MISTIFICAÇÕES DE RELAÇÕES PÚBLICAS

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Transcrição:

MISTIFICAÇÕES DE RELAÇÕES PÚBLICAS Cândido Teobaldo de Souza Andrade Relações Públicas ou Relações Não-Públicas? Glamour-Girl ou Distinta Senhora? Picaretagem ou Profissão? Arte de Amaciar ou Função Administrativa? Enfim, uma série infindável de perguntas, que seriam respondidas conforme os interesses e projeções de cada um. Isto vem confirmar que Relações Públicas ainda não possuem um conceito definido, que possa situá-las no campo do conhecimento humano, como uma atividade própria. O cipoal que se enroscou em seu tronco está a exigir lenhadores fortes e tenazes para o desbaste definitivo. E se for preciso que se dêem machadadas, até que Relações Públicas se libertem desse emaranhado de distorções, de deformações, que vem impedindo seu livre e correio desenvolvimento à procura de um conceito na sociedadehumana. A realidade é que Relações Públicas, não só no Brasil, mas em outros países, continuam desconhecidas na sua exata acepção, permitindo assim que as mistificações campeiem desenfreadamente, criando ambiente e condições para que as Relações-Não- Públicas dominem soberanamente. As confusões que têm sido feitas de Relações Públicas com Propaganda, Promoção de Vendas, Publicidade, Relações Humanas no Trabalho, Administração de Pessoal, Psicologia das Relações Humanas e Relações Industriais são explicáveis, embora não justificadas. O que denominamos de Relações-Não-Públicas são as fraudes que se realizam com o nome de Relações Públicas, como por exemplo, a advocacia administrativa, o bom-mocismo, a vigarice e o rufianismo. É necessário admitir-se que as Relações Públicas, no seu preciso significado, ainda não se firmaram junto às empresas, em razão mesmo do território indefinido e sem fronteiras, em que alguns estudiosos e profissionais procuram colocá-las. Tornou-se desse modo bastante fácil para que os aproveitadores plantassem também seus marcos de posse nessa área tão vasta e tão despoliciada. Os grileiros de Relações Públicas assentarem seus sinais de demarcação, falsificaram suas escrituras e hoje, nos tribunais da opinião pública, defendem suas ilegítimas causas, na certeza de que serão os vencedores, a menos que estejamos dispostos a tentar disciplinar e delimitar o campo de ação, além de definir quem é quem! Já alertamos acerca dessa questão fundamental para a sobrevivência de Relações Públicas: A verdade é que há uma tendência para ampliar o campo das Relações Públicas em prejuízo do reconhecimento de seu valor. Isso provoca não se pode negar uma suspeita generalizada a respeito do R.P. o que representa, em última análise, um grave embaraço ao progresso e compreensão de Relações Públicas como uma função administrativa essencial ao sucesso das organizações. São os próprios

2 estudiosos e praticantes de R.P. que, muitas vezes, criam dificuldades para a aceitação de um objetivo preciso no tocante às práticas e campo de ação das Relações Públicas. 1 Arte do "Bla-bla-bá" Muita gente acredita, piamente, que Relações Públicas não passam de uma atividade, que se resume em falar, falar, falar. Outros, maliciosamente, acrescentam: falar, mas falar bem. Hernani Donato, na coluna Logotipo 2 assim discorria: Dias atrás, o bem escrito Jornal da Tarde, em sua coluna de comentários da direção, comentando uma provável medida do legislativo paulistano, brindava-nos com uma definição a seu modo preciosa de reações públicas. Traduzindo, quiseram dizer (ou disseram, letra por letra): homem de relações públicas é aquele cujo trabalho consiste em falar, falar, falar. Falar bem, vestir-se bem, apresentar-se bem. Há um eco esmaecido de vox populi em tais palavras. E um pouco de verdade, não há negar. O Correio da Manhã publicou um ABC Prático e Pitoresco do Saber Viver, onde se lia no verbete Papo : Falar de papo é ser soberba, mas bater papo com pessoas amigas, simpáticas e inteligentes é uma das melhores coisas da vida. Ser bom-papo é qualidade essencial para uma nova e rendosa profissão a de public-relations. 3 Na mesma direção, o Suplemento Singra n. 518, de 1962, comparava a habilidade do homem de Relações Públicas com o vendedor de rifas quando comentava: Habilidades há as mais diversas, mas como essa de passar bilhetes de rifa ainda está para existir outra que lhe arrebate o cetro máximo do caradurismo. É de fazer inveja ao candidato a quaisquer desses cursos, à base da lábia e do bafo, modernamente rotulados de relações públicas. Depois que os homens de negócios descobriram que a conversa fiada dava dinheiro, dotaram suas empresas de departamentos de relações públicas. Esta a conceituação de Relações Públicas do famoso cronista Rubem Braga. 4 Outros adicionam que não basta saber falar o próprio idioma, mas que é necessário que se conheçam outras línguas, como credencial indispensável ao trabalho de conversador contumaz. Neste rumo, a revista Manchete assim explicava o êxito de Oscar Ornstein: Na Urca também se iniciou no show-business o grande empresário da atualidade, Oscar Ornstein, que ali fora trabalhar como simples fotógrafo, batendo chapas de casais, no grill, para entrega de cópias 15 minutos depois. Insinuante e sabendo línguas, foi promovido mais tarde a public-relations. 5 1 ANDRADE, Cândido Teobaldo de Souza. Para entender relações públicas. 2. ed.. São Paulo: Biblos, 1965. p. 107. 2 DIÁRIO DE S. PAULO, São Paulo, 11 jun. 1967. Caderno Político e Econômico, p. 2. 3 CORREIO DA MANHÃ, Rio de Janeiro, 24 set. 1961. Suplemento, p. 2. 4 FORTAREL, Fernando. O lubrificante da sociedade. Folha de S. Paulo, São Paulo, 12 jan. 1966. p. 4. 5 MANCHETE, Rio de Janeiro, jan. 1965. p. 88.

3 A respeito de Oscar Ornstein, conta-se que, em programa da televisão no Rio de Janeiro, certa vez Grande Otelo saiu-se com esta: Criôlo, você não sabe o que é pubric releichion? Então vou te explicar. É um negócio inventado pelo Oscar Ornstein para passar bem sem trabalhar. E como sou o novo pubric releichion da escola e a coisa é difícil de falar, me chama mesmo de Oscar.... Charlatanismo O blefe não tem limites, de tanto que ele parece ser verdadeiro esse o principal axioma de uma dúzia de parisienses, que são pagos regiamente para inventar as histórias mais mirabolantes, no sentido de auxiliar o êxito de um espetáculo. Seus nomes nunca aparecem no elenco dos filmes, nem nos cartazes, mas as vedetas sabem muito bem o que valem esses especialistas do lançamento. Esses novos public-relations gostam mesmo do ofício ou trabalham porque isto lhes rende muito dinheiro? 6 Aqui está uma outra faceta das mistificações de Relações Públicas, onde o charlatanismo e a má-fé são consagrados como instrumentos decisivos de R.P. Daí muitos afirmarem, com convicção, que as Relações Públicas são conseqüência do sentimentalismo barato, explorado com oportunidade e até com planejamento. Teriam razão, portanto, aqueles que assim expressam seu conceito acerca de Relações Públicas: Enfeitem isso como quiserem, sempre será maroteira? O caradurismo não tem sido considerado um título para o homem de Relações Públicas? Nesse sentido, o cinema italiano deu-nos uma amostra dessa esdrúxula conceituação de Relações Públicas, com o filme O Cara Dura (Il Gaúcho), estrelado por Vitorio Gassmann, Amedeo Nazzari e Silvana Pampanini. Nessa película, o artista principal surge como encarregado de Relações Públicas de uma companhia cinematográfica, num festival de cinema, utilizando-se de truques, com uma audácia sem limites. As artes de magia e feitiçaria não têm sido acolhidas como meios de Relações Públicas? Os próprios profissionais de R.P. não têm sido chamados de mágicos, sempre prontos a tirar o coelhinho da cartola? Não seria, pois, de se admirar que a reunião mundial de bruxas, realizada em Londres, em 1963, tenha também se preocupado com Relações Públicas, a ponto de criar um serviço de R.P., sob a direção da jovem feiticeira Sybil Leek, segundo informa o Suplemento Literário de O Estado de São Paulo. 7 No campo da Astrologia, ou mais precisamente nos horóscopos, as Relações Públicas se fazem presentes, havendo mesmo um nome famoso dessa arte que afirma ser credencial e garantia para um candidato ao cargo de técnico de R.P., que ele pertença ao signo de Câncer. Assim, alguns horóscopos para os nascidos no período compreendido entre 18 horas de 23 de junho e 20 de 23 de julho (signo de Câncer) afiançam: habilidade em pintura e relações públicas, êxito em relações públicas, prosperidade nas viagens ou em relações públicas, etc. 6 FOLHA DE S. PAULO, São Paulo, 30 mar. 1961. p. 14. 7 CRÔNICA. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 13 set. 1963. p. 3.

