CARACTERIZAÇÃO AGRONÔMICA E QUÍMICA DE HÍBRIDOS DE SORGO BIOMASSA RESUMO



Documentos relacionados
Desempenho agronômico e composição de híbridos experimentais de sorgo biomassa com nervura marrom

AVALIAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE HÍBRIDOS DE SORGO BIOMASSA NA REGIÃO DE SETE LAGOAS 1

AVALIAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE HÍBRIDOS DE SORGO BIOMASSA NA REGIÃO DE SETE LAGOAS.

Comparação entre métodos para o estudo da adaptabilidade e estabilidade em cultivares de sorgo sacarino

Caracterização de cultivares de sorgo sacarino no norte de Minas Gerais visando a produção de etanol 1

DESEMPENHO AGROINDUSTRIAL DE GENÓTIPOS DE SORGO SACARINO VISANDO A PRODUÇÃO DE ETANOL RESUMO

ARQUITETURA E VALOR DE CULTIVO DE LINHAGENS DE FEIJÃO- CAUPI DE PORTE PROSTRADO E SEMI-PROSTRADO, NO NORTE DE MINAS GERAIS.

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Potencial forrageiro de sorgo silageiro 1

Caracterização de Cultivares de Sorgo Sacarino no Norte de Minas Gerais Visando a Produção de Etanol 1

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AGRONÔMICO DE HÍBRIDOS EXPERIMENTAIS DE SORGO BIOMASSA

Sistema Embrapa de Produção Agroindustrial de Sorgo Sacarino para Bioetanol Sistema BRS1G Tecnologia Qualidade Embrapa

Caracterização de Cultivares de Sorgo Sacarino Visando a Produção de Etanol de Primeira e Segunda Geração

ESTRATÉGIAS DE ADUBAÇÃO PARA RENDIMENTO DE GRÃOS DE MILHO E SOJA NO PLANALTO SUL CATARINENSE 1 INTRODUÇÃO

Boletim de Pesquisa 41 e Desenvolvimento

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

POTENCIAL AGRONÔMICO DE GENÓTIPOS DE SORGO BIOMASSA

Composição Bromatológica de Partes da Planta de Cultivares de Milho para Silagem

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Manejo da adubação potássica de cobertura no sorgo biomassa

Produção e Composição Bromatológica de Cultivares de Milho para Silagem

QUALIDADE DA MADEIRA E DO CARVÃO DE SEIS ESPÉCIES DE EUCALIPTO

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DE VARIEDADES E HÍBRIDOS DE SORGO FORRAGEIRO NO OESTE DA BAHIA

Interação genótipo x ambiente em híbridos de Sorgo Biomassa

ANÁLISE DIALÉLICA DE LINHAGENS DE MILHO FORRAGEIRO PARA CARACTERES AGRONÔMICOS E DE QUALIDADE BROMATOLÓGICA

Produtividade de cafeeiros adultos e na primeira colheita pós-recepa adubados com materiais orgânicos em propriedades de base familiar

Características agronômicas do sorgo biomassa submetidas a diferentes doses de nitrogênio e potássio em cobertura.

PRODUÇÃO ORGÂNICA DE UVAS TINTAS PARA VINIFICAÇÃO SOB COBERTURA PLÁSTICA, 3 CICLO PRODUTIVO

VARIABILIDADE GENÉTICA EM LINHAGENS S 5 DE MILHO

Análise de trilha para componentes da produção de álcool em híbridos de sorgo sacarino 1

Sorgo sacarino e alta biomassa: evolução e viabilidade econômica Ribeirão Preto 24/set/14

LINHAGENS FINAIS DE ALGODÃO DE FIBRAS MÉDIAS E LONGAS NO CERRADO DA BAHIA, SAFRA

Avaliação de variedades sintéticas de milho em três ambientes do Rio Grande do Sul. Introdução

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Performance de Híbridos e Análise Dialélica de Linhagens de Sorgo Granífero

Produtividade do Sorgo Forrageiro em Diferentes Espaçamentos entre Fileiras e Densidades de Plantas no Semi-Árido de Minas Gerais

