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Transcrição:

15-09-15 SEB ============================================================ 46 TC-002121/007/06 Órgão Público Concessor: Prefeitura Municipal de Ubatuba. Entidade Beneficiária: Santa Casa de Misericórdia Irmandade Senhor dos Passos de Ubatuba. Responsáveis: Eduardo de Souza Cesar (Prefeito) e Jurandiau Louvizaro (Provedor). Assunto: Prestação de contas repasses públicos ao terceiro setor. Justificativas apresentadas em decorrência de assinatura de prazo, pelo Conselheiro Renato Martins Costa em 24-03-07 e 05-01-09. Exercício: 2005. Valor: R$7.883.028,56. Advogados: Antônio Sérgio Baptista, Monica Liberatti Barbosa Honorato, Claudia Rattes La Terza Baptista e outros. Acompanham: Expedientes: TC-001181/007/07, TC-001182/007/07, TC- 002737/007/07, TC-001670/007/07, TC-029929/026/13 e 024605/026/15. ============================================================ 1. RELATÓRIO 1.1 Trata-se da comprovação da aplicação de recursos públicos no valor de R$ 7.883.028,56, repassados, no exercício de 2005, pela PREFEITURA MUNICIPAL DE UBATUBA à SANTA CASA DE MISERICÓRDIA IRMANDADE SENHOR DOS PASSOS DE UBATUBA, em decorrência de convênios celebrados, tendo por objeto o atendimento ao sistema municipal de saúde. Acompanham estes autos os expedientes TC s 001181/007/07, 001182/007/07, 001670/007/07, 002737/007/07, 029929/026/13 e 024605/026/15. 1.2 A Fiscalização (fls. 85/88) relatou que examinou in loco e por testes o processo de subvenção relativo ao exercício de 2005. Salientou que a Prefeitura não analisou a prestação de contas da entidade beneficiária e, por conseguinte, não emitiu o respectivo 1

parecer conclusivo. Informou que a concessão da subvenção foi autorizada pela Lei municipal nº 1089/91 (fl. 8) e se efetivou por intermédio dos seguintes ajustes: convênio de atendimento à Saúde Pública (fls. 9/14); convênio de terceirização da UNIR/Saúde Mental (fls. 20/26) e convênio para implantação do Programa de Saúde da Família (fls. 32/38). Registrou, em conclusão de seus trabalhos, as seguintes ocorrências: a) descumprimento dos artigos 16 e 17 1 da Lei nº 4.320/64, bem como dos artigos 31 e 32 das Instruções Consolidadas nº 02/2002; b) ausência de conta única para recebimento dos repasses; c) movimentação de recuperação de empréstimos, sem o devido esclarecimento, com valores creditados na mesma conta em que recebe os repasses da Prefeitura; d) falta de comprovação de devolução de valores não aplicados pela entidade beneficiária. Diante disso, manifestou-se pela irregularidade da prestação de contas e propôs a notificação do órgão concessor. 1.3 Notificada (fl. 90), a Prefeitura do Município de Ubatuba encaminhou justificativas (fls. 104/109) e documentos (fls. 110/111). Destacou a importância da entidade para o Município, que não dispõe de um hospital municipal, e a imprescindibilidade do repasse feito à Santa Casa para o atendimento dos munícipes e dos turistas que visitam a cidade. Do contrário, o sistema de saúde da cidade seria praticamente inexistente. Informou que apesar de extemporâneo, o parecer conclusivo foi emitido, conforme documento juntado na fl. 110. Ressaltou que a municipalidade solicitou à entidade a abertura de conta bancária exclusiva para movimentação dos recursos, regularizando a questão suscitada. 1 Art. 16. Fundamentalmente e nos limites das possibilidades financeiras a concessão de subvenções sociais visará a prestação de serviços essenciais de assistência social, médica e educacional, sempre que a suplementação de recursos de origem privada aplicados a esses objetivos, revelar-se mais econômica. Art. 17. Somente à instituição cujas condições de funcionamento forem julgadas satisfatórias pelos órgãos oficiais de fiscalização serão concedidas subvenções. 2

Argumentou, por fim, que a devolução não se fez necessária uma vez que o saldo dos recursos foi utilizado para pagar parte da folha de pagamento de dezembro de 2005, cuja prestação de contas será analisada quando houver a fiscalização das contas de 2006. 1.4 A Assessoria Técnico-Jurídica (fls. 113/114, 116/117 e 125/126), diante das várias denúncias de irregularidades relacionadas ao assunto aqui tratado, consubstanciadas nos autos dos TC s 001181/007/07 2, 001182/007/07 3, 001670/007/07 4 e 002737/007/07 5, propôs nova notificação dos responsáveis. 1.5 A Secretaria-Diretoria Geral (fls. 127/128) entendeu, também, que as justificativas apresentadas não foram suficientes para a regularização do apontado na instrução e, diante das irregularidades noticiadas, propôs novo prazo aos interessados e, ainda, que a Prefeitura esclarecesse e apresentasse os documentos que comprovavam os valores financeiros efetivamente repassados à entidade em 2005 e as respectivas fontes dos recursos. 2 Comunicado do Conselho Municipal de Saúde, no sentido de que as contas do Município, do exercício de 2005 (no que diz respeito ao PSF) e parte do exercício de 2006 (no que diz respeito ao PSF e a UNIR/SAÚDE MENTAL) não foram aprovadas, tendo em vista irregularidades como o empréstimo à empresa privada MEDLABOR e diversas despesas impróprias como a utilização de recursos para pagamento de funcionários não integrantes do quadro admitido por lei do PSF; pagamento de sacolas para os delegados da IV Conferencia Municipal de Saúde com verba do PSF; realização de festa junina no Pronto Atendimento do bairro do Ipiranguinha com verbas do PSF, bem como o não recolhimento do FGTS e INSS (no âmbito do PSF). 3 Denúncia feita pelo Conselho Municipal de Saúde acerca de realização de empréstimo pela Santa Casa em favor da empresa privada MEDLABOR em 23-11-05, sem notícias de reembolso até 11-06-2007. 4 Denúncias feitas pelo Instituto de Defesa da Cidadania, no sentido de que a intervenção pela Prefeitura sobre a Santa Casa seria ilegal em razão de fictícia calamidade pública, bem como estaria trazendo prejuízos à entidade, pois em menos de dois anos de intervenção, a sua dívida ultrapassou 10% do seu patrimônio, havendo a malversação do dinheiro público, dentre outras irregularidades. 5 Denúncias feitas por munícipe sobre a realização de pagamentos a funcionários indevidamente contabilizados como outras despesas correntes ; o uso da Santa Casa para contratação através do PSF e de outros cargos, para disfarçar os limites de gastos com pessoal; a utilização de contratos com terceiros para contratação de pessoal, como os celebrados com as empresas VERDURAMA E SANEPAV; número excessivo de profissionais contratados para cargos de confiança, pertencentes a certa denominação religiosa. 3

1.6 Notificados os responsáveis (fl. 129), a Prefeitura Municipal de Ubatuba (fls. 147/194) informou, quanto ao expediente TC-001181/007/07, que o empréstimo de R$ 15.000,00 para a MEDLABOR e o pagamento de sacolas para os delegados com verbas do PSF ocorreram no exercício de 2006, não guardando relação com a subvenção de 2005. Argumentou que a festa junina no Pronto Atendimento do Bairro do Ipiranguinha não foi custeada com verba do PSF, mas por meio de doações feitas pela comunidade local. A respeito dos recolhimentos do INSS e do FGTS sustentou que a matéria também não guarda relação com a aplicação dos recursos do convênio. Referente ao pagamento de funcionários não integrantes do quadro admitido por lei, alegou que não há elementos suficientes para manifestação de sua parte já que não houve especificação sobre quais os funcionários contratados e para quais funções. Quanto ao conteúdo do expediente TC-001182/007/07, observou que o empréstimo financeiro no valor de R$ 46.000,00 à empresa MEDLABOR foi feito para cobrir despesas de exames laboratoriais para a rede municipal de saúde e que respectivo valor foi compensado através da prestação de serviços de exames pela mesma empresa. No tocante ao TC-001670/007/07, aduziu a necessidade premente de locação de espaço para a lavanderia, diante dos riscos de transmissão de infecção, sendo que o valor do aluguel, consideradas as dimensões do imóvel, mostrou-se muito abaixo do preço de mercado no ato da contratação. Relativamente às demais denúncias, destacou que não guardavam relação com a matéria dos autos. 1.7 A Assessoria Técnico-Jurídica (fls. 197/198) propôs retorno dos autos à Fiscalização para nova instrução. 1.8 A Secretaria-Diretoria Geral (fls. 199/202) manifestou-se pela irregularidade da prestação de contas e procedência da denúncia contida no TC-001182/007/07, bem como pela aplicação de multa ao Prefeito, em razão da inobservância das normas e procedimentos de contabilidade pública. 4

Considerou, após a defesa apresentada acerca dos expedientes autuados sob os TC s nºs 002737/007/07, 001670/007/07 e 001181/007/07, que nem todas as denúncias referem-se ao exercício de 2005 e que os apontamentos tampouco foram instruídos, pelo que, tendo em vista a relevância das matérias neles contidas, propôs o retorno dos autos à Fiscalização para complementação da instrução. 1.9 Instada a se manifestar, a Fiscalização (fls. 206/210) considerou que as justificativas apresentadas não tinham o condão de elidir as falhas apontadas, ratificando sua conclusão pela irregularidade da prestação de contas em exame. 1.10 A Assessoria Técnico-Jurídica (fls. 212/213) manteve igualmente seu posicionamento anterior, no sentido da irregularidade da matéria e pela aplicação de multa ao Prefeito do Município. Aduziu, entretanto, que a impropriedade suscitada nos autos não devia ser considerada para fins de impedir a instituição de continuar a receber os repasses públicos que se fazem absolutamente necessários para o desempenho de suas atividades corriqueiras, de suma importância para a população do município. 1.11 A Secretaria-Diretoria Geral (fls. 214/215) reiterou seu pronunciamento desfavorável à prestação de contas, destacando que os expedientes TC s 002737/007/07, 001670/007/07 e TC-001181/007/07 tratam de transferências efetuadas em 2006 e 2007, encerrando fatos e notícias sem relação com o repasse analisado neste feito. 1.12 Os presentes autos integraram a pauta dos trabalhos da Sessão de 18-11-14 desta C. Segunda Câmara, tendo sido dela retirados, nos termos do art. 105, I, do Regimento Interno deste Tribunal. É o relatório. 5