4 Contudo, existem pessoas mais práticas, ainda que se trate de signos e horóscopos como, por exemplo, esse anúncio publicado nos principais jornais de São Paulo: Seja Qual For seu Signo. Viagens, passeios, festas, excursões, casamentos, relações públicas... Faça-os com carros Aero-Willys, último tipo. Preços acessíveis.... Boa Educação Curioso observar que muitas empresas importantes em nosso país, talvez acompanhando a moda, tenham criado departamentos de Relações Públicas, com a finalidade precípua de ter pessoas aptas a tratar o público com cortesia. E alguns desses homens de empresa dizem, cinicamente, que é muito útil um serviço de R.P., pois assim eles próprios ficam livres da caceteação de serem polidos. Nessa mesma direção, Eduardo Palmerio, no seu consagrado Ponto e Vírgula, do jornal Diário da Noite, da capital paulista (edição de 10 de novembro de 1966), assim glosava a instituição de um curso de Relações Públicas na Universidade de São Paulo no nível universitário. Relações Públicas é uma nova profissão, que nasceu com o progresso. Está provado que ser bem educado, tratar os outros com cortesia, toma muito tempo, requer diversos predicados. Daí a necessidade de profissionais especializados para se incumbirem da tarefa. Tem uma empresa, por exemplo, um corpo de 100 funcionários. Para que todos esses 100 elementos perderem seu tempo com problemas de boa educação, de atender bem os outros, se um só, especializado no ramo, ou seja, o homem de relações públicas pode desincumbir-se da tarefa? Chama-se a isso organização racional do trabalho. Pessoas trabalhando, cuidando dos problemas da empresa e uma delas distribuindo abraços e sorrisos. O frei Benevenuto Santa Cruz O.P., numa conferência realizada na Escola Paulista de Medicina, versando sobre o tema Relações entre Médico e Doente, provocou este comentário, do redator da secção especializada de um jornal de São Paulo: Faltou ao ilustre frade se referir a um novo tipo de pacientes, os socializados dos laps e recentemente do modelar Hospital dos Servidores do Estado de São Paulo. Apesar da socialização crescente que os atinge, sentem-se com direitos (aliás irrecusáveis, forma mesmo da caridade cristã) a um mínimo de gentileza que não se compreendia nas regras de tratamento e que hoje se chama relações públicas, mas que antigamente era pura e simplesmente boa educação. 8 Um dos números do jornal interno Fora do Expediente, de uma grande organização bancária paulista, focalizou em detalhes as distorções de Relações Públicas, através de um artigo intitulado: A Estranha Senhora R.P.. Nesse comentário, a articulista assim escrevia: Por outro lado é freqüente ouvir-se esta frase: Fulano é muito public 8 FOLHA DE S. PAULO, São Paulo, 24 maio 1963. p. 14.

