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MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO CAUTELAR 4.016 MARANHÃO RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO AUTOR(A/S)(ES) :ESTADO DO MARANHÃO PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO MARANHÃO RÉU(É)(S) PROC.(A/S)(ES) :UNIÃO :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO DECISÃO SISTEMA INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DO GOVERNO FEDERAL, SERVIÇO AUXILIAR DE INFORMAÇÕES PARA TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS E CADASTRO INFORMATIVO DE CRÉDITOS NÃO QUITADOS DO SETOR PÚBLICO FEDERAL INSCRIÇÃO DE UNIDADE DA FEDERAÇÃO DEVIDO PROCESSO LEGAL INOBSERVÂNCIA LIMINAR DEFERIDA. 1. O assessor Dr. Marcelo Novelino Camargo prestou as seguintes informações: O Estado do Maranhão, na ação cautelar formalizada contra a União, visa suspender, até o julgamento definitivo da ação principal, os efeitos da própria inscrição em cadastros federais de inadimplência. Ressalta a competência do Supremo considerado o previsto no artigo 102, inciso I, alínea f, da Carta da República. Segundo narra, está impedido de celebrar convênios, contrair empréstimos e receber transferências voluntárias em virtude de restrição constante do Cadastro Único de Convênios

CAUC, hoje denominado Serviço Auxiliar de Informações para Transferências Voluntárias, subsistema vinculado ao Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal SIAFI, da Secretaria do Tesouro Nacional, e do Cadastro Informativo de Créditos Não Quitados do Setor Público Federal CADIN. Destaca a impossibilidade de receber a transferência dos valores contratados em empréstimos junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDES. Afirma haver sido incluído em razão de pendências relacionadas a ex-gestores (CNPJ nº 00.820.295/0001-42; nº 01.881.070/0001-69; nº 01.933.502/0001-38; nº 03.675.905/0001-50; nº 04.902.288/0001-40; nº 13.601.172/0001-62; nº 22.626.750/0001-06), aos Poderes Legislativo (CNPJ nº 05.664.005/0001-32) e Judiciário (CNPJ nº 00.459.854/0001-30; nº 01.651.684/0001-54; nº 01.729.440/0001-47; nº 04.408.070/0001-54; nº 07.787.548/0001-72; nº 09.121.030/0001-20; nº 11.627.372/0001-69; nº 20.873.864/0001-25), ao Ministério Público (CNPJ nº 05.483.912/0001-85; nº 08.772.136/0001-21), ao Tribunal de Contas (CNPJ nº 05.019.702/0001-30) e à Defensoria Pública (CNPJ nº 00.820.295/0001-42), assim como a fundos municipais (CNPJ nº 03.156.121/0001-15; nº 18.383.180/0001-01; nº 20.534.522/0001-80), todos vinculados ao CNPJ principal do Estado (nº 06.354.468/0001-60). Aponta ter a Receita Federal estendido à atual gestão, para fins de emissão da Certidão Negativa de Débito, as obrigações não cumpridas pelo governo anterior. Argui violação aos princípios da intranscendência das medidas restritivas de direito, do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa. Evoca precedentes. Sob o ângulo do risco, sustenta que a inscrição em cadastros federais de inadimplência representa óbice ao recebimento de verbas federais e à realização de novos convênios, fundamentais para a regular execução de políticas públicas. 2

Postula o implemento da liminar para suspender a inscrição nos referidos cadastros, assegurar as transferências de recursos federais e de verbas decorrentes de operações de crédito. Requer, ainda, seja determinado à União que emita Certidão Negativa de Débito CND ou Certidão Positiva de Débito com Efeito de Negativa CPD-EN, viabilizando o repasse de recursos decorrentes de empréstimos, assim como se abstenha de fazer novas inscrições e retenções de transferências de recursos sem a observância do contraditório e da ampla defesa. No mérito, busca a confirmação da providência. O processo encontra-se concluso para apreciação do pedido de concessão de medida acauteladora. 2. A inserção de unidade da Federação no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal SIAFI, no Cadastro Único de Convênios CAUC e no Cadastro Informativo de Créditos Não Quitados do Setor Público Federal CADIN, como inadimplente, é ato que implica consequências gravosas para o ente público, entre as quais a proibição de recebimento de transferências voluntárias da União. O deferimento da liminar pleiteada serve à busca do equilíbrio na prestação dos serviços públicos essenciais, mas não revela a desnecessidade de adoção de providências voltadas ao cumprimento das obrigações assumidas pela Administração. Embora descabido agasalhar o princípio da intranscendência subjetiva das sanções, por se tratar de responsabilidade do próprio Estado, vingando a impessoalidade, presentes as dificuldades operacionais advindas dessas providências de bloqueio, surgem olvidados os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório. É tempo de atentar para os reiterados pronunciamentos do Supremo. A automática inscrição em cadastro federal de inadimplência mostra-se inadequada, no que evidenciada a inversão da ordem natural 3

