroso, habitualmente no tornozelo ou na perna, mas que pode desenvolver-se noutra parte do corpo. Uns dias ou uma semana depois, forma -se uma chaga que rebenta rapidamente e forma uma ferida. Isto acontece frequentemente quando a pessoa está na água ou a tomar banho. Pode ver-se a ponta de um verme tipo fio branco a sair da ferida. O verme sai do corpo na semana seguinte. Se a ferida apanhar sujidade e ficar infectada, ou se o verme se partir ao tentar tirá-la, a dor e o inchaço alastram-se, e andar pode tornarse muito difícil., consulte um trabalhador de saúde ou um livro sobre saúde geral como o Onde Não Há Médico. Além disso, tome medidas para impedir novos contactos com vermes. proteja os pontos de água (ver páginas 75 a 85) e filtre a água (ver páginas 94 a 97). Se ninguém caminhar ou tomar banho em água usada para beber, a infecção não pode ser transmitida aos outros e acabará por desaparecer na região.

Esta infecção é causada por um tipo de larva que entra no sangue através da pele depois de a pessoa caminhar, lavar-se ou nadar em água contaminada. A doença pode causar danos graves ao fígado e aos rins e pode levar à morte depois de meses ou anos. As mulheres correm maior risco de infecção por bilharziose, porque passam muito tempo dentro ou à volta da água a ir buscá-la, a lavar as roupas e a dar banho às crianças. Às vezes, não há sinais iniciais. Um sinal comum nalgumas áreas é a presença de sangue na urina ou nas fezes. Também pode causar feridas genitais nas mulheres. Em áreas onde esta doença é muito comum, até as pessoas que só têm sinais ligeiros ou dores de barriga devem ser testadas. A bilharziose trata-se melhor com medicamentos. Consulte um trabalhador de saúde ou um livro de saúde geral como o Onde Não Há Médico. As feridas genitais e o sangue na urina também são sinais de infecções transmitidas sexualmente (ITS). Algumas mulheres não vão procurar tratamento porque têm medo que lhes digam que têm uma ITS. A falta de tratamento pode causar outras infecções graves e pode tornar as mulheres inférteis (incapazes de engravidarem). A bilharziose não passa directamente de pessoa para pessoa. Durante parte da sua vida, as larvas da bilharziose podem viver dentro de um certo tipo de caracol aquático pequeno. Podem organizar-se programas comunitários para matar estes caracóis e prevenir a bilharziose. Estes programas só funcionam se as pessoas seguirem os passos preventivos mais básicos: nunca urinar ou defecar dentro ou perto de água.

Embora os micróbios e vermes se encontrem em todo o lado, há passos simples que cada pessoa pode dar para ajudar a prevenir doenças. Para parar a propagação dos micróbios e vermes, é importante: para beber e lavar. A não ser que saiba que a água é segura, o melhor é tratá-la (ver páginas 92 a 99). Use água limpa e sabão, se disponíveis. Se não, use areia limpa ou cinzas.. Isto também vai ajudar a manter as mãos limpas. Isto mantém os micróbios e vermes fora de contacto com as pessoas. Se não houver casa de banho, o melhor é defecar longe dos pontos de água, num lugar onde as fezes não vão ser tocadas pelas pessoas ou animais. Cubra as fezes com terra para manter as moscas afastadas.. Lave as frutas e os legumes ou cozinhe-os bem antes de os comer. Dê os restos de comida aos animais ou ponha-os num monte de ou na casa de banho. Deite fora a comida estragada, mantenha a carne e os mariscos separados dos outros alimentos e garanta que a carne, os ovos e o peixe são bem cozinhados antes de os comer. Lave os pratos, as superfícies cortantes e os utensílios com água quente e sabão depois de os usar e deixe-os secar bem ao sol, se possível. dos alimentos da casa e longe de pontos de água comunitários. para impedir que os vermes entrem no seu corpo através dos pés. para impedir que as moscas espalhem os micróbios. Também pode ser uma ajuda ter casas de banho que controlam as moscas ou que as impedem de se procriarem (ver Capítulo 7).

Uma das melhores maneiras de prevenir problemas de saúde causados por micróbios e vermes é lavar as mãos com sabão e água de defecar ou lavar o rabo de um bebé e de preparar comida, dar de comer às crianças ou comer. Mantenha uma fonte de água limpa perto da sua casa para facilitar a lavagem das mãos. Mas lavar só com água não é suficiente. Use sabão para tirar a sujidade e os micróbios. Se não tiver sabão, use areia, terra ou cinzas. Esfregue as mãos com sabão e água corrente de uma bomba, torneira ou torneira caseira. Se não tiver água corrente, use um lavatório ou uma bacia. Espalhe sabão (ou areia ou cinzas) nas mãos e conte até 30 enquanto esfrega as mãos. Depois, esfregue as mãos debaixo de água para limpá-las. Seque com um pano limpo ou deixe as mãos secarem ao ar. A torneira caseira permite-lhe lavar as mãos usando muito pouca água. Além disso, permite-lhe esfregar as duas mãos enquanto a água corre sobre elas. A torneira caseira é feita de materiais que estão disponíveis e pode ser colocada onde as pessoas precisam de lavar as suas mãos, por exemplo, perto do fogão, na casa de banho ou num mercado.

