Indicativo sobre possíveis problemas de potabilidade em poços no município de Alegrete-RS



Documentos relacionados
Eixo Temático: Inovação e Sustentabilidade em Diferentes Setores QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA EM POÇOS DA DEPRESSÃO CENTRAL DO RS

Ciência e Natura ISSN: Universidade Federal de Santa Maria Brasil

Determinação das Durezas Temporária, Permanente e Total de uma Água

ANÁLISE DA ALCALINIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS UTILIZADAS NO IFC-CÂMPUS CAMBORIÚ. Instituto Federal Catarinense, Camboriú/SC

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba, campus Campina Grande-PB

ESTUDO DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA DAS ÁGUAS DE POÇOS TUBULARES, LOCALIZADO NO SITIO GUABIRABA DO MUNICÍPIO DE LAGOA SECA-PB

PROJETO DE PESQUISA SOBRE ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DA ÁGUA DE MINAS UTILIZADAS PARA CONSUMO HUMANO

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE DA ÁGUA BRUTA E TRATADA DO AÇUDE SUMÉ, ATRAVÉS DE PARÂMETROS QUÍMICOS.

UTILIZAÇÃO DE ARGILAS PARA TRATAMENTO DE ÁGUAS DE POÇOS SUBTERRÂNEOS NO MUNICÍPIO DE SOSSEGO-PB

Na industria de alimentos a formação de filmes e depósitos minerais na superfície de equipamentos, prejudica o processo de higienização.

ANÁLISE FISICO-QUIMICA DA ÁGUA DO POÇO CACIMBÃO DA CIDADE DE BREJO DO CRUZ-PB

3 - MATERIAL E MÉTODOS

QUALIDADE DAS ÁGUAS DO AQÜÍFERO FURNAS NA CIDADE DE RONDONÓPOLIS (MT).

CONSTRUÇÃO DE CISTERNAS: UMA ALTERNATIVA VIÁVEL PARA CONSUMO HUMANO NA REGIÃO DE BOA VISTA-PB

ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DE ÁGUAS ADICIONADAS DE SAIS COMERCIALIZADAS NO MUNICÍPIO DE SUMÉ-PB

Análise da Alcalinidade da Água do Campus I da UFPel

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO EMERGENCIAIS DO MUNICÍPIO DE NAZAREZINHO-PB

ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO HERCÍLIO EM IBIRAMA/SC

ANÁLISE QUANTITATIVA PRELIMINAR DE ESTUDOS DE MEDIÇÃO DE PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA NA BACIA DO RIO NEGRO-RS

INVESTIGAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE POÇOS POR PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS¹

ADSORVENTE NATURAL DERIVADO DA CORTIÇA PARA TRATAMENTO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

AVALIAÇÃO DAS AÇÕES DE VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO NO MUNICÍPIO DE RIO BRANCO-ACRE.

DETERMINAÇÃO FISICO-QUÍMICA DE POTABILIDADE DA ÁGUA DE UM POÇO TUBULAR DO SITIO DORCELINA FOLADOR NO MUNICIPIO DE CUBATI-PB

Química de Águas Naturais. -todas as formas de vida existentes no planeta Terra dependem da água;

LISTA DE EXERCÍCIOS # 05 QUÍMICA ANALÍTICA PROF. Wendell

Laboratório de Química dos Elementos QUI

MONITORAMENTO DA ALCALINIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE CAMPUS CAMBORIÚ

ESTUDO FÍSICO-QUÍMICO DE ÁGUA DO POÇO TUBULAR LOCALIZADO NO SÍTIO URUBU NA ZONA RURAL DO MUNICÍPIO DE BOA VISTA - PB

ESTUDO ANALÍTICO DE ÁGUAS DE ABASTECIMENTO DO MUNICÍPIO DE DAMIÃO-PB

INFLUÊNCIA DE FOSSAS NEGRAS NA CONTAMINAÇÃO DE POÇOS SUBTERRÂNEOS NA COMUNIDADE VILA NOVA, ITAIÇABA-CEARÁ 1

Questões dos exercícios avaliativos para QUI232 t. 43, 44 e 45 em , Prof. Mauricio

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE ÁGUAS DE POÇOS ARTESIANOS LOCALIZADOS NOS MUNICÍPIOS DE CAJAZEIRAS-PB E ESPERANÇA- PB

QUALIDADE DE ÁGUA DE POÇO DE ABASTECECIMENTO DA CIDADE DE DELTA-MG

Estudo da Variação Temporal da Água Precipitável para a Região Tropical da América do Sul

Qualidade água na confluência dos rios Bugres e Paraguai, Mato Grosso. Quality water in the confluence of rivers Bugres and Paraguay, Mato Grosso

Avaliação da utilização de kits de potabilidade na determinação da qualidade da água do Córrego Mutuca no município de Gurupi/TO

MF-441.R-1 - MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DA ALCALINIDADE (MÉTODO TITULOMÉTRICO COM INDICADOR)

2ª SÉRIE roteiro 1 SOLUÇÕES

QUALIDADE DA ÁGUA DO AÇUDE EURÍPEDES NA CIDADE DE QUIXADÁ-CE: UMA ANÁLISE DOS PARÂMETROS FÍSICO- QUÍMICOS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS FONTES HÍDRICAS DO MUNICÍPIO DE BOA VISTA PARAÍBA

V AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA CONSUMIDA NO MUNICÍPIO DE CAIÇARA DO NORTE - RN

PRÁTICA 04 - DETERMINAÇÃO DA DUREZA TOTAL E TEOR DE CÁLCIO E MAGNÉSIO EM ÁGUA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS UTILIZADAS PARA ABASTECIMENTO HUMANO NO MUNICÍPIO DE PARAÍSO DO TOCANTINS-TO

25 a 28 de Outubro de 2011 ISBN

IV Miriam Cleide Brasil 1

OCUPAÇÃO URBANA E AS CONCENTRAÇÕES DE NITRATO NO SISTEMA AQUÍFERO BAURU

VOLUMETRIA DE NEUTRALIZAÇÃO.

TRATAMENTO DE ÁGUA: SISTEMA FILTRO LENTO ACOPLADO A UM CANAL DE GARAFFAS PET

TITULAÇÃO EM QUÍMICA ANALÍTICA

VARIABILIDADE ESPACIAL E TEMPORAL DAS ESTAÇÕES NO ESTADO DE SÃO PAULO PARA AS VARIAVEIS TEMPERATURA E PRECIPITAÇÃO

ESTUDO COMPARATIVO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO AÇUDE EPITÁCIO PESSOA ANTES E DEPOIS DA TRANSPOSIÇÃO

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA DE POÇO ARTESIANO DE UMA ESCOLA RURAL EM BAGÉ/RS

III-072 CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO E AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO CARBONO NITROGÊNIO NA COMPOSTAGEM

ANAIS. Artigos Aprovados Volume I ISSN:

INVESTIGAÇÃO DA EVOLUÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE POÇOS NA ZONA URBANA NO MUNICÍPIO DE SOUSA-PB ATRAVÉS DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS E MICROBIOLÓGICOS

Área de Atividade/Produto Classe de Ensaio/Descrição do Ensaio Norma e/ou Procedimento

DETERMINAÇÃO DOS TEORES DE UMIDADE E CINZAS DE PEIXE SALGADO-SECO COMERCIALIZADO NA ZONA OESTE DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO RJ

ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA DE CONSUMO DE UMA UNIVERSIDADE FEDERAL

DIAGNÓSTICO DOS POÇOS TUBULARES E A QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO NORTE, CEARÁ

ASPECTOS FÍSICO-QUÍMICOS DA ÁGUA SUBTERRÂNEA CONSUMIDA NO MUNICÍPIO DE TAPEROÁ-PB

AVALIAÇÃO DOS INDICADORES DE BALNEABILIDADE EM PRAIAS ESTUARINAS

Análise da qualidade da água consumida pelos habitantes da cidade de Alagoa Nova PB

Saneamento I. João Karlos Locastro contato:

Prof a. Dr a. Luciana M. Saran

PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS DA ÁGUA DE UM POÇO TUBULAR LOCALIZADO NO SÍTIO VÁRZEA NO MUNICÍPIO DE GURJÃO-PB

AVALIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE ÁGUAS DE POÇOS NO MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO DO RIO DO PEIXE

ANALISE DA QUALIDADE DA ÁGUA ATRAVÉS DO USO DE INDICADORES SENTINELAS EM ESCOLAS PÚBLICAS DE ENSINO INFANTIL DE CAMPINA GRANDE - PB

TITULAÇÕES POTENCIOMÉTRICAS DE CÁTIONS METÁLICOS EM MEIO NÃO AQUOSO. Palavras chave: Potenciometria, interação soluto-solvente, eletrodo de vidro.

QUALIDADE DA ÁGUA NA PISCICULTURA: UM ESTUDO DE CASO EM COMUNIDADES RURAIS DO MUNICÍPIO DE FORMIGA MG

É a superfície coberta por água o que corresponde a 70% da mesma; Encontrada em: - Oceanos; - Mares; - Águas continentais (rios, lagos e geleiras);

RELATÓRIO DE PROJETO DE PESQUISA - CEPIC INICIAÇÃO CIENTÍFICA

AVALIAÇÃO INICIAL DA ÁGUA NAS PROPRIEDADES LEITEIRAS DE TEIXEIRA SOARES PR

QUI095 - Análises Volumétricas

ANALISE FÍSICO-QUÍMICA DE ÁGUA DE UM POÇO AMAZONAS SITUADO NA ZONA RURAL DO MUNICIPIO DE ITAMBÉ PE

INFORMAÇÕES SOBRE A QUALIDADE DA ÁGUA EM NATAL

Determinação da cor, turbidez, ph, salinidade, condutividade e O 2 dissolvido

Funções e Importância da Água Regulação Térmica Manutenção dos fluidos e eletrólitos corpóreos Reações fisiológicas e metabólicas do organismo Escassa

MF-0427.R-2 - MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DE FÓSFORO TOTAL (DIGESTÃO COM HNO 3 + HClO 4 E REAÇÃO COM MOLIBDATO DE AMÔNIO E ÁCIDO ASCÓRBICO)

Karen Vendramini Itabaraci N. Cavalcante Rafael Mota Aline de Vasconcelos Silva

ALTERNATIVA DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE ABASTECIMENTO PARA ÁREAS RURAIS

MODELAGEM DA QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA NA ÁREA DO CAMPUS DA UFMG PROHBEN; AVALIAÇÃO PRELIMINAR.

Parâmetros de qualidade de água SANEAMENTO AMBIENTAL EXPERIMENTAL TH 758

RESUMO: Palavras-chaves: Piracicaba, qualidade de água, sedimentos, geoquímica. ABSTRACT

QUI 326 Primeira lista de exercícios 1/2013

CARACTERIZAÇÃO FISICO-QUÍMICA DA ÁGUA DO AÇUDE EPITÁCIO PESSOA LOCALIZADO EM BOQUEIRÃO-PB, ANTES E APÓS A CHEGADA DA TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO

MF-420.R-3 - MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DE AMÔNIA (MÉTODO DO INDOFENOL).

AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO BACTERIOLÓGICA DA ÁGUA DE ABASTECIMENTO DA POPULAÇÃO DO MUNICÍPIO DE QUISSAMÃ/RJ.

DETERMINAÇÃO FISÍCO-QUÍMICA DA ÁGUA DO POÇO TUBULAR LOCALIZADO NO SITIO MANOEL DE BARROS DO MUNICÍPIO DE SOLEDADE-PB

AVALIAÇÃO FISÍCO-QUÍMICA DAS ÁGUAS DE POÇOS LOCALIZADO NO MUNICIPIO DE PICUI-PB

QUÍMICA ANALÍTICA LISTA DE EXERCÍCIOS SOBRE GRAVIMETRIA, VOLUMETRIA DE NEUTRALIZAÇÃO, VOLUMETRIA DE COMPLEXAÇÃO, OXIDAÇÃO- REDUÇÃO E PRECIPITAÇÃO

COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DA ÁGUA DE UM POÇO TUBULAR LOCALIZADO NO SÍTIO CANOA VELHA NO MUNICÍPIO DE CUBATI-PB

Prova de Química Resolvida Segunda Etapa Vestibular UFMG 2011 Professor Rondinelle Gomes Pereira

MONITORAMENTO DA QUALIDADE DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO NO PARÂMETRO SÓDIO DOS CORPOS HÍDRICOS DO MUNICÍPIO DE BOA-VISTA, PB

QUALIDADE DA ÁGUA DOS RECURSOS HIDRICOS PERTENCENTES A BACIA HIDROGRÁFICA DO ALTO PARAÍBA

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DE BEBEDOUROS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA MG

Volumetria de Neutralização

ANÁLISE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO AQUÍFERO JANDAÍRA EM APOIO AO PROGRAMA ÁGUA DOCE NO RIO GRANDE DO NORTE (PAD/RN)

I-139 ESTUDO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE MANANCIAIS SUBTERRÂNEOS UTILIZADOS COMO FONTE DE ABASTECIMENTO DO MUNICÍPIO DE CRATO - CEARÁ

Transcrição:

Artigo Original DOI:10.5902/2179460X12835 Ciência e Natura, Santa Maria, v. 36 n. 3 set - dez. 2014, p. 511 518 Revista do Centro de Ciências Naturais e Exatas - UFSM ISSN impressa: 0100-8307 ISSN on-line: 2179-460X Indicativo sobre possíveis problemas de potabilidade em poços no município de Alegrete-RS Indicative of possible problems potability from wells in the city of Alegrete-RS Ana Paula Fleig Saidelles¹, Rosana Alves Paim², Ana Caroline Paim Benedetti³, Rosane Maria Kirchner 4, Andre Carlos Cruz Copetti 5, Beatriz Stoll Moraes 6 1, 5, 6 Universidade Federal do Pampa, São Gabriel, Brasil 2 Mestranda, Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, UFRGS. Porto Alegre,Brasil 3 Curso Superior de Tecnologia em Geoprocessamento, Santa Maria, Brasil 4 Universidade Federal de Santa Maria. Campus Palmeira das Missões, Brasil Resumo Nos últimos tempos, as ações antrópicas estão sendo apontadas como responsáveis por inúmeros problemas para saúde humana. O principal objetivo deste trabalho foi verificar indicativos para possíveis problemas da potabilidade de poços artesianos no município de Alegrete-RS. As amostras foram coletadas nos anos de 2011 e 2012, em diferentes localidades do município. Estas foram analisadas no laboratório de química e bioquímica da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), pelo método de potenciometria e titulação, onde os parâmetros analisados foram: ph, alcalinidade, cloretos e Ca 2+. Foram coletadas e analisadas 35 amostras e os resultados foram comparados com os órgãos vigentes. Algumas amostras apresentaram o ph abaixo do permitido, duas amostras com valores de alcalinidade acima do estabelecido e duas amostras abaixo do limite de detecção para técnica de alcalinidade. A análise de correlação identificou as variáveis com relação significativa entre a alcalinidade e Ca 2+, bem como entre alcalinidade com cloreto. Entretanto a profundidade e o ph não foram correlacionados com os outros parâmetros estudados. De acordo com esses resultados pode-se concluir que a água do município, apesar de algumas exceções, nestes parâmetros encontra-se dentro dos limites estabelecidos pela norma do Ministério da Saúde 2914/2011. Palavras-chave: Alegrete; Águas; Parâmetro físico-químico. Recebido: 04/02/2014 Aceito: 20/02/2014 Abstract In recent times, anthropogenic actions are being identified as responsible several problems to human health. The main focus of this study was to check the quality of the water from drilled wells consumed in the city of Alegrete- RS, by analyzing some physicochemical parameters and correlation among them. The samples were collected during the years 2011 and 2012 in different locations of the city. These samples were collected and analyzed at the chemistry and biochemistry from the Federal University of Pampa (UNIPAMPA), using the potentiometric titration method where the considered parameters were: ph, alkalinity, chlorides and Ca 2+. A total of 35 samples were analyzed and the results were compared with those from the official agencies. Some samples showed a ph below the allowed limit, two samples with alkalinity values above the established parameters and, two other samples below the detection limit for the alkalinity technique. The correlation analysis identified the variables with significant relation between alkalinity and Ca 2+ and also, between alkalinity and chlorides. However, depth and ph were not correlated with the other considered parameters. According to these results, we can concluded that the water in the city, despite some exceptions, these parameters lies within the limits established by the Ministry of Health 2914/2011 standard. Keywords: Alegrete, water, physicochemical parameters.