5 relations quando se quer referir a alguém que prima pela cordialidade e boas maneiras. E fica-se pensando: será que relações públicas é sinônimo de boa educação? 9 Tia Lenita, na Folhinha de S. Paulo contando histórias para a criançada, assim doutrinava: E na verdade, muita gente precisava fazer um curso de Relações Públicas para aprender a tratar os seus semelhantes com educação, delicadeza e muitas vezes com certa generosidade e carinho. Mesmo que não sejam pessoas importantes. A educação cabe em qualquer lugar. Seja no mundo de gente, seja no mundo dos bichos. 10 Como se vê, até as crianças e os bichos já estão aprendendo que Relações Públicas são educação e delicadeza! Boa Aparência Nos anúncios publicados pelos jornais paulistas e cariocas, solicitando pessoas para trabalhar em Relações Públicas, invariavelmente, a qualificação mais exigida é de boa aparência, seja para candidatos do sexo masculino ou feminino. Em 1963, o conhecido humorista Sérgio de Andrade (Arapuã), em Ora Bolas 11 satirizava esse conceito esquisito dado às Relações Públicas, quando dizia: Fidel pediu revolução em toda a América Latina, o que acho difícil: aqui ninguém deixa a barba crescer porque isso não é bom para public relations. Porém, hoje, com os cabeludos e barbudos, talvez alguns homens de empresa achassem indispensável para a boa aparência do public relations, ao menos um cavanhaque para combinar com o cachimbo inglês.... Fernando Portarei, em crônica já citada, 12 assim se manifestava: Até há pouco tempo, se é que a idéia não persiste ainda agora, o protótipo do public-relations era o moço bem apessoado, metido em figurino de último grito, que fumava cigarros americanos e bebia uísque estrangeiro, versado e sabido em quase tudo, desde corridas de cavalo até a cotação do dólar no próximo semestre. Indispensável que tivesse também, algumas tinturas de inglês, que soubesse o significado de expressões como good will, promotion e promoter, lay-out, slides etc. O resto era conversa, em português mesmo e com muita pose. Beleza Oriental Invade Paris era o título de uma reportagem publicada pelo semanário City News de São Paulo onde se procurava mostrar que beleza, charme e boa aparência, enfim, constituía um instrumento para conquistar opinião pública. Depois de alguns comentários sobre a situação política de Sukarno, assim explicava o jornalista: Sukarno lembrou-se, então, da campanha do sorriso e ao olhar Ratna (sua terceira esposa) não teve a menor dúvida. Era a melhor embaixatriz e relações públicas que se 9 CATUREGLI, Maria Geny. A estranha senhora R.P. Fora do Expediente (Banco Mercantil de São Paulo), São Paulo, jul. 1963. p. 3. 10 A CARCARÁ loira e o Corujão negro. Folhinha de S. Paulo, São Paulo, 11 jul. 1965. p. 3. 11 CORREIO PAULISTANO, São Paulo, 17 jan. 1963. Última página. 12 O LUBRIFICANTE da sociedade. Folha de S. Paulo, São Paulo, 12 jan. 1966. p. 4.

6 poderia desejar. Assim Sukarno embarcou a linda esposa para Paris para reconquistar a opinião pública francesa... Poder-se-ia acrescentar: com isso, Sukarno desguarneceu o front interno e foi afastado das rédeas do governo da Indonésia! O professor Benedicto Silva, um dos pioneiros de Relações Públicas no Brasil, sempre se preocupou com a banalização de R.P., tendo mesmo escrito alguns artigos e efetuado várias palestras, onde se procurava pôr cobro a esses conceitos errados que distorciam a imagem certa de Relações Públicas, dificultando o progresso dessa função técnico-administrativa. Na antologia coligida por Samueal Jameson 13 o antigo diretor da Escola Brasileira de Administração Pública assim iniciava seus comentários: Na versão cinematográfica de O Homem do Terno Cinzento, novela americana, há um episódio que, de certo modo, dá a indicação de como o conceito de relações públicas ainda é fluído, vagamente compreendido, suscetível das mais estranhas interpretações. Referimonos à cena em que um companheiro de viagem suburbana diz ao homem do terno cinzento que na empresa em que trabalha estão procurando um empregado. Em que departamento indaga um. No de relações públicas responde o outro. Ao que o homem de terno cinzento retruca, com certo desapontamento, que não podia candidatarse ao lugar porque nada entendia de relações públicas O informante examina-lhe o colarinho, a gravata, os sapatos, o vinco das calças e diz: Qual o quê, você poderia servir, querendo dizer com isto que aos requisitos do agente de Relações Públicas consistem numa boa apresentação; unhas limpas, calças vincadas, sapatos engraxados, colarinho esticado etc. R.P. Futebolísticas Há homens que são por natureza Relações Públicas deles mesmos escrevia Jacintho de Thormes Belini e Pele estão nessa turma. São criaturas descontraídas e gostam de novos contactos com pessoas, com jornais, com a multidão. São extrovertidos e possuem as qualidades das grandes vedetes. 14 O Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, referindo-se a Belini, também o considerava um autêntico public-relations, senão o maior homem de R.P. do futebol brasileiro, quando no papel de capitão-diplomata da seleção brasileira. Mas por outro lado, o grande capitão Mauro, igualmente, não era esquecido e a cronista social Alik Kostakis noticiava: podemos adiantar a vocês que antes, de partir rumo a Paris, com a delegação do Santos, Mauro Ramos de Oliveira recebeu proposta vultosa de grande organização imobiliária para ser seu elemento de relações públicas. O craque ficou de responder após sua volta. 15 13 SILVA, Benedicto. A degeneração das relações públicas. In: JAMESON, Samuel H. Relações públicas. 2. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1962. p. 47. (Textos selecionados de Administração Pública, v. 4). 14 THORMES, Jacintho de. O velho e a bola. Última Hora, São Paulo, 8 fev. 1963. p. 12. 15 SOCIEDADE. Última Hora, São Paulo, 27 jun. 1962. p. 12.

7 Tostão e Dirceu Lopes são Relações Públicas" era o título da notícia publicada pelo Diário Popular, de São Paulo (5 de agosto de 1966). Dizia a nota: Seguindo o exemplo do Atlético que coloca seu ônibus à disposição de alunos das escolas primárias, semanalmente, o Cruzeiro resolveu também fazer relações públicas junto à nova geração, visando atrair novos adeptos entre a meninada. Assim, enquanto o Atlético coloca alternadamente dois de seus valores para passear com os petizes, o Cruzeiro envia Tostão e Dirceu Lopes às escolas, para farta distribuição de blocos, réguas e lápis. A moda está pegando. Muito curioso é o comentário de Álvaro Paes Leme, em sua secção Falando no Duro 16, quando se referia às possíveis importações de craques estrangeiros para o futebol brasileiro: O pior é que o Flamengo está também trazendo por empréstimo a Albert, craque húngaro e o zagueiro sueco Axelson. Se isto não é golpe de empresário, o diabo deve ter ficado branco. Para que vamos necessitar de um zagueiro sueco? O sr. Gunnar Goransson está fazendo relações públicas? Outra explicação não pode haver. Quanto ao preparo da seleção brasileira para o Campeonato Mundial realizado na Inglaterra, o dr. Hilton Gosling, médico da equipe nacional, em entrevista aos jornalistas cariocas e paulistas, disse que desejava afastar-se do setor médico da Comissão Técnica da Confederação Brasileira de Desportos, para ficar como diretor de Relações Públicas, por causa do prestígio com os dirigentes da FIFA. Ainda por essa época, a revista O Cruzeiro escrevia: Muito bom, o ambiente da concentração. Rildo é o gozador da turma, e o boa-praça que faz às vezes de public relations. Outro relações públicas é o Dias, que recolhe os autógrafos dos companheiros para os fãs. 17 Homem das Ante-Salas Constituiu tema do IV Congresso Mundial de Relações Públicas, em 1967, saber se o lobbying era ou não uma função de Relações Públicas. Um dos delegados norteamericanos Martin Ryan Haley ao focalizar o assunto disse que o lobbying é uma função de R.P., pois o governo é um público especial, com o qual fazemos comunicações e que os lobbysts (homens das ante-salas) sempre existiram e continuarão existindo. Wilson Velloso, em correspondência publicada pela Folha de S. Paulo (18 de outubro de 1965) assim explicava a atuação dos lobbystmen: Trata-se de cavalheiros e damas muito bem preparados intelectualmente, donos de considerável lábia e dotados de generosa verba de representação. Cumpre notar que no seu trabalho não há nada de escuso. O que fazem se resume em relações públicas de pessoa a pessoa. Nunca há ostensivas peitas, nem subornos, nem toscas tentativas de comprar o voto de um congressista. O que há, isto sim, é uma teia sutil para enredar o parlamentar em compromissos sociais, se não for possível convencê-lo de que tal ou qual lei é favorável aos interesses do país. E, forçosamente, aos clientes dos lobbyistas. 16 IMPORTAÇÕES e táticas. Última Hora, São Paulo, 13 out. 1966. Última página. 17 DEIXEM o Pelé em paz. O Cruzeiro, Rio de Janeiro, 13 maio 1966. p. 10.

