Escatologia Visão Panorâmica do Futuro



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Transcrição:

Escatologia Visão Panorâmica do Futuro

Escatologia Visão Panorâmica do Futuro Severino Pedro da Silva EDIÇÃO DO AUTOR São Paulo / 2012

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP-Brasil. Catalogação na fonte Silva, Severino Pedro da Escatologia: visão panorâmica do futuro / Severino Pedro da Silva - São Paulo: edição do autor, 2012 365 p.: 14X21 cm 1. Escatologia 2. Visão panorâmica 3. O futuro I. Titulo CDD Copyright 2012 por Severino Pedro da Silva. Todos os direitos reservados. Projeto gráfico: Magno Paganelli 1ª Edição: setembro / 2012 Contatos com o autor: severinopedro2008@hotmail.com

SUMÁRIO Prefácio..................................... 7 1. Escatologia Visão Panorâmica Do Futuro........... 9 2. Cronologia do Futuro............................ 33 3. O Oriente Médio Na Mira Do Mundo.................. 63 4. Olhando Para A Figueira Israel.................... 75 5. Olhando Para Todas As Árvores As Nações Árabes...105 6. A Construção do Templo Sobre O Monte Moriá.........133 7. A Apostasia.....................................161 8. Falsos Líderes Que Precederão Ao Anticristo..........175 9. O Anticristo..................................... 211 10. O Número Misterioso Da Besta 666...............233 11. Os Números Do Apocalipse........................ 275 12. Um Sistema Chamado A Grande Babilônia..........285 13. Os Vencedores De Todos Os Tempos................. 329 14. A Nova Jerusalém A Capital Celestial do Mundo Do Futuro..............................345 Notas.......................................361

prefácio Escatologia visão panorâmica do futuro, foi escrito com a finalidade de trazer alegria e esperança ao povo de Deus em geral. Nele é desenvolvida uma escatologia atual, vigorosa e proeminente que focaliza acontecimentos do mundo presente e descreve com expectativa aquilo que acontecerá no mundo do futuro. De igual modo, são desenvolvidos temas de alcance muito vasto, focalizando Israel, as nações árabes e outros povos envolvidos no contexto teocrático das profecias divinas. Contudo, o tema principal além da pessoa de Cristo, é a esperança de um mundo melhor, em que habita a justiça. Neste mundo futuro, os justos desfrutarão das...coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem (1 Co 2.9b). Isto é,...as virtudes do século futuro (Hb 6.5b). É, esta, portanto, a grande razão de que, em qualquer época ou lugar, o povo cristão tem se mostrado sequioso pelo estudo das coisas futuras, motivado pelo alcance de todos os bens vindouros que foram prometidos em ambos os Testamentos. Estas virtudes futuras começarão a ser desfrutadas em plenitude, com o arrebatamento dos salvos por nosso Senhor Jesus Cristo. Este é, o motivo principal que tem levado a Igreja orar sempre, dizendo: Vem, Senhor Jesus!. Este livro, portanto, escrito com muita graça de Deus pelo Pastor Severino Pedro da Silva considerado por todos nós como uma das maiores expressão do saber bíblico e teológico da atualidade, apresenta um potencial espiritual e poder de erudição, o que, certamente, será para nós um manancial de edificação. Recomendamos sua leitura, seu apreço e admiração. São Paulo Brasil, 2012 José Wellington Bezerra da Costa Presidente da CGADB

CAPÍTULO 1 ESCATOLOGIA VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO I. ESCATOLOGIA DEFINIÇÃO E FINALIDADE 1. Escatologia panorâmica. Escatologia é a doutrina que diz respeito ao fim do mundo presente e a introdução e desenvolvimento do mundo vindouro. Ela é, portanto, a doutrina que ensina sobre as últimas coisas e, quando analisada do ponto de vista divino de observação, gira em torno de grandes temas principais, abrangendo todo o paço da Escatologia Bíblica e seus aspectos gerais. Escatologia cristã é o estudo do fim das coisas, tanto o fim de uma vida individual, ao final da época, ou o fim do mundo, nos aspectos do cristianismo. A palavra escatologia é derivada de duas palavras gregas que significam: último e estudo. Em termos gerais, é o estudo do destino do homem como é revelado na Bíblia, fonte primária de todos os estudos sobre escatologia cristã. Usamos aqui, também, a expressão panorâmica, para designar os povos teocráticos, tais como: Israel, árabes e os próprios gentios que, de uma forma ou de outra encontramse envolvidos nas predições do Senhor e dos escritores de ambos os Testamentos, no que diz respeito ao plano da salvação como o poder gentílico mundial. 2. A esperança de um mundo melhor. Atualmente vivemos num mundo cheio de dores e sofrimentos. Nele e dele falou o próprio Jesus quando procurava levantar o ânimo e consolar aos seus discípulos das provas e aflições em que por elas eles passariam. Então Ele disse: Tenho-vos dito isto,

