19.º Seminário Internacional de Defesa da Concorrência do IBRAC



Documentos relacionados
23.º Seminário Internacional de Defesa da Concorrência do IBRAC

MINISTÉRIO DA FAZENDA Secretaria de Acompanhamento Econômico. Parecer Técnico n.º 06402/2005/RJ

ALMEIDA GUILHERME Advogados Associados

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

> Conselho Geral > Parecer CG n.º 23/PP/2008-G, de 7 de Novembro de 2008

ASPECTOS GERAIS DA LEI DO CADE

Superior Tribunal de Justiça

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PROCURADORIA GERAL CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO

COMISSÃO DE TRABALHO, DE ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇO PÚBLICO

INTERESSADAS: Empresa Brasileira de Segurança e Vigilância Ltda. e Eletropaulo Metropolitana Eletricidade S.A. AES Eletropaulo

Sessão de 02 de fevereiro de 2016 RECURSO Nº ACÓRDÃO Nº REDATOR CONSELHEIRO PAULO EDUARDO DE NAZARETH MESQUITA

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO PROCURADORIA-GERAL FEDERAL PROCURADORIA FEDERAL - CADE

09/09/2014 PRIMEIRA TURMA : MIN. ROBERTO BARROSO

Supremo Tribunal Federal

PROJETO DE LEI Nº 573, DE 1995

Geo pricing e geo blocking

PL de Reforma do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC) Apresentação Conjunta SEAE-SDE-CADE

02/06/2015 SEGUNDA TURMA : MIN. GILMAR MENDES

ESCOLA DE FORMAÇÃO SEGUNDO SEMESTRE 2006

Superior Tribunal de Justiça

Considerações iniciais

CONSELHO DE CONTRIBUINTES DO ESTADO DE MINAS GERAIS

AGUARDANDO HOMOLOGAÇÃO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO COLEGIADO: CES

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Superior Tribunal de Justiça

Requerimentos reconhecimento de firma autenticação identificação fé pública.

Superior Tribunal de Justiça


TERCEIRA CÂMARA CÍVEL RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL Nº 74587/ CLASSE II COMARCA DE RONDONÓPOLIS

DECISÃO. proferida em demanda de cobrança do seguro DPVAT, em virtude de atropelamento

COMISSÃO DE FINANÇAS E TRIBUTAÇÃO

ACIDENTE DE TRABALHO. AÇÕES INDENIZATÓRIAS INDIVIDUAIS

20 anos da Lei da Propriedade Industrial: Balanço e Próximos Passos: Direito da Concorrência e Propriedade Industrial no Brasil

CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PRAÇA DA REPÚBLICA, 53 FONE: CEP: FAX Nº

Assunto: Denúncia acerca de irregularidades envolvendo contrato firmado entre o IBGE e Sul América de Seguros

SUMÁRIO PREFÁCIO... 9 NOTA DO AUTOR CAPÍTULO I. ANOTAÇÕES EM DIREITO ECONÔMICO

Aula nº. 18 JULGAMENTO E INFRAÇÕES EM FACE DA ORDEM ECONÔMICA

INTERESSADA: Universidade Estadual Vale do Acaraú UVA

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO EMENTA

ESTADO DA PARAíBA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA ínete DO DEPUTADO NABOR WANDERLEY" A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DA PARAíBA DECRETA:

CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

Supremo Tribunal Federal

Lei n 8.666/93, art. 7º 1.7 Documento assinado pela COMAP com a indicação das empresas a serem convidadas

SlPt. - mm um um,,, n... um um mu.,... ACÓRDÃO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

Administração de recursos de terceiros no Brasil e no mundo: evolução e perspectivas

Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União

WORSHOPS SEMANAIS DO NÚCLEO DE ESTUDOS FISCAIS DA ESCOLA DE DIREITO DE SÃO PAULO DA FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS 11/05/2015

INFORMATIVO JURÍDICO

INTERFACE ENTRE ANTITRUSTE E PROPRIEDADE INDUSTRIAL: CADE E INPI CELEBRAM ACORDO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA

Tribunal de Contas do Estado do Pará

CONSELHEIRO LUIZ CHOR

NORMA DE PROCEDIMENTO FISCAL N 049/2008. (Consolidada com as alterações das NPF 093/2008, 007/2009 e 016/2009)

ACÓRDÃO. VISTOS, relatados e discutidos estes autos.

CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM CURSO DE DIREITO 2º BIMESTRE 1º SEMESTRE - 1º A/B LINGUAGEM JURÍDICA I - PROF.

Propriedade Intelectual nº. 40

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

TERMO DE COMPROMISSO DE AJUSTE DE CONDUTA Nº 022/2009

OBSERVATÓRIO DOS DIREITOS HUMANOS

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

AGUARDANDO HOMOLOGAÇÃO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

INFORMATIVO. num. num. pessoa jurídica seja utilizada como véu protetor de realizações fraudulentas por parte dos sócios ou administradores.

ROTEIRO ESPECIAL DE TRANSPORTE ENIC: Linha Interhotéis

ESTATUTO DO PROVEDOR DO CLIENTE

COMISSÃO DE SEGURIDADE SOCIAL E FAMÍLIA. PROJETO DE LEI N o 1.432, DE 2011 I - RELATÓRIO. Dispõe sobre a adoção tardia.

São João del-rei, 26 de novembro de Processo: / Pregão Eletrônico: 029/2015 Assunto: Decisão Recurso Administrativo

Dados que compõem este relatório foram atualizados em: 01/05/ :12:58.

COMO CRIAR UM PEDIDO DE COMPRAS

PLURI Especial Porque estádios tão vazios? Parte 5

PARECER. Ao Sr. Antônio José Francisco F. dos Santos. Diretor da FENAM FEDERAÇÃO NACIONAL DOS MÉDICOS

COMISSÃO DE SEGURIDADE SOCIAL E FAMÍLIA PROJETO DE LEI Nº 840, DE 2003

Coordenação Geral de Tributação

Judicialização na Saúde Suplementar Edital 005/2014 ANS/OPAS FMUSP

COMISSÃO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA, COMUNICAÇÃO E INFORMÁTICA

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE REDAÇÃO. PROJETO DE LEI N o 2.079, DE 2003

RIO GRANDE ENERGIA S A

PODER JUDICIáRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO WILDO

24.º SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA

DECISÃO (Fundamentação legal: artigo 557, caput, do CPC)

VIGÉSIMA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

AVERIGUAÇÃO PRELIMINAR

N/Referência: PROC.: C. Bm. 18/2014 STJ-CC Data de homologação: Relatório

EDITAL POSGRAP/UFS N 07/2015 RECONHECIMENTO DE DIPLOMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EXPEDIDOS POR INSTITUIÇÕES ESTRANGEIRAS

(assinado eletronicamente art. 1º, 2º, inc. III, alínea a, da Lei nº /2006) MARCUS ABRAHAM Desembargador Federal Relator

COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO

POLÍTICA CONCORRENCIAL. Politica_Concorrencial.indd 1 27/12/16 07:55

2. Sobre a importância socioeconômica e a viabilidade do empreendimento, a SECEX/SP registra o seguinte:

Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER. Recurso contra decisão ao pedido de acesso à informação. Informações públicas.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 10ª Câmara de Direito Público

Superior Tribunal de Justiça

VOTO. INTERESSADOS: Light Serviços de Eletricidade S.A e Axxiom Soluções Tecnológicas S.A..

Ordem dos Advogados do Brasil Seção do Estado do Rio de Janeiro Procuradoria

POLÍTICA CONCORRENCIAL

CNEF FASE DE FORMAÇÃO INICIAL SUMÁRIOS DE PRÁTICA PROCESSUAL PENAL. Proposta de programa a desenvolver em sumários:

Pensamento. Gente de Expressão

Assunto: Erro notório na apreciação. Droga. Tráfico de estupefaciente. Juízes: Viriato Manuel Pinheiro de Lima (Relator), Sam Hou Fai e Chu Kin.

