& PROCESSO DE TRABALHO DA ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA:



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Transcrição:

& PROCESSO DE TRABALHO DA ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: A Visão do Acadêmico Leonardo Bigolin Jantsch 1 Marcio Rossato Badke² Silvana Sangiovo 3 Barbara Juliana Konig Kuster 4 Bruna Gheller³ Juliana Oliveira dos Santos³ RESUMO O artigo relata, a partir de observações e práticas realizadas, uma discussão acerca do processo de trabalho da equipe de enfermagem em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Abordando questões como bioética e vínculo, comparando as experiências vivenciadas com a literatura abordada durante as aulas teóricas da disciplina de Saúde do Adulto em Situações Críticas de Vida do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria campus Palmeira das Missões. Observou que o trabalho do enfermeiro tem características assistenciais, a equipe demonstra um trabalho unido e sincronizado, prestando um cuidado de alta qualidade, humanizado e respaldado por questões bioéticas. Palavras-chave: Enfermagem, Unidade de Terapia Intensiva, Assistência de Enfermagem ¹ Acadêmico do 5º semestre de Enfermagem, UFSM/CESNORS. Petiano bolsista PET ENF/CESNORS ² Enfermeiro, professor assistente do departamento de Enfermagem UFSM/CESNORS ³ Acadêmico do 5º semestre de Enfermagem, UFSM/CESNORS. 4 Acadêmico do 5º semestre de Enfermagem, UFSM/CESNORS. Petiano não-bolsista PET ENF/CESNORS REVISTA CONTEXTO & SAÚDE IJUÍ EDITORA UNIJUÍ v. 10 n. 20 JAN./JUN. 2011 p. 1259-1264

1260 INTRODUÇÃO Dentro do setor de urgências de um hospital, encontramos a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), cujo objetivo é concentrar recursos humanos e materiais para o atendimento de pacientes em estado grave e que necessitam assistência contínua, além da utilização de tecnologias para observar condições vitais dos pacientes (CORONETTI et al, 2006). A história da UTI provém da observação, onde pacientes graves podiam ter melhor atendimento caso fossem ser reunidos em um espaço físico e ser atendidos intensivamente por uma equipe multiprofissional (ALMEIDA et al, 2007). Dentro dessa equipe encontramos o profissional enfermeiro, cujo papel é de extrema importância no cuidado do enfermo em situações críticas, atuando na promoção e prevenção da saúde dos mesmos. O acadêmico de enfermagem tem como objetivo em sua prática de UTI, vivenciar teoria e prática, a fim de fortalecer seu conhecimento e entendimento da dinâmica de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Atualmente, o profissional enfermeiro que atua nesse espaço precisa ter bases de conhecimento que lhe permitam visualizar questões muito amplas, ultrapassando barreiras fisiológicas e biológicas, alcançando questões psicossociais, afetivas e ambientais que se ligam intimamente à doença. (HU- DAK, 1997) Considerando estes aspectos, o curso de graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Educação Superior do Norte do Rio Grande do Sul (UFSM/CESNORS) oferece a seus acadêmicos a disciplina de Enfermagem no Cuidado ao Adulto em Situações Críticas de Vida. Nela ocorre o desenvolvimento de conteúdos relativos à enfermagem na Unidade de Tratamento Intensivo, possibilitando a ampliação de conhecimentos teóricos e de cuidados à saúde dos pacientes que necessitarem destes. Este conteúdo é trabalhado em dois momentos. Em um primeiro momento faz-se a discussão teórica sobre estrutura física da unidade, equipamentos utilizados e formas de utilização, o processo morte e morrer, os aspectos relacionados a doenças, promoção e prevenção, organização de recursos humanos e trabalho em equipe na UTI. E em um segundo momento se desenvolve atividades práticas nesse local, aplicando a teoria discutida no momento anterior, fortalecendo nosso conhecimento acerca da temática. Salienta-se que o enfermeiro em UTI, possui diversas atuações de suma importância as quais fortalecem a atuação da equipe multiprofissional e