Curso Técnico em Agronegócio Análise econômica da propriedade rural
Introdução Neste material, você terá acesso às informações complementares referentes à Unidade Curricular Administração Rural. Os principais conteúdos a serem abordados dizem respeito a conceitos econômicos, tais como descrição de capital, custos variáveis e fixos, margens bruta e líquida, lucratividade e rentabilidade. Bom aprendizado! 1. Análise econômica de uma propriedade rural Uma propriedade é bem administrada quando se tem o registro de todas as despesas e as receitas, bem como das margens de lucro de cada atividade. Essa forma de controle contribui decisivamente para o sucesso do empreendimento. Os elementos a serem acompanhados são: custos; receita; e margem de lucro de cada uma das atividades. 2. Como estimar os custos de produção O custo total de produção é a soma dos valores gastos na compra dos insumos e no pagamento de serviços, e dos custos fixos de uma propriedade. O custo total de produção CT é apresentado como: Custo Total (CT) = Custos Variáveis (CV) + Custos Fixos (CF) 2
2.1 Os custos fixos CF Custos fixos são aqueles que não variam com a quantidade produzida. Geralmente, representam o custo decorrente do uso dos capitais fixos da propriedade, além de impostos e mão de obra permanente, e de manutenção da estrutura de produção. A apropriação dos custos fixos para cada produto depende de como é realizado o processo de rateio dos custos no empreendimento rural. Eles são estabelecidos conforme o tempo de uso dos capitais fixos para cada uma das atividades que são exploradas na propriedade. Os principais itens que compõem o custo fixo são: - depreciação; - juros e seguro sobre o capital fixo; - impostos fixos; - mão de obra do produtor, entre outros. 2.2 Depreciação Depreciação é uma reserva contábil destinada a gerar fundos para a substituição do capital investido em bens produtivos de longa duração. Trata- se, pois, de uma forma que a empresa possui de recuperar o bem de capital, repondo- o, quando esse se torna economicamente obsoleto e com problemas para a sua utilização. Por exemplo, existem a depreciação física (desgaste físico), proporcionada pelo uso, e a depreciação econômica, ou obsolescência devido à introdução de inovações tecnológicas nas máquinas e nos equipamentos. Cálculo da depreciação pelo método linear Este é o método mais utilizado para você calcular a desvalorização de um bem. Por meio dele, a depreciação é lida simplesmente como a desvalorização uniforme do bem. Para o método linear, a fórmula de cálculo é a seguinte: Depreciação = (Valor novo Valor sucata) Vida útil total ou Depreciação = (Valor atual Valor sucata) Vida útil restante 3
Abaixo na Tabela 1, você pode verificar algumas estimativas fruto de diversas pesquisas e autores para alguns fatores de produção. Vale a pena conferir e localizar o fator de produção que lhe for mais pertinente. Tabela 1. Estimativa do valor sucata e vida útil total de alguns fatores de produção FATORES DE PRODUÇÃO VALOR SUCATA (%) 1 VIDA ÚTIL (horas totais) TAXA DE MANUTENÇÃO DO ITEM (%) Tratores de pneu 15 a 20 10.000 h 50 Colhedoras 20 a 25 5.000 h 70 Plantadoras 5 a 10 3.000 h 70 Semeadoras 5 a 10 3.000 h 70 Pulverizadores 5 a 10 3.000 h 70 Carreta agrícola 15 a 20 5.000 h 35 Distribuidor de ureia 5 a 10 2.500 h 70 Arados 5 a 10 3.000 h 35 Grades 5 a 10 3.000 h 50 Sulcadores 5 a 10 3.000 h 25 Ensiladoras 20 a 30 2.500 h 70 Roçadoras 5 a 10 2.500 h 50 Rolo faca 5 a 10 2.500 h 40 Batedoras de cereais 5 a 10 3.000 h 30 Motor estacionário (diesel) 15 a 20 2.500 h 50 Misturador de alimentos 5 a 10 20 anos 30 Triturador de milho 5 a 10 20 anos 30 Camionetes (diesel) 20 a 25 20 anos 45 Casas e galpões de madeira 25 a 30 25 anos 35 Casas e galpões de alvenaria 25 a 30 35 anos 45 Obs.: os valores da tabela são médios, pois há alterações significativas dependendo da intensidade de uso e da correta conservação dos fatores de produção. 1 Relaciona- se com a percentagem do valor inicial do bem. 2.3 Juros sobre o capital fixo Juros sobre o capital fixo é também chamado de juros sobre o valor do patrimônio ou de custo de oportunidade do capital. A remuneração do capital é definida como a taxa de retorno que o capital empregado na produção agrícola obteria em um tipo de investimento alternativo. Esse valor representa a oportunidade perdida pelo produtor ao deixar de aplicar o mesmo montante de recursos em outra alternativa. 4
Na prática, a base de comparação para o custo de oportunidade do capital do produtor é uma aplicação tradicional que poderia ser realizada no mercado financeiro, como, por exemplo, a caderneta de poupança, fundos de commodities, entre outros. Compreendem- se por ativos fixos as benfeitorias, as máquinas e os implementos agrícolas. Geralmente, esse item é calculado por meio da seguinte fórmula: 𝐽𝑢𝑟𝑜𝑠 𝑠𝑜𝑏𝑟𝑒 𝑜 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑓𝑖𝑥𝑜 = 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑗𝑢𝑟𝑜𝑠 Em que: Recomenda- se que seja adotada a taxa de juros que são pagos pelos Títulos do Tesouro Nacional, que variam em média de 12% ao ano (a.a.). O valor médio é obtido da seguinte maneira: 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑚é𝑑𝑖𝑜 = 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑜𝑣𝑜 + 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑠𝑢𝑐𝑎𝑡𝑎 2 Substituindo o Valor médio na Equação de Juros sobre o capital fixo, temos: 𝐽𝑢𝑟𝑜𝑠 𝑠𝑜𝑏𝑟𝑒 𝑜 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑓𝑖𝑥𝑜 = 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑜𝑣𝑜 + 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑠𝑢𝑐𝑎𝑡𝑎 𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑗𝑢𝑟𝑜𝑠 2 2.4 Seguro sobre o capital fixo Este seguro representa a soma que se considera a cada ano para formar um fundo que permita pagar danos imprevistos, parciais ou totais, que o bem possa sofrer. Seguro s/ capital fixo = Valor médio x Taxa anual do seguro 𝑆𝑒𝑔𝑢𝑟𝑜 𝑠/ 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑓𝑖𝑥𝑜 = 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑜𝑣𝑜 + 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑠𝑢𝑐𝑎𝑡𝑎 𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑟𝑜 2 A taxa de juros a ser determinada fica a critério do produtor rural. Recomenda- se que quanto mais valioso for o item, maior seja a taxa de juros a ser adotada (por exemplo, pode- ser adotar como um valor máximo de 12% ao ano, que é a taxa paga pelos Títulos do Tesouro Nacional). Atenção para não confundir esses gastos com as despesas normais para conservação e reparos dos bens. 5
2.5 Mão de obra permanente São despesas efetuadas para pagamento dos trabalhadores permanentes (capataz, tratorista, responsável técnico etc.). Além do salário mensal, devem- se incluir os encargos sociais conforme a legislação pertinente (como por exemplo, INSS, FGTS, Décimo terceiro e férias). No caso de mão de obra familiar, pode- se considerar uma remuneração equivalente ao salário que seria recebido em emprego alternativo. 2.6 Taxas e impostos fixos Taxas e impostos fixos devem ser estimados conforme a legislação pertinente. Por exemplo: Imposto Territorial Rural ITR e imposto automotivo IPVA. 2.7 Manutenção da estrutura da produção A manutenção da estrutura de produção (máquinas, equipamentos e benfeitorias) é um custo variável, que ocorre por meio de desembolsos esporádicos. Ainda assim, pode ser entendido como fixo quando o fator de produção é analisado durante sua vida útil. As despesas com manutenção são diretamente proporcionais ao tempo de uso, motivo pelo qual sugere- se o cálculo da manutenção pelo método linear. A taxa de manutenção dos bens utilizados na propriedade rural foram mostrados na Tabela 1, anteriormente. Manutenção = (Valor novo x Taxa manutenção) Vida útil total Exemplo do cálculo do custo fixo de um trator Valor do trator R$ 60.000,00 Vida útil do trator 12 anos ou 12.000 horas (trabalha, em média, 1.000 horas/ano) Valor de sucata do trator 20% ou R$ 12.000,00 Taxa de manutenção para a vida útil (Tm) 50% Sendo assim, têm- se as seguintes estimativas: Em que: Valor novo (Vn) = R$60.000,00 Valor da sucata (Vs) = R$12.000,00 Vida útil (Vu) = 12 anos ou 12.000 horas (média de 1.000 horas por ano) 6
Taxa de manutenção (Tm) = 50% ou pode ser representado por 0,50 Taxa de Juros de mercado (TJm)= 12% ao ano ou pode ser representado por 0,12 Taxa de Juros do seguro do bem (TJs) = 2% ao ano (escolha a critério do produtor rural) ou pode ser representado por 0,02 Os cálculos serão realizados para o custo/hora. a) Depreciação (D) 𝑉𝑛 𝑉𝑠 60.000,00 12.000,00 = = 𝑅$4.000,00/𝑎𝑛𝑜 𝑉𝑢 12 O custo/hora de D será de: 𝑅$4.000,00 𝐷= = 𝑅$4,00/ℎ𝑜𝑟𝑎 1.000/ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 𝐷= b) Juros (J) 𝐽= 𝑉𝑛 + 𝑉𝑠 60.000,00 + 12.000,00 𝑇𝐽𝑚 = 0,12 = 𝑅$4.320,00/𝑎𝑛𝑜 2 2 O custo/hora de J será de: 𝐽 = 𝑅$4.320,00 = 𝑅$4,32/ℎ𝑜𝑟𝑎 1.000ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 c) Seguro (S) 𝑆= 𝑉𝑛 + 𝑉𝑠 60.000,00 + 12.000,00 𝑇𝐽𝑠 = 0,02 = 𝑅$720,00/𝑎𝑛𝑜 2 2 O custo/hora de S será de: 𝑆= 𝑅$720,00 = 𝑅$0,72/ℎ𝑜𝑟𝑎 1.000ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 7
d) Manutenção (M) M = Vn Tm Vu = 60.000,00 0,50 12 = R$2.500,00/ano O custo/hora de M será de: M = R$2.500,00 1.000horas = R$2,50/hora Logo, o custo fixo do trator será: Custo Fixo por Hora (CFh) = D +J +S + M = 4,00 + 4,32 + 0,72 + 2,50 = R$11,54/hora Custo Fixo por ano (CFa) = 4.000,00 + 4.320,00 + 720,00 + 2.500,00 = R$11.540,00/ano Já, para alugar um trator, o produtor deve considerar: Custo fixo estimado Consumo de combustível Consumo de lubrificantes 1 Custo do operador R$ 11,54/hora R$ 3,00 x 8 L/h = R$24,00/hora 15% do combustível = 24,00 x 0,15 = R$3,60/hora R$ 55,00/hora Nota: 1 Crepaldi (2012) recomenda que seja utilizada uma taxa de 15% do consumo de lubrificante em relação ao total consumido de combustível. Nesse tipo de operação, é importante levar em conta eventuais riscos no uso do trator. Confira a seguir os cálculos do custo por hora de aluguel do trator. Custo por hora = CF +combustível + lubrificante + operador Custo por hora = R$11,54 + R$24,00 + R$3,60 + R$55,00 Custo por hora = R$94,14 Se o produtor adotar uma taxa de risco de 50% (ou 0,50) do custo, o preço básico a ser estabelecido será: 8
Custo por hora= R$94,14 + R$94,14 x 0,50 = R$94,14 + R$47,07 = R$141,21 Critérios de rateio do custo fixo No cálculo do custo fixo utilizado por mais de uma atividade simultaneamente, ou utilizado por mais de um ciclo produtivo, faz- se necessário adotar critérios de rateio dos custos para apropriá- los a determinadas atividades de produção. Área cultivada No caso de atividades muito semelhantes no uso de máquinas, equipamentos e benfeitorias (como, por exemplo, a produção de grãos), a área cultivada pode ser utilizada como parâmetro de rateio de custos fixos de produção. Por exemplo, pode ser utilizado o coeficiente técnico de quantas horas de máquina foram necessárias para realizar as atividades da cultura explorada em uma área de 1 hectare de terra (hora máquina/hectare) Participação na renda bruta No caso de atividades diferentes no uso dos fatores de produção, o critério a ser utilizado é a divisão dos custos de acordo com a participação de cada atividade na renda bruta total da propriedade. 2.8 Custos variáveis CV Custos variáveis são aqueles que variam de acordo com a quantidade produzida do produto agropecuário na propriedade rural. Eles representam as despesas diretas decorrentes do uso de insumos, máquinas, equipamentos, mão de obra, entre outros. Confira, a seguir, uma lista de exemplos desse tipo de gasto: Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Combustíveis, sementes, fertilizantes, defensivos, alimentos, medicamentos Serviços prestados por mão de obra temporária (diária + encargos sociais), serviços executados de máquinas e equipamentos, transporte externo (da propriedade ao armazém) Despesas com recepção, secagem, limpeza e embalagem, assistência técnica, seguro sobre a produção, impostos variáveis, juro sobre o capital de giro, despesas gerais 9
Exemplo de custo variável na atividade de soja, estimando produtividade de 60 sc/hectare (ha). 1) INSUMOS UNIDADE UTILIZAÇÃO /HA PREÇO UNITÁRIO (R$) R$/HA SC/H A Dessecante lt 3 15,00 45,00 Semente sc 1 100,00 100,00 Fertilizante de base sc 6 46,50 279,00 Inoculante / tratamento de semente ha 1 25,00 25,00 Herbicida 1 lt 1,20 71,40 85,68 Herbicida 2 g 35 0,69 24,15 Herbicida 3 lt 0,35 92,00 32,20 Espalhante Inseticida 1 lt 0,08 63,90 5,11 Inseticida 2 (2x) lt 0,50 x 2 26,00 26,00 Fungicidas lt 0,50 137,00 68,98 Corretivos de solo SUBTOTAL (A) 691,12 23,04 2) SERVIÇOS UNIDADE UNIDADE/H A PREÇO UNITÁRIO (R$) R$/HA SC/H A Preparo do solo (dessecação) h/máq. 0,25 23,60 5,90 Plantio/Semeadura direto h/máq. 0,70 31,12 21,78 Inoculação d/h 0,05 20,00 1,00 Aplicações de agrotóxicos (5x) h/máq. 0,25 x 5 23,60 29,50 Catação de ervas daninhas d/h 1 20,00 20,00 Colheita h/máq. 0,60 50,20 30,12 Despesas gerais (1%) % 1 *** 8,00 SUBTOTAL (B) 116,30 3,88 CUSTO VARIÁVEL PARCIAL (CVP) = SUBTOTAL A + B 807,42 26,92 3) OUTRAS DESPESAS UNIDADE TAXA VALOR R$/HA SC/HA Arrendamento ha 0,00 0,00 0,00 Juros sobre capital de giro % 8,75 807,42 70,65 Seguro sobre a produção % 4,00 807,42 32,30 Assistência técnica % 2,00 807,42 16,15 Frete R$/sc 0,80 60,0 48,00 INSS Rural % 2,30 1.800,00 48,30 Recepção/Limpeza/Secagem R$/sc 0,80 60,0 48,00 SUBTOTAL (C) 256,50 8,55 CUSTO VARIÁVEL TOTAL (CVT) = SUBTOTAL A+ B +C 1.063,92 35,47 10
2.9 Receita bruta (Renda Bruta ou Receita Total) Em sua expressão mais simples, é a multiplicação do preço de mercado do produto pela quantidade produzida. Representa o resultado da atividade em valores monetários. Ela pode ser formada pelos seguintes itens: produtos e subprodutos produzidos na propriedade; receitas provenientes de arrendamentos de terras e aluguel de máquinas; receitas provenientes da venda de bens imobilizados. 3. Indicadores de resultado Um dos principais objetivos da administração rural é o de apurar o resultado de cada atividade agropecuária ou da propriedade como um todo, que é dado pelo lucro, ou margem. Para mensurar esses valores, têm- se alguns indicadores a se considerar. Acompanhe, na sequência, quais são eles. 3.1 Margens (bruta e líquida) Esta análise de resultado consiste, em geral, na comparação da receita com o custo determinando o lucro, ou margem (bruta ou líquida). Trata- se da diferença entre a receita bruta RB e os custos. Quando a diferença envolve somente os custos variáveis, tem- se a margem bruta MB. MB = RB CV Onde CV = Custo Variável Já a margem líquida ML, é a diferença entre todos os custos (fixos e variáveis). Também é conhecida como lucro líquido LL. ML = RB CT onde CT = Custo Total 3.2 Lucratividade Representa o lucro em valor relativo: Lucratividade líquida = ML x 100 RB 11
a) Um hectare de milho tem custo variável de R$ 1.300,00 e produz 150 sacas, que são vendidas a R$ 15,00 cada. Qual é a margem bruta? MB = Receita Total (RT) Custo Variável (CV) MB = (15,00 x 150 sacas) 1.300,00 = R$ 950,00/ha b) Qual é a margem líquida da produção desse milho se os custos totais têm um custo fixo adicional de R$ 450,00/ha? ML = Receita Total (RT) Custo Total (CF + CV) ML = (15,00 x 150 sacas) (450,00 + 1.300,00) = R$ 500,00/ha c) Lucratividade líquida ML x 100 = 500,00 x 100 = 22 % (Lucro Líquido) RB 2.250,00 Observe no quadro abaixo a composição da análise econômica de uma atividade e de uma propriedade RECEITA TOTAL MARGEM LÍQUIDA ML CUSTOS FIXOS CF Mão de obra permanente Pró- labore do produtor Arrendamento Impostos fixos (ITR) Depreciação - Máquinas - Equipamentos - Benfeitorias CUSTOS VARIÁVEIS CV Sementes Fertilizantes Agrotóxicos Combustíveis Manutenção Máq./Equip./Benfeitorias INSS rural Seguro agrícola Juros sobre capital de giro Assistência técnica Recepção/Limpeza/Secagem Alimentos Vacinas Medicamentos 12