10 ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições.... Depois Ele acrescentou dizendo: mas tende bom ânimo, eu venci o mundo (Jo 16. 33). Com efeito, porém, além deste mundo de que acabamos de falar, as Escrituras falam veementemente na existência de um mundo vindouro, cheio de paz e prosperidade. Nele, os salvos desfrutarão as bemaventuranças eternas e as coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e subiram ao coração do homem.... Isto é: são as que Deus preparou para os que o amam (1 Co 2. 9). II. OS TEMAS PRINCIPAIS DA ESCATOLOGIA 1. Israel. No presente argumento que passaremos a descrever sobre os cinco temas principais da Escatologia Bíblica, focalizaremos o passado, o presente e o futuro dos personagens que se encontram envolvidos em cada assunto e tese principal. Começando, portanto, com a eleição (ou escolha) de Israel. O princípio de formação da nação israelita começou com a chamada de Abraão, quando este ainda se encontrava em Ur dos Caldeus, quando o Senhor disse para ele: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação... (Gn 12. 1-2). Abraão foi pai de oito filhos: Ismael (por meio de Agar), Isaque (por meio de Sara), Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Jisbaque e Suá (por meio de Cetura). Com efeito, porém, o filho da promessa divina dizia respeito a Isaque. Assim Abraão gerou a Isaque, Isaque gerou a Jacó e Jacó gerou os doze patriarcas. Os doze patriarcas formaram as doze tribos de Israel que, juntas, se transformaram na nação israelita que hoje conhecemos, que, no tocante às promessas de Deus, tanto para o presente como para o futuro, está assegurada. Israel será protegido no presente e será salvo no futuro. Os aspectos e acontecimentos que norteiam a nação israelita são proféticos. Paulo fala com respeito a Israel dizendo que, no futuro, as atenções proféticas apontam no geral e com nitidez para ele, e acrescenta:...dos quais (os israelitas)

ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO 11 é a adoção de filhos, e a glória, e os concertos, e a lei, e o culto, e as promessas (Rm 9. 4). Com efeito, porém, não devemos nos esquecer que, por extensão, os povos árabes entram também neste contexto profético, como nações teocráticas. Uma boa parte das profecias bíblicas relacionadas com Israel apresentam sempre aqui, ali ou acolá, menção dos árabes. Na lista feita por Lucas, escritor dos Atos dos Apóstolos, que envolvem as nações como parte representativa no dia de Pentecostes, fazendo parte do plano da salvação, os árabes são os últimos da lista. O escritor sagrado começa dizendo: Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, e Judéia, e Capadócia, Ponto e Ásia, e Frigia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes. É importante, com efeito, observar nesta lista a conclusão do escritor, quando usa sua última frase, dizendo:...e árabes (At 2.9-11). Este frase, que aqui está em foco, não deve ser considerada apenas como uma expressão que fora citada, tão somente para fazer parte da história deste povo. Não! Profeticamente falando, ela tem um sentido maior e mais profundo. Ela aponta para a salvação deste povo, que certamente se dará no futuro (breve ou distante), quando haverá, por parte deles, um reconhecimento da origem e filiação do Filho de Deus, como descendente legal de Abraão e aceitarão Sua autoridade como Salvador e Senhor (cf. At 15.15). 2. Cristo. Ninguém jamais pode falar da História ou de Escatologia Bíblica sem falar de Jesus Cristo como sendo a figura central tanto de uma como da outra. Pois, tanto a sua pessoa como a sua obra e sua importância, encontram-se nelas inseridas. Jesus, portanto, faz parte da História tanto secular como eclesiástica e sua presença neste mundo, marcou cada paço da Escatologia histórica, atual e futurística. A sua encarnação marcou a plenitude dos tempos, conforme é descrito por Paulo e em outras passagens do Novo Testamento. João diz que no tempo determinado por Deus,...o Verbo se fez carne, e habitou entre nós... (Jo 1. 14), e Paulo confirma