interdisciplinar, para que o os cuidados prestados sejam os melhores possíveis. É importante ressaltar a inserção acadêmica nesse campo da área da saúde, com práticas, a fim de qualificar o conhecimento e a formação de profissionais capacitados acerca da atuação do enfermeiro no intensivismo. O presente estudo tem por objetivo relatar as ações e discussões desenvolvidas por acadêmicos do 5º semestre do curso de enfermagem UFSM/ CESNORS, junto a uma Unidade de Terapia Intensiva, participando nas atividades desenvolvidas pelo enfermeiro, fortalecendo assim a formação acadêmica dos mesmos. METODOLOGIA O estudo apresenta caráter descritivo a partir de observações, revisão bibliográfica e análise de informações coletadas durante a assistência e acompanhamento com orientação de um docente. As atividades práticas fazem parte da disciplina de Enfermagem no Cuidado ao Adulto em Situações Críticas de Vida e foram realizadas na primeira semana do mês de maio do ano de 2011, no turno da manhã, tarde e noite. A Unidade de Terapia Intensiva faz parte de um hospital de médio porte da região Noroeste do estado do Rio Grande do Sul. A UTI onde o trabalho foi realizado, é composta por uma equipe multiprofissional, sendo 6 enfermeiros, destes, 2 pilotos, 2 nutricionistas, 20 técnicos de enfermagem, 2 fisioterapeutas, e 6 médicos. A estrutura da Unidade é composta de 10 leitos, sendo 1 destinado ao isolamento e as internações são de pacientes adultos.

1261 RESULTADOS E DISCUSSÕES Foram realizadas diversas atividades práticas, como assistência ao paciente, conhecimento do processo de trabalho, das rotinas e protocolos da UTI, discussões sobre temáticas referentes à atuação do profissional enfermeiro, casos clínicos e atividades de educação em saúde para com pacientes e familiares. Essas atividades vieram a fortalecer o conhecimento do acadêmico bem como auxiliar na melhora do atendimento e proporcionar conforto ao paciente e a família, visto que a situação vivenciada por eles necessita de cuidados psicológicos, além dos físicos. A atuação do enfermeiro na UTI vem a ser caracterizada segundo Coronetti (2007), como uma atuação complexa frente a dificuldades como: aparelhagens múltiplas, desconforto, impessoalidade, falta de privacidade, dependência da tecnologia, isolamento social entre outros, caracterizando assim o papel da enfermagem no cuidado intensivo. Essa atuação frente às complexidades do intensivismo revela que a enfermagem deve buscar sempre a qualificação profissional, ampliando o conhecimento da clínica a fim de aplicá-la no seu cotidiano, aprimorando seu método de assistência. Como acadêmicos, observamos que o conhecimento da teoria vem guiar a prática vivenciada, fortalecendoa. Ao trabalhar, um enfermeiro capacitado e com um bom referencial, possui aptidão para atuar frente a situações das mais diversas complexidades, sendo estas, muito presentes no ambiente da UTI. Outra situação vivenciada pelos acadêmicos e que vem a caracterizar a atuação do enfermeiro em UTI, são as ações tomadas frente às emergências como a tomada de decisão rápida juntamente com conhecimento adequado, o que embasam o profissional enfermeiro na atuação frente às necessidades de maior complexidade. A caracterização do vínculo entre paciente e enfermeiro vem a ser descrita por Lino (2004) apud Siqueira et al (2006), onde, a razão para que o trabalho do enfermeiro bem como da equipe, seja impessoal, ocorre da grande demanda, ocultando o prazer do ser e do fazer da enfermagem. Outro possível motivo da diminuição do vínculo é descrito por Nascimento (2004), onde a estratégia de não envolvimento gera barreiras contra o envolvimento afetivo entre profissional e paciente. Na semana em prática, em relação ao vínculo paciente e enfermeiro, observamos situações diferentes às descritas pelos autores acima. As relações da enfermeira, com os pacientes comunicativos, tinham vínculo forte de conversas, brincadeiras e risos, demonstrando que o vínculo acontece quando encontramos uma equipe