Análise da Rede de Esgoto do Loteamento Bem-te-vi na cidade de Portão/RS-Brasil



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Transcrição:

Análise da Rede de Esgoto do Loteamento Bem-te-vi na cidade de Portão/RS-Brasil Julian Grub (1); Alcindo Neckel(2); Jennifer Domeneghini(3); Jéssica Borges Fortes (4); Jéssica Portella(5); Linessa Busato (6) (1) Arquiteto, Doutorando em Arquitetura pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS. Professor do Curso de Arquitetura da UNISINOS. E-mail: jgrub@bol.com.br (2) Geógrafo, Doutor em Geografia. Professor do curso de Arquitetura, Faculdade Meridional - IMED. E-mail: alcindoneckel@yahoo.com.br (3) Acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Meridional IMED. Bolsista FAPERGS/PROBIC. E-mail: jennidomeneghini@gmail.com (4) Acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Meridional IMED. E-mail: jeborgesfortes@yahoo.com.br (5) Acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Meridional IMED. Bolsista FAPERGS/PROBITI. E-mail: portella.jessica@yahoo.com.br (6) Arquiteta e Urbanista, Especialista em Gestão Urbana. Professora do curso de Arquitetura, Faculdade Meridional IMED. E-mail: linessa.busato@imed.edu.br Resumo: A evolução dos sistemas de infraestrutura urbana teve grande papel na qualificação da vida nas cidades, bem como na prevenção de inúmeras doenças relacionadas ao saneamento básico urbano. Relacionam-se, então, na presente pesquisa, diferentes alternativas de sistemas de tratamentos dos efluentes residuais e pluviais, comparados às necessidades constantes geradas pela população urbana, juntamente com o crescimento das cidades. Dessa forma, acredita-se que o tratamento de esgoto e águas pluviais de forma eficiente, são de extrema importância para o controle ambiental, em áreas urbanas, assim como na minimização de possíveis impactos ambientais, na perspectiva de tornar ascidades mais sustentáveis. A partir da compreensão das questões teóricas que envolvem este assunto, pôde-se atrelar ao estudo de caso no Loteamento Bem-te-vi, localizado na cidade de Portão no Rio Grande do Sul, buscou-se analisar a rede de esgoto proposta a fim de buscar alternativas sustentáveis que ainda podem ser aplicadas, nas futuras expansões do loteamento, propondo o planejamento projetual dos sistemas sanitários, juntamente com o desenho urbano. Palavras-chave: Preservação ambiental. Gerenciamento urbano. Sistemas urbanos..

Abstract: The evolution of urban infrastructure systems had great importance in the quality of life in cities as well as in the prevention of numerous deseases related to urban sanitation. The present study, relate differents alternatives for treatment of wastewater and storm sewage systems, compared to the constant needs generated by the urban population, along with the growth of cities. The treatment of sewage and stormwater efficiently, are extremely important for environmental control in urban areas, as well as minimize potential environmental impacts from the perspective of making cities more sustainable. From the understanding of theoretical issues surrounding this matter, we could connectthe case study in Allotment Bem-te-vi, located in Gate in Rio Grande do Sul, to analyzing sustainable alternatives that can still be applied in future expansion of the settlement, proposing projetual planning of health systems, along with urban design. Keywords: Environmental Preservation. Urban Management. Urban systems. 1. INTRODUÇÃO As primeiras redes de esgoto possuíam um sistema de escoamento em um único conduto, misturandose às águas pluviais. Posteriormente, a inconveniência da mistura dificultando o tratamento, resultou na separação das tubulações em única ou dupla. Além disso, via-se necessário o controle de epidemias, tendo, assim, as construções dos sistemas de esgotos com o objetivo de afastar das cidades os resíduos produzidos pelas pessoas; porém, com o passar do tempo, esse sistema gerou desequilíbrio no ecossistema, agravando a saúde pública (CRAIG, 2000). Hoje, o sistema de esgoto tradicional constitui-se basicamente de: rede de tubulação, elementos, acessórios e estações de tratamento ETE (MASCARÓ, 2005). No entanto, os crescentes níveis sobre os recursos hídricos superficiais, subterrâneos através da extração e do lançamento das águas usadas estão tornando precário o modelo tradicional de tratamento de esgoto (COHIM; COHIM, 2007). Para Barros et al. (1995), além do alto custo de instalação, o esgoto que percorre na rede de coleta até uma estação de tratamento (ETE) corre o risco de vazamentos para o solo ou entrada de água à rede. Esses sistemas de coleta centrais para Ambros (1998) apud Kaick (2002) podem ser trocados por sistemas menores e mais flexíveis ou individualizados, respeitando a região, o número de pessoas e a topografia. No diagrama da figura 1, se é disposto à variedade de sistemas tradicionais utilizados no tratamento de esgotos.

FIGURA 1 - Os vários sistemas de despejos de esgotos. Fonte: PAIVA (2008, p. 12). O conceito de saneamento ecológico tem como base a separação de resíduos domésticos em um ciclo de águas, ciclo de energia e nutrientes, através de características, como: volume, teor de nutrientes e contaminação biológica. Dessa forma, a urina e as fezes relacionam-se com o ciclo dos nutrientes, enquanto a água cinza e a água de chuva devem ser integradas ao ciclo das águas (COHIM; COHIM, 2007). No saneamento ecológico, as excretas são materiais recicláveis e não apenas resíduos descartáveis, de forma a ser proposto um sistema de ciclo fechado onde os excrementos desinfetados podem ser usados como fertilizantes em substituição ao sistema convencional ou linear aplicado atualmente, assegurando a sustentabilidade da produção de alimentos (COHIM; COHIM, 2007). Para Paiva (2008), ainda do ponto de vista sustentável, o processo anaeróbio é mais abrangente e completo do que o aeróbio, pois precisa de pouco espaço para sua implementação, baixo custo de construção com maior carga volumétrica, produção de energia na forma de biogás, pouco lodo e sua operação possuí baixo custo. A matéria final no processo aeróbio é o lodo, sendo o grande problema pelo aumento de custo e grande quantidade de energia utilizada para seu aproveitamento na agricultura, enquanto o tratamento anaeróbio de esgoto através de sistemas como biodigestores (figura 2) capturam o gás, sendo queimados ou aproveitados como fonte de energia e a matéria orgânica aproveitada como biofertilizante.

FIGURA 2 -Projeto de biodigestor parceria Embrapa, Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, empresa Firestone e Ecosys e Prefeitura de Cabrália Paulista. Fonte: VERDEFATO (2010, p. 1). Existem alternativas do tratamento de esgoto, como lagoas de maturação, sendo o uso de lâminas de esgoto em grandes superfícies expondo-o diretamente ao oxigênio do ar. Outra alternativa está no uso de grãos de terra para a multiplicação de microorganismos decompositores, transformando matéria orgânica em humos; lagoas de estabilização também fornecem oxigênio diretamente à água através de algas, tendo neste sistema o lançamento do esgoto em tanques, onde um grande número de microorganismos fotossintetizantes desenvolvem-se. Em lotes individuais, a alternativa pode ser encontrada no tratamento de esgoto por evapo-transpiração, basicamente sendo um sistema fechado, sem infiltração no solo. Este sistema consiste em uma caixa de concreto impermeabilizada, forrada por camada delgada de entulho, tendo a base com pneus assentados de forma alinhados, dessa forma a rede de esgoto cloacal é lançada no interior dos pneus, acontecendo à digestão anaeróbia do afluente. Outro sistema é através das zonas de raízes, representadas nas figuras 3, 4 e 5, um tratamento físicobiólogico que tem por base o biofiltro. As raízes nesse sistema fazem a função do filtro, o esgoto passa por uma rede de tubulação perfurada abaixo de uma área plantada ou zona de raízes (KAICK, 2002). Figura 3 Figura 4 FIGURAS 3 e 4: Sistema para unidades multifamiliares, combinações de tratamentos como: decantação, filtro biológico e filtros zona de raízes. Fonte: RHIZOTEC (2010).

FIGURA 5 - Residência Pedro Bonequini, Sistema unifamiliar de tratamentos de esgoto, tipo zonas de raízes. Fonte: BIOARQUITETO (2010, p. 2). O banheiro seco (figura 6) constituí em uma alternativa ambientalmente correta no tratamento do esgoto cloacal, transformando fezes com serragem e papel higiênico em composto orgânico, seguro, sem odor, sem contaminação do solo e da água. FIGURA 6 - Exemplos de Banheiros secos para uso interno de residências. Fonte: SUSTENTABILIDADE (2010).

A partir das alternativas de tratamento de esgoto apresentadas, pôde-se analisar o estudo de caso no Loteamento Bem-te-vi, localizado no Município de Portão no Rio Grande do Sul, o qual está deslocado da centralidade da cidade, havendo a necessidade de expansão do sistema de saneamento, prevendo futuras demandas do crescimento da cidade. 2. MÉTODO Utilizou-se como estudo de caso, o primeiro e maior conjunto habitacional popular do Município de Portão, denominado loteamento Bem-te-vi, ocupado a partir de 1997 e concebido em 1993. Localizado em área urbana com 100.004,37 m², situado na região sul do Município de Portão/RS (figuras 7 e 8). Composto por 297 lotes, o loteamento Bem-te-vi surgiu de um programa municipal de habitação em 1997. Destas 297 casas, 110 foram construídas no ano de 2000 com recursos Estaduais do Prómoradia, 20 casas pelo PSH (Programa de Subsídio à Habitação) e subsídio municipal de R$2.000,00 por habitação, em 2005. Atualmente, o loteamento está composto por 184 lotes regulares e 115 lotes irregulares. 2.1. Critérios de escolha do loteamento FIGURA 7- Mapa Aéreo Situação e acesso do loteamento. Fonte: GOOGLE MAPS (2014). Busca-se investigar o loteamento de Interesse Social Bem-te-vi implantado na cidade de Portão/RS. Tiveram como critérios de escolha do loteamento: Importância histórica - primeiro assentamento com características populares do município; Relevância socioeconômica população de baixa renda, exclusão social e conflitos urbanos resultantes; Importância representativa - maior loteamento de cunho social da cidade; Agente promotor - construído através do poder público; Critério projetual traçado em grelha, implantação tradicional e mais recorrente; Conexão urbana loteamento inserido em bairro consolidado;

Realidade comum a padronização na execução da infraestrutura desse tipo de assentamento através da proximidade dos seus agentes promotores, sendo um condicionante encontrado na maioria dos loteamentos de interesse social; Período de consolidação tempo de ocupação e vivência do morador, conhecimento das necessidades, deficiências e potencialidades. FIGURA 8 - Mapa Aéreo Localização do loteamento. Fonte: GOOGLE MAPS (2014). O levantamento busca o percentual de domicílios atendidos pela rede de esgoto. As informações utilizadas são relativas à população residente em domicílios particulares permanentes e as ligações existentes nesses domicílios à algum tipo de esgotamento sanitário: rede coletora, fossa séptica e outros tipos. De forma geral, 100% das residências do loteamento Bem-te-vi contém banheiros ou sanitários, suas águas residuais são evacuadas usando o sistema fossa séptica com volume de 1.25 m³ e sumidouro com volume 3m³ (1 x 1 x 3 m) ligadas a valas de infiltração. 2.2. Rede de esgoto: Loteamento Bem-te-vi Os resultados referentes à avaliação pós-ocupação para o esgotamento sanitário (figura 9) resultou em bom com 60,9%, ruim com 21,7%, 13% ótimo e 4,3% péssimo. Esses dados mostram que o sistema independente fossa filtro sumidouro, com valas de infiltração seguindo as recomendações previstas pela NBR 7229/1993 da ABNT, respeitando as distâncias mínimas de 1,50 m dos limites do terreno, 1,50 m das edificações, 1,50 m entre a fossa séptica e o sumidouro. Deve-se cuidar o nível do lençol freático e o tipo de solo, pois pode representar grande perigo de contaminação, assim como o lançamento direto na rede pluvial, sendo esse método verificado em alguns lotes conforme questionário.

FIGURA 9 - Avaliação dos moradores sobre a Rede de esgoto usado no loteamento (sistema fossa séptica e sumidouro com valas de infiltração). A equação da População com acesso a rede pela População total (297-37=260 lotes 260 / 297 = 88%) resultou em 87,5% das residências ou 260 lotes, tendo a média maior que a do município, este conta com 75% (80% área urbana e 49% área rural), dos 7.366 domicílios de Portão (figura 10). FIGURA 10 - Rede de esgoto usando sistema fossa séptica e sumidouro c/ valas de infiltração Os 12,5% ou 37 lotes restantes do loteamento utilizam outras formas de esgotamento, como por exemplo, coma ligação direta na rede pluvial, via vala ou sem canalização (figura 11). Já os dados do município, para os mesmos itens são de 8,3% para esgotamento diretamente na rede pluvial, 9,7% via fossa rudimentar, 3,4% via vala, 1,7% sem canalização e 2,5% via outro escoadouro (CENSO, 2000).

FIGURA 11 - Implantação: lotes atendidos por rede de esgoto loteamento Bem-te-vi. Fonte: Adaptado da PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTÃO (2014). A existência de uma série de sistemas de tratamento ecológicos de efluentes domésticos, com tecnologias simples e alternativas são possíveis, porém o reconhecimento da própria ABNT e a aprovação municipal dos sistemas, torna-se imprescindível para uma maior demanda de utilização. Por exemplo, podem ser utilizados sistemas menores e individuais integrados ao ambiente, como o método de zona de raízes, bacia de evapo-transpiração ou círculo de bananeiras, diminuindo o uso de sistemas convencionais de centrais de tratamento, nos quais se tem uma grande perda de água para o transporte e o sistema fossa sumidouro com a possibilidade de contaminação do lençol freático. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS A organização e o levantamento da revisão bibliográfica permitiram gerar uma base importante de informações para as outras etapas do trabalho referentes a tecnologias e alternativas com menor impacto ambiental. Além disso, foi possível contribuir na pesquisa sobre infraestrutura urbana, visto a

pouca bibliografia existente sobre o tema. O estudo de caso abrange de forma parcial as redes de infraestrutura executadas: rede de drenagem de água pluvial, rede de fornecimento de energia elétrica, rede de coleta de esgoto individual, rede de água tratada, iluminação pública. O levantamento mostrou que a escolha da área de implantação do loteamento teve acerto na sua localização em virtude da proximidade com bairro consolidado, fornecendo apoio nos equipamentos urbanos, facilitando o transporte público através de uma rede já existente e a interação das comunidades. Em contrapartida, observou-se na implantação um isolamento decorrente do desenho adotado, não existindo uma continuidade ou identidade comum entre os bairros. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROS, R. T. de V. et al. Manual de saneamento a proteção ambiental para municípios. 2. ed. Belo Horizonte: Escola de Engenharia da UFMG, 1995. BIOARQUITETO. Disponível em: <www.bioarquiteto.com.br>. Acesso em: 10 jul. 2010. COHIM, E.; COHIM, F. Reuso de Água Cinza: A Percepção do Usuário (Estudo Exploratório). 24 Congresso Nacional de Engenharia Sanitária e Ambiental. Belo Horizonte: ABES, 2007. CRAIG, Anthony. Overcoming expertocracy through sustainable development: the case of wastewater. 16th IAPS Conference. 21st century: Cities, social life and sustainable development. Paris, 4th-7th Jul. 2000. GOOGLE MAPS. Disponível em: <www.maps.google.com>. Acesso em: 10 jul. 2010. KAICK. T. S. Estação de tratamento de esgoto por meio de zona de raízes: uma proposta de tecnologia apropriada para saneamento básico no litoral do Paraná. 2002. 116 p. Dissertação de Mestrado em Tecnologia: Inovação Tecnológica. Programa de Pós-Graduação em Tecnologia. Paraná: Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná, 2002. MASCARÓ, J. L.; YOSHINAGA, M. Infra-estrutura urbana. Porto Alegre: +4, 2005. PAIVA, Gisele Barbosa. Mecanismo de desenvolvimento limpo Tratamento de esgoto e desenvolvimento Sustentável: um estudo econômico. Dissertação de Mestrado do Programa de Pósgraduação em Economia, Faculdade de Ciências Jurídicas e Econômicas. Espírito Santo: Universidade Federal do Espírito Santo, 2008. RHIZOTEC. Disponível em: <www.rhizotec.com.br>. Acesso em: 10 jul. 2010. Sustentabilidade. Disponível em: <www.sustentabilidade.coisas.org>. Acesso em: 10 jul. 2010. VERDEFATO. Disponível em: <www.verdefato.com>. Acesso em: 10 jul. 2010. AGRADECIMENTOS Agradecimentos a FAPERGS pelo apoio na realização da pesquisa, através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Tecnológica e Inovação PROBIC/PROBITI/FAPERGS.