Ciência e Natura, v. 36 n. 3 set-dez. 2014, p. 511 518 512 1 Introdução A água é considerada um recurso natural limitado e sua disponibilidade é cada vez menor, e pode ser considerada como muito importante para o surgimento e manutenção da vida (BARRETO & GARCIA, 2010). A preocupação com a contaminação das águas superficiais e subterrâneas tem crescido, principalmente quando relacionado com o consumo humano (MARQUES et al., 2007) e seu uso inadequado tem contribuído crescentemente na contaminação e escassez deste recurso, além de poder provocar problemas de saúde pública. Vários são os fatores considerados como desencadeantes da poluição hídrica, como o crescimento urbano da população e o desenvolvimento tecnológico e industrial (SILVA, 2009), sendo esta última que causa maior preocupação para a sociedade, visto que pode comprometer as fontes de água doce disponíveis. Considerando que a quantidade de água existente sobre a terra (aproximadamente 1,37 milhões de km³) encontra-se de forma de fácil para o consumo isso não seria um grande problema. Entretanto, a água total se divide em 97,2% de água salgada, 2,1% de neve ou gelo, 0,6% de água doce e o restante se encontra na forma de vapor atmosférico (FERREIRA, 2008). Segundo Hidrata et al.(2008), a poluição de aquíferos é compreendida como a degradação das águas subterrâneas pela perda da qualidade potável quando a água apresenta níveis de concentração de substâncias nocivas superiores aos padrões de qualidade estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os maiores problemas de contaminação dos recursos hídricos em regiões rurais podem ser apontados os fertilizantes, esgotos domésticos e excrementos de animais (MIRLEAN et al., 2005). Normalmente, estes escorem para os aquíferos sem tratamento, podendo infiltrar no solo atingindo o lençol freático ou cair diretamente nas águas superficiais e subterrâneas. Nessas regiões os efeitos da poluição são significativos por causa da ausência de outras opções de abastecimento (MIRLEAN et al., 2005). Embora dependa da água para sobrevivência, a sociedade polui e degrada este recurso, provocando perdas na quantidade e principalmente na qualidade da água. A preservação da qualidade da água é fundamental para o equilíbrio aquático e o abastecimento da população. Frente ao acima exposto, o presente trabalho tem como objetivo foi verificar indicativos para possíveis problemas da potabilidade de poços artesianos no município de Alegrete-RS, através de análises de parâmetros físico-químico, bem como realizar a correlação entre as mesmas. 2 Material e métodos 2.1 Áreas de estudo O município de Alegrete está localizado na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, possui uma área de 7.800 km 2, pluviosidade de 1525 mm anuais, com latitude de 29,7 ao sul e longitude de 55,7 a oeste. 2.2 Descrições das amostras coletadas no município de Alegrete Para este estudo foram escolhidos diversos pontos identificados na Tabela 1 e Figura 1 onde as amostras foram coletadas. Tabela 1. Localização geográfica dos pontos das amostras coletadas no município de Alegrete-RS. Amostra Ponto Descrição Profundidade (m) 1 4 Parte urbana 54 2 10 Usina de reciclagem de lixo 36 3 1 Parque de máquinas 70 4 11 2 Distrito Passo Novo 52 5 5 Parte urbana 80 6 9 Subdistrito Durasnal 56 7 7 Balneário Caverá 90 8 7 Balneário Caverá 60 9 2 Estádio Municipal 70 10 8 Subdistrito Pinheiros 48 11 7 Balneário Caverá 18 12 9 Subdistrito Durasnal 18 13 11 2 Distrito Passo Novo 30 Continua...

1 4 Parte urbana 54 2 10 Usina de reciclagem de lixo 36 3 1 Parque de máquinas 70 513 4 11 2 Distrito Passo Novo SAIDELLES et al.: Indicativo 52 sobre possíveis... 5 5 Parte urbana 80 6 9 Subdistrito Tabela 1. continuação... Durasnal 56 7 7 Balneário Caverá 90 Amostra 8 Ponto 7 Balneário Caverá Descrição Profundidade 60 9 2 Estádio Municipal (m) 70 10 1 48 Parte Subdistrito urbana Pinheiros 54 48 11 2 10 7 Usina Balneário de reciclagem Caverá de lixo 36 18 12 3 19 Parque Subdistrito de máquinas Durasnal 70 18 13 4 11 2 Distrito Passo Novo 52 30 14 5 53 Parte urbana 80 20 15 6 11 9 Subdistrito 2 Distrito Passo Durasnal Novo 56 25 16 7 11 7 Balneário 2 Distrito Caverá Passo Novo 90 80 17 8 11 7 Balneário 2 Distrito Caverá Passo Novo 60 50 18 9 27 Estádio Balneário Municipal Caverá 70 60 10 19 87 Subdistrito Balneário Caverá Pinheiros 48 80 11 20 11 7 Balneário 2 Distrito Caverá Passo Novo 18 70 12 21 97 Subdistrito Balneário Caverá Durasnal 18 70 13 22 11 6 2 Parte Distrito urbana Passo Novo 30 50 14 23 37 Parte Balneário urbana Caverá 20 36 15 24 11 7 2 Balneário Distrito Caverá Passo Novo 25 80 16 25 11 7 2 Balneário Distrito Caverá Passo Novo 80 56 17 26 11 2 Distrito Passo Novo 100 50 18 27 11 7 Balneário 2 Distrito Caverá Passo Novo 60 70 19 28 78 Balneário Subdistrito Caverá Pinheiros 80 70 20 29 11 7 2 Balneário Distrito Caverá Passo Novo 70 80 21 30 7 Balneário Caverá 70 40 22 31 67 Parte Balneário urbana Caverá 50 90 23 32 79 Balneário Subdistrito Caverá Durasnal 36 50 24 7 Balneário Caverá 80 Na Tabela 1 estão identificados 25 7 os números Balneário das Caverá isopor com gelo, para conservação 56 em baixa temperatura amostras, a descrição da região 26 onde as 11 amostras 2 Distrito foram Passo e proteção Novo contra a luz até 100 chegarem ao Laboratório coletadas e profundidade dos poços. Na Figura 1 está de Química e Bioquímica da Universidade Federal do demonstrada a região correspondente 27 11 ao município 2 Distrito de Passo Pampa, Novo Campus São Gabriel, 70 onde foram mantidas Alegrete, com os pontos de 28 local de coleta 8 das Subdistrito amostras. Pinheiros em geladeira e analisadas no 70 mesmo Laboratório. Os parâmetros físico-químicos selecionados para análise 2.3 Amostragem e análise 29 7 Balneário Caverá foram ph, alcalinidade, cloretos 80 e cálcio. A análise de ph foi realizada pelo método potenciométrico com eletrodo de vidro, previamente calibrado 30 7 Balneário Caverá 40 As trinta e cinco (35) amostras foram coletadas em vários poços distribuídos 31 na parte urbana 7 e Balneário rural, no Caverá com tampões de 4, 7 e 10, com 90 isso fez-se a leitura das período de 2011 e 2012 no município em estudo. As coletas foram realizadas diretamente 32 nos frascos 9 polietileno Subdistrito Durasnal A obtenção da alcalinidade 50 foi realizada pelo méto- amostras. de um litro, e após foram acondicionadas em caixa de do volumétrico. Titulou-se 50ml da amostra com ácido

