COMPOSIÇÃO CENTESIMAL E TEOR DE MINERAIS EM PÃO DE QUEIJO ENRIQUECIDO COM FARINHA DE FEIJÃO-CAUPI



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Área: Biofortificação e Processamento COMPOSIÇÃO CENTESIMAL E TEOR DE MINERAIS EM PÃO DE QUEIJO ENRIQUECIDO COM FARINHA DE FEIJÃO-CAUPI Rodrigo Barbosa Monteiro Cavalcante 1 ; Marcelo Antônio Morgano 2 ; Kaesel Jackson Damasceno e Silva 3 ; Maurisrael de Moura Rocha 3 ; Marcos Antônio de Mota Araújo 4 ; Regilda Saraiva dos Reis Moreira- Araújo 5 1 Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição (PPGAN), Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI. 2. Químico. Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Química de Alimentos e Nutrição Aplicada do Instituto de Tecnologia de Alimentos- ITAL. Campinas-SP. 3 Engenheiro Agrônomo, Embrapa Meio-Norte Teresina, PI. 4 Estatístico, Fundação Municipal de Saúde, Teresina-PI. 5 Professora Associada, Departamento de Nutrição da Universidade Federal do Piauí, Campus Min. Petrônio Portela, S/N. Bloco 13. Bairro Ininga. CEP 64049-550. Teresina, PI. E-mail: regilda@ufpi.edu.br Resumo - O feijão-caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp) apresenta um importante papel na nutrição humana por constituir uma fonte de proteínas, carboidratos, fibras alimentares, vitaminas e minerais. A escolha do pão de queijo para o enriquecimento foi devido à importância dos produtos de panificação na lista de compra dos brasileiros, ocupando a terceira colocação e representando, em média, 12% do orçamento familiar para alimentação. Logo, objetivou-se o enriquecimento de pão de queijo, um produto que faz parte do consumo alimentar, com ascensão de mercado e utilizando-se matéria-prima regional. Determinou-se umidade, cinzas, proteínas, lipídios e carboidratos conforme AOAC (1995) e valor calórico pelos fatores de conversão de Atwater. A técnica de espectrometria de emissão atômica com fonte de plasma indutivamente acoplado (ICP OES) foi utilizada para a quantificação dos minerais. Utilizou-se o Programa EPI INFO, versão 6.04b para análise dos dados. Os resultados da composição centesimal e conteúdo de minerais foram analisados por ANOVA. Para verificar diferença entre as médias foi aplicado o teste de Tukey. O nível de significância foi de 5%. Como resultado, observou-se que o pão de queijo formulado com feijão-caupi apresentou valor superior de cinzas, proteínas, carboidratos e minerais (cobre, ferro, fósforo, magnésio, manganês e zinco) além de redução da umidade, do teor de lipídios, valor energético total e sódio comparando-se com a formulação padrão. Assim, o produto elaborado apresentou-se enriquecido, com o acréscimo de minerais e macronutrientes, tornando a substituição parcial de polvilho doce por farinha de feijão-caupi (FFC) na elaboração de pães de queijo possível e relevante. Palavras-Chave: feijão-caupi, pão de queijo, produtos enriquecidos. Introdução O pão de queijo é um produto de panificação obtido basicamente do escaldamento do polvilho com leite e óleo, amassamento com ovos, adição de queijo e assamento (MACHADO; PEREIRA, 2010), podendo-se também variar o tipo de polvilho (doce, azedo ou a mistura destes). É um produto tradicional do Estado de Minas 1

Gerais cuja produção vem crescendo muito nos últimos anos, aliada a uma expansão do mercado que inclui exportação (MINIM et al., 2000). O feijão-caupi constitui alimento básico para as populações de baixa renda do Nordeste brasileiro, sendo seu cultivo uma das principais fontes de renda e emprego desta região. Esta leguminosa apresenta um importante papel na nutrição humana por constituir uma importante fonte de proteínas, carboidratos, destacando-se pelo alto teor de fibras alimentares, vitaminas e minerais, além de possuir baixa quantidade de lipídios (BRASIL, 2003). Com a introdução da FFC para o enriquecimento do teor de nutrientes de alimentos ocorre um aumento, além das quantidades de proteína e carboidratos, como também o aumento dos teores de minerais como fósforo, ferro, potássio, magnésio e zinco. Este incremento é importante principalmente para os minerais ferro e zinco. O ferro porque sua deficiência é a mais comum e a mais grave deficiência de micronutrientes em todo o mundo. O zinco, pois sua deficiência marginal é um problema nutricional comum, acreditando-se que sua existência, já produz sérias consequências para a saúde infantil (BRUTTA et al., 1999; MAHALANABIS; BHAN, 2001; FROTA et al., 2010). A relevância do trabalho está em enriquecer um produto que participa do hábito alimentar populacional e com ascensão de mercado, sendo uma importante estratégia para atender aos interesses dos consumidores por produtos com melhor valor nutritivo. Matérias-primas regionais, de fácil acesso, junto com a facilidade na elaboração do produto fazem com que o pão de queijo possa ser enriquecido com farinha de feijão-caupi visando contribuir para o requerimento diário de nutrientes para a população. Assim, objetivou-se elaborar pão de queijo com (FFC) que fosse sensorialmente aceito e com características nutritivas superiores à formulação padrão. Material e Métodos O projeto teve como campo de estudo: Lab. de Desenvolvimento de Produtos e Análise Sensorial, Lab. de Bromatologia e Bioquímica de Alimentos do Departamento de Nutrição UFPI e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Química de Alimentos e Nutrição Aplicada (ITAL) em Campinas (SP). As amostras de feijão-caupi biofortificado, cultivar BRS XIQUEXIQUE foi fornecida pela (EMBRAPA), Teresina - PI. Os demais ingredientes foram obtidos no comércio local. Baseado em Moreira-Araújo et al. (2009) para obtenção da (FFC) inicialmente colocou-se os grãos de molho em água destilada 1:2 (p/v) por 1 hora, seguida de secagem em estufa ventilada a 70 C, por 6 horas, e moagem em moinho semi-industrial. Segundo Pereira et al. (2004) a preparação dos pães foi realizada seguindo as etapas: homogeneização dos ingredientes secos (polvilho e FFC) onde os mesmos foram escaldados com os líquidos (leite juntamente com óleo e sal) aquecidos à temperatura de aproximadamente 85 C. Essa mistura foi homogeneizada manualmente e após cinco minutos, foi adicionado o ovo fresco. Após três minutos, o queijo parmesão foi adicionado e a massa moldada. As massas foram assadas em forno elétrico por 30 minutos à 180 C. A formulação elaborada (F1) continha 5,6% de FFC em substituição ao polvilho doce, os demais ingredientes foram constantes. Realizou-se a determinação da composição centesimal. A umidade foi obtida após secagem em estufa a 105 C; O teor de cinzas foi determinado após calcinação das amostras em mufla a 550 C; a concentração de proteínas pelo método de Kjeldahl, com fator de conversão de 6,25 e o teor de lipídios foi determinado por extração com éter de petróleo em aparelho Soxhlet (AOAC, 1995). O teor de carboidratos foi calculado por diferença. O valor calórico foi calculado de acordo com fatores de conversão de Atwater (OSBORNE; VOOGT, 1986). Utilizou-se a técnica de espectrometria de emissão atômica com fonte de plasma indutivamente acoplado 2

(ICP OES) para a quantificação dos elementos minerais. Foi utilizado o Programa EPI INFO, versão 6.04b (DEAN et al., 1994) para análise dos dados. Os resultados obtidos na composição centesimal e conteúdo de minerais foram analisados por ANOVA. Para verificar diferença entre as médias de composição centesimal e dos teores de minerais foi aplicado o teste de Tukey. O nível de significância foi de 5% (SIEGE, 1996). Resultados e Discussão A composição centesimal da F1 apresentou valor superior de cinzas, além de redução da umidade, contribuindo assim para o aumento da vida de prateleira do produto. O teor de lipídios foi reduzido, havendo acréscimo da porcentagem de proteínas e carboidratos. Os valores energéticos (Padrão = 329 kcal; F1 = 321 kcal) apresentaram-se inferiores ao pão de queijo tradicional (398,58 kcal) (Tabela 1). Tabela 1: Médias e Desvio Padrão da Composição Centesimal dos pães de queijo formulados. Teresina-PI, 2013. FORMULAÇÕES Padrão CINZAS 2,6 a (+0,01) UMIDADE 29,9 a (+2,01) LIPÍDIOS 11,8 a (+0,19) PROTEÍNAS 8,8 a (+0,31) CARBOIDRATOS 46,9 a (+3,22) 2,9 a 26,9 b 8,1 b 10,6 b 51,5 b F1 (+0,02) (+1,78) (+0,10) (+0,25) (+5,21) Letras iguais entre as colunas não tem diferença significativa entre as médias segundo o teste de t de Student. O feijão-caupi apresentou eficiência no enriquecimento. Observou-se um incremento de quase todos os minerais analisados, reduzindo apenas os minerais cálcio e sódio conforme a farinha foi adicionada ao produto. A redução do sódio foi relevante, pois se sabe da forte presença deste mineral na composição de alimentos industrializados, logo é pertinente produzir um produto em que sua concentração de sódio em relação ao padrão é significativamente inferior (Tabela 2). Tabela 2: Teor de minerais dos pães de queijo e % de cobertura da IDR, para crianças de 4 a 8 anos. Teresina- PI, 2013. Minerais Pão de Queijo Padrão F1 (5,6%FFC) mg/100g %IDR * mg/100g %IDR * Cálcio 251 + 1 a 31 244 + 5 b 30 Cobre 0,021 + 0,001 a 5 0,048 + 0,002 b 11 Ferro 0,34 + 0,01 a 3 0,72 + 0,01 b 7 Fósforo 187 + 1 a 37 210 + 1 b 42 Sódio 699 + 18 a 58 649 + 26 c 54 Magnésio 12,3 + 0,2 a 9 22,6 + 0,3 b 17 Manganês 0,029 + 0,003 a 2 0,097 + 0,003 b 6 Zinco 1,87 + 0,01 a 37 2,39 + 0,04 b 48 3