das coisas, que é, primeiro, apurar para, depois, atuar. Confiram a seguinte ementa, na qual refletido o entendimento do Tribunal: AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL CONSOLIDADA QUANTO À MATÉRIA VERSADA NA CAUSA POSSIBILIDADE, EM TAL HIPÓTESE, DE O RELATOR DECIDIR, MONOCRATICAMENTE, A CONTROVÉRSIA JURÍDICA COMPETÊNCIA MONOCRÁTICA QUE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL DELEGOU, VALIDAMENTE, EM SEDE REGIMENTAL (RISTF, ART. 21, 1º) INOCORRÊNCIA DE TRANSGRESSÃO AO PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE PLENA LEGITIMIDADE JURÍDICA DESSA DELEGAÇÃO REGIMENTAL CAUC/SIAFI INCLUSÃO, NESSE CADASTRO FEDERAL, DE ESTADO-MEMBRO SEM QUE SE TENHA PROCEDIDO À PRÉVIA NOTIFICAÇÃO DO ENTE FEDERATIVO INADIMPLENTE A QUESTÃO DOS DIREITOS E GARANTIAS CONSTITUCIONAIS, NOTADAMENTE AQUELES DE CARÁTER PROCEDIMENTAL, TITULARIZADOS PELAS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO POSSIBILIDADE DE INVOCAÇÃO, PELAS ENTIDADES ESTATAIS, EM SEU FAVOR, DA GARANTIA DO DUE PROCESS OF LAW VIOLAÇÃO AO POSTULADO CONSTITUCIONAL DO DEVIDO PROCESSO LEGAL (TAMBÉM APLICÁVEL AOS PROCEDIMENTOS DE CARÁTER MERAMENTE ADMINISTRATIVO) BLOQUEIO DE RECURSOS RISCO À NORMAL EXECUÇÃO, NO PLANO LOCAL, DE SERVIÇOS PÚBLICOS ESSENCIAIS À COLETIVIDADE SITUAÇÃO DE POTENCIALIDADE DANOSA AO INTERESSE PÚBLICO PRECEDENTES (ACO 1.600- -AgR/PI, Rel. Min. CELSO DE MELLO PLENO, v.g.) RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. A QUESTÃO DOS DIREITOS E GARANTIAS CONSTITUCIONAIS, NOTADAMENTE AQUELES DE CARÁTER PROCEDIMENTAL, TITULARIZADOS PELAS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO. A imposição 4

de restrições de ordem jurídica pelo Estado, quer se concretize na esfera judicial, quer se realize no âmbito estritamente administrativo, supõe, para legitimar-se constitucionalmente, o efetivo respeito, pelo Poder Público, da garantia indisponível do due process of law, assegurada, pela Constituição da República (art. 5º, LIV), à generalidade das pessoas, inclusive às próprias pessoas jurídicas de direito público, eis que o Estado, em tema de limitação ou supressão de direitos, não pode exercer a sua autoridade de maneira abusiva e arbitrária. Doutrina. Precedentes. LIMITAÇÃO DE DIREITOS E NECESSÁRIA OBSERVÂNCIA, PARA EFEITO DE SUA IMPOSIÇÃO, DA GARANTIA CONSTITUCIONAL DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. A Constituição da República estabelece, em seu art. 5º, incisos LIV e LV, considerada a essencialidade da garantia constitucional da plenitude de defesa e do contraditório, que ninguém pode ser privado de sua liberdade, de seus bens ou de seus direitos sem o devido processo legal, notadamente naqueles casos em que se viabilize a possibilidade de imposição, a determinada pessoa ou entidade, seja ela pública ou privada, de medidas consubstanciadoras de limitação de direitos. A jurisprudência dos Tribunais, especialmente a do Supremo Tribunal Federal, tem reafirmado o caráter fundamental do princípio da plenitude de defesa, nele reconhecendo uma insuprimível garantia que, instituída em favor de qualquer pessoa ou entidade, rege e condiciona o exercício, pelo Poder Público, de sua atividade, ainda que em sede materialmente administrativa ou no âmbito político-administrativo, sob pena de nulidade da própria medida restritiva de direitos, revestida, ou não, de caráter punitivo. Doutrina. Precedentes. BLOQUEIO DE RECURSOS CUJA EFETIVAÇÃO COMPROMETE A EXECUÇÃO, NO ÂMBITO LOCAL, DE PROGRAMA ESTRUTURADO PARA VIABILIZAR A IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS. O Supremo Tribunal Federal, nos casos de inscrição de entidades estatais, de pessoas administrativas ou de empresas governamentais em cadastros 5

de inadimplentes organizados e mantidos pela União, tem ordenado a liberação e o repasse de verbas federais (ou, então, determinado o afastamento de restrições impostas à celebração de operações de crédito em geral ou à obtenção de garantias), sempre com o propósito de neutralizar a ocorrência de risco que possa comprometer, de modo grave e/ou irreversível, a continuidade da execução de políticas públicas ou a prestação de serviços essenciais à coletividade. Precedentes. (Agravo Regimental na Ação Cível Originária nº 2.032, relator ministro Celso de Mello, Diário da Justiça eletrônico de 29 de abril de 2015) 3. Defiro parcialmente a liminar pretendida, determinando seja afastado o óbice à celebração de operações de crédito e à transferência de recursos federais decorrente do lançamento do Estado do Maranhão nos cadastros federais de inadimplência, alusivo às pendências relacionadas aos números de CNPJ mencionados no relatório, bem como emitida a Certidão Positiva de Débito com Efeito de Negativa CPD-EN quanto às referidas obrigações, até que venha a ser oportunizado o direito ao contraditório. 4. Citem a ré. 5. Com a manifestação, colham o parecer da Procuradoria Geral da República. 6. Publiquem. Brasília, 2 de dezembro de 2015. Ministro MARCO AURÉLIO Relator 6