fortalecida e que sabe de sua importância para que se possa levar a um melhor prognóstico do paciente. Outra característica observada foi a caracterização de um enfermeiro fortemente assistencial dentro do intensivismo. Esse cuidado ocorre junto com uma atuação administrativa e gerencial da unidade. O assistencialismo na UTI ocorre com maior freqüência quando comparado a outras unidades hospitalares, por apresentar situações mais complexas de cuidado, não permitindo que os outros profissionais da equipe atuem, já que estes não possuem embasamento para tais atividades, caracterizando a assistencialidade do enfermeiro em uma UTI. Segundo Nascimento (2004), a característica da atividade assistencial presente e fortemente implantada, provem do modelo biomédico presente em vigor no processo de trabalho na UTI, caracterizando a técnica assistencial como fator peculiar da atuação, voltado apenas para reabilitação física e controle de sinais vitais. A capacidade de organização do tempo, a fim de gerenciar a unidade em parte administrativa e assistencial deve ser uma característica dos enfermeiros no intensivismo, para que sua atuação possua uma maior e melhor resolutividade nas ações de cuidado e gerencia da unidade. O trabalho em equipe e a integração entre profissionais de diferentes áreas de atuação são de suma importância a fim de se trabalhar em uma UTI, seja no assistencialismo ou na gerencia. Segundo Shimizu (2004), o processo de trabalho nas UTIs demanda cooperação coletiva, já que a gravidade e complexidade dos pacientes impõem a necessidade de avaliação, realização de procedimentos e decisões imediatas. Quando o trabalho vem a ser em equipe, essa tomada de decisão provém de maior e melhor condição.

1262 A partir de observações da inserção na UTI, verificou-se que a equipe, mesmo sendo multiprofissional, com diferentes níveis de formação e atuação, faz com que o trabalho em equipe aconteça de forma positiva. Percebe-se ainda um entrosamento entre a equipe, que não necessita de comunicação verbal direta para perceber as necessidades dos colegas, tanto na execução de tarefas simples quanto complexas. O trabalho de equipe dinamiza as ações de cuidado, fazendo com que a parte assistencial da equipe não tome o tempo importante da prevenção e educação em saúde que deve ocorre em uma UTI. Foram realizadas atividades de educação em saúde para com os familiares de pacientes. Verificou-se a importância desse momento de conversa com o familiar, que por vezes se mostra ansioso, inquieto e preocupado. A sala de espera teve por objetivo troca de conhecimentos referentes ao Infarto Agudo do Miocárdio, condutas e sintomas visando diminuição do tempo entre o inicio dos sintomas e a chegada ao atendimento. Observou a inquietação no momento das atividades, sendo essa característica compreensível por nós acadêmicos, pela ansiedade e sentimento de medo e tristeza pelo familiar internado estar passando por momento de fragilidade fisiopatológica. Outra situação a ser explanada na sala de espera é a demonstração da técnica de lavagem das mãos, explicando aos familiares a importância desse procedimento para controle e diminuições de infecções. Outro fator importante que deve ser ressaltado na educação em saúde é a orientação sobre a postura do familiar frente ao paciente no momento da visita. É papel do enfermeiro, orientar qual a conduta, demonstrando o quanto é possível e importante o contato do familiar com o doente, consciente ou não, além de demonstrar que há possibilidade de toque e conversa com o paciente. O familiar se depara com inúmeros aparelhos instalados no doente e a desconfiança e o medo de prejudicá-lo por desconectar ou estragar tais aparelhos faz com que o mesmo se mantenha afastado, diminuindo o vínculo e o contato do paciente com a família. As questões éticas foram pensadas e refletidas no período de atuação nesse campo de prática. Questionamentos e condutas foram incorporados ao mesmo tempo em que as praticas eram realizadas, fazendo com