NIQUELÂNDIA Sintego protesta por piso nacional Euclides Oliveira O Sintego (Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás) comandou uma série de protestos contra a Prefeitura de Niquelândia, na última semana. A entidade deseja que os salários dos 508 professores P1, P3 e P4 da rede municipal de ensino sejam imediatamente adequados ao PSPN (Piso Salarial Professor Nacional), além da implantação dos respectivos planos de carreira. As negociações entre o Sintego a prefeitura haviam sido concluídas no final de janeiro, conforme reportagem publicada na Edição 773 do Diário do Norte. Na ocasião, a presidente da Regional Uruaçu do Sintego, Suely Novaes de Oliveira, comandou uma grande assembléia geral extraordinária, com a participação de 300 professores, para anunciar a conquista da categoria. Segundo ela, a medida seria efetivada nos contracheques deste mês. A implantação do PSPN nos municípios de todo o Brasil, detalhou Suely, está regulamentada pela a Lei Federal
11.738/08. Obriga, em linhas gerais, que o salário mínimo do professor P1 (Magistério), seja elevado para R$ 950 até janeiro de 2010. A lei, no entanto, prevê que a adequação dos municípios ao salário mínimo da categoria ocorra em duas etapas. FRUSTRAÇÃO Como a Secretaria Municipal de Educação de Niquelândia não cumpriu o suposto acordo firmado com o Sintego, o professor P1 (Magistério) continua recebendo R$ 594 mensais (para 40 horas/aula semanais). Para chegar ao Piso Nacional de R$ 950, o percentual necessário à equiparação é de 59,94%. Segundo Suely Novaes, desse acréscimo de R$ 356 nos vencimentos, dois terços (R$ 237,33) deveriam ter sido integralizados pela prefeitura aos salários na folha de pagamento de fevereiro (com retroatividade em relação a janeiro), o que proporcionaria salário-base de R$ 831,33 para a classe P1 neste mês de março. Havia sido acertado também que o terço restante (R$ 118,67) seria pago pela Prefeitura de Niquelândia em janeiro de 2010, totalizando assim os R$ 950. Suely Novaes queixa-se, ainda, que não houve a instituição do Plano de Carreira do Município de Niquelândia para os docentes das classes P3 e P4, atrelado ao PSPN, de tal forma
que as duas carreiras perceberiam substancial aumento em seus salários também neste mês. Em Niquelândia, os professores P3 (Licenciatura Plena) receberam os mesmos R$ 798 neste mês. Eles, no entanto, aguardavam um acréscimo de R$ 152 para que o salário ficasse equiparado ao PSPN de R$ 950. Fora isso, em cima desse salário-base, havia a promessa de aplicação de um percentual de 34,35%. Isso garantiria salário de R$ 1.276,32 para tal categoria, em janeiro de 2010. O acréscimo total, portanto, deverá ser de R$ 478,32. Porém, dois terços desse valor (ou R$ 318,88) também não foram incorporados pela Prefeitura de Niquelândia aos salários na folha de pagamento de fevereiro, conforme estava previsto. Em março, os educadores P3 esperavam receber R$ 1.116,88, o que acabou não acontecendo. Os professores P4 (pós-graduados) também ficaram frustrados com seus contracheques, mantidos em R$ 926. Com o Plano de Carreira, teriam reajuste de 55,9% nos salários para receber R$ 1.481,05 em janeiro de 2010. Mas os dois terços da diferença de R$ 555,05 entre o salário anterior e o salário do próximo ano (ou R$ 370,03) também não foram incorporados aos salários pagos em março, o que garantiria salário-base de R$ 1.296,03 para a classe P4 em 2009.
Segundo a presidente do Sintego, os valores haviam sido acordados em ata assinada conjuntamente pelo município e pela sindicalista. Ela e os demais colegas professores mostraram-se surpresos com o não-cumprimento do acordo, pois as negociações com o Executivo teriam transcorrido de forma tranquila. NA CÂMARA Para pressionar o Poder Executivo, cerca de 100 professores lotaram as cinco sessões ordinárias da Câmara Municipal de Niquelândia, entre a segunda-feira (9) e a sexta-feira (13). Os educadores foram ao plenário do Legislativo para tentar sensibilizar os vereadores a estabelecer um diálogo com a prefeitura sobre o problema. Faixas reivindicatórias, palavras de ordem e até mesmo nariz de palhaço deram o tom das manifestações do Sintego, para que município cumpra o que fora anteriormente acordado. A prefeitura ainda não apresentou nenhuma contraproposta à categoria para o pagamento do PSPN. Diante disso, o Sintego se viu obrigado a fazer uso dos mecanismos legais que dispõe para conseguir o que estamos pedindo, que está garantido por uma lei federal. Ficamos sabendo, através de uma emissora de rádio local, que a prefeitura pretende pagar o piso nacional apenas para o professor P1, mas essa é uma proposta que não
podemos aceitar. Ela cumpre a lei federal, mas descumpre a lei municipal, no que diz respeito aos planos de carreira dos professores P3 e P4, explicou a presidente do Sintego. SECRETÁRIA SE DEFENDE A secretária de Educação de Niquelândia, Rejane Rocha, conversou com o DN no final da tarde de quarta-feira (11). Ela informou que seria necessário um acréscimo de mais de R$ 200 mil mensais na folha de pagamento do município para a efetivação dos salários pleiteados pelo Sintego, que busca o cumprimento da lei federal sobre o PSPN. Seria um impacto muito grande, pois nossas receitas estão caindo, afirmou ela. O estudo foi feito por uma especialista em finanças públicas de Goiânia, com acompanhamento do Departamento de Recursos Humanos e das secretarias de Finanças e de Governo da prefeitura. Ela novamente disse que, dentro da legalidade e das possibilidades orçamentárias da cidade, o pleito do Sintego será atendido. A secretária também citou que o repasse do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), do governo federal para o município, sofreu queda de R$ 102 mil no mês passado (retroagindo de R$ 800 mil em janeiro para R$ 698 mil em fevereiro). Segundo ela, ninguém estava prevendo a crise econômica que atinge não só Niquelândia, mas todo o País.
CRÍTICAS De acordo com Rejane Rocha, manifestar-se é um direito dos profissionais que não estão gostando de alguma coisa. Rejane, no entanto, declarou-se a favor de uma manifestação pacífica e coerente, em que nenhuma das partes seja prejudicada. A secretária reclamou que vários alunos, principalmente os que moram em locais distantes da zona rural,foram afetados com a interrupção das aulas nas 24 escolas da cidade na quinta-feira (5) e na terça-feira (10), sem comunicação prévia do Sintego. Os professores e a Educação em Niquelândia, estão sendo tratados de forma muito transparente por mim e pelo prefeito Ronan Batista. Estou com as portas abertas da secretaria para uma nova conversação com o Sintego. O nosso prefeito, em nenhum momento, se omitiu nesse diálogo. Conversei com várias prefeituras vizinhas, que ainda não estão pagando esse PSPN, detalhou Rejane Rocha.