Nº /PR

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Elementos Essenciais ao Compliance Concorrencial Condutas Unilaterais e M&A

Transcrição:

19.º Seminário Internacional de Defesa da Concorrência do IBRAC Data: 31/10/2013 e 01/11/2013 Local: Hotel Resort Mabu, Foz do Iguaçu/Paraná Painel 3 - Uma Abordagem sobre Fixação de Preço de Revenda à Luz da Jurisprudência Recente do Brasil, Estados Unidos e Europa/An approach to Resale Price Maintenance in light of the recent case law in Brazil, in the US and Europe

Mito (Trecho do parecer da SDE no caso Kibon; 29.9.1995) SKF não foi o primeiro caso de fixação/imposição de preços de revenda julgado no Brasil. Trata-se, porém, da primeira condenação autônoma do CADE por essa prática. 2

Histórico no Brasil Kibon (1997) Consultas julgadas pelo CADE permitem uso da expressão preço sugerido ao consumidor em embalagens (1997) Spal adota mesma conduta em 2005 Livros: Editora Ática (1998); Catavento (2000); Saraiva e outras (2011); CAA/DF (pendente de julgamento; conduta acessória) Cimento; Automóveis: Volks, Fiat; Cervejas: Brahma (1999) Aços Longos (2005) GLP (2008) Calçados esportivos (2009) Filtros de água (2011) SKF (2013) (*) Muitos casos não são abertos (v.g., Nike/Netshoes, arq. 2012). 2012: aberto Bematech. 3

O que Kibon e SKF tem em comum? Processos instaurados por imposição/fixação de preços de revenda (assim como todos os demais casos versando sobre preços de revenda no Brasil) No caso Kibon, a defesa teve êxito em descaracterizar a prática de fixação de preços de revenda para simples sugestão. No caso SKF, não teria havido defesa de sugestão. Segundo voto do relator, SKF teria informado praticar FPR, a pedido dos revendedores, para fortalecer a rede e acirrar concorrência entre marcas. Arquivamento em todos os casos julgados em que a defesa SPR foi utilizada e houve desclassificação da conduta. A sugestão vinha sendo considerada como conduta per se lícita? Outros argumentos que levaram ao arquivamento: ausência de prejuízo aos consumidores finais (Brahma); ausência de poder de mercado (calçados, filtros); justificativas/eficiências (Filtros de água); falta de provas da conduta (cimento) ou dos efeitos (calçados). Aspectos formais considerados nos dois casos (coerção) 4

Em que Kibon e SKF são diferentes? Kibon Preços máximos (idem em livros*, cervejas e automóveis) Iniciativa do Fabricante Conduta unilateral típica Análise de dispersão de preços Benefícios claros aos consumidores finais (*) Exceto CAA/DF (**) Preços fixos com efeito de mínimos SKF Preços mínimos (idem em calçados**, filtros e impressoras) Iniciativa dos Distribuidores Conduta unilateral com efeitos de conduta concertada Não realizada análise de dispersão dos preços Os benefícios aos consumidores finais não eram claros. Pelo contrário, a prática tendia a elevar os preços e prejudicar os consumidores finais 5

Em que SKF foi inovador? Inversão do ônus da prova quanto: à presunção de posição dominante; e aos efeitos negativos da prática; Não consta análise de dispersão dos preços; O modelo de distribuição não foi levado em consideração em nenhum dos votos. Embora o tema não seja comum, há considerações interessantes nos casos envolvendo editoras (modelo de representação) e cerveja (distribuição exclusiva); O voto é silente sobre o impacto do modelo adotado sobre a decisão final. Votos vencedores deram ênfase à justificativa para a prática, e não ao balanço entre efeitos e eficiências: O fato de a política ter sido implementada a pedido da rede de distribuição claramente influiu na formação do convencimento. 6

O que esperar no futuro? Economistas liberais versus juristas conservadores e formalistas? Preços mínimos Usar com cautela, ainda que os preços sejam sugeridos (vide Voto Vinicius Marques de Carvalho); Evitar adotar preços mínimos (sugeridos ou não) em virtude de pressões da rede de distribuição. Outros incentivos (modelos alternativos) são preferíveis (menor risco antitruste). Preços máximos A despeito dos inúmeros precedentes, não há safe harbour Não obstante, preços máximos, quando sugeridos unilateralmente pelo fabricante e associados a justificativas plausíveis, tendem a ser admitidos Existência ou não de instrumentos de coerção é relevante para distinguir sugestão de fixação de preços. Documentos indicando a adoção de política de preços de revenda em conjunto com distribuidor(es) são problemáticos. 7

Vella Pugliese Buosi e Guidoni Advogados Rua São Tomé, 86 17º andar São Paulo, SP 04551-080 Brasil www.vpbg.com.br