12 ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO que...vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sobre a lei (Gl 4. 4a). Devemos observar aqui vários aspectos da vida de Cristo, envolvendo tanto o contexto divino como o humano: a) Sua concepção virginal A concepção de Jesus quando se humanizou no ventre da virgem, foi um ato miraculoso de Deus. A promessa divina de que isto aconteceria foi feita pelo próprio Deus quando disse: Eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel (Is 7. 14b). Paulo diz que a encarnação de Cristo foi um milagre e o chamou de mistério da piedade. Então ele diz: E sem dúvida alguma grande é o mistério da piedade : Aquele que se manifestou em carne, foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, e recebido acima na glória (1 Tm 3. 16). b) Seu nascimento natural Existem os que sustentam a Virgindade Perpétua de Maria, dizendo que foi virgem antes, durante e depois do parto. Mas essa doutrina não tem apoio nas Escrituras. Ela não se coaduna com a história do nascimento de Jesus e nem com a tese principal. O nascimento de Jesus se processou de forma natural como qualquer outra criança que vem ao mundo. Sua concepção no ventre da virgem, sim, essa foi de forma miraculosa e sobrenatural. 3. A Igreja. O grande tema que envolve a Igreja desde o seu princípio de formação até seu destino final, insere também, de um modo especial, a pessoa de Cristo. É, portanto, por Ele e através dele, que a Igreja existe. Por esta razão, do início ao fim, Jesus faz parte deste contexto. Com efeito, porém, com a vinda de Jesus para consumar o plano da redenção, um outro povo é levantado na terra. Este outro povo é a Igreja! Ela é composta de todas as raças (judeus, gregos e gentios) que, em qualquer lugar, reconhecem ao Senhor Jesus como sendo o Filho de Deus e aceitam o evangelho da Sua graça. Assim, portanto, como Deus chamou a Abraão para se tornar pai de uma grande nação e disse para Israel: vós sereis um reino sacerdotal e o povo santo (Êx 19.6), de igual modo, também

ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO 13 o Senhor Jesus chamou para si homens e os chamou de geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa (1 Pe 2.9). Tal procedimento por parte do Senhor envolve o princípio de formação da Igreja, sua existência no tempo e seu futuro último. A Igreja que aqui está em foco se refere a Igreja Una e Universal, isto é, a Igreja composta do povo de Deus na Nova Aliança, que agrega em Si todas as raças e línguas, que reconhecem a pregação do Evangelho e a fé em Jesus Cristo. Assim, para ela que é uma só Igreja, há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos (Ef 4.5-6). Dentro dos limites da eternidade, a Igreja, portanto, desfrutará de tudo aquilo que o Senhor prometeu em ambos os Testamentos. O mundo do futuro, portanto, que aqui está em foco, não se trata inteiramente do conceito universal do mundo físico em que vivemos. Mas se trata do mundo vindouro que servirá de base para que o bem possa ter espaço em toda sua extensão e plenitude. Também procuramos nele descrever o que acontecerá com Israel, os árabes, a Igreja e as demais nações do mundo. Aqui também estão em foco os acontecimentos futuros que falam da introdução do mundo vindouro, que será preparado por Deus e o Senhor Jesus Cristo. Nele, todos os filhos de Deus (incluindo os santos e anjos) desfrutarão de todas as bênçãos que foram prometidas em ambos os Testamentos. Neste contexto informativo, também falaremos do destino final do diabo, dos anjos maus e dos demônios. Chegará um dia, dentro dos limites da eternidade, quando o mal terá fim. Com ele, evidentemente, desaparecerá todo e qualquer sistema de transgressão e contravenção em que, por meio deles, os homens transgridem contra Deus e contra suas ordens e somente permanecerá o bem e a bondade divina nos corações e em cada lugar da existência. As Escrituras afirmam que, além do mundo em que vivemos, existe uma programação da parte de Deus, para um mundo futuro (Hb 2. 5). Este mundo será formado por novos céus e nova terra, em que habita a justiça. Ele será habitado pela Trindade Divina, os anjos e pelos santos de todos os tempos. Contudo,

