PREVALÊNCIA DE UNIVERSITÁRIOS QUE FAZEM USO DE MEDICAMENTOS PARA TRATAMENTO DE DISFUNÇÃO ERÉTIL



Documentos relacionados
PROJETO DE LEI Nº, DE 2005 (Do Sr. ILDEU ARAUJO)

Avaliação dos serviços da Biblioteca Central da UEFS: pesquisa de satisfação do usuário

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA DEPARTAMENTO DE EPIDEMIOLOGIA DISCIPLINA - EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS INFECCIOSAS 2006

número 17 - março/2016 RELATÓRIO PARA A SOCIEDADE informações sobre recomendações de incorporação de medicamentos e outras tecnologias no SUS

PERCEPÇÃO DOS ACADÊMICOS DO CURSO DE FISIOTERAPIA SOBRE A ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE

ATENÇÃO FARMACÊUTICA BÁSICA NA HIPERTENSÃO ARTERIAL E NO DIABETES RESUMO

7. Hipertensão Arterial

Maria João Begonha Docente Faculdade de Ciências da Saúde - UFP mbegonha@ufp.pt

1. Introdução. 2. Material e Métodos

Pressão Arterial. Profª. Claudia Witzel

POP 08 DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS

INCLUSÃO NO ENSINO DE FÍSICA: ACÚSTICA PARA SURDOS

FORMAÇÃO INICIAL PARA A DOCÊNCIA E EDUCAÇÃO ESPECIAL: O QUE PENSAM OS ESTUDANTES

Monitorização da Segurança dos Medicamentos: Do Ensaio Clínico à Utilização em Contexto de Vida Real

A sexualidade é a expressão do desejo, do amor e da comunicação com o outro.

& MEDICAMENTOS DISPENSADOS PELO PROGRAMA AQUI TEM FARMÁCIA POPULAR EM UMA DROGARIA NO MUNICÍPIO DE PANAMBI-RS

"Disability, anxiety and depression associated with medication-overuse. headache can be considerably reduced by detoxification and prophylactic

Probabilidade pré-teste de doença arterial coronariana pela idade, sexo e sintomas

Estrutura e Montagem dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas

PLANO DE ENFRENTAMENTO DA FEMINIZAÇÃO DA AIDS E OUTRAS DST NO ESTADO DO PARANÁ

Normas para apresentação dos trabalhos

Disfunção eréctil. Mista. Psicoterapia. Administração oral. Terapêutica intra-uretral. Injecção intracavernosa. Prótese peniana

AVALIAÇÃO DA ADESÃO MASCULINA AO EXAME DE PRÓSTATA EM SANTA CRUZ DO ESCALVADO-MG 1

PARECER COREN-SP 010/2012 CT PRCI nº /2012 Ticket s nº , e Revisado e atualizado em 21/11/2013

MINISTÉRIO DA SAÚDE SECRETARIA DE ATENÇÃO Á SAÚDE DEPARTAMENTO DE AÇÕES PROGRAMÁTICAS ESTRATÉGICAS COORDENAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE DO HOMEM

Augusto de Lima, 1715, Belo Horizonte, Minas Gerais. 1 Laboratório de Pesquisas Clínicas, Centro de Pesquisas René Rachou, Fundação Oswaldo Cruz. Av.

HPV Vírus Papiloma Humano. Nome: Edilene Lopes Marlene Rezende

Quadro 1 Idades e número de pacientes masculinos e femininos que participaram no rastreio da Colgate do Mês da Saúde Oral Todos os grupos Idades

Hipertensão Arterial. Promoção para a saúde Prevenção da doença. Trabalho elabora do por: Dr.ª Rosa Marques Enf. Lucinda Salvador

HIV/AIDS NO ENTARDECER DA VIDA RESUMO

A FLUÊNCIA TECNOLÓGICA NA EXECUÇÃO DO PAPEL DE TUTORIA*

PALAVRAS-CHAVE Medicamentos. Assistência Farmacêutica. Qualidade do serviço prestado.