Ciência e Natura, v. 36 n. 3 set-dez. 2014, p. 511 518 514 Figura 1. Localização dos pontos de coleta das amostras no município de Alegrete-RS. Fonte: Google Earth (2012). clorídrico (HCl) 0,02 mol.l -1, previamente padronizado até ponto final e o indicador empregado foi o alaranjado de metila. A determinação de cloretos também foi realizada através do método volumétrico. Foram utilizados 50 ml da amostra, nesta ajustada o ph na faixa de 7 a 10 com hidróxido de sódio (NaOH). Após foi adicionado como indicador 7 gotas de cromato de potássio (K 2 CrO 4 ) 50 g L -1 e titulado com a solução de nitrato de prata (AgNO 3 ) 0,0141 mol.l -1, previamente padronizado, com viragem de amarelo para rosa-amarelado. Para análise de cálcio (Ca 2+ ) foram utilizadas 100 ml da amostra pelo método de volumetria de complexação, utilizando ácido etilenodiaminatetracético (EDTA) como titulante. Foram adicionados a amostra, antes da titulação 10 ml da solução de NaOH 4% (m/v) para alcalinizar o meio e provocar a remoção do Mg por precipitação do hidróxido de magnésio (Mg(OH) 2 ). Como indicador utilizou-se murexida (misturado previamente com NaCl na proporção 1:500 (m/m)) com viragem de rosa para o violeta. Todas as análises foram realizadas em triplicata. 3 Resultados e Discussão A determinação da qualidade da água tem como objetivo, atestar sua conformidade com os padrões estabelecidos como ideais. As atividades de controle da qualidade visam saber se a água se mantém com a qualidade desejada para o consumo (KULCHESKI et al., 2004). A qualidade da água é identificada por sua composição física, química, biológica e seus efeitos ao meio ambiente (BRITO, 2005). No Brasil, o Ministério da Saúde (BRASIL, 2011) determina as normas de qualidade de água para consumo humano, por meio da Portaria nº 2914 de 12 de dezembro de 2011. Na Tabela 2 estão demonstrados os resultados das análises dos parâmetros nas 35 amostras estudadas. Observando-se a Tabela 2, em relação ao parâmetro ph, apenas a amostra n 22 (ph 5,4) apresenta-se fora dos Tabela 2. Resultados das análises das amostras coletadas no município de Alegrete-RS. Amostras ph Alcalinidade 1 Cloretos 2 Ca 2+ 3 1 7,2 388,6±5,2 41,6±1,5 210,3±3,0 2 6,3 54,0±3,0 1,3±,0,5 16,6±1,5 3 6,9 232,0±2,5 8,3±0,3 117,6±1,0 4 6,7 180,0±6,6 20,6±1,2 114,0±3,0 5 6,8 58,0±4,1 12,3±0,2 15,3±1,5 6 6,7 178,0±3,2 17,7±0,5 117,3±1,0 7 7,0 < LD* 2,7±0,1 165,6±1,0 8 7,3 9,2±1,4 0,4±0,1 15,3±1,5 9 7,0 241,2±8,2 13,0±0,5 163,6±2,0 10 7,2 63,2±1,2 6,0±0,1 53,3±1,0 11 7,2 168,0±5,3 5,6±0,1 91,6±2,0 12 6,7 154,0±7,5 5,4±0,1 67,0±1,0 Continua...

2 6,3 54,0±3,0 1,3±,0,5 16,6±1,5 3 6,9 232,0±2,5 8,3±0,3 117,6±1,0 4 6,7 180,0±6,6 20,6±1,2 114,0±3,0 515 SAIDELLES et al.: Indicativo sobre possíveis... 5 6,8 58,0±4,1 12,3±0,2 15,3±1,5 6 6,7 178,0±3,2 17,7±0,5 117,3±1,0 7 7,0 < LD* 2,7±0,1 Tabela 2. Continuação... 165,6±1,0 8 7,3 9,2±1,4 0,4±0,1 15,3±1,5 Amostras 9 ph 7,0 Alcalinidade 241,2±8,2 1 Cloretos 13,0±0,5 2 163,6±2,0 Ca 2+ 3 10 7,2 388,6±5,2 63,2±1,2 41,6±1,5 6,0±0,1 210,3±3,0 53,3±1,0 211 6,3 7,2 168,0±5,3 54,0±3,0 1,3±,0,5 5,6±0,1 16,6±1,5 91,6±2,0 312 6,9 6,7 232,0±2,5 154,0±7,5 8,3±0,3 5,4±0,1 117,6±1,0 67,0±1,0 413 6,7 6,8 180,0±6,6 180,0±5,5 20,6±1,2 1,4±0,1 114,0±3,0 70,0±1,0 514 6,8 144,0±1,8 58,0±4,1 12,3±0,2 22,0±1,0 145,0 15,3±1,5 ±2,0 615 6,7 7,3 178,0±3,2 84,0±4,2 17,7±0,5 16,0±0,5 117,3±1,0 9,0±0,5 716 7,0 6,8 108,0±5,8 < LD* 2,7±0,1 8,0±0,5 165,6±1,0 57,0±1,0 817 7,3 7,2 52,0±1,9 9,2±1,4 0,4±0,1 5,0±0,1 15,3±1,5 11,0±1,5 918 7,0 6,9 241,2±8,2 < LD* 13,0±0,5 11,0±0,4 163,6±2,0 40,0±1,0 10 19 7,2 7,6 63,2±1,2 70,0±2,0 6,0±0,1 3,0±0,1 53,3±1,0 69,0±1,0 11 20 7,2 6,1 168,0±5,3 26,0±1,5 43,0±1,5 5,6±0,1 91,6±2,0 13,0±1,5 12 21 6,7 154,0±7,5 152,0±3,2 5,4±0,1 5,0±0,1 67,0±1,0 75,0±1,0 13 22 6,8 5,4 180,0±5,5 10,0±1,0 1,4±0,1 1,0±0,1 70,0±1,0 8,0±0,5 14 23 6,8 6,2 144,0±1,8 48,0±1,7 22,0±1,0 2,0±0,1 145,0 43,0±1,0 ±2,0 15 24 7,3 6,1 84,0±4,2 18,0±1,0 16,0±0,5 2,0±0,1 18,0±1,5 9,0±0,5 16 25 6,8 6,5 108,0±5,8 46,0±1,0 8,0±0,5 4,0±0,1 57,0±1,0 16,0±1,5 17 26 7,2 6,3 64,0 52,0±1,9 ±1,0 5,0±0,1 9,0±0,2 11,0±1,5 18,0±1,5 18 27 6,9 6,8 320,0±10,1 < LD* 11,0±0,4 46,0±0,5 208,0±2,0 40,0±1,0 19 28 7,6 6,9 182,0±3,0 70,0±2,0 18,0±0,5 3,0±0,1 69,0±1,0 73,0±1,0 20 29 6,1 7,0 26,0±1,5 56,0±4,2 43,0±1,5 8,0±0,1 13,0±1,5 22,0±1,0 21 30 6,7 6,9 152,0±3,2 88,0±5,0 5,0±0,1 7,0±0,1 75,0±1,0 30,0±1,0 22 31 5,4 6,7 10,0±1,0 44,0±1,0 10,0±0,5 1,0±0,1 20,0±1,0 8,0±0,5 23 32 6,2 8,0 48,0±1,7 92,0±1,2 20,0±0,5 2,0±0,1 43,0±1,0 82,0±1,0 24 33 6,1 7,5 18,0±1,0 44,0±1,5 25,0±0,5 2,0±0,1 18,0±1,5 71,0±1,0 25 34 6,5 7,2 152,0±5,0 46,0±1,0 4,0±0,1 8,0±0,1 16,0±1,5 52,0±1,0 26 35 6,3 7,4 170,0±2,4 64,0 ±1,0 17,0±0,5 9,0±0,2 18,0±1,5 81,0±1,0 27 6,8 320,0±10,1 46,0±0,5 208,0±2,0 *< LD Abaixo do limite de detecção (LD = 1 mg.l-1 CaCO3). 1- Alcalinidade 28 em mg.l-1 6,9 CaCO3, 182,0±3,0 2- Cloretos em mg.l-1, 18,0±0,5 3- Ca2+em mg.l-1 73,0±1,0 CaCO3 29 7,0 56,0±4,2 8,0±0,1 22,0±1,0 limites estabelecidos pelo Ministério 30 da Saúde 6,9 (BRASIL, 88,0±5,0 estar relacionado 7,0±0,1 a fatores 30,0±1,0 como a baixa concentração de - 2-2011) (ph entre 6,0 e 9,5), as demais 31 encontram-se 6,7 dentro 44,0±1,0 HCO 3 10,0±0,5 ou CO 3 (BAIRD, 20,0±1,0 2002). Para a região da Paraíba do mesmo. As características da água em geral, como foram analisados alguns parâmetros para verificar a solvente, e seus processos físicos, 32 químicos 8,0 e biológicos 92,0±1,2 qualidade 20,0±0,5 das águas 82,0±1,0 de amostras coletadas em poços são definidas pelo ph (ALVES 33 & GARCIA, 7,5 2006). 44,0±1,5 De os resultados 25,0±0,5 encontrados 71,0±1,0 para o ph foi de 7,5 a 8,8 acordo com Almeida (2003) o ph deve ser identificado (MEDEIROS et al., 2009). 34 7,2 152,0±5,0 8,0±0,1 52,0±1,0 como um dos principais parâmetros ambientais, entretanto pode ser considerado um 35 dos mais difíceis 7,4 de 170,0±2,4 se originadas 17,0±0,5 pelo consumo 81,0±1,0 e/ou produção de CO 2 De um modo geral as alterações de ph podem ser ou pela explicar, principalmente relacionando sua complexidade presença dos ácidos voláteis liberados durante a degradação da matéria orgânica (SILVEIRA, 2007). na interpretação. A amostra que apresenta um ph ácido, normalmente Para o parâmetro alcalinidade as amostras n 1 e está relacionado a presença de íons H +, entretanto pode 27 (valores de 388,6 e 320,0 mg.l -1 respectivamente)

Ciência e Natura, v. 36 n. 3 set-dez. 2014, p. 511 518 516 Tabela 3: Estatística descritiva de poços do município de Alegrete- RS N Amplitude total Limite Inferior Limite superior Media Desvio Padrão Profundidade 35 82,00 18,00 100,00 55,83 22,36 PH 35 2,60 5,40 8,00 6,86 0,49 Alcalinidade 35 387,60 1,00 388,60 110,81 91,17 Ca 2+ 35 202,30 8,00 210,30 67,96 56,77 Cloreto 35 45,60 0,40 46,00 12,18 11,81 Tabela 4. Correlação entre análises dos poços do município de Alegrete RS Variáveis Profundidade PH Alcalinidade Cálcio Cloreto Profundidade 1-0,108-0,283-0,177-0,165 PH 1 0,220 0,279 0,132 Alcalinidade 1 0,775* 0,525* Cálcio 1 0,514* Cloreto 1 * Correlação significante (p<0,01) encontram-se acima dos limites da Portaria MS Nº 2914 de 12 de dezembro de 2011 (BRASIL, 2011) (250 mg.l -1 ), bem como, as amostras n 7 e 18 apresentam-se abaixo do limite de detecção da técnica (LD = 1 mg.l -1 CaCO 3 ) e as demais amostras encontram-se dentro dos limites estabelecidos (BRASIL, 2011). A alcalinidade é devido à presença de carbonatos e bicarbonatos, e também da presença secundária de íons hidróxidos, silicatos, boratos, fosfatos e amônia, portanto a alcalinidade poderia ser definida como a soma de todos estes íons básicos presentes na água (FRANTZ, 2005). Barreto & Garcia (2010) salientam que a alcalinidade é a capacidade da água de neutralização de ácidos. Esta capacidade ocorre pela presença de sais derivados de ácidos fracos e bases fortes, que atuam formando uma solução tampão (FARIAS, 2007). A alcalinidade pode estar relacionada ao ph (LI- BÂNIO, 2005). Assim sendo, a alcalinidade em águas quando o ph for entre 4,4 a 8,3 pode ser pela presença bicarbonatos, ph entre 8,3 a 9,4 pela presença de carbonatos e bicarbonatos e ph maior que 9,4 por hidróxidos e carbonatos (BARRETO & GARCIA, 2010). Segundo Bittencourt et al. (2003) as águas pertencentes ao aquífero da Serra Geral são predominantemente bicarbonatadas cálcicas, os valores de ph variam entre 6,0 e 9,5, com média de 7,32. Para o parâmetro cloretos e cálcio todas as amostras encontram-se abaixo do limite máximo permitido pela Portaria MS Nº 2914 de 12 de dezembro de 2011 (BRASIL, 2011) (250 mg.l -1 e 500 mg.l -1 respectivamente). Para Loiola et al. (2012) determinação de cloretos pode estar relacionada à poluição, assim sendo pode ser empregado como um indicador de contaminação para águas. Isso pode ocorrer pelo escoamento de esgotos domésticos ou aterros sanitários e lixões. Para Medeiros et al. (2009) a concentração de cloretos e teor de Ca 2+, na região da Paraíba, em poços foram encontrados valores médios de 196,82 mg.l -1 com grande variação de desvio padrão e 63,93 mg. L -1, respectivamente. A dureza da água é a medida da concentração de metais alcalinos terrosos (grupo II da tabela periódica) e pode ser decorrente da dissolução de minerais do solo e das rochas ou de resíduos industriais (ROCHA, et al., 2004). Diferentes regiões apresentam solos com baixo ou nenhuma concentração de íon carbonato (CO 3 2- ), consequentemente apresentam ph próximos a 7 e dureza em baixa concentração, ou seja águas denominadas moles (BAIRD, 2002). Para Macêdo (2002) a água mole ou branda são aquelas com teores de dureza menores que 50 mg.l -1, dureza moderada entre 50-150 mg.l -1, dura entre 150-300 mg.l -1 e muito dura maiores que 300 mg.l -1 de CaCO 3. Entretanto quando a quantificação é realizada com o indicador murexida as medidas identificam somente Ca 2+, nesta pesquisa foi realizado

517 SAIDELLES et al.: Indicativo sobre possíveis... a determinação deste individualmente. A determinação de cloretos é realizada para verificar a dissolução de sais e lançamentos de esgotos domésticos e industriais em um corpo hídrico (LIBÂNIO 2005). A alta concentração (maiores de 1000 mg.l -1 ) de cloretos em água pode afetar o crescimento das plantas e também pode acarretar danos a saúde pública (FREITAS, 2001). A Tabela 3 mostra a estatística descritiva dos parâmetros físico-químicos analisados para amostras de poço no município em estudo. A variável alcalinidade apresentou maior média, desvio padrão e amplitude total, enquanto o ph mostrou menor variabilidade. Para Toledo & Nicolella (2002) que verificaram a qualidade da água em microbacia de Guaíba (SP) o resultado encontrado para o ph também foi de menor variação para média e desvio padrão. A matriz de correlação possibilitou a escolha das variáveis mais significativas (Tabela 4), onde pode ser observado que existe uma relação entre a alcalinidade e o cálcio, também entre alcalinidade e cloreto, bem como entre alcalinidade com cloreto. Entretanto pode ser identificado que a profundidade e o ph não correlacionam-se com os outros parâmetros estudados. 4 Considerações Finais A partir dos resultados gerados e, considerandose os limites estabelecidos pelos órgãos vigentes, foi possível observar que no município de Alegrete para os parâmetros analisados, cinco amostras encontramse fora dos limites estabelecidos pelo Ministério da Saúde, que pode estar relacionado à ação antrópica ou a diferença geológias. Foram poucos os parâmetros analisados, entretanto podem-se verificar sinais de possíveis problemas nas condições da água consumida pela população nesta região. Portanto novos estudos devem ser feitos nessas áreas e é imprescindível o monitoramento desses locais para garantir a potabilidade da água e prevenir o consumo de água em condições inadequadas. Desta forma, pode-se concluir que o futuro do uso da água subterrânea deve ser controlado por análises mais frequentes. Com isso garantindo a qualidade da água utilizada pela população, identificado como um recurso natural e limitado, evitando maiores risco à saúde da humanidade. Referências ALMEIDA, M. A. B.; SCHWARZBOLD, A. Avaliação Sazonal da Qualidade das Águas do Arroio da Cria Montenegro, RS com Aplicação de um Índice de Qualidade de Água (IQA). RBRH - Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v. 8, n.1, 2003, pp. 81 97. ALVES, J. P. H.; GARCIA, C. A. B. Qualidade da água. In: Diagnóstico e avaliação ambiental de sub-bacia hidrográfica do rio Poxim. Aracaju: UFS/FAPESE, 2006. BAIRD, C. Química Ambiental. 2ª ed. Porto Alegre: Bookman. 2002. 622p. BARRETO, P. R.; GARCIA,C. A. B. Caracterização da qualidade da água do açude Buri Frei Paulo/SE. Scientia Plena, v. 6, n. 9, pp. 01-21, 2010. BITTENCOURT, A. V. L. et al. A influência dos basaltos e de misturas com águas de aqüíferos sotopostos nas águas subterrâneas do sistema aqüífero Serra Geral na bacia do rio Piquiri, Paraná BR. Revista Águas Subterrâneas, n. 17, p. 67-75. 2003. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria MS n 2914 de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância na qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Brasília: Ministério da Saúde, 2011, 39 p. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/ prt2914_12_12_2011.html>. Acesso em: 20 de fevereiro de 2013. BRITO, L. T. L. et al. Influência das atividadesantrópicas na qualidade das águasda bacia hidrográfica do Rio Salitre. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.9, n.4, p.596-602, 2005 FARIAS, M. S. S. Monitoramento da qualidade da água na bacia hidrográfica do Rio Cabelo. Campina Grande, 2006. Tese (Doutorado em Engenharia Agrícola) - UFCG -Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande, Paraíba, 2006. FERREIRA, W. B. Solução Alternativa de Abastecimento de Água para Consumo Humano em Comunidades Difusas: Monitoramento e Controle de Qualidade da Água. 2008 Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Campina Grande - UFCG, Centro de Ciências e Tecnologia, Campina Grande, 2008. FRANTZ, L. C. Avaliação do Índice de Vulnerabilidade do Aqüífero Guarani no Perímetro Urbano da Cidade de Sant Ana do Livramento RS. Santa Maria/RS. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Santa Maria- UFSM, 2005. FREITAS, S. S. Eutrofização no Reservatório Marcela

Ciência e Natura, v. 36 n. 3 set-dez. 2014, p. 511 518 518 em Itabaiana SE, e suas implicações ambientais. Universidade Federal de Sergipe, 50p. Monografia Especialização em Gestão de Recursos Hídricos e Meio Ambiente, 2001. HIRATA, F. et al. Vulnerabilidade à poluição de aquíferos. In.: FEITOSA, F. A. C (org.) Hidrogeologia: conceitos e aplicações. 3. ed. Rio de Janeiro: CPRM: LABHID, 2008. 812p. KULCHESKI, E et al, C. Controle dinâmico da qualidade da água. Dísponivel em: < www.sanepar. com.br/sannepar/v16/controle_qualidade.html> acesso em 06 de setembro de 2012. LIBÂNIO, M. Fundamentos de qualidade e tratamento de água. Campinas, SP: Editora Átomo. 2005. LOIOLA, H. G. et al. Influência dos íons cloreto na qualidade das águas subterrâneas de Crateús-CE. In: VII CONGRESSO NORTE NORDESTE DE PESQUISA E INOVAÇÃO, 2012. Anais... Palmas: SETEC, 2012. Disponível em: http://propi.ifto.edu.br/ocs/index. php/connepi/vii/paper/viewfile/272/1430 Acesso em: 07 de maio de 2013. MACÊDO, J. A. B. Introdução à química ambiental. Juiz de Fora: CRQ-MG. 2002 MARQUES, M. N. et al. Avaliação do impacto da agricultura em áreas de proteção ambiental, pertencentes à Bacia hidrográfica do Rio Ribeira de Iguape, São Paulo. Química Nova, v. 30, n. 5, p. 1171-1178, 2007. MIRLEAN, N. et al. O Impacto Industrial Na Composição Química Das Águas Subterrâneas Com Enfoque De Consumo Humano (Rio Grande, RS). Química Nova, v. 28, n. 5, p.788-791, 2005. Prefeitura Municipal de Alegrete. Disponível em<http://www.alegrete.rs.gov.br/