14 ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO é preciso observar que, até que venha a consumação dos séculos e a introdução deste mundo vindouro, de que falamos, muitos acontecimentos terão lugar no tempo e no espaço envolvendo tanto a esfera humana como a esfera espiritual. Após o aniquilamento de todo o mal e o julgamento de todas coisas, a Igreja e os santos de todos as épocas passarão a desfrutar, na eternidade, das benéficas felicidades que foram prometidas a eles, em ambos os Testamentos. Após a ressurreição e a transformação dos santos, eles serão conduzidos por Cristo, para a cidade divina,...da qual o artífice e construtor é Deus. E ali nunca mais haverá maldição contra alguém e nela (na cidade celestial) estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os Seus servos o servirão. E verão o Seu rosto e, nas suas testas, estará o Seu nome. E ali não haverá mais noite e não necessitarão de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os alumia; e reinarão para todo o sempre (Ap 22.3-5). a) A fundação da Igreja A origem da Igreja e o fundamento sobre o qual a ela foi e está edificada, é nosso Senhor Jesus Cristo. Paulo afirma isso por amor de seu argumento. Então ele diz: Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém (ninguém mesmo!) pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual (é) Jesus Cristo (1 Co 3. 10-11). Ora, essa mesma linha de raciocínio é seguida pelos demais escritores do Novo Testamento. O próprio Jesus relembra isso em Mateus 21. 42, dizendo: Diz-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: a pedra, que os edificadores rejeitaram, essa foi posta por cabeça do ângulo; pelo Senhor foi feito isto, e é maravilhoso aos nossos olhos?. Pedro entendeu bem estas palavras de Jesus quando falou com ele e com os demais. Ele sabia que Nosso Senhor não estava se referindo a pessoa de Pedro, ou até mesmo um outro apóstolo qualquer. Pedro entendeu e disse: A pedra é Cristo! Ele (Cristo) é a pedra que foi rejeitada por vós, edificadores, a qual foi

ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO 15 posta por cabeça de esquina (At 4. 11; 1 Pe 2. 6-8). Muitos hoje têm também rejeitado Cristo nesta interpretação, como sendo Ele a pedra sobre a qual sua Igreja foi edificada, exatamente como fizeram os edificadores. E Pedro diz que esta pedra é...uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçaram na palavra-especialmente, na palavra da interpretação. Entretanto, para Deus e para nós, Ele é e continua sendo, a pedra viva...eleita e preciosa (1 Pe 2. 4, 8). Paulo diz que nós, que formamos a Igreja, estamos edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo (é) a principal pedra da esquina (Ef 2. 20). b) A existência da Igreja De acordo com o Novo Testamento, a Igreja surge primeiro como um organismo vivo. Nesse sentido, ela inclui todos os crentes regenerados, tirados de todo o mundo entre o primeiro e segundo advento de Cristo.... Seu alcance é vasto e ela abrange a todos os salvos, tanto do passado como do presente, visto que, os que morreram na terra, estão vivos no céu (Hb 12. 23). Neste sentido, portanto, ela é a Igreja Universal, mística, composta de todos os santos de todas as épocas e de todos os lugares; os que aceitaram Cristo como cabeça; essa Igreja é considerada como um organismo vivo, espiritual que tem Cristo como centro e fonte perene de Sua vida; e a união mística da Igreja com Cristo através do Espírito Santo numa comunhão duradoura e permanente. Paulo descreve isso em vários de seus elementos doutrinários. 4. Os gentios. Os gentios mesmo não sendo povos teocráticos, contudo, envolvem-se no conceito escatológico, mostrando a ascensão deste poder e sua destruição final. Neste contexto gentílico, as profecias bíblicas mostram duas grandes cadeias de profecias. a) Primeiro, o domínio gentílico sobre o povo eleito Começando com o cativeiro de Judá (Israel) sob Nabucodonosor (2 Cr 36.11-21) até o retorno de Cristo para o vale do Armagedom, quando ali será neutralizado o poder e força do anticristo,...a quem o Senhor desfará pelo assopro da Sua boca, e aniquilará