5.1 Processo de Avaliação de Organizações Prestadoras de Serviços Hospitalares O processo de avaliação e visita deve ser orientado pela aplicação do

Conclusões científicas

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA

PROCESSO DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO ESCOLAR EM EDUCAÇÃO QUÌMICA: Em busca de uma nova visão

QUESTIONÁRIO SOBRE ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS. Denise Silveira, Fernando Siqueira, Elaine Tomasi, Anaclaudia Gastal Fassa, Luiz Augusto Facchini

EXERCICIOS LEI 5991/73

O USO DE MATERIAIS CONCRETOS PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA A ALUNOS PORTADORES DE NECESSIDADES VISUAIS E AUDITIVAS: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA

Faculdade de Odontologia Mestrado em Odontologia - Ortodontia. Projeto de Pesquisa. Titulo. Pesquisador:

ADMINISTRAÇÃO DE INJETÁVEIS EM FARMÁCIAS E DROGARIAS: ASPECTOS LEGAIS ADMINISTRATION OF INJECTABLES IN PHARMACIES AND DRUGSTORES: LEGAL ASPECTS

EDITAL DO VII ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E V JORNADA INTEGRADA DE ODONTOLOGIA E MEDICINA (JIOME) DA UNINCOR, CAMPUS BELO HORIZONTE

A FARMACOTERAPIA DE PACIENTE IDOSO COM DIAGNÓSTICO DE DOENÇAS CRÔNICAS UM ESTUDO DE CASO 1

Acesso às Consultas Externas do Serviço de Estomatologia do Hospital de Santa Maria do Centro Hospitalar Lisboa Norte

Os homens apresentam quatro grandes grupos de problemas sexuais:

INSTRUÇÕES PARA ELABORAÇÃO DO PRÉ-PROJETO MESTRADO

SITUAÇÃO VACINAL DOS ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM DA UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI

AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC S) NO ENSINO SUPERIOR: O CASO DE UM CURSO DE DIREITO EM MINAS GERAIS

CARTA ABERTA EM FAVOR DA CRIAÇÃO DE PROGRAMAS DE ASMA NO BRASIL (CAPA) (modificada no I Grande Fórum de Controle da Asma)*

Fluxo para pacientes internados:

Perfil Sócio-Econômico dos Consumidores de Medicamentos para Disfunção Erétil

NUTRIÇÃO NO PLANO NACIONAL DE SAÚDE Contributo da Associação Portuguesa de Nutrição Entérica e Parentérica (APNEP)

PRESENÇA DE DOENÇAS RELACIONADAS À OBESIDADE Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não. Níveis Usuais: Resultado: Sim Não Especificar: Sim Não Sim Não Sim Não

A realidade do SAB para as crianças e adolescentes de 7 a 14 anos. O acesso à Educação

Universidade de São Paulo. Escola de Comunicação e Artes, ECA-USP

APROVADO EM INFARMED. Folheto informativo: Informação para o utilizador

AVALIAÇÃO DO USO DE MEDICAMENTOS PARA O CONTROLE DE PESO POR UNIVERSITÁRIAS

A TRANSIÇÃO FACULDADE-MERCADO DE TRABALHO DE ESTUDANTES DO CURSO DE PSICOLOGIA 1. Introdução

Assunto: Posicionamento do Ministério da Saúde acerca da integralidade da saúde dos homens no contexto do Novembro Azul.

Incontinência Urinária. É possível evitar e tratar.

INVESTIGANDO OS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA DAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE PÚBLICA DO ESTADO DO PARANÁ

A MORTE COMO ELA É: A DIGNIDADE E A AUTONOMIA INDIVIDUAL NO FINAL DA VIDA. 1. Laura Inês Scarton 2.

TÍTULO: PERFIL DE DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS LAXATIVOS EM FARMACIAS DO MUNICIPIO DE MOGI GUAÇÚ - SP

Gestão de Tecnologias em Saúde na Saúde Suplementar. GRUPO TÉCNICO REVISÃO DO ROL Karla Santa Cruz Coelho Fevereiro/2009

Não jogue este impresso em via pública. Preserve o meio ambiente. Universidade Federal do Espírito Santo. Medicina. Centro de Ciências da Saúde

CRENÇAS DE PROFESSORES E ALUNOS ACERCA DO LIVRO DIDÁTICO DE INGLÊS NO ENSINO FUNDAMENTAL DO 6º AO 9º ANOS DO MUNICÍPIO DE ALTOS PI

ABRINDO A CAIXA DE PANDORA: UMA ANÁLISE DAS QUESTÕES E DÚVIDAS SOBRE SEXUALIDADE DE ADOLESCENTES DO ENSINO FUNDAMENTAL

MODELO PRÉ-PROJETO TCC DIREITO

RELATÓRIO TÉCNICO PESQUISA COMPARATIVA DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS MAIO/2012

Destaques Bradesco Saúde

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Leia atentamente este folheto antes de tomar o medicamento. - Caso ainda tenha dúvidas, fale com o seu médico ou farmacêutico.

O USO DO VÍDEO COMO RECURSO DIDÁTICO NAS AULAS DE MATEMÁTICA DA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO JOSÉ ROCHA SOBRINHO

RESPOSTA RÁPIDA 404/2014 Diversos Medicamentos

O PROCESSO DE TRABALHO DE CUIDADORES DE IDOSOS DO SERTÃO NORDESTINO

Ética aplicada à Pesquisa com Seres Humanos

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL E PREVALÊNCIA DE DOENÇAS NÃO TRANSMISSÍVEIS EM IDOSOS DE UM GRUPO DA TERCEIRA IDADE EM MARINGÁ-PARANÁ

1. O que é Relmus 4 mg / 2ml Solução injectável e para que é utilizado

PESQUISA DE ENDIVIDAMENTO E INADIMPLÊNCIA DO CONSUMIDOR - PEIC

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

TÍTULO: AUTORES INNSTITUIÇÃO: ÁREA TEMÁTICA INTRODUÇÃO

Veja 20 perguntas e respostas sobre a gripe H1N1 O VÍRUS 1. O que é a gripe H1N1? 2. Como ela é contraída? 3. Quais são os sintomas?

PREVALÊNCIA DO PAPILOMAVÍRUS HUMANO (HPV) EM MULHERES JOVENS APÓS O PRIMEIRO PARTO EM SÃO PAULO-BRASIL

Especialização em Farmacologia Clínica e Farmacoterapia

TABAGISMO EM UM GRUPO DE PACIENTES ESQUIZOFRÊNICOS

PROGRAMA da Certificação Internacional em Integração Sensorial

Quanto aos objetivos TIPO DE PESQUISA

A importância da assistência Farmacêutica no hospital e na Farmácia comercial. Prof. Msc Gustavo Alves Andrade dos Santos

COMISSÃO PRÓPRIA DE AVALIAÇÃO DA FACULDADE ARAGUAIA

CONSENTIMENTO ESCLARECIDO DO USO DE CONTRASTE

RESOLUÇÃO Nº 546 DE 21 DE JULHO DE 2011

Palavras Chave: Psicotrópicos, Saúde Mental, Programa Saúde da Família.

[ESPOROTRICOSE]

REGISTRO DE CONSULTA - RETORNO PROBLEMAS DE SAÚDE

AVALIAÇÃO DO USO DE ANOREXÍGENOS ENTRE ACADÊMICAS DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR EM MARINGÁ, PR

Tecnologia de computadores. Alexandre Pontes nº27340 Wilson Roque nº27636

RELATÓRIO TÉCNICO PESQUISA COMPARATIVA DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS MAIO/13 CAMPINAS

DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO DE ROUPAS FEMININAS PARA MOMENTOS ÍNTIMOS DEVELOPMENT OF WOMEN'S CLOTHING COLLECTION FOR INTIMATE MOMENTS

Transcrição:

27 PREVALÊNCIA DE UNIVERSITÁRIOS QUE FAZEM USO DE MEDICAMENTOS PARA TRATAMENTO DE DISFUNÇÃO ERÉTIL PREVALENCE OF UNIVERSITIES THAT MAKE USE OF MEDICINES FOR ERECTILE DYSFUNCTION TREATMENT 2 1 2 3 Mayara HORNUNG ; Gerusa Clazer HALILA ; Vanessa BARBOSA 1 Farmacêutica email: mayara_hornung@yahoo.com.br Docente do Curso de Farmácia do Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais CESCAGE email: gerusach@hotmail.com 3 Acadêmica do Curso de Farmácia do Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais CESCAGE email: vanessabarbosa273@bol.com.br RESUMO: O objetivo deste trabalho foi veri car a prevalência de universitários que fazem uso de medicamentos para tratamento de disfunção erétil em uma instituição privada de ensino superior, na cidade de Ponta Grossa PR, em 2010. Participaram da pesquisa 429 acadêmicos do sexo masculino, com idade entre 18 e 30 anos, os quais responderam um questionário sobre o conhecimento dos medicamentos para disfunção erétil, diagnóstico da patologia, frequência e motivo do uso, o medicamento utilizado, onde foi adquirido, se teve prescrição médica e o relato de reações adversas. Os resultados mostraram que 8,6% dos acadêmicos zeram uso de medicamentos para disfunção erétil, sendo que destes, 5% relataram usar pelo menos uma vez por mês. Dentre os acadêmicos que relataram uso, 31% disseram usar Viagra (sildena la), 20% Pramil (sildena la) e 20% Cialis (tadala la), sendo que apenas dois acadêmicos adquiriram a partir de receituário médico, mesmo não apresentando nenhum problema de disfunção erétil. Quanto ao local onde foram adquiridos os medicamentos, 40% disseram ter conseguido na farmácia, 19% com amigos e 14% no Paraguai. Dos acadêmicos que já zeram uso, 62% não relataram nenhuma reação adversa e dos 38% que relataram reações, 37% disseram ter dor de cabeça e 22% rubor facial, sendo citados também ereção prolongada do pênis e suor excessivo, reações menos comuns. Os principais motivos que levaram ao uso destes medicamentos foram curiosidade (87%) e melhor desempenho (8%). Palavras-chave: disfunção erétil; medicamentos; acadêmicos. ABSTRACT: The aim of this study was to assess the prevalence of students who use drugs to treat erectile dysfunction in a private institution of higher education in the city of Ponta Grossa - PR, in 2010. 429 students participated in the survey were male, aged between 18 and 30 years, who answered a questionnaire on knowledge of medications for erectile dysfunction, diagnosis of disease, frequency and reasons for using the medication used, where it was purchased, if had a prescription and reporting of adverse reactions.

28 The results showed that 8.6% of the students made use of medications for erectile dysfunction, and of these, 5% reported using at least once a month. Among academics who reported use, 31% said they used Viagra (sildena l), 20% Pramil (sildena l) and 20% Cialis (tadala l), and only bought from two academic medical prescription, while not presenting any problems erectile dysfunction. As to where the drugs were purchased, 40% said they had achieved in the pharmacy, 19% with friends and 14% in Paraguay. Among academics who have already used, 62% reported no adverse reaction and the 38% who reported reactions, 37% said they had headaches and 22% facial ushing, and also cited prolonged erection of the penis and excessive sweating, less common reactions. The main reasons that led to the use of these drugs were curiosity (87%) and better performance (8%). Key words: erectile dysfunction; medicinal products; undergraduates. 1. INTRODUÇÃO A disfunção erétil, conhecida também como impotência sexual masculina, se caracteriza como a di culdade de obter ou manter a ereção do pênis o tempo su ciente para permitir um desempenho sexual satisfatório (DELATE; SIMMONS; MONTHERAL, 2004). Neste sentido, a disfunção erétil é um fenômeno que envolve diversos fatores e sistemas, como o endócrino, o nervoso, o vascular e tecidual dos corpos cavernosos. O desequilíbrio de qualquer um destes fatores, pode resultar na perda da capacidade de ereção peniana (SBU, 1998). Para o tratamento da disfunção erétil, primeiramente deve ser realizada uma avaliação clínica para investigação das causas subjacentes da disfunção e, com isto, escolher qual o tratamento mais indicado para cada paciente (FREITAS et al., 2008). Atualmente, não são necessários exames complexos para fazer o diagnóstico. A prioridade básica da disfunção erétil é a dosagem da testosterona (hormônio masculino), da glicose (exame do diabetes) e do colesterol (OLD, 2000). Estudos a rmam que a disfunção erétil acomete 45,1% de homens brasileiros, em algum grau. No entanto, com o avanço da idade a disfunção erétil acomete um número maior de homens e consequentemente manifesta agravamento em sua patologia. Entre 18 e 39 anos, 32% dos brasileiros têm disfunção erétil mínima; 10,3% têm disfunção erétil moderada e 1,1% têm disfunção erétil completa (impotência).

