Hernioplastia em ambulatório: resultado de 228 próteses auto-aderentes

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Transcrição:

Director: Dr. Mesquita Rodrigues Hernioplastia em ambulatório: resultado de 228 próteses auto-aderentes André Goulart, Margarida Delgado, Maria Conceição Antunes, João Braga dos Anjos

Introdução

Metodologia Desenho Estudo observacional prospectivo Período de inclusão do estudo 1 de Janeiro a 31 de Dezembro de 2010 Colheita de dados No dia da cirurgia (cirurgião) Telefonicamente às 24h e 30 dias após a cirurgia (enfermeiros) Consulta de reavaliação 1 mês após a cirurgia (cirurgião) Os doentes que aos 30 dias pós-operatórios referiam manter dor no local da incisão foram contactados novamente 3 meses após a cirurgia (cirurgião)

Metodologia Critérios de inclusão Cirurgia em regime de ambulatório Cirurgia realizada pelo Grupo de Cirurgia de Ambulatório de Cirurgia Geral do Hospital de Braga Hernioplastia inguinal unilateral com prótese auto-aderente ProGrip Critérios gerais de admissão em cirurgia de ambulatório

Critérios de inclusão em cirurgia de ambulatório Idade superior a 5 anos Ser acompanhado de um adulto responsável, que possa estar com o doente desde a alta do Hospital até pelo menos 24 horas após a cirurgia Ter transporte assegurado em veículo automóvel Ter telefone/telemóvel para contactar a Unidade de Cirurgia de Ambulatório em caso de necessidade Ter condições logísticas adequadas no domicílio Tempo entre o domicílio do doente e o Hospital de Braga não superior a 60 minutos Duração previsível da intervenção não superior a 120 minutos

Procedimento cirúrgico Sedação e anestesia local (10ml lidocaína 2% e 10mL de ropivacaína 7.5% infiltradas 1cm medial à espinha ilíaca antero-superior, acima do tubérculo púbico e ao longo do trajecto da incisão cirúrgica) Método de Lichtenstein Prótese de ProGrip

Dados demográficos

ProGrip Protese 3D Premilene Mesh Plug Premilene Mesh Adeshix Sem prótese 228 Hérnia inguinal em ambulatório (2010) Sexo 31 7 3 2 2 5 Masculino Feminino 197

10-19 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 70-79 80-89 Idade (nº doentes) 66 37 47 36 Idade (anos) Min 17 Méd 54,47 15 18 Máx 83 4 5

Resultados Dia da Cirurgia (228 doentes 100%)

Cirurgião principal Tempo cirúrgico 58% 42% Especialista Interno Mínimo Média Máximo 11min 32min49seg 68min Avaliação do risco cirúrgico POSSUM morbilidade esperada 11,23% POSSUM mortalidade esperada 2,04% APGAR cirúrgico 8,34 (mín 5; máx 10)

Resultados 24 horas (154 inquéritos 67,5%)

Grau de actividade funcional às 24h Não consegue fazer nada 10% 12% 4% 8% 66% Apenas higiene pessoal Movimenta-se pela casa, com limitações Movimenta-se pela casa, sem limitações Sem limitação funcional

Queixas do doente às 24h Não 48% Sim 52% Dor na incisão 100% Náuseas / vómitos 4% Necessitou de analgesia nas primeiras 24h Não 10% Sim 90% Foi suficiente 97% Não foi suficiente 3%

Resultados 30 dias (110 inquéritos 48,2%)

Complicações da cirurgia aos 30 dias 2,73% Sensação de picada Não 82% Sim 18% 9,09% 1,82% 4,55% Dor na incisão cirúrgica Hematoma Seroma/infecção Dor crónica 7,27% Recidiva 2,73% 50% apenas dor periódica em situações de esforço físico intenso/violento 2 recidivas inguinais 1 recidiva femoral

Retomou as actividades de vida diárias habituais aos 30 dias 6% 94% Sim Não Ao fim de (dias) Min 1 Méd 10,94 Máx 31

Comparação com outros centros

Hospital Braga (Portugal) P. Chastan (França) Matthias Kapischke (Alemanha) * Não considera a dor/sensação de picada na incisão como complicação Marcos Esteban (Espanha) Nº hérnias 228 70 (52 doentes) 24 45 Idade média (anos) 54,5 60 64,2 60 Sexo (M:F) 86% : 14% 100% : 0% 92% : 8% 91% : 9% Tempo cirúrgico 33min 19min 51min 18min Complicações 18,2% (6,4%) - - 15,4%* Sensação picada 2,7% - - - Dor incisão 9,1% 5,8% - - Hematoma 1,8% - 12% 2,2% Seroma/infecção 4,6% 1,4% 4% (rejeição prótese) Dor crónica 7,3% 1,9% - - Recidiva 2,8% - - - Retomar actividades normais (dias) 2,2% 10,9 5,5 - -

Conclusões

Conclusões Fácil execução técnica Curva de aprendizagem curta (58% realizadas por internos) Cirurgia segura Mortalidade observada 0% vs esperada 2,04% (POSSUM) Morbilidade observada 18,2% / 6,4% vs esperada 11,23% (POSSUM) 7,27% dor crónica (8 em 110 doentes) 2,73% recidiva (3 em 110 doentes) Boa recuperação funcional 66,3% movimentavam-se pela casa às 24h apenas com algumas limitações 11º dia, foi o dia que retomaram, em média, as actividades de vida diárias

Bibliografia 1. Simons MP, Aufenacker T, Bay-Nielsen M, et al. European Hernia Society guidelines on the treatment of inguinal hernia in adult patients. Hernia 2009;13:343-403. 2. Kapischke M, Schulze H, Caliebe A. Self-fixating mesh for the Lichtenstein procedure--a prestudy. Langenbecks Arch Surg 2010;395:317-22. 3. van Hanswijck de Jonge P, Lloyd A, Horsfall L, Tan R, O'Dwyer PJ. The measurement of chronic pain and health-related quality of life following inguinal hernia repair: a review of the literature. Hernia 2008;12:561-9. 4. Chastan P. Tension-free open hernia repair using an innovative self-gripping semi-resorbable mesh. Hernia 2009;13:137-42. 5. Bruna Esteban M, Cantos Pallares M, Artigues Sanchez De Rojas E. [Use of adhesive mesh in hernioplasty compared to the conventional technique. Results of a randomised prospective study]. Cir Esp 2010;88:253-8. 6. Bröckelmann J, Bäcker K. Clinical indicators for ambulatory surgery. Ambulatory Surgery Journal 2010;16:34-7.