16 ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO pelo esplendor da sua vinda (2 Ts 2.8). Após deter todo o avanço das forças do mal, liderado pelo anticristo naquele sombrio vale, como prova de seu supremo poder pessoal e de sua grandeza divina, Jesus aprisionará o anticristo juntamente com seu falso profeta. Com a prisão dos dois, e o banimento de ambos no Lago de Fogo, o sistema político mundial que agia contra Deus e contra Seu povo chegará ao fim. b) Segundo, o tempo chamado de plenitude dos gentios Isto é, todo o período da extensão da graça que diz respeito à salvação de suas almas. Este período teve início com a rejeição de Cristo por Israel e terminará com o arrebatamento da Igreja. E terminará com relação aos gentios, com o rapto da Igreja dando assim lugar, em seguida, a aceitação de Israel (cf. Rm 11.17,24). 5. O mundo angelical envolvendo o bem. Envolve a existência do mundo angelical, focalizando este reino de luz que se encontra a serviço de Deus e de Seus filhos, em ambos os Testamentos. Muitas passagens das Escrituras ensinam que há uma ordem de seres celestes totalmente distintos da humanidade e da Divindade, que ocupam uma posição exaltada acima da atual posição do homem. Nem sempre podemos ter consciência da presença dos anjos. A Bíblia, porém, nos garante que, um dia, será removido de nossos olhos o véu da separação entre o visível e o invisível. Então, a partir daí, poderemos ver e conhecer, em toda a plenitude, a atenção que os anjos nos dedicaram em cada passo de nossa vida (1 Co 13.12). A crença em tais mensageiros angelicais é de caráter universal! Filósofos, poetas, historiadores, teólogos, pessoas simples etc. frequentemente falaram no ministério de anjos. Muitas experiências do povo de Deus indicam que os anjos o têm auxiliado. Muitas pessoas poderão não ter sabido que estavam sendo ajudadas, porém a visita era real. E, no sentido geral, conforme expressa o significado do pensamento que Deus ordenou aos anjos que auxiliassem o Seu povo a todos os que foram redimidos pelo poder do sangue de Cristo.

ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO 17 6. O mundo tenebroso envolvendo o mal. Refere-se ao universo composto das hostes espirituais da maldade, que se opõe tanto a Deus como a sua obra. a) O diabo O grande inimigo de Deus e dos homens é chamado por vários nomes e cada um deles indica uma espécie de maldade que pode causar prejuízo no plano da redenção. Contudo, o nome mais comum a esse inimigo de todo o bem é diabo. O substantivo diabollos [formado de dia, através de, e ballões, jogar ] significa jogar por cima ou através de. O que sugere dividir, semear contenda, acusar, fazer acusação, caluniar, infamar, rejeitar, descrever. Estes nomes e apelativos descrevem toda sua natureza, caráter e personalidade. b) Os anjos do mau Não satisfeito com sua maneira pessoal de atacar os filhos de Deus, o Diabo faz, dentro de seu campo de ação, uso de agentes do mal, tais como os anjos das trevas e os demônios. Os anjos decaídos dividem-se em dois grupos distintos: 1º. O primeiro grupo é composto daqueles que aderiram a Satanás quando se rebelou contra Deus (Is 14.12 e s; Ez 28.2 e s); esses anjos estão sob a esfera de seu domínio e, consequentemente, não estão aprisionados (Ef 2.2; 6.12; Ap 12.7). Muitos e importantes textos paulinos falam dessas organizações do mundo angelical, usando as palavras autoridades, potestades, tronos, principados no sentido invisível, específico de entes invisíveis. São tão numerosos que tornam o poder de Satanás muito extenso. Paulo diz, em Colossenses 2. 15, que nosso Senhor triunfou sobre estas hostes por meio de sua morte e ressurreição. E depois acrescenta: E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo. Quando se faz necessário para distinção do significado do pensamento, a Bíblia distingue os anjos maus dos anjos bons da seguinte forma: potestades do ar (anjos maus) e potestades nos céus (anjos bons). Isto é muito importante! não é? (Ef 2.2; 3.10). Os tais anjos maus são agentes maléficos e anjos guerreiros da ordem dos principados.

18 ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO 2º. O segundo grupo prende-se aqueles anjos mais ferozes. Esses seres não pecaram por serem induzidos ou tentados, mas voluntariamente. Observemos o que as Escrituras dizem sobre isso: E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até o juízo daquele grande dia (Jd v.6). Os autores sagrados dizem que algumas ordens angelicais caíram. Eles abandonaram o seu estado original. O lugar de honra, de bem-estar e do domínio que eles possuíam nos lugares celestiais, nas esferas espirituais da existência. c) Os demônios e tudo que envolve o mistério do mal No estudo da Angelologia, portanto, não só as Escrituras focalizam os anjos do bem que, segundo se diz, se movimentam neste vasto reino de luz, mas elas também, de igual modo, nos informam sobre o vasto reino de seres tenebrosos, isto é, o mundo dos espíritos malignos, que se opõem tanto a Deus como à sua obra. Do princípio ao fim, as Escrituras comprovam a realidade do mundo dos espíritos, que tanto podem ser maus como bons. Os espíritos malignos têm influência sobre os homens, e procuram ocupar os seus corpos (cf. Mt 12. 43-45; Mc 5. 8). No que diz respeito à sua natureza são imundos (o que significa que tornam o indivíduo incapaz de entrar em contato com Deus, com o culto ao Senhor e com a adoração). Algumas vezes obstinados; com freqüência são maldosos e violentos, e também perniciosos. O vocábulo grego que traduz seu nome, daimõn, sempre se refere a seres espirituais hostis a Deus e aos homens. Sua inspiração sempre se limita a atos vis. As passagens de Mateus 8. 28-34; Marcos 5. 2-13; Lucas 8. 26-33, ilustram o significado do pensamento. Ali, os demônios usaram a voz do homem e o homem, tão identificado com a poderosa presença interior que lhe enchia o ser, falou por si mesmo diante da autoridade suprema do Filho de Deus e pelos demônios que o dominavam, incapaz de distinguir entre a sua própria personalidade e influência dos demônios.

ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO 19 III. TEMAS ASSOCIADOS A ESCATOLOGIA 1. A morte....até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó, e em pó te tornarás (Gn 3. 19). A morte vem de repente ou é esperada há muito tempo. Quando se trata de uma pessoa jovem ou de uma criança, nunca é fácil de aceitar. A pessoa idosa, geralmente, aceita melhor a morte que se aproxima do que seus familiares. Mas, no geral, ninguém aceita a morte porque quando o homem foi criado, não foi criado para morrer. A morte tomou lugar na vida do homem, por causa de seu pecado. Por um homem (Adão), entrou o pecado no mundo e, pelo pecado, a morte, assim, também, a morte passou a todos os homens... (Rm 5.12). a) Seu estado intermediário (entre a morte e ressurreição) A morte é a cessação temporária da vida corporal e a separação entre a alma e o corpo. Uma vez que o santo morre, embora o seu corpo físico permaneça na sepultura, no momento da morte, sua parte espiritual (imortal: alma e espírito) fundem-se no homem interior, como quando o fôlego da vida veio de Deus e volta para Deus. Neste voltar para Deus, existem dois caminhos a ser seguidos: O caminho largo que conduz à perdição (Mt 7.13). E o caminho apertado que leva à vida eterna (Mt 7.14). 1º. O caminho largo. Por ele serão conduzidos os homens que viveram sem Deus, isto é, não procuraram viver com Cristo aqui nesta vida. Eles irão, segundo as Escrituras, para um lugar de tormento, fora da presença de Deus. Ali, eles permanecerão até a ressurreição final, quando ressuscitarão para vergonha e desprezo eterno e, depois, serão lançados no lago de fogo, o que é a segunda morte. Assim, qualquer recompensa final, seja bem ou seja mal, serão recebidas por meio do corpo (cf. 2 Co 5.10). 2º. O caminho estreito. Este é o caminho que conduz os homens à vida eterna. Através dele, os homens voltarão para Deus, em um estado de glória e, ali, no céu, esperarão, pela

20 ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO adoção, a saber, a redenção de seus corpos. Com efeito, porém, esta volta para Deus não significa aquilo que Pitágoras e Plotino ensinavam, dizendo que a alma é uma pequena partícula do Uno (ou Deus) e que, após a morte, esta pequena centelha voltava novamente para Deus e, ali, podia se unir a Deus, porém sem individualidade. Alguns panteístas também ensinavam isso. De acordo com as Escrituras, a alma volta para Deus em seu estado de individualidade e consciente de si mesma. Paulo tinha certeza disso e exortava aos santos, dizendo: Pelo que estamos sempre de bom ânimo, sabendo que, enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor ( ) mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor (2 Co 5.6,8). Falando aos filipenses, o apóstolo confirma a certeza de estar com Cristo e diz que isto é muito melhor do que esta vida terrena. Ele diz: Mas, de ambos os lados, estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor (Fp 1.23). b) O estado intermediário não é o Purgatório Em outra seção deste livro, falamos sobre o Purgatório, dizendo que ele não é o Tribunal de Cristo, mas, simplesmente, uma ideia que veio do mundo católico, com a finalidade de pôr temor naqueles que pecavam voluntariamente. O estado intermediário (para o cristão) é na presença de Cristo. O Novo Testamento usa várias expressões para descrever o lugar que o salvo irá e nele aguardará a ressurreição por ocasião do arrebatamento da Igreja. 1º. Seio de Abraão. No episódio entre o rico e Lázaro, o lugar onde Lázaro se encontrava é chamado de seio de Abraão. E no Hades, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio (Lc 16.23). As almas daqueles santos que foram mortos na Terra encontramse agora, na eternidade, debaixo do altar (Ap 6.9). A multidão que João viu, na glória celestial,...estavam diante do trono, e perante o Cordeiro (Ap 7. 9). Todos estes lugares, que aqui estão foco, apontam para uma única direção: a imediata presença de Deus, ao lado de Cristo.