2. VOTO 2.1 A instrução dos autos demonstra que a prestação de contas em exame não está a merecer o beneplácito desta Corte, ainda que alguns dos apontamentos efetuados pela Fiscalização tenham sido justificados. 2.2 Nesse sentido, entendo possa ser afastado o descumprimento aos artigos 16 e 17 da Lei nº 4.320/64, já que a Santa Casa é o único hospital do Município; e relevadas a ausência do parecer conclusivo e a falta de indicação de conta única para recebimento de repasses, já que tais falhas, ainda que extemporaneamente, acabaram por ser corrigidas, com a juntada dos documentos de fls. 110/111. 2.3 No entanto, como bem salientou a Secretaria-Diretoria Geral, o empréstimo efetuado pela Santa Casa em favor da empresa Medlabor Medicina e Diagnósticos Ltda., no valor de R$ 46.000,00, cujo pagamento teria se dado por meio de posterior prestação de serviços, já é suficiente para concluir pela irregularidade da aplicação dos valores de repasse, por se tratar de procedimento sem amparo na legislação vigente e que, no caso da Santa Casa, entidade que enfrentava dificuldades relacionadas ao financiamento de suas atividades-fim, mostra-se, no mínimo, incoerente. Ademais disso, em afronta ao previsto nas Instruções desta Corte, não foi apresentado na prestação de contas um comprovante de despesa sequer, tendo sido juntadas apenas declarações de que os recursos foram utilizados na prestação de serviços por parte da mencionada empresa. Além disso, tampouco podem prosperar as justificativas referentes aos recolhimentos de FGTS e INSS, por não estarem acompanhadas dos respectivos comprovantes. O mesmo se diga em relação à festa junina realizada no Pronto Atendimento do Bairro do Ipiranguinha, que teria sido custeada com pretensas doações da comunidade local e não com verba do PSF, mas cujos documentos comprobatórios do alegado em momento algum chegaram a ser apresentados. Revelaram-se, também, frágeis os argumentos sobre a locação de imóvel para a lavanderia, eis que não justificadas todas as questões suscitadas na denúncia, como a da devolução do prédio ao proprietário após sua reforma, caracterizando prejuízo ao erário. 6

Do mesmo modo, não procede a justificativa de que a falta de identificação na denúncia dos contratados e de suas funções impediria a Prefeitura de se manifestar a respeito da utilização de recursos do PSF para pagamentos de funcionários que não fazem parte do quadro da entidade. 2.4 Entretanto, em que pesem todas essas graves irregularidades, não se pode ignorar que o Município de Ubatuba não possui um hospital municipal, razão pela qual o repasse feito à Santa Casa reveste-se de extrema importância para o atendimento dos munícipes e dos turistas que visitam a cidade. Além disso, há que se considerar que, por meio do Decreto nº 4.481, de 01-11-2005, foi decretado o estado de calamidade pública na prestação do serviço público hospitalar do Município, especificamente na Santa Casa de Misericórdia Irmandade Senhor dos Passos de Ubatuba e requisitados pela Prefeitura, enquanto perdurasse tal situação, os bens, serviços e servidores afetos à instituição. Foi, ademais, constituída uma comissão multidisciplinar integrada pelos Secretários Municipais de Saúde, Assuntos Jurídicos e Fazenda e Planejamento, com poderes de gestão administrativa e financeira da entidade, em substituição aos então gestores. Frise-se, aliás, que o questionado empréstimo em favor da Empresa MEDLABOR, no valor de R$ 46.000,00, foi realizado já nesse período e, conforme documento juntado na fl. 158, por solicitação efetuada em 23 de novembro de 2005, pelo Secretário Municipal de Saúde à época. Referidos recursos foram, portanto, ao que tudo indica, aplicados no interesse do próprio Município, razão pela qual deixo de propor a sua devolução aos cofres públicos. 2.5 Diante desse quadro, voto pela irregularidade da prestação de contas em exame, com aplicação ao Responsável, Eduardo de Souza Cesar, Prefeito à época, de multa, em razão da inobservância das normas e procedimentos de contabilidade pública, no valor equivalente a 200 UFESP s (duzentas Unidades Fiscais do Estado de São Paulo) a ser recolhida ao Fundo Especial de Despesa deste Tribunal no prazo de 30 (trinta) dias do trânsito em julgado da presente decisão. 7

Determino, por fim o encaminhamento dos expedientes TC-002737/007/07, TC-001181/007/07 e TC-001670/007/07, que contêm denúncias relativas a exercícios distintos do ora examinado à Fiscalização para que sejam devidamente instruídos. Sala das Sessões, 15 de setembro de 2015. SIDNEY ESTANISLAU BERALDO CONSELHEIRO 8