8 Nos Estados Unidos da América, a atividade de lobbying é considerada legal, através d legislação especial federal e de alguns estados (Califórnia, Georgia, Oregon, New York, Montana, Arizona e Dakota do Sul), isto, contudo, não significa dizer, como defendia Martin Haley, que o profissional, ao desempenhar o trabalho de lobby, seja uma peça de todo o programa de Relações Públicas da sua organização. Os lobbystas, fora do país estadunidense, têm suas ações cerceadas como ilegais, e como formas de corrupção e mesma na pátria de John Kennedy, somente se admitiu, legalmente, o lobbying, como uma saída para colocar, sob vigilância, certas atividades escusas exercidas em corredores e ante-salas de palácios legislativos. A realidade é que se procura confundir Relações Públicas com os Poderes Públicos e com as atividades de lobbying. Essa confusão aparece mais nitidamente em empresas concessionárias de serviço público, que necessitam manter freqüentes contactos com autoridades governamentais, por força de suas próprias características. Dolce far niente Com efeito, salvo melhor juízo, no Brasil as atividades de R.P. são destinadas, na maioria dos casos, a dar ocupação simbólica a indivíduos cuja situação social não lhes permite ingressar no trabalho manual, e cuja imprecisa qualificação cultural também não os habilita ao exercício de tarefas intelectuais sérias ou de produtivo desempenho profissional superior. R.P. é o reduto dos sem-diplomas, como costuma dizer Nelson Marcondes do Amaral nos momentos de quebranto, ou aproveitamento da mão-semobra, de caráter fútil... como escrevia Luiz Washington Vita. 18 Na verdade, esses mãos-sem-obra são autênticos boas-vidas, que em empresas públicas ou privadas, ocupam funções que recebem o título de Relações Públicas, com a tarefa exclusiva de organizar coquetéis e banquetes ou de conseguir lugares em hotéis ou ainda acompanhar clientes em longas peregrinações noturnas pelas boates e restaurantes. Sua grande preocupação é ficar isento do ponto e procurar viver da maneira mais agradável, com o mínimo de esforço. São legítimos herdeiros dos antigos sibaritas, que transpiravam somente pelo fato de verem os escravos trabalhando ao sol. José Tavares de Miranda, em sua coluna da Folha de S. Paulo, em novembro de 1965, comentava assim: Atividade essencial e típica dos regimes livres é a de Relações Públicas. Mal compreendida por alguns, que julgam que R.P. significa recepção nos aeroportos ou presença em coquetéis, é ela a arma mais eficiente para o bom entendimento entre as organizações e o público. Infelizmente, não são apenas alguns que acreditam nessa concepção esdrúxula de Relações Públicas, mas muitos, que vêem no homem de R.P. um tipo bem vestido, com um copo de uísque e um sorriso permanente nos lábios. 18 RP emprego de mão-sem-obra. Correio Paulistano, São Paulo, 20 jan.1962. p. 16.

9 Vigarice em geral Com o título Técnicos em Conto do Vigário, a revista P.N. publicava um editorial contra o chamado furto de espaço que alguns pretensos serviços de Relações Públicas vinham praticando ou tentando praticar. Dizia o articulista: É um dos problemas mais sérios que temos que enfrentar, nós os da imprensa, esse da confusão proposital entre as verdadeiras Relações Públicas e Propaganda travestida de Relações Públicas. E terminava assim: As Relações Públicas têm naturalmente um direito de cidadania. Mas, sem dúvida alguma, 99% do que uma publicação recebe sob o título de R.P. é simplesmente uma modalidade nova do conto do paço ou do bilhete premiado. 19 Curiosa a conceituação de R.P. dada pelo saudoso Silveira Sampaio, na sua coluna Bate-papo. 20 Quanto pagaria o Brasil para que o Times fizesse relações públicas do nosso café? Não digo propaganda, não digo anúncio, mas relações públicas, assim algumas linhas bem dissimuladas sobre o café inseridas numa coluna de terceira página? Creio mesmo que se alguém fosse propor isso ao Times, receberia um sorry, sir e imediatamente lhe mostraria a porta da rua. Pois o embaixador Arantes do Nascimento (Pelé) conseguiu tudo isso sem nada pedir e tendo aqui o Times a fazer relações públicas do nosso café. Outras formas de vigarice poderiam ser consideradas como quebra-galho ou picaretagem, ou seja, ter expediente para resolver todos os galhos, empregando para isso todos os recursos possíveis e imagináveis. Para isso deformam os fatos, criam situações falsas, alardeiam prestígio, enganam, mistificam, enfim uma série inumerável de truques e ardis com o fito único de conseguir o negócio. E o pior é que esses picaretas acobertam suas ações imorais com a capa de Relações Públicas. No Código Penal As mistificações de Relações Públicas depois de circularem pelos artigos 171 (estelionato), 321 (advocacia administrativa), 332 (exploração de prestígio) e 333 (corrupção ativa) do Código Penal, também estão presentes no artigo 230 (rufianismo). E o fato se torna sumamente grave ao lembrar-se que os Estados Unidos da América, terra por excelência das Relações Públicas, apresentou-nós, há anos, um filme intitulado Adorável Pecadora, onde aparecia um personagem como homem de R.P. que, na verdade, era um rufião. A secção regional de São Paulo da Associação Brasileira de Relações Públicas enviou, na época, um veemente protesto aos responsáveis pela película, tendo mesmo publicado nos jornais da capital de São Paulo um comunicado repelindo, com toda a urgência, a absurda conceituação esposada pelos produtores cinematográficos norte-americanos. 19 VASCONCELLOS, Manoel. PN: Publicidade e Negócios, Rio Janeiro, 14 nov. 1960. p. 1. 20 FOLHA DE S. PAULO, São Paulo, 9 nov. 1962. Segundo caderno, p. 5.

10 A revista PR in Canada, da Canadian Public Relations Society, vem publicando, há três anos, um anúncio com o título Cherchez femme... que tudo faz presumir ser da rede de call-girls! Os jornais principais da capital paulista publicam, de tempo em tempo, um anúncio em que são solicitadas moças de boa aparência, de 21 a 30 anos de idade, desembaraçadas e ambiciosas para trabalho apaixonante de Relações Públicas. O anúncio era de responsabilidade de um motel! Finalmente, pode-se dar um panorama das distorções de Relações Públicas. No jornal Correio da Manhã: hoje, com 61 anos, mas ainda cultivando a forma física (via tênis) e a lábia (via Relações Públicas), George Murphy conquista uma cadeira no senado norte-americano... ; na Folha de S. Paulo: Maria Helena como relações públicas do programa de Silveira Sampaio tem organizado uma grande assistência in loco, verdadeira torcida uniformizada ; na revista O Cruzeiro: Um cabeleireiro de categoria, viajado e culto, pode também ser um conselheiro e até um empresário. Pelo círculo de relações que possui tem oportunidade de ser o melhor dos public-relations, no semanário Shopping News de São Paulo: Não conhece recalques, não receia vestir o maiô e tampouco enfrentar as longas noitadas de gala, que sempre vão além da meia-noite e trazem consigo um sono irresistível. Uma dama talhada para praticar relações públicas. Trata-se de Grace Kelly. Hoje, Grace de Mônaco ; no jornal Última Hora de São Paulo: Estamos numa sala de paredes de vidro, dividida por uma lareira. Ao fundo o Monte Mário dando para o Tibre. Abrimos uma garrafa de pinga (nossa cachacinha é uma excelente public relations...); no jornal O Estado de São Paulo: No campo das Relações Públicas a arte de dar presentes assume importância especial já se vê ; n A Tribuna de Santos: Unir o encanto pessoal feminino ao jogo da austera política, tal é a nova ofensiva desencadeada pelo Partido Trabalhista Australiano. Os dirigentes desse partido decidiram recrutar certo número de jovens de muita beleza que se encarregarão da missão de Relações Públicas nas reuniões ; na revista The Bankamerican: Relações Públicas estão se tornando mais absorventes. Um banco no Oeste cuida tanto dos cachorros, como de seus clientes. Quando um cliente aparece no saguão com um cão na coleira, imediatamente o animal é alimentado com biscoitos especiais, enquanto seu dono termina o negócio ; no Correio da Manhã, em crônica de Carlos Drummond de Andrade: Em cada coletoria um curió, com sua barriga avinhada e seu canto melodioso, seria o melhor relações públicas; ouvindo-o pagaríamos em dobro as nossas multas... ; na revista O Cruzeiro, em crônica de H. Pongetti: Sinceramente, eu não compreendo como ainda não se pediu um crachá, a Ordem do Cruzeiro do Sul, para Bob Zaguri. O rapaz fez pelo Brasil um serviço inestimável de public relations, nos botou nas colunas de fuxicos e trancinhas cosmopolitas.... Não é preciso prosseguir. Atualmente, a esperança dos relatores públicos do Brasil reside na regulamentação governamental das atividades de Relações Públicas, como única solução para acabar, de uma vez por todas, com as deformações de Relações Públicas.