O NÚMERO MISTERIOSO DA BESTA - 666 21 2º. Antes de Jesus morrer. Anteriormente, antes da vinda de Jesus, para morrer na cruz, este lugar podia ser chamado de as partes baixas da terra e, depois de sua morte, de o alto, que também se tornou sinônimo do céu (cf. Ef 4. 8-9). c) A mudança do Paraíso (Sl 68. 18; Ef 4. 8-10). Depois da sua morte redentora, Jesus Cristo, o Messias, desceu à mansão dos mortos, ou seja, ao Limbo dos Patriarcas para conceder às almas que o habitam, mortas antes de Jesus morrer na cruz, os benefícios do seu sacrifício expiatório; estas almas foram, então, alcançadas pelo sangue do Cordeiro (Rm 3.25), podendo assim serem salvas. De seguida, Jesus transportou todas estas almas santas para o Céu, desfazendo assim o Limbo dos Patriarcas. Os anjos da queda ao Juízo Final Quando os anjos pecaram contra Deus no passado, alguns deles foram aprisionados nas cadeias da escuridão e em prisões eternas. Ali, eles permanecerão até o dia do Juízo Final (2 Pe 2. 4; Jd v. 6). A diferença entre anjos e homens, é que, o estado intermediário dos homens terminará com a ressurreição o dos anjos com seu julgamento.

22 ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO d) O estado intermediário não é o Limbo Se distinguiam dois: o dos Patriarcas e o das crianças. 1º. O Limbo de Abraão. Em latim, Limbus, quer dizer: orla, margem. O Limbo dos Patriarcas (ou, em latim, limbus patrum ), que é dogma da Igreja Católica, é um lugar provisório para onde iam os justos do Antigo Testamento que creram no Messias, tendo feito a contrição de seus pecados, mas ainda possuindo a marca do pecado original, porque a missão salvífica de Jesus ainda não foi realizada na Terra. Neste limbo, chamado também de Sheol (ou Hades ou o Seio de Abraão), os justos que o habitam aguardavam [...] o momento de serem levados à presença de Deus, pela redenção completa operada pelo Cristo através da sua morte na cruz. 2º. O Limbo infantil. O Limbo infantil (ou, em latim, limbus puerorum ). O Limbo infantil ensina que as crianças que morrem sem o batismo, vivem eternamente neste lugar ou estado, sem penas pessoais, mas privadas da visão beatífica de Deus. Recentemente o Vaticano baixou um decreto acabando com o Limbo infantil. e) Ele não é a reencarnação A ideia da transmigração da alma A crença egípcia e que, depois, passou para os gregos, da transmigração da alma, era um tanto absurda e é o que podia ser chamado, hoje, de espiritismo disfarçado. Por exemplo, se diz que a alma de Caim passou a Jetro; seu espírito para Coré e o corpo para um egípcio. A alma de Eva passou para Sara, a Ana e a Sunamita, e depois para a viúva de Sarepta. A alma de Raabe passou a Heber, a quenita. A alma de Jael passou a Eli. Algumas almas de judeus piedosos passaram para as pessoas dos gentios, de modo que possam pleitear em favor de Israel. Algumas almas dos hebreus maldosos passaram para animais, como a de Israel, que passou para a jumenta de Balaão e, posteriormente, para o asno do rabino Pinchas Bem Yair. A alma de um caluniador pode transmigrar para uma pedra, para que se cale; e a alma de um assassino para a água. Segundo essa crença, hoje, os israelitas que matam árabes impunemente voltarão como

ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO 23 árabes para pagar esses crimes. Pitágoras ensinou que, através de ritos de purificação, entre eles, a filosofia e rígidas regras morais ascéticas, e ainda, pensamentos, sentimentos, palavras e atos puros, tentava-se capacitar a alma a libertarse das sucessivas Rodas de Reencarnações e mortes e, quando a alma estivesse plenamente purificada, então seria digna de voltar à Pátria Celeste e se unir ao Uno.¹ f) Os homens da morte até a ressurreição Este estado intermediário abrange os salvos e os pecadores. A morte é a cessação temporária da vida corporal e a separação entre a alma e o corpo. Uma vez que o santo morre, embora o seu corpo físico permaneça na sepultura, no momento da morte, sua parte espiritual (imortal: alma e espírito) fundem-se no homem interior, como quando o fôlego da vida veio de Deus e volta para Deus. 2. A ressurreição. A ideia da ressurreição no pensamento filosófico era baseada na crença da imortalidade da alma. Platão, no seu Phaedo, defendia a ideia da imortalidade da alma no decurso de um diálogo entre Sócrates e seus amigos antes da execução daquele, por sua própria mão, ao beber veneno. Antes de bebê-lo, Sócrates pronuncia a seguinte frase: soou a hora da partida e seguiremos o nosso caminho. Eu, para a morte e vocês, para a vida. Qual o melhor? Só Deus sabe. Sócrates não teme a morte (ainda que de forma errada), por causa da imortalidade da alma, que defende vários motivos ligados com a doutrina platônica das formas, que são as realidades eternas por trás do nosso mundo físico. As ideias defendidas por Sócrates, Platão e até por Aristóteles defendem apenas uma espécie de ressurgimento para a alma no mundo da imortalidade, enquanto que negavam uma ressurreição corporal para a pessoa humana como um todo. Com efeito, porém, a ressurreição propriamente dita, de acordo com as Escrituras é do corpo e não da alma. Jesus foi o primeiro exemplar da ressurreição da imortalidade. Por meio dela, Ele...aboliu a morte, e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo evangelho (2 Tm 1.10). Jesus advertiu aos saduceus que a

24 ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO negação da ressurreição consistia na ignorância acerca de Deus, da Sua palavra e do Seu poder (Mt 22.29; 1 Co 15.12, 34 etc.). Contudo, somente com a morte e ressurreição de Cristo é que as ideias da ressurreição e da imortalidade emergiram das sombras do Antigo Testamento para a plena luz no Novo Testamento. Sua morte e ressurreição aboliu a morte, e trouxe à luz e a vida.... Há várias ordens de ressurreições, mas cada uma por sua ordem. As Escrituras destacam três gêneros de ressurreições e usa expressões genéricas para descrever a natureza da ressurreição e sete ocasiões em que isto ocorrerá. a) Ressurreição DE mortos Isto é, ressurreição natural em que a pessoa ressuscitada pode voltar a morrer novamente (1 Rs 17.21-22; 2 Rs 4.34-35; 13.43-44; Lc 7.11-17; 8.54-55; Jo 11.43-44; At 9.40-41; 20. 40-41). Alguns comentaristas opinam que Jonas morreu no ventre do peixe e foi levantado por Deus da morte. Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra (Mt 12.40). b) Ressurreição DENTRE os mortos Este gênero de ressurreição se enquadra dentro do contexto da primeira ressurreição. Esta ressurreição compreende a ressurreição do corpo para a imortalidade. Ela é chamada de ressurreição da vida. Pertencendo a esta modalidade, Jesus foi contado como sendo o primeiro da ressurreição dos mortos (At 26.23). Aqueles que ressuscitaram pouco depois de Sua ressurreição (Mt 26.52-52); os que são de Cristo na Sua vinda (1 Co 15.23-24); as duas testemunhas escatológicas (Ap 11.11-12); os mártires da grande tribulação (Ap 20.4) e os fiéis que morreram durante o Milênio e ressuscitarão no final do Milênio (Ap 20.5). Este gênero de ressurreição é também chamado de: ressurreição da vida (Jo 5. 29); e de primeira ressurreição (Ap 20. 6). c) Ressurreição DOS mortos Conforme já ficou demonstrado no parágrafo anterior que fala da primeira ressurreição, aqui, agora, a que está em foco, se enquadra dentro do contexto da segunda ressurreição. Esta

ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO 25 ressurreição é chamada de vergonha e desprezo eterno (Dn 12. 2); de ressurreição da condenação (Jo 5. 29) e ainda de Segunda morte (Ap 20. 6). Nesta ordem, estão todos aqueles que morreram em seus delitos e pecados. Comparecerão diante do trono branco e, depois, serão lançados no lago de fogo e enxofre, o que é a segunda morte. Em Isaías, fala-se daqueles que oprimiram e escravizaram a Israel, que, se vierem a falecer, não ressuscitarão. Morrendo eles, não tornarão a viver. Falