Noções de Embriologia Geral



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Transcrição:

Noções de Embriologia Geral

EMBRIOLOGIA É o estudo do desenvolvimento de um ser pluricelular desde o estágio de uma célula (zigoto) até a diferenciação e especialização das células, tecidos e órgãos que conduzem à construção de um corpo jovem.

Um dos critérios utilizados na classificação dos animais é o desenvolvimento embrionário. Daí ser importante ter-se uma noção de como ocorre esse desenvolvimento nos principais grupos e também de alguns termos utilizados na embriologia e que podem ser úteis na classificação dos seres vivos.

No desenvolvimento dos integrantes do Reino Animal, logo após a formação do zigoto, ocorrem múltiplas divisões celulares caracterizando o período de segmentação ou clivagem. A partir daí, forma-se um aglomerado de células chamado de mórula, em que cada uma das células é chamado de blastômero.

0 acúmulo de líquido entre os blastômeros os desloca para a periferia levando à formação de uma cavidade, a biastocele, que caracteriza uma fase do desenvolvimento embrionário chamada de blástula. Nessa fase, o embrião é constituído pela blastocele que é desenvolvida por um conjunto de células chamado de biastoderme.

A blástula passa, então, por um processo chamado de gastrulação, em que ocorre um dobramento do embrião em direção ao interior da blastocele, que se reduz progressivamente. À medida que ocorre o dobramento forma-se urna nova cavidade no interior do embrião, o arquêntero, que é responsável pela formação da cavidade digestiva dos animais adultos e está ausente nos Poríferos. Devido a esse fato os Poríferos são considerados um ramo atípíco entre os integrantes do reino Animal e classificados em um sub-reino chamado de Parazoa.

0 arquêntero possui uma abertura para o meio extemo que é chamada de biastóporo e em alguns grupos irá originar a boca enquanto que em outros originará o ânus.

Ainda durante a gástrula, o embrião poderá se apresentar com dois ou três folhetos germinativos. Os animais que apresentam dois folhetos terão apenas o ectoderma e o endoderma, como ocorre nos Poríferos e Cnidários enquanto que os que possuem três folhetos apresentam a mesoderma além desses outros dois.

Um outro acontecimento embrionário importante é a formação, em alguns grupos de animais, de uma cavidade totalmente revestida pela mesoderma chamada de celoma.

Observando o desenvolvimento dos principais grupos de animais tornou-se possível a classificação desses grupos de acordo com alguns critérios, corno a seguir:

Quanto ao número de folhetos embrionários: Diblásticos - animais com apenas dois folhetos embrionários, isto é, aqueles animais que possuem apenas o ectoderma e o endoderma. Nesse grupo só encontramos os Poríferos e Cnidários. Triblásticos - animais com três folhetos embrionários, isto é, animais que apresentam o ectoderma, o mesoderma e o endoderma. É o grupo em que encontramos todos os demais grupos de animais pluricelulares.

2-Quanto ao destino do blastóporo: Protostômios - animais em que o blastóporo origina a boca. São incluídos nesse grupo todos os principais filos desde os Cnidários até os Artrópodos. Deuterostômios - animais em que o blastóporo origina o ânus. São deuterostômios apenas os Equinodermos e os Cordados

3-Quanto à presença de celoma: Acelomados - animais que não apresentam celoma. Entre os triblásticos, apenas os Platelmintos são acelomados. Pseudocelomados - aqueles que possuem um falso celoma, isto é, possuem uma cavidade apenas parcialmente revestida pela mesoderma. 0 pseudoceloma atua transportando substâncias pelo corpo, nos animais adultos, além de auxiliar na sua sustentação atuando como esqueleto hidrostático. Entre os principais filos animais, apenas os Nematelmintos apresentam pseudoceloma.

Celomados - são os animais que durante a vida embrionária apresentam uma cavidade totalmente revestida pela mesoderma. Os Moluscos, Anelídeos, Artrópodos, Equinodermos e os Cordados possuem celoma verdadeiro. A formação do celoma nesses animais pode ocorrer de formas diferentes e então são chamados de esquizocelomados ( quando o celoma se forma a partir de fendas da mesoderma ) ou enterocelomados ( quando o celoma se forma a partir de bolsas que surgem a partir da região superior do arquêntero ). São esquizocelomados os Moluscos, Anelídeos e os Artrópodos. Os Equinodermos e os Cordados são enterocelornados.

Grandes períodos do desenvolvimento pré-natal Pré-embrionário 3 primeiras semanas Embrionário (ou de organogênese) 4ª a 8ª semanas Fetal

Primeira semana de desenvolvimento Fecundação Segmentação (clivagem) do ovo. Blastômeros Mórula Blastócito Blastocele Trofoblasto Embrioblasto Implantação uterina

Segunda semana de desenvolvimento. Disco embrionário didérmico Diferenciação do trofoblasto Citotrofoblasto Sinciciotrofoblasto Diferenciação do embrioblasto Epiblasto Hipoblasto Formação da cavidade amniótica Formação do saco vitelino primitivo. Formação do saco vitelino definitivo ou secundário

Terceira semana de desenvolvimento. Disco embrionário tridérmico Formação da mesoderme intraembrionária Linha primitiva. Nó primitivo Formação do notocórdio

Crescimento do disco embrionário Placa neural, sulco neural e cristas neurais. Mesoderme paraxial, intermediária e placa lateral. Sómitos

Período pré-embrionário 1. Segmentação a) A segmentação refere-se às divisões mitóticas que ocorrem nos primeiros 3 dias após a fertilização. As células resultantes deste processo denominam-se blastómeros. b) A primeira segmentação ocorre cerca de 30 horas após a fecundação do ovo. As divisões seguintes ocorrem em intervalos mais curtos formando-se uma estrutura com 16 ou mais células denominada mórula cerca das 72 horas após a fecundação. c) A mórula reorganiza-se, aparece uma cavidade (blastocelo) e a nova estrutura passa a ser designada por blastócito. As células mais internas formam o embrioblasto enquanto as mais externas constituem o trofoblasto.

Implantação uterina Cerca de 6 dias após a ovulação inicia-se o processo de implantação do blastócito na parede uterina. b) As células trofoblásticas sintetizam enzimas que estimulam as células do endométrio uterino adjacentes. c) O processo de implantação uterina demora cerca de uma semana e termina quando o período menstrual da mulher deveria ocorrer. d. O trofoblasto sintetiza HCG.

Embriogênese Durante a implantação o embrioblasto inicia a embriogénese. Neste período aparecem os 3 folhetos germinativos: ectoderme, mesoderme e endoderme b) Aparece a cavidade amniótica e o disco embrionário alonga-se. Forma-se a linha primitiva.

Desenvolvimento fetal e embrionário Nutrição Pré-natal Uma das mais importantes alterações que ocorrem no período embrionário é a mudança do modo de nutrição. a) A nutrição do trofoblasto realiza-se através de células do endométrio materno. b) Gradualmente surge a nutrição através da placenta que permite a difusão de nutrientes utilizando a circulação sanguínea materna. c) A placenta começa a desenvolver-se cerca de 11 dias após a fecundação. Inicia-se com o aparecimento de vilosidades coriónicas que se originam no trofoblasto. d) Aparece o cordão umbilical que contém 3 vasos 2 artérias e uma veia. e) Além da função nutritiva a placenta apresenta outras funções, nomeadamente funções respiratórias, endócrinas, imunológicas e de excreção.

Membranas Embrionárias Membrana amniótica b) Saco vitelino c) Alantóide d) Membrana coriónica

Organogénese 1. Designa-se por organogênese a formação dos órgãos e sistemas de órgãos a partir dos folhetos germinativos primários. 2. No fim das 8 semanas todos os sistemas de órgãos estão presentes.

Derivados ectoderme Epiderme; folículos pilosos e músculos erectores dos pelos; glândulas cutâneas; sistema nervoso central; medula da glândula supra-renal; glândulas pituitária e pineal; cristalino, córnea e músculos intrínsecos do olho; ouvido interno e externo; glândulas salivares; epitélios da cavidades nasal e oral e canal anal

Derivados mesoderme Tecido ósseo; cartilagem; músculo estriado, músculo cardíaco e maior parte do músculo liso; córtex da glândula supra-renal; ouvido médio; derme; células sanguíneas e linfáticas; vasos sanguíneos e vasos linfáticos; medula óssea; tecido linfóide; epitélio dos rins, ureteres, gónadas e ductos associados; mesotélio

Derivados da endoderme Maior parte do epitélio da mucosa do tubo digestivo e respiratório; epitélio da mucosa da bexiga urinária e porção da uretra; componentes epiteliais das glândulas digestivas e das glândulas reprodutivas acessórias; glândulas tireóide e paratireóide.