que características reflexivas fossem exercitadas, incorporando teoria e prática para uma futura atuação profissional crítica-reflexiva. Visto que questões de bioética são encontradas com freqüência na UTI, onde segundo Correa (1998, p. 299): Os pacientes em CTI, muitas vezes, ficam impedidos de falar, de se expressar com mais clareza, devido a presença de tubos, aparelhos de ventilação artificial, sedação, coma, dentre outros aspectos, perdendo o poder de controlar o seu próprio corpo quanto aos cuidados diários de higiene, vestimentas, alimentação, movimentação. Trata-se de uma sujeição total ou quase total aqueles que deles cuidam. Na realização das aulas práticas, observamos em nosso papel de acadêmicos de enfermagem, o funcionamento, em âmbito geral, da UTI, demonstrando nossa visão sobre a atuação da equipe, mas por principal da atuação do profissional enfermeiro, que se faz de extrema importância no processo de trabalho de uma UTI. CONCLUSÃO Nossa percepção acerca do trabalho na Unidade de Terapia Intensiva se deu de forma positiva e de grande relevância para aplicação dos conteúdos trabalhados teoricamente como também para fortalecimento e uma melhor qualificação acadêmica, inserindo o futuro enfermeiro em campo de possível atuação profissional. Nossa visão, quanto acadêmicos de enfermagem, referente ao trabalho em equipe, foi a de uma equipe unida e sincronizada, sendo que essa característica reflete na qualidade da assistência prestada por este profissional ao paciente por ele cuidado. Propicia também para que o tempo que ele passa dentro do ambiente da UTI, não se tornasse desgastante, em decorrência da grande demanda de cuidados. Essa característica proporciona o bem estar do profissional e da equipe como um todo, refletindo diretamente na qualidade do cuidado prestado ao paciente.

1263 Quanto a característica assistencialista do enfermeiro no intensivismo, percebemos que ela é presente de forma significativa, em decorrência da complexidade de alguns procedimentos, sendo apenas o enfermeiro capacitado a suas realizações. Outra característica muito marcante foi um grande vínculo entre profissionais da equipe de enfermagem e os pacientes. Observamos que a equipe buscava com a conversa, situar o paciente no dia a dia e sua evolução a cerca da internação. Observou-se que, pacientes que já estavam internados por um maior período, o vínculo se dava de maior intensidade. A experiência vivida tornou-nos mais aptos a atuação em UTI, aumentando nosso conhecimento e fortalecimento acadêmico, influenciando nossa atuação acadêmica de ensino pesquisa e extensão em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), fortalecendo desta forma o tripé da graduação. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Alessandro M.; et al. Medicina Intensiva na Graduação Médica: Perspectiva do Estudante. Revista Brasileira de Terapia Intensiva. Vol. 19 no. 4. Outubro Dezembro, 2007. CORONETTI, Adriana, et al. O estresse da equipe de enfermagem na unidade de terapia intensiva: o enfermeiro como mediador. Arquivos Catarinenses de Medicina. Vol. 35, no. 4, de 2006. CORREA, Adriana K. O paciente em centro de terapia intensiva: reflexão bioética. Rev.Esc.Enf.USP, v.32, n.4, p. 297-301, dez. 1998. HUDAK, Carolyn M. Cuidados intensivos de enfermagem: uma abordagem holística / 6. ed. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 1997. NASCIMENTO, Eliane R. P; TRENTINI, Mercedes. O cuidado de enfermagem na unidade de terapia intensiva (UTI): teoria humanística de Paterson e Zderad. Rev. Latino-Am. Enfermagem v.12 n.2 Ribeirão Preto mar./ abr. 2004. SHIMIZU, Helena E.; CIAMPONE, Maria H. T. As Representações dos técnicos e auxiliares de enfermagem acerca do trabalho em equipe na Unidade de Terapia Intensiva. Rev. Latino-Am. Enfermagem. Vol 12 no.4. Ribeirão Preto. July/ Aug. 2004. SIQUEIRA, Amanda B; et al. Relacionamento enfermeiro, paciente e família: fatores comportamentais associados à qualidade da assistência. Arq Med ABC. 31(2): 73-7. 2006.