29 Acima dos 70 anos há 21,1% de disfunção erétil mínima, 35,1% de disfunção erétil moderada e 12,3% de disfunção erétil completa (CASTILHO et al., 2006). Os tratamentos para a disfunção erétil são tão variados quanto as suas causas. Os métodos que podem ser utilizados para o tratamento da disfunção erétil são a psicoterapia, as próteses penianas, as cirurgias e os medicamentos, administrados por via oral ou injetável, em que as injeções são aplicadas diretamente no pênis (SOUSA, 2008; OLD, 2000). Dentre todos os tipos de tratamento, no Brasil o uso de medicamentos inibidores de fosfodiesterase-5 (PDE-5) é o que apresenta maior aceitação e e cácia terapêutica. São comercializados no Brasil o sildena l, vardena l e tadala l (DELATE; SIMMONS; MONTHERAL, 2004). Existe boa tolerância desta classe de fármacos pela maioria dos pacientes que faz uso, apresentando efeitos adversos menos graves, como cefaléia, congestão nasal, dispepsia e visão anormal de cores. Efeitos adversos mais graves podem ocorrer em indivíduos que apresentem alterações cardiovasculares, ou com o uso concomitante de nitratos (FREITAS et al., 2008; SMITH; ROMANELLI, 2010). O objetivo deste estudo foi identi car a utilização de medicamentos indicados para o tratamento da disfunção erétil por jovens universitários. 2. MATERIAL E MÉTODOS Responderam ao questionário, acadêmicos com idade entre 18 e 30 anos, resultando num total de 429 acadêmicos de uma instituição privada de ensino superior na cidade de Ponta Grossa, Paraná. Esta instituição tem como total 2186 acadêmicos, sendo 904 do sexo masculino. A pesquisa foi realizada a partir da aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa, nos meses de agosto e setembro de 2010. Este estudo é caracterizado como exploratório e descritivo. Os acadêmicos que aceitaram participar como voluntários da pesquisa preencheram um questionário anônimo, composto por perguntas fechadas e abertas, sendo 10 perguntas sobre dados pessoais (como sexo, idade, estado civil), cinco perguntas sobre a vida sexual (por exemplo, idade da primeira relação, número de parceiras) e dez questões sobre o uso de medicamentos. As perguntas abordaram a presença ou não de diagnóstico médico de disfunção erétil, o conhecimento da

30 existência desses medicamentos, a frequência e motivo do uso destes fármacos, o medicamento utilizado, a existência de prescrição médica e o relato de efeitos adversos da sua utilização. Todos os participantes assinaram termo de consentimento livre esclarecido. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos 429 questionários respondidos pelos acadêmicos com idade entre 18 e 30 anos, 37 acadêmicos, ou seja, 8,6% zeram uso de medicamentos para problemas de disfunção erétil. Neste estudo, os acadêmicos com 24 anos de idade foram os que mais zeram uso desses medicamentos. Da mesma forma, os alunos com 21 anos relataram grande uso. Quanto à frequência de uso dos medicamentos questionados, dos 37 acadêmicos que responderam ao questionário, 33 (90%) relataram ter feito uso apenas uma vez, 2 (5%) relataram usar pelo mês uma vez ao mês e 2 (5%) não responderam. Sobre o motivo do uso, 87% dos acadêmicos relataram usar apenas por curiosidade, 8% para melhorar o desempenho sexual e 5% não responderam. Quanto ao local onde foram adquiridos esses medicamentos, 40% dos acadêmicos disseram ter conseguido em farmácias, 14% no Paraguai, 19% com amigos e 27% em outros lugares. Dentre os medicamentos que mais foram citados como utilizados, 31% correspondem ao Viagra e 19% ao Pramil, tendo as duas especialidades farmacêuticas o princípio ativo sildena l. 20% dos acadêmicos relataram ter utilizado Levitra (vardena l), 5% usaram Cialis (tadala l) e os outros 25% relataram utilizar outros medicamentos ou não responderam. Apenas 2 universitários (5%) a rmaram adquirir o medicamento com receituário médico. Porém, mesmo esses 2 acadêmicos que relataram adquirir o medicamento com receituário médico, nenhum mencionou ter problemas de disfunção erétil. Dos acadêmicos que zeram uso desses medicamentos, 62% não relataram nenhum tipo de reação adversa. Porém, dos 38% que relataram reações, as principais foram dor de cabeça (37%) e rubor facial (22%). Também foram relatadas reações como suor excessivo (7%), batimentos cardíacos acelerados (11%), ereção prolongada do pênis (6%) e pressão alta (4%). Alguns acadêmicos não especi caram quais foram as reações observadas. Percebe-se que o número de jovens que faz uso desse tipo de medicamento é alto em relação à faixa etária, pois os mesmos relataram não ter problemas de disfunção erétil ou em ter/manter a ereção. Um dado preocupante foi o fato dos medicamentos serem utilizados de forma irresponsável, motivados apenas por curiosidade, reforçando o princípio da