09 POTENCIAL PRODUTIVO DE CULTIVARES DE SOJA

Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 28

DESEMPENHO DE HÍBRIDOS DE SORGO SACARINO CULTIVADOS EM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS PERFORMANCE OF HYBRID SORGHUM GROWN IN DIFFERENT DISTANCE

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

LINHAGENS DE ALGODOEIRO DE FIBRAS ESPECIAIS NO CERRADO DA BAHIA, SAFRA 2008/09. 1

Performance de Híbridos e Análise Dialélica de Linhagens de Sorgo Granífero 1

Características produtivas do sorgo safrinha em função de épocas de semeadura e adubação NPK

Leonardo Henrique Duarte de Paula 1 ; Rodrigo de Paula Crisóstomo 1 ; Fábio Pereira Dias 2

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Influência da densidade de cultivo no perfilhamento de sorgo sacarino (Sorghum Bicolor (L.))

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

RENDIMENTO DE GRÃOS DE SOJA EM SUCESSÃO AVEIA PRETA SOB DIVERSOS MANEJOS

SELEÇÃO NATURAL E A DECISÃO DO MELHORISTA SOBRE O MELHOR MOMENTO DE ABRIR O BULK NA CULTURA DO FEIJOEIRO

Qualidade da palha em novas variedades de milho para artesanato 1

l«x Seminário Nacional

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

DESEMPENHO DE CULTIVARES DE MILHO DE BAIXO CUSTO DE SEMENTES NA SAFRINHA 2016

GERMINAÇÃO E COMPRIMENTO DE PLÂNTULAS DE SORGO SUBMETIDAS AO TRATAMENTO DE SEMENTES COM BIOESTIMULANTE

9 CONGRESSO INTERNACIONAL DE BIOENERGIA SÃO PAULO SP 01 A 03 DE OUTUBRO DE 2014

COMPETITIVIDADE ECONÔMICA ENTRE AS CULTURAS DE MILHO SAFRINHA E DE SORGO NO ESTADO DE GOIÁS

AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE MAMONA NO ESTADO DO PARANÁ

Graduandos Eng. Florestal UTFPR Campus Dois Vizinhos- PR

Avaliação de Cultivares de Sorgo Sacarino em Ecossistema de Cerrado no Estado de Roraima

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

ADENSAMENTO DE SEMEADURA EM TRIGO NO SUL DO BRASIL

Avaliação de Híbridos Experimentais de Sorgo Granífero

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Avaliação de Cultivares de Milho na Região Central de Minas Geraisp. Palavras-chave: Zea mays, rendimento de grãos, produção de matéria seca, silagem

Avaliação da performance agronômica do híbrido de milho BRS 1001 no RS

CORRELAÇÕES LINEARES ENTRE CARACTERES E DIFERENCIAÇÃO DE HÍBRIDOS SIMPLES, TRIPLO E DUPLO DE MILHO 1

TELAS DE SOMBREAMENTO NO CULTIVO DE HORTALIÇAS FOLHOSAS

EFICIÊNCIA DA ADUBAÇÃO DA CANA-DE-AÇÚCAR RELACIONADA AOS AMBIENTES DE PRODUÇÃO E AS ÉPOCAS DE COLHEITAS

AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE BIOMASSA DE GENÓTIPOS DE SORGO CULTIVADOS EM JABOTICABAL SP.

Adaptabilidade e Estabilidade de Cultivares de Milho na Região Norte Fluminense

DESENVOLVIMENTO DE PLANTAS DE PIMENTA E PRODUÇÃO DE FRUTOS EM FUNÇÃO DA CONSORCIAÇÃO COM ADUBOS VERDES

COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE TORTAS DE AMENDOIM (Arachis hypogaea L.) E MAMONA (Ricinus communis L.) OBTIDAS POR DIFERENTES MÉTODOS DE EXTRAÇÃO DE ÓLEO

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

AVALIAÇÃO DE CLONES DE MANDIOCA EM DIFERENTES ÉPOCAS DE COLHEITA NA REGIÃO CENTRO- SUL DO ESTADO DE SERGIPE

Recomendação de Variedades de Polinização Aberta de Milho para a região de Viçosa- MG

Desenvolvimento de linhagens macho-estéreis (A) e mantenedoras (B) de sorgo sacarino 1

RENDIMENTO EM ÓLEO DAS VARIEDADES DE GIRASSOL CULTIVADAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO PARA O PROJETO RIOBIODIESEL

Competição inicial entre plantas de soja e Chloris polydactyla.

Teores de Óleo em Populações de Milho, sob Alto e Baixo Nitrogênio em Palmas, na Safra de

DESEMPENHO DE NOVAS CULTIVARES DE CICLO PRECOCE DE MILHO EM SANTA MARIA 1

Resposta de Cultivares de Milho a Variação de Espaçamento Entrelinhas.

AVALIAÇÃO E SELEÇÃO DE LINHAGENS FINAIS DE ALGODÃO PARA LANÇAMENTO DE CULTIVARES, SAFRA 2008/09. 1 INTRODUÇÃO

Seleção de Híbridos de Sorgo Granífero Quanto à Precocidade e Produtividade de Grãos em Cultivo de Safrinha

BRS 802: Híbrido de Sorgo de Pastejo - Alternativa de. produção de forragem. Alta Qualidade Nutritiva. José Avelino Santos Rodrigues 1

Estratégias para o melhoramento de sorgo sacarino e desafios futuros

VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR SOB IRRIGAÇÃO NO NORTE DE MINAS GERAIS

Comportamento de genótipos de cebola no Submédio do vale São Francisco.

Desempenho Agronômico de Híbridos de Sorgo Granífero Cultivados em Vários Ambientes Brasileiros

Comportamento Agronômico de Cultivares de Sorgo Forrageiro em Jataí - Goiás 1

APLICAÇÃO DE GLIFOSATO NO CONTROLE DA REBROTA DO SORGO EM DIFERENTES ÉPOCAS DE APLICAÇÃO E DOSE

DESEMPENHO DE GENÓTIPOS DE SORGO SACARINO CULTIVOS NA REGIÃO CANAVIEIRA DE ALAGOAS

AVALIAÇÃO DE LINHAGENS PARCIALMENTE ENDOGÂMICAS VISANDO A PRODUÇÃO DE HÍBRIDOS DE MILHO

Capítulo 10. Aspectos Econômicos da Comercialização e Custo de Produção do Milho Verde Introdução

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

DESEMPENHO FORRAGEIRO DE CULTIVARES DE AVEIA E AZEVÉM COM DUAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA NAS CONDIÇÕES DE CLIMA E SOLO DE GIRUÁ, RS, 2012

CIRCULAR TÉCNICA N o 171 NOVEMBRO 1989 TABELAS PARA CLASSIFICAÇÃO DO COEFICIENTE DE VARIAÇÃO

Avaliação Preliminar de Híbridos Triplos de Milho Visando Consumo Verde.

Transcrição:

CARACTERIZAÇÃO AGRONÔMICA E QUÍMICA DE HÍBRIDOS DE SORGO BIOMASSA Ruane Alice da Silva (1), Rafael Augusto da Costa Parrella (2), José Airton Rodrigues Nunes (3), Nádia Nardely Lacerda DurãesParrella (4), Pedro César de Oliveira Ribeiro (5), Robert Eugene Schaffert (2). RESUMO Buscando alternativas para aumentar a segurança do fornecimento de energia renovável, o sorgo biomassa (Sorghum bicolor (L.) Moench) se apresenta como uma excelente opção para cogeração de energia. Esse apresenta alta produção de biomassa, ciclo curto relativo à cana, e cultivo totalmente mecanizado. O presente trabalho objetivou a caracterização agronômica e química de híbridos de sorgo biomassa, avaliados em dois ambientes em 2014/2015. Foram avaliados a produção de matéria seca (PMS), em t ha -1, teores de celulose, hemicelulose e lignina, em %. Todas as características apresentaram significância para a fonte de variação híbridos, locais e interação híbridos x locais. Foi possível identificar híbridos de sorgo biomassa que apresentam alta produção de biomassa seca nos dois locais avaliados, associando altos teores de celulose, hemicelulose e lignina. Os híbridos B002, B004, B008, B024, B027, B028 e B032 destacaram-se por apresentar maior produtividade nos dois ambientes. Todos os híbridos de sorgo biomassa apresentaram produtividade de três a quatro vezes superior aos híbridos de sorgo forrageiros, confirmado o grande potencial produtivo dos novos cultivares. Considerando os altos níveis de produtividade e qualidade da biomassa, bem como aspectos fitotécnicos da cultura, como ciclo curto relativa a cana (6 meses), plantio, manejo e colheita mecanizados, o sorgo biomassa vem se destacando como uma cultura promissora no fornecimento de matéria prima para geração de energia renovável no Brasil. Palavra-chave: Sorghum bicolor, composição de biomassa, cogeração, híbridos. SUMMARY AGRONOMIC AND CHEMICAL CHARACTERIZATION OF HYBRID BIOMASS SORGHUM Biomass sorghum (Sorghum bicolor (L.) Moench) is presented as an excellent alternative feedstock for energy cogeneration. Biomass sorghum has high productivityon, short cycle compared to sugarcane (six months) and fully mechanized cultivation and harvest. This objective of this study was to characterize the agronomic and chemical parameters of hybrid biomass sorghum evaluated in two environments in 2014/2015. Dry matter production (DMP) in t ha -1, cellulose, hemicellulose and lignin content, in% were evaluated. The hybrids, locations and hybrid x locations interaction were significant for all the parameters evaluated. Biomass sorghum hybrids with high production of dry biomass, high cellulose, hemicellulose and lignin content at the two locations were identified. The hybrids; B002, B004, B008, B024, B027, B028 and 1 Graduanda em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de São João del-rei-ufsj e-mail: ruane.alice29@gmail.com; 2 Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas/ MG, 3 Professor Universidade Federal de Lavras-UFLA, Lavras/MG; 4 Professora Universidade Federal de São João del-rei-ufsj, Sete lagoas/mg; 5 Mestrando em Genética e Melhoramento de Plantas UFV/Viçosa-MG/Brasil.

B032, were highlighted for higher productivity in both environments. All the biomass sorghum hybrid evaluated had much higher productivity than the forage sorghum hybrids, confirming the great productive potential of these new cultivars. These results confirm the great potential of biomass sorghum hybrids to complement available feedstocks for cogeneration of electrical energy. Key-words: Sorghum bicolor, biomass composition, cogeneration, hybrids. INTRODUÇÃO Buscando alternativas para aumentar a segurança do fornecimento de energia elétrica, em 2004, foi desenvolvido o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), que visa a produção de energia elétrica através de fontes renováveis, como as provenientes de energia eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCH). Dentre essas fontes, vale destacar a biomassa que, para a geração de energia, pode ser definida como a massa de derivados oriundos de organismos vivos, apresentando vantagens, por ser uma fonte renovável, que utiliza o reaproveitamento de resíduos, sendo menos poluente, e de baixo custo (MAMEDES, 2010). O sorgo biomassa (Sorghum bicolor (L.) Moench) se apresenta como uma excelente alternativa na produção de energia. Esta cultura apresenta rápido crescimento, alto potencial produtivo, manejo da cultura integralmente mecanizável. Além disso, apresenta poder calorífico alto, semelhante ao da cana-de-açúcar, que é a principal matéria prima utilizada neste setor atualmente. O sorgo biomassa é cultivado durante a primavera/verão, com colheita ocorrendo nos meses de março, abril e maio, possibilitando a cogeração de energia na entressafra da cana de açúcar e com isso, aumentando a geração de renda no setor (MAY et al., 2014). Dessa forma, mostra-se como uma opção para ampliar a matriz energética sustentável no Brasil. O desenvolvimento de cultivares que atendam às características tecnológicas demandadas pelo setor sucroenergético é um dos papéis dos programas de melhoramento genético. Além de produtivas, as cultivares também precisam ser estáveis, quanto às variações ambientais e responsivas às melhorias no ambiente. O programa de melhoramento da Embrapa Milho e Sorgo desenvolve híbridos de sorgo biomassa para cogeração de energia, sendo importante a caracterização dos materiais em desenvolvimento em diferentes ambientes. OBJETIVOS O presente trabalho objetivou a caracterização agronômica e química de híbridos experimentais de sorgo biomassa, em dois ambientes. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na safra agrícola de 2014/2015, em dois locais; na área experimental da Embrapa Milho e Sorgo, localizada em Sete Lagoas - MG,e no Centro de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico Agropecuário Munquém da Universidade Federal de Lavras UFLA, localizada em Lavras- MG, onde foram avaliados 36 híbridos de sorgo. Destes, 34 são híbridos biomassa pertencentes ao

programa de melhoramento da Embrapa, sendo 33 experimentais, do 201429B001 ao 201429B0033 e o híbrido comercial BRS 716. Adicionalmente foram avaliados dois híbridos de sorgo forrageiro como testemunhas, o BRS655 e Volumax. O delineamento experimental foi em blocos casualisados, com parcelas constituídas por 4 fileiras de 5 metros, com espaçamento de 0,7 m e compostas por 3 repetições. Utilizou-se uma população inicial de 110.000 plantas ha -1. Foi realizada adubação de plantio na dose de 400 kg ha -1 de 08-28-16 e adubação de cobertura com 200 kg ha - 1 de ureia, quando as plantas estavam com 4-6 folhas definitivas. As características avaliadas foram: produção de matéria seca (PMS) em t.ha -1, teores de celulose, hemicelulose e lignina em %. As análises de composição química (LIG, CEL e HEM) das amostras da biomassa dos híbridos foram realizadas no laboratório da Embrapa Milho e Sorgo utilizando a espectroscopia no infravermelho próximo (NIR) de acordo com os procedimentos descritos por Guimarães et al. (2014). Os espectros NIR das amostras analisadas foram obtidos em equipamento NIRFlex 500, marca Buchi. Foi utilizado o programa Genes (CRUZ, 2013), para as análises estatísticas. RESULTADOS E DISCUSSÃO O resumo das análises de variância para produção de matéria seca (PMS), em t há -1, teores de celulose, hemicelulose e lignina, em %, estão apresentadas na tabela 1. Todas as características apresentaram significância (p 0,01) para a fonte de variação híbridos, confirmando a existência de variabilidade genética entre os híbridos testados, que é essencial para seleção de genótipos superiores. Para a fonte de variação locais, houve diferenças significativas (p 0,05) para todas as características, exceto teor de lignina, mostrando efeito de ambiente para a maioria das características avaliadas. Foi verificada interação híbridos x locais significativa (p<0,05) para todas características, mostrando comportamento não coincidente dos híbridos nos dois locais para os caracteres avaliados. Os valores médios para produção de matéria seca (PMS), teores de celulose, hemicelulose e lignina estão apresentados na tabela 2. A PMS variou de 8,8 t ha -1 para o híbrido BRS655 a 38,1 t ha -1 para o híbrido B031 no município de Lavras-MG. No município de Sete lagoas-mg, a PMS variou de 8,8 t ha -1 também para o híbrido BRS655 a 63,3 t ha -1 para o híbrido B028.O teor de celulose variou de 32,4%para o híbrido B012 a 42,3%para o híbrido B002 no município de Lavras-MG. No município de Sete lagoas-mg, o teor de celulose variou de 34,9%para o híbrido B001 a 42,5%para o híbrido BRS655. O teor de hemicelulose variou de 25,6%para o híbrido B001 a 29,6%para o híbrido B007 no município de Lavras-MG. No município de Sete lagoas-mg, o teor de hemicelulose variou de 24,9%para o híbrido B024 a 28,8%para o híbrido Volumax. O teor de lignina variou de 6%para o híbrido B012 a 8,1%para o híbrido B014 no município de Lavras-MG. No município de Sete lagoas-mg, o teor de lignina variou de 6,4%para o híbrido B001 a 8,3%para o híbrido Volumax.