A agricultura, a exploração mineira, a extracção de petróleo e muitas outras indústrias deitam desperdícios químicos nos pontos de água. Isto torna a água não segura para beber ou para usar na preparação dos alimentos, para tomar banho ou para irrigação. Nalguns lugares, a água pode estar contaminada por produtos tóxicos que existem naturalmente na terra, como o arsénio (ver página 61) ou o fluoreto (uma substância natural que provoca manchas castanhas nos dentes e fraqueza grave nos ossos). À medida que a é usada, o risco de influência dos produtos tóxicos naturais aumenta, porque eles estão concentrados na água que sobra. Sejam eles provenientes da indústria ou da própria terra, os produtos químicos tóxicos são habitualmente invisíveis e difíceis de detectar. Testar a água num laboratório possivelmente numa universidade, pode ajudar a detectar os produtos tóxicos naturais e químicos provenientes da indústria. Se possível tente levar a água para o laboratório no espaço de 6 horas após a recolha.

A única maneira de garantir que a água não tem produtos químicos tóxicos é prevenir a poluição na sua origem. Se pensa que a sua água está contaminada, você pode organizar a sua comunidade para mapear os pontos de água e descobrir os problemas ligados ao seu abastecimento (ver páginas 68 a 70) e depois tomar medidas para parar a poluição. Mas a única forma de saber com certeza quais os produtos químicos que estão na água é testá-la num laboratório (ver página 70). Lembre-se: tornar a água segura, sem micróbios e ovos de vermes, NÃO a vai tornar livre de produtos químicos. E proteger a água de produtos químicos NÃO a vai tornar livre de micróbios e ovos de vermes. Para prevenir a contaminação por produtos químicos tóxicos: As estradas e pontes devem ser planeadas com canais de drenagem para levar a poluição dos carros e camiões para longe das fontes de água. Plantar árvores ao longo das estradas também vai prevenir alguma poluição dos pontos de água, porque as árvores vão absorver alguma da poluição do ar. A indústria deve poluir menos. As fábricas podem tratar os seus resíduos e os negócios grandes e pequenos podem usar métodos de produção limpa (ver página 458). A exploração mineira e a extracção de petróleo não devem ser feitas nos lugares onde vão pôr em risco a qualidade da água (ver Capítulos 21 e 22). Os camponeses precisam de reduzir ou eliminar o uso de pesticidas e fertilizantes químicos e garantir que os produtos químicos não entram nos pontos de água. Eles podem substituir os produtos químicos por produtos naturais para controlo das pragas e fertilizantes naturais (ver Capítulo 15). Os governos podem fazer leis e fazê-las cumprir para prevenir a poluição da água. Ver também o Apêndice B sobre leis internacionais de protecção da água. Prevenir a poluição tóxica da água implica que as comunidades, os governos e a indústria têm que agir. Para mais informação sobre como prevenir e reduzir os danos causados por produtos químicos tóxicos, ver Capítulo 20.

Durante séculos, a maior parte das pessoas no Bangladesh beberam água de lagoas à superfície cuidadosamente protegidas. Mas para tomar banho e lavar a loiça e as roupas, eles usaram rios, fossos e outros pontos de água não protegidos. Esta água estava frequentemente contaminada com micróbios, causando diarreia, cólera, hepatite e outros problemas de saúde. Por isso, o governo trabalhou com agências internacionais para construir poços pouco fundos em todo o país. Campanhas de saúde pública incentivaram as pessoas a usarem a água segura dos poços subterrâneos, em vez da água à superfície. Logo havia menos problemas de saúde provocado por germes. Mas foi reportado um grande número de envenenamentos tóxicos, a partir de 1983. Muitas pessoas ficaram muito doentes com feridas, lesões na pele, cancro, doenças do coração e diabetes. Muitas pessoas morreram. Ninguém sabia o que é que estava a causar estas doenças. Em 1993, os cientistas chegaram à conclusão que algumas destas doenças eram causadas por arsénio na água subterrânea. Ninguém tinha testado a água subterrânea para saber se tinha arsénio. No entanto, cerca de metade dos poços têm água com demasiado arsénio. Como é que o arsénio entrou na água? Cientistas não chegaram a acordo sobre por que razão a água subterrânea em Bangladesh tinha muito arsénio. Embora o arsénio existisse naturalmente na água subterrânea anteriormente, algumas pessoas disseram que de alguma forma piorou desde que grandes empresas agrícolas extraíram demasiada água subterrânea para irrigação o que fez com que mudasse o fluxo da água subterrânea, o que fez com que o arsénio se concentrasse (ficasse mais forte). Cerca de 40.000 pessoas no Bangladesh estão agora doentes por envenenamento com arsénio, a maior parte delas mulheres, pessoas pobres e domésticas. Os problemas de saúde relacionados com o arsénio levam muitos anos a desenvolver-se, por isso, muitas mais pessoas vão ficar doentes. Ter água melhor é a única forma de tratar os problemas de saúde causados por demasiado arsénio. O desastre piorou durante tanto tempo e manteve-se sem muito estudo ou solução porque as pessoas que sofriam encontravam-se entre os mais pobres do mundo. Se a água de Dhaka, a capital, tivesse sido contaminada (não foi) ou se a doença estivesse a acontecer num país rico, teriam sido tomadas medidas muito mais rapidamente. O envenenamento no Bangladesh mostra os perigos de poluir a água e mostra também a importância de testar as fontes de água e de agir rapidamente se houver qualquer dúvida relativamente à segurança da água. Um filtro de água simples foi desenvolvido no Bangladesh e usa pregos de ferro para retirar o arsénio da água (ver página 97 e a secção Recursos). Isto reduz o número de envenenamentos, mas não resolve o problema da água contaminada.

Em todo o mundo, as pessoas estão a trabalhar para proteger o seu direito à saúde, incluindo o direito a ter um bom abastecimento de água segura. As empresas privadas dizem que podem prestar um serviço melhor do que os governos e mesmo assim ter lucro. Mas quando as empresas privadas assumem o controlo dos serviços de água (o que se chama privatização da água), é frequente os preços subirem, forçando as pessoas a usarem menos água do que precisam para uma boa saúde. Muitas pessoas depois não têm outra opção senão irem buscar água onde quer que a possam encontrar de graça, mesmo que essa água esteja contaminada com micróbios, vermes e produtos químicos tóxicos. Isto traz problemas de saúde graves. Os governos e as comunidades devem trabalhar em conjunto para melhorar e expandir os sistemas de água, de modo a disponibilizarem um abastecimento de água segura e suficiente, sobretudo para os mais necessitados. No Gana, África Ocidental, os grupos comunitários assumiram o controlo do seu abastecimento de água. Na vila de Savelugu, a Empresa Estatal de Água do Gana fornece água canalizada e os membros da comunidade são responsáveis por definir o seu preço, fazer a sua distribuição e reparar o sistema de água quando há avarias. Eles chamam a isto uma parceria governo-comunidade. Como a comunidade é responsável pela gestão da água, é garantida água segura e suficiente por decisão popular. Se algumas pessoas não podem pagar pela água, a comunidade paga a sua água até elas poderem pagá-la. As necessidades das pessoas são correspondidas, não porque elas tenham dinheiro para pagar, mas porque elas fazem parte da comunidade. A Empresa de Água do Gana beneficia porque a comunidade lhes paga sempre pelo abastecimento de água. O sistema comunitário de Savelugu está a ser usado como modelo para as vilas do Gana. Ao gerirem o seu próprio sistema de água, as pessoas de Savelugu mostraram que a privatização não é a única maneira de disponibilizar água. Desde que começou a sua parceria governo -comunidade, há menos doenças e todos têm água suficiente.

Quando as pessoas não confiam que a água das suas torneiras é limpa, os que podem dar-se a esse luxo compram água engarrafada. Se houver micróbios na água da torneira, beber água engarrafada segura é uma maneira de evitar doenças. Mas o simples facto de a água ser vendida numa garrafa não significa que ela seja segura. Em muitos casos, a água engarrafada é apenas água da torneira numa garrafa, mas vendida a um preço muito superior. A melhor maneira de apoiar a saúde das pessoas e do ambiente é melhorar a qualidade e o grau de confiança da água, melhorando o abastecimento de água pública. Quando você tem em conta os problemas de saúde causados pelo fabrico das garrafas de plástico em que a água é vendida, bem como o enchimento, transporte e eliminação dessas garrafas, o custo da água engarrafada é maior do que disponibilizar água segura para todos. As empresas vendem água engarrafada porque é mais rentável. Muitas vezes elas anunciam as suas águas de maneira a levar as pessoas a pensarem que a água de abastecimento público não é saudável ou FONTANÁRIO suficientemente boa. As empresas multinacionais que vendem água, como por exemplo a Coca-Cola, muitas vezes prejudicam a economia local ao levarem as empresas locais de refrescos a fecharem. Às vezes, elas usam tanta água que prejudicam as pessoas ao criarem uma situação de falta de água para beber, para as necessidades caseiras, para irrigação das culturas e para outras actividades locais (ver história na página 67). Os sistemas seguros e saudáveis de água canalizada são uma das formas mais importantes de melhorar a saúde para todos. Na Europa e na América do Norte, os sistemas de água segura são a base da saúde pública. Não há razão para que as pessoas nos países menos pobres sofram por falta de água segura e sejam forçadas a comprar água engarrafada cara. Ter água limpa suficiente para viver uma vida saudável é um direito humano. Consegue-se proteger e realizar melhor os direitos das pessoas a terem água, através de sistemas de controlo de água geridos pelo Estado ou pelas comunidades. Para garantir que o governo presta um bom serviço, os membros da comunidade estão cada vez mais envolvidos na supervisão das instalações de água. Isto ajuda a garantir que elas são geridas tendo como prioridade a saúde das pessoas. ÁGUA SUPERIOR DE FONTES DA MONTANHA