31 automedicação. No estudo realizado por Freitas et al. (2008), 70% dos acadêmicos também relataram ter feito uso apenas por curiosidade. Neste mesmo trabalho, os acadêmicos também relataram usar o medicamento para potencializar a ereção (12%), contra ejaculação precoce (12%) e para aumento do prazer (6%). De acordo com Santtila et al. (2007), 16,4% dos jovens relataram o uso desses medicamentos para aliviar o medo de ter algum tipo de problema durante a relação sexual, ou seja, zeram uso para não ter insegurança. Nesse mesmo estudo, fez-se uma comparação entre homens com problemas de disfunção erétil e homens sadios, com relação ao melhor desempenho sexual durante a relação. Os resultados demonstram que os homens sadios, ao fazerem uso dos medicamentos para disfunção erétil, tiveram menor desempenho sexual em relação aqueles que possuíam problemas de disfunção erétil e faziam uso de medicamentos. Desta maneira, foi possível perceber que o uso desses medicamentos por jovens não é indicado, uma vez que não há comprovação de melhora no desempenho sexual. No estudo de Freitas et al. (2008), as reações que mais foram relatadas também foram cefaléia (23%) e rubor facial (10%), ou seja as reações adversas citadas no estudo estão de acordo com a literatura. O Viagra (sildena l) foi o medicamento mais utilizado, provavelmente por ser o primeiro fármaco descoberto para esse m, e ainda, devido ao grande número de propagandas sobre esse medicamento. 4. CONCLUSÃO Os medicamentos usados para disfunção erétil não necessitam de controle especial ou retenção da prescrição médica no ato da dispensação, o que acaba se tornando um problema de saúde pública entre os jovens, que mesmo sem qualquer problema de disfunção, fazem seu consumo indiscriminadamente. Diante dos resultados obtidos, deve-se ressaltar a importância do pro ssional farmacêutico perante o uso desses medicamentos, para que seja evitada a automedicação e o uso indiscriminado, levando em consideração o fato de os jovens adquirirem os medicamentos sem receita médica. Apesar da larga comercialização dessa nova categoria de medicamentos, ainda são escassos os estudos que se propõem a veri car seu impacto na vida sexual e na saúde dos usuários. Visão Acadêmica, Curitiba, v.13, n.1, Jan. - Mar./2012 - ISSN 1518-5192

32 5. REFERÊNCIAS CASTILHO, L. N.; FERREIRA, U.; NARDI, A. G.; VALIM, A. C. Disfunção erétil na terceira idade. Revista Brasileira Médica, v. 63, n. 7, p. 298-301, 2006. DELATE, T.; SIMMONS, V. A.; MONTHERAL, B. R. Patterns of use of sildena l among commercially insured adults in the United States: 1998-2002. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14973524>. Acesso em: 02 out. 2010. FEITAS, V. M. de; MENEZES, F. G. de; ANTONIALLI, M. M. S.;NASCIMENTO, J. W. L. Frequência de uso de inibidores de fosfodiesterase-5 por estudantes universitários. Saúde Pública, São Paulo, v. 5, n. 42, p.965-967, 2008. MUSACCHIO, N. S.; HARTRICH, M.; GAROFALO, R. Erectile dysfunction and vigra use: what. Journal of Adolescent Health, Chicago, v. 3, n. 2, p.452-454, 2006. SANTTILA, P.; SANDNABBA, N, K.; JERN, P.; VARJONEN, M.; WITTING, K.; PAHLEN, B. von der. Recreational Use of Erectile Dysfunction Medication May Decrease Con dence in Ability to Gain and Hold Erections in Young Males. Disponível em: <http://www.medscape.com/viewarticle/565813>. Acesso em: 20 nov. 2010. SMITH, K. M.; ROMANELLI, F. Recreational use and misuse of phosphodiesterase 5 inhibitors. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15730119>. Acesso em: 02 out. 2010. SOUSA, J. L. Sexualidade na terceira idade: uma discussão da AIDS, envelhecimento e medicamentos para disfunção erétil. DST Jornal Brasileiro de Doenças Sexualmente Transmissíveis, Recife - PB, v. 1, n. 20, p.59-64, 2008. SOCIEDADE BRASILEIRA DE UROLOGIA. I Consenso brasileiro de disfunção erétil. São Paulo: BG Cultural, 1998. OLD, B. A nal, o que é disfunção erétil? Verdades e mentiras sobre a impotência sexual. Rio de Janeiro: Dunya, 2000.