AULA 7 30/03/11 A NOTA PROMISSÓRIA E O CHEQUE 1 A NOTA PROMISSÓRIA 1.1 O CONCEITO É uma promessa solene, direta e unilateral de pagamento, à vista ou a prazo, efetuada pelo promitente-devedor ao promissário-credor, regulada no Brasil pelas mesmas normas que disciplinam a letra de câmbio (Lei Saraiva e Lei Uniforme), genericamente referida como cambial. Neste norte, assume, quem a subscreve, obrigação direta e principal para com determinada pessoa, que é o seu tomador ou beneficiário. Não há saques; mas emissão. Não se depara sacado; por isso mesmo que não se requer o aceite. O emitente do título se obriga, originária e diretamente, para com o tomador; e não indiretamente, por intermédio de outra pessoa, qual a do sacado, com o qual se responsabiliza solidariamente, como principal pagador, como se verifica na letra de câmbio. 1.2 AS PARTES Em se considerando o título de crédito em apreço, percebe-se a existência de duas partes, quais sejam: o subscritor ou promitente-devedor (aquele que emite o título); e, do outro lado, o beneficiário ou promissário-credor (aquele que recebe o título).
42 DIREITO EMPRESARIAL 1.3 AS CARACTERÍSTICAS Promessa de pagamento: a nota promissória é uma promessa de pagamento, ao passo que a letra de câmbio é uma ordem de pagamento. Promessa unilateral: em virtude de seu caráter de promessa unilateral, ela dispensa o aceite por parte do devedor. Título abstrato: a emissão da nota promissória não exige uma causa legal específica, não necessitando, assim, trazer expresso o motivo que lhe deu origem. Título à ordem: no Brasil, a nota promissória somente pode ser emitida como título à ordem. 1.4 OS REQUISITOS A Lei Uniforme apresenta, em seu artigo 75 (Anexo I), os requisitos comentados por essenciais à plena validade de uma nota promissória. Sinteticamente podem ser os referidos requisitos comentados da maneira que se segue. Deve conter: a denominação Nota Promissória, também referida no art. 54, da Lei Saraiva; uma promessa solene, direta e incondicional de pagamento; o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga (promissário-credor ou beneficiário). Ainda, deve conter: a assinatura do emitente (subscritor ou promitente-devedor) deve ser identificado, obrigatoriamente, pelo número de sua cédula de identidade, de inscrição no cadastro de pessoa física, do título eleitoral ou da carteira profissional. Ademais, deve conter: o local de emissão e o local de pagamento. Destaque-se que, na falta de indicação, o local de emissão será considerado o de pagamento e, ao mesmo tempo, o local de domicílio do emitente da nota promissória. Por fim, deve conter: a data de vencimento da nota promissória. Oportunamente, aponta-se que, na ausência da referida indicação, a nota promissória é considerada pagável à vista, conforme dispõe o art. 76, da Lei Uniforme. Note que, à semelhança do que ocorre com a letra de câmbio, parte da doutrina costuma referirse às indicações do local e da data como requisitos não essenciais, na medida em que podem ser supridos, não possuindo entretanto maior relevância jurídica essa classificação.
43 AULA 7 A NOTA PROMISSÓRIA E O CHEQUE 1.5 O PROTESTO O protesto da nota promissória somente pode ser lavrado na hipótese de falta de pagamento, visto que, contrariamente a letra de câmbio, que pode ser protestada também por falta de aceite, a nota promissória não comporta esse tipo de protesto. No protesto por falta de pagamento, o credor deverá entregar o título em cartório em um dos dois dias úteis seguintes ao vencimento do título em apreço, conforme aclara o disposto no artigo 44 (Anexo I), da Lei Uniforme. Na hipótese de não observância dos prazos legais fixados para o protesto, o credor perde o direito de crédito contra os coobrigados, endossantes e seus respectivos avalistas, subsistindo apenas o direito de crédito contra o promitente-devedor e seu respectivo avalista. 1.6 OS PRAZOS PARA PROPOSITURA DE AÇÃO EXECUTIVA O credor poderá exercer o seu direito à propositura de uma ação executiva com base em uma nota promissória, conforme o disposto no artigo 77 (Anexo I), da Lei Uniforme, considerando os seguintes prazos prescricionais: Primeiro: em três anos, a contar do vencimento do título, para o exercício do direito de crédito contra o promitente-devedor e seu avalista. Segundo: em um ano, a contar do protesto efetuado dentro dos prazos legais, contra os endossantes e seus avalistas. E, terceiro: em seis meses, a contar do dia em que o endossante efetuou o pagamento do título ou em que ele próprio foi demandado para o seu pagamento, para a propositura de ações executivas dos endossantes, uns contra os outros, e de endossante contra o promitente-devedor.
44 DIREITO EMPRESARIAL 2 O CHEQUE 2.1 O CONCEITO O cheque é uma ordem direta e incondicional de pagamento emitida pelo titular de conta corrente mantida em determinada instituição financeira (banco sacado) e dirigida a essa mesma instituição, na qual o emitente tenha fundos disponíveis. Os fundos disponíveis correspondem a dinheiro ou a uma linha de crédito cheque especial, por exemplo. E a finalidade é a de que o banco sacado efetue o pagamento do valor literalmente expresso no título a determinada pessoa (beneficiário). É disciplinado pela Lei n. 7.357/1985. 2.2 AS PARTES DO CHEQUE O emitente, passador ou sacador: é o titular de conta corrente em uma instituição financeira, que está autorizado a emitir ordens de pagamento dirigidas à referida instituição. Essas ordens de pagamentos são os cheques propriamente ditos. O sacado: é a instituição financeira. É o agente pagador (não é devedor). Sua obrigação é acatar as ordens de pagamento emitidas pelo sacador ou emitente até o limite dos fundos disponíveis na conta corrente mantida no banco sacado. O tomador ou beneficiário: é aquele em favor de quem o cheque deve ser pago, podendo ser um terceiro ou o próprio emitente (este pode emitir um cheque em seu nome para depósito em outra conta corrente de sua titularidade, por exemplo). 2.3 AS CARACTERÍSTICAS Não admite aceite, apesar de ser uma ordem de pagamento, pois é emitido pelo próprio devedor (sacador). O sacado não é devedor e só é obrigado a acatar a ordem de pagamento desde que a referida ordem preencha os requisitos de validade e o emitente disponha de fundos.
45 AULA 7 A NOTA PROMISSÓRIA E O CHEQUE O sacado não pode endossar o cheque, nem dar-lhe o seu aval. O cheque é fornecido pelo próprio banco sacado ao sacador (correntista). É título formal, segue um modelo padronizado e está sujeito á disciplina do Conselho Monetário Nacional e do Banco Central do Brasil. 2.4 OS REQUISITOS ESSENCIAIS A denominação cheque deve estar inserida no título no mesmo idioma da redação. Ordem incondicional de pagar quantia determinada (ex.: Pague por este a quantia de R$... a fulano... ou à sua ordem). Identificação do banco sacado. Data e lugar da emissão. Lugar de pagamento. Assinatura do emitente ou de seu mandatário, com poderes especiais para tanto o emitente deve ser identificado pelo número de sua cédula de identidade, de inscrição no cadastro de pessoa física, do título eleitoral ou da carteira profissional. Conforme o artigo 2º, da Lei do Cheque supramencionada, o título a que falte qualquer dos requisitos sobreditos não vale como cheque, salvo em duas hipóteses. Primeira: não indicado o lugar da emissão, considera-se o lugar indicado junto ao nome do emitente. E, segunda: na falta de indicação especial, é considerado lugar de pagamento o lugar designado junto ao nome do sacado; se designados vários lugares, o cheque é pagável no primeiro deles; não existindo nenhuma indicação, o cheque é pagável no lugar de sua emissão. 2.5 O PRAZO DE APRESENTAÇÃO AO BANCO SACADO O cheque caracteriza-se como ordem de pagamento à vista, considerando-se não escrita qualquer menção em contrário. O título deve ser apresentado para pagamento dentro do prazo de trinta dias, quando emitido na mesma praça em que se localizar o banco sacado. Entretanto, quando emitido em praça diversa daquela de localização do banco sacado, o prazo ascende para sessenta dias. A não apresentação do cheque pelo credor ao banco sacado dentro do prazo legal acarreta sanções. A primeira: perda do direito à propositura de ação executiva contra os endossantes e seus avalistas. A segunda: perda do direito à propositura de ação executiva contra o emitente do cheque, se este dispunha de fundos durante o prazo de apresentação e os deixou de ter por fato alheio a ele.
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