Tabela 1: Análise de variância para produção de matéria seca (PMS), em t ha -1, teores de celulose, hemicelulose e lignina, em %, avaliados em híbridos de sorgo biomassa nos municípios de Lavras-MG (LA) e Sete lagoas-mg (SL), na safra agrícola de 2014/15. FV GL ** e * significativos a 1 e 5% de probabilidade respectivamente pelo teste F; ns nãosignificativo pelo teste F. QM PMS CEL HEMI LIG HÍBRIDOS 35 329.12** 10.87** 3.4** 0.74** LOCAIS 1 8559.68** 77.83** 45.83* 0.04 ns HÍBRIDOS x LOCAIS 35 120.06** 8.5* 2.43** 0.63* RESÍDUO 140 36.32 5.58 0.81 0.39 TOTAL 215 MÉDIA 34.32 39.14 27.45 7.28 CV (%) 17.70 6.04 3.27 8.60 O sorgo biomassa é fotossensível, e floresce apenas quando os dias possuem menos de 12 horas e 20 minutos (ROONEY & AYDIN, 1999), período entre 21 de março a 22 de setembro, na maior parte do Brasil. No entanto, quando o sorgo biomassa é semeado nos meses de outubro a dezembro no Brasil, quando o fotoperíodo é maior que 12 horas e 20 minutos, ele apenas iniciará o desenvolvimento da gema floral a partir de 21 de março do ano seguinte, ampliando o ciclo vegetativo, porte e, concomitantemente, possibilitando maior produção de biomassa por hectare/ciclo, em comparação com cultivares fotossensíveis, que florescem em qualquer época do ano e apresentam ciclo curto (PARRELLA et al., 2010). Estes híbridos apresentam porte superior a 5m e potencial para produção superior a 30 t ha - 1 de biomassa seca (PARRELLA et al., 2010 e CASTRO et al., 2015). Os resultados de produção de massa seca obtidos neste trabalho corroboram com aqueles observados na literatura para sorgo biomassa, com 14 híbridos apresentando produtividade superior a 30 t ha -1 nos dois ambientes avaliados, confirmando o grande potencial produtivo destes híbridos. A maioria dos genótipos apresentaram produtividade de biomassa seca bastante superior aos híbridos de sorgo forrageiros, confirmado o grande potencial produtivo dos novos híbridos. Vale destacar os híbridos B002, B004, B008, B024, B027, B028 e B032, que se apresentaram mais produtivos e associam mais valores de celulose, hemicelulose e lignina, sendo de grande interesse para a cogeração de energia. O sorgo biomassa também apresenta com alto teor de fibra, superior a 20%. Castro et al. (2015), observou teor de fibra média de 36 % para os híbridos de sorgo biomassa avaliados. Estes valores elevados são de grande interesse da indústria, que já utiliza a cana de açúcar, que apresenta fibra em torno de 13% (AMARAL &

TAVARES, 2013). Resultados também demonstram grande potencial da biomassa para co-geração de energia através da queima da biomassa, com valores do poder calorífico superior e inferior da Tabela 2: Valores médios para produção de matéria seca (PMS), teores de celulose, hemicelulosee lignina, avaliados em híbridos de sorgo biomassa nos municípios de Lavras-MG(LA) e Sete lagoas-mg (SL), na safra agrícola de 2014/15. Genótipo PMS (t ha -1 ) Celulose (%) Hemicelulose (%) Lignina (%) LA SL LA SL LA SL LA SL 201429B028 32.7 B a 63.3 A a 40.3 A a 37.8 A a 29.1 A a 25.6 B c 8.0 A a 6.7 B a 201429B008 27.9 B a 53.8 A a 39.4 A a 40.2 A a 28.0 A a 28.1 A a 7.2 A a 7.5 A a 201429B024 31.6 B a 53.8 A a 38.3 A a 38.1 A a 26.8 A b 24.9 B c 7.1 A a 6.6 A a 201429B004 28.2 B a 51.4 A a 39.6 A a 41.1 A a 28.5 A a 27.5 A a 7.7 A a 7.2 A a 201429B002 31.5 B a 51.3 A a 42.3 A a 39.1 A a 28.9 A a 26.3 B b 7.9 A a 7.2 A a 201429B027 27.0 B a 51.2 A a 38.8 A a 40.8 A a 28.5 A a 27.1 A b 7.5 A a 7.7 A a 201429B032 30.4 B a 48.6 A a 40.5 A a 39.8 A a 28.4 A a 27.4 A a 7.8 A a 7.3 A a 201429B001 34.5 B a 47.7 A a 36.4 A b 34.9 A a 25.6 A b 25.5 A c 6.0 A b 6.4 A a 201429B009 24.9 B a 47.5 A a 35.0 A b 37.9 A a 28.0 A a 25.0 B c 6.8 A b 6.7 A a 201429B031 38.1 A a 47.3 A a 37.4 A b 40.7 A a 26.9 A b 27.3 A a 6.8 A b 7.2 A a 201429B007 26.7 B a 47.1 A a 39.3 A a 39.6 A a 29.6 A a 27.2 B b 7.7 A a 7.0 A a 201429B019 25.8 B a 45.6 A b 38.3 A a 37.8 A a 28.0 A a 26.1 B b 7.3 A a 6.7 A a 201429B029 28.3 B a 44.8 A b 38.5 A a 40.1 A a 26.7 A b 27.1 A b 7.4 A a 7.3 A a 201429B022 32.2 B a 44.5 A b 38.5 A a 40.9 A a 27.6 A b 26.9 A b 7.2 A a 7.6 A a 201429B021 27.3 B a 44.1 A b 40.0 A a 39.6 A a 28.7 A a 26.1 B b 7.4 A a 7.4 A a 201429B015 21.3 B a 43.7 A b 38.7 A a 38.7 A a 26.8 A b 26.8 A b 7.0 A b 7.0 A a 201429B016 32.2 B a 43.2 A b 40.2 A a 39.5 A a 28.7 A a 26.5 B b 7.9 A a 7.1 A a 201429B005 26.2 B a 42.7 A b 34.7 B b 40.0 A a 25.8 A b 27.1 A b 6.3 B b 7.9 A a 201429B010 28.4 B a 41.6 A b 38.4 A a 39.5 A a 28.7 A a 26.4 B b 7.5 A a 7.1 A a 201429B026 25.5 B a 41.2 A b 37.2 A b 39.7 A a 27.5 A b 26.7 A b 7.1 A a 7.2 A a 201429B020 28.4 B a 39.6 A b 38.5 A a 39.2 A a 28.8 A a 26.3 B b 7.7 A a 7.3 A a 201429B003 33.3 A a 39.5 A b 34.6 B b 39.9 A a 27.9 A a 26.9 A b 6.6 A b 7.0 A a 201429B011 26.7 B a 39.3 A b 39.9 A a 40.2 A a 28.4 A a 27.2 A b 7.5 A a 7.1 A a BRS 716 28.5 B a 39.3 A b 39.3 A a 40.3 A a 27.4 A b 28.4 A a 7.5 A a 7.7 A a 201429B023 24.6 B a 38.3 A b 40.7 A a 40.6 A a 27.4 A b 26.4 A b 7.4 A a 7.6 A a 201429B030 28.8 A a 36.9 A b 39.6 A a 39.9 A a 27.9 A a 26.2 B b 7.5 A a 7.4 A a 201429B012 22.7 B a 35.8 A c 32.4 B b 40.3 A a 26.8 A b 26.6 A b 6.0 B b 7.1 A a 201429B014 31.3 A a 34.6 A c 40.9 A a 40.5 A a 29.4 A a 28.7 A a 8.1 A a 7.6 A a 201429B033 36.7 A a 33.6 A c 40.6 A a 41.0 A a 28.1 A a 28.4 A a 7.6 A a 7.8 A a 201429B017 30.3 A a 31.1 A c 39.6 A a 40.9 A a 28.6 A a 27.6 A a 7.3 A a 7.7 A a 201429B013 35.8 A a 30.9 A c 37.6 A b 39.2 A a 26.8 A b 27.0 A b 6.8 A b 7.2 A a 201429B006 30.7 A a 30.0 A c 36.6 A b 37.9 A a 26.8 B b 28.5 A a 6.7 A b 7.1 A a

201429B025 23.8 A a 27.8 A c 42.0 A a 39.8 A a 28.5 A a 26.3 B b 8.0 A a 7.0 B a 201429B018 26.2 A a 27.8 A c 39.6 A a 41.2 A a 28.4 A a 28.2 A a 7.2 A a 7.7 A a Volumax 11.5 A b 16.6 A d 37.7 A b 41.5 A a 28.6 A a 28.8 A a 7.0 B b 8.3 A a BRS655 8.8 A b 6.6 A e 36.3 B b 42.5 A a 28.4 A a 28.2 A a 7.0 B b 8.2 A a As Médias seguidas das mesmas letras maiúsculas na horizontal são homogêneas estatisticamente, médias seguidas das mesmas letras minúsculas na vertical são homogêneas estatisticamente. biomassa, base seca, em torno de 4.300 e 3800 Kcal kg -1 de matéria seca, respectivamente (MAY et al., 2014). Com 50% de umidade na biomassa o poder calorífico inferior está em torno de 1800 Kcal kg -1 de matéria seca. Isto mostra grande potencial desta matéria prima para geração de energia. Considerando os altos níveis de produtividade e qualidade da biomassa, bem como aspectos fitotécnicos da cultura como ciclo curto (6 meses), plantio, manejo e colheita mecanizados, o sorgo biomassa vêm se apresentando como uma cultura promissora no fornecimento de matéria prima para geração de energia renovável no Brasil. CONCLUSÕES Os híbridos de sorgo biomassa apresentaram alta produção de biomassa seca nos dois locais avaliados com altos teores de celulose, hemicelulose e lignina. Os híbridos B002, B004, B008, B024, B027, B028 e B032 se destacaram por apresentar produtividade de biomassa seca superior a 30 t ha -1 nos dos ambientes. Todos os híbridos de sorgo biomassa apresentaram produtividade bastante superior aos híbridos de sorgo forrageiros, confirmado o grande potencial produtivo destes cultivares. LITERATURA CITADA AMARAL, F. C.S.; TAVARES,S.R.L; Diferença do Teor de Fibra da Cana-de-Açúcar para Fins Energéticos Motivada pelo Bioma. Embrapa Solos, Documento 159, ISSN 1517-2627, Rio de Janeiro, RJ, 2013. CASTRO, F. M. R.; BRUZI, A. T.; NUNES, J. A. R.; PARRELLA, R. A. C.; LOMBARDI, G. M. R.; ALBUQUERQUE, C. J. A.; LOPES, M. Agronomic and energetic potential of biomass sorghum genotypes. American Journal of Plant Sciences, v. 6, p. 1862-1873, July 2015. CRUZ, C. D. Programa Genes: biometria. Viçosa: UFV, 2013. 382 p. GUIMARÃES, C.C.; SIMEONE, M. L.F.; PARRELLA, R. A. DA C.; SENA, M. Use of NIRS to predict composition and bioethanol yield from cell wall structural components of sweet sorghum biomass. MicrochemicalJournal, 117, 194 201, 2014. MAMEDES, J. A.; RODRIGUES, M. P. J.; VANISSANG; C. A. Biomassa no Brasil. Bolsista de Valor: Revista de divulgação do Projeto Universidade Petrobras e IF Fluminense, v. 1, p. 65-73, 2010.

MAY, A.; PARRELLA, R. A. da C.; DAMASCENO, C. M. B.; SIMEONE, M. L. F. Sorgo como matéria-prima para produção de bioenergia: etanol e cogeração. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 35, n. 278, p. 14-20, jan./fev. 2014. 25719 PARRELLA, R. A.C.; RODRIGUES, J. A. S.; TARDIN, F. D.; DAMASCENO, C. M. B.; SCHAFFERT, R. E. Desenvolvimento de híbridos de sorgo sensíveis ao fotoperíodo visando alta produtividade de biomassa. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2010. 25 p. (Embrapa Milho e Sorgo. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, 28). ROONEY, W. L.; AYDIN, S. Genetic controlof a photoperiod-sensitive response in Sorghum bicolor (L.)Moench. Crop Science, Madison, v.39, p. 397-400, 1999. SCOTT, A.; KNOTT, M. Cluster-analysis method for grouping means in analysis of variance. Biometrics, Washington D.C., v.30, n.3, p.507-512, 1974.