Cálculo dos investimentos na propriedade Para incorporar algum tipo de tecnologia na propriedade, é necessário que o produtor faça investimentos. Os investimentos disciplinam todas as áreas da propriedade por estarem diretamente ligados ao fluxo de caixa ou aos custos de oportunidade que orientam o processo de tomada de decisão do produtor rural. Os investimentos significam gastos que o produtor deve pagar em curto, médio ou longo prazo. A aplicação de dinheiro em um investimento é feita considerando- se juros e correção monetária. Por isso, o produtor precisa conhecer as fórmulas de cálculo dos juros e a correção da moeda para saber qual é o custo de oportunidade de cada investimento. 3.3 Critérios de decisão para investimentos Na tomada de decisão sobre onde e como investir, é importante que o produtor estude as alternativas de investimento com bastante cuidado. Existem alguns instrumentos que podem auxiliá- lo nesse momento, tais como resultados, indicadores, lucratividade e rentabilidade, entre outros. Confira a lista completa e em detalhes na tabela a seguir. Resultados e indicadores Projeção de resultado Discriminação Fórmula Valor anual Receita total RT Custos variáveis CV Custos fixos CF Custos totais CT Lucro líquido LL CV + CF RT - CT Lucratividade Fórmula Valor Lucratividade = Lucro líquido x 100 Receita total 13
Rentabilidade Fórmula Valor Rentabilidade = Lucro líquido x 100 Investimento total 3.4 Inventário Rural Para que seja realizada uma Análise Econômica da Empresa Rural é necessário que o produtor tenha o conhecimento necessário de todos os investimentos que foram realizados ao longo do tempo, bem como o valor monetário de cada item. Além disso, destaca- se a importância do controle das dívidas e compromissos do produtor com os devedores. Esse procedimento só é possível com a elaboração de um Inventário. Cunha (2011) define o Inventário Rural como um processo de descrição de todos os bens de uma empresa rural, o qual contém a descrição física e o valor monetário destes itens que são contabilizados. Além disso, o inventário pode representar o levantamento dos bens e das dívidas da empresa rural. Para que o produtor possa implantar essa ferramenta administrativa na empresa rural, é necessário que sejam construídos dois inventários, um no início e outro no final do período escolhido. Por meio desse mecanismo, é possível avaliar a infraestrutura produtiva da propriedade, exercer o controle dos estoques de matéria- prima e de produtos acabados e avaliar o fluxo financeiro do empreendimento agropecuário. A realização de inventários na propriedade rural, no início e no fim de cada período escolhido pelo produtor, é de suma importância para o processo de planejamento administrativo e produtivo do empreendimento. Já que máquinas, benfeitorias, animais de criação e de trabalho, culturas permanentes, produtos em estoque e dentre outros itens, devem ser avaliados e inventariados no início e no fim de cada ano (agrícola ou zootécnico), a fim de se identificarem as variações ocorridas nesse período analisado. Muitas das variações que podem ocorrer no sistema produtivo de uma propriedade são decorrentes do processo de depreciação dos bens e também dos investimentos realizados pelo produtor rural na aquisição de novos equipamentos e máquinas agrícolas para a empresa rural. Veja adiante os principais itens que compõem o inventário de uma empresa rural, conforme indicado por Cunha (2011). - Imóveis: terra, construções, equipamentos e máquinas; - Estoques: animais, insumos e produtos vegetais; - Créditos e débitos; e, - Disponibilidade de saldo em caixa, em banco e dentre outros. 14
3.5 Considerações finais Não existe uma fórmula mágica para se administrar um negócio. O talento do empreendedor é importante, mas o conhecimento específico sobre o assunto mostra- se muito mais relevante no mercado atual. Portanto, é necessário que o empreendedor prepare- se para agir profissionalmente como empresário e ser um forte concorrente. A seguir, acompanhe a matriz de conhecimento sugerida. Leia- a com atenção e aproveite para fazer um exercício de autorreflexão acerca do seu próprio conhecimento sobre cada tópico. Conhecimento do Negócio Pode ser obtido por meio de estudos específicos sobre a área de atuação. Conhecimento Básico de Administração É importante ter, ainda que mínimo, conhecimento do que é administração. Pode- se aprender pela leitura, pela frequência a cursos de instituições, em conversas e observação direta de outras empresas. Comportamento Profissional de Empresário Implica em assumir o comando e demais ações relativas a função. Em que mercado vamos atuar Quais as características desse mercado Quais tecnologias são necessárias Quais são as exigências legais e ambientais Administração de Pessoal (Recursos Humanos) Administração dos itens de produção Custos o que são e qual a sua natureza Controle financeiro e sua importância Canais e formas de comercialização Estar presente Acompanhar de perto Avaliar e orientar o time Liderar para as questões e soluções certas Dar o exemplo de envolvimento e interesse pela empresa Referências Bibliográficas CREPALDI, S. A. Contabilidade rural: uma abordagem decisorial. São Paulo: Atlas, 2012. CUNHA, C. F. L. Gestão da unidade de produção familiar. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2011. 15
Atividade de aprendizagem 1. Uma propriedade rural está utilizando- se da estratégia de desenvolvimento quando: a) Adota uma postura passiva, espera os acontecimentos, para então depois tomar uma decisão no setor de produção. b) Adota uma postura antecipatória, observa o mercado em sua volta, valoriza seus pontos fortes e antecipa os acontecimentos aproveitando as oportunidades. c) Adota uma postura de sobrevivência, reduz ao máximo seus gastos, mesmo que isto leva a uma baixa produtividade, arrenda parte de seus ativos a terceiros. d) Adota uma postura passiva com restrições ao uso de tecnologias. e) Adota uma postura passiva, observa o mercado em sua volta, valoriza seus pontos fracos e antecipa os acontecimentos aproveitando as ameaças. 2. A estratégia de sobrevivência faz com que a empresa rural: a) Fique estacionada e com possibilidade de ser extinta, ou incorporada por outra empresa que tenha uma postura de desenvolvimento. b) Poderá ficar forte para aproveitar as oportunidades do mercado. c) Terá facilidade de adaptar- se às dificuldades climáticas que são comuns a atividade rural. d) Nesta postura, seguira em crescimento com ótimas produções nas suas atividades. e) Poderá ficar fraco para aproveitar as oportunidades de mercado. 3. Características predominantes na fase pioneira da empresa rural: a) O comando da empresa é realizado por diversos funcionários, que conhecem exatamente a sua função. b) As atividades são bem planejadas a cada safra, observando todas as informações de mercado. c) A remuneração pelo trabalho pago, além do salário é pago adicional por produtividade. d) O fundador é quem decide, centraliza todas as decisões: plantio, colheita e comercialização da produção. e) O fundador abre mão de diversas atividades, para que a empresa possa andar sozinha. GABARITO 1. B 2. A 16
3. D Atividade prática Coloque em prática todo conhecimento adquirido a partir do material estudado. Levante as informações de uma propriedade rural considerando o descritivo abaixo como roteiro. Descrição dos recursos disponíveis (inventário): 1. Recursos naturais: terra 2. Recursos físicos: construções e benfeitorias, máquinas, equipamentos e rebanho 3. Recursos humanos: funcionários ou proprietários 4. Recursos financeiros: depósitos, contas a receber, estoques 5. Custo fixo e custo variável (custo total) 6. Receitas 7. Indicadores: a. Margem bruta MB, margem líquida ML ou LL, lucratividade e rentabilidade da empresa rural Para fazer este exercício, utilize os modelos de fichas a seguir. 17
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