Média (estimativa de desvio-padrão). Letras iguais entre as colunas não diferença significativa, segundo o Teste de Tukey. *Considerou-se a IDR Ingestão Diária Recomendada de 4 a 8 anos. 5,6% de FFC no pão de queijo aumenta em 2,3 vezes a quantidade de cobre comparado à formulação padrão, em 1,8 vezes para o magnésio e em 3,3 vezes para o manganês. Em relação ao ferro, na F1 a farinha da leguminosa dobra a quantidade do mineral no produto. O incremento dos minerais ferro e zinco é previsível uma vez que a cultivar BRS XiqueXique apresenta altos teores de ferro e zinco, minerais importantes na nutrição humana uma vez que as doenças carenciais ainda apresentam elevada prevalência (Tabela 2). Conclusões Observou-se que o acréscimo de FFC aumentou os teores dos minerais cobre, ferro, fósforo, magnésio, manganês e zinco, contribuindo assim para a cobertura das necessidades nutricionais. A diminuição significativa do sódio foi relevante devido as particularidades que apresenta este mineral e sua extensa distribuição nos alimentos industrializados presentes no mercado. A composição centesimal da F1 apresentou valor superior de cinzas, devido o acréscimo de minerais provenientes da FFC, além de redução da umidade. O teor de lipídios foi reduzido, havendo acréscimo da porcentagem de proteínas e carboidratos. O valor energético total apresentou-se inferior aos produtos tradicionais elaborados. Portanto, o pão de queijo enriquecido com FFC é um produto elaborado com matéria-prima regional, de fácil acesso, que participa do hábito alimentar, servindo como uma boa fonte de fortificação, contribuindo assim para o aporte diário de nutrientes da população. Agradecimentos À EMBRAPA Meio Norte pelo fornecimento da matéria-prima, ao Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Química de Alimentos e Nutrição Aplicada do Instituto de Tecnologia de Alimentos- ITAL pelas análises de minerais, ao Programa de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação PIBITI/CNPq pela bolsa concedida e ao CNPq pelo financiamento via Edital Universal, 14/2011, Processo 482292/2011-3. Referências ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official Methods of Analysis of the Association of Analytical Chemists. Washington, DC, 1995. BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMBRAPA, Unidade Meio-Norte. Cultivo de Feijão-Caupi. Teresina, Julho de 2003. Disponível em: <http:// www.cpamn.embrapa.br/pesquisa/graos/feijaocaupi/referencias.htm>. Acesso em junho de 2011. BRUTTA, Z. A.; BLACK, R. E.; BROWN, K. H.; GARDNER, J. M.; GORE, S.; HIDAYAT, A. M.; [et al.]. Prevetion of diarrhea and pneumonia by zinc suplementation in children in developing countries: pooled analysis of randomized controlled trials. Journal of Pediatrics, v. 135, n. 6, p. 689-697, 1999. DEAN, A. G.; DEAN, J. A.; COULOMBIER, D.; BRENDEL, K. A.; SMITH, D. C.; BURTON, A. H. [et al.]. Epi Info, version 6: a Word processing, database, and statistics program for epidemiology on microcomputers. Atlanta, Georgia: Centers for Disease Control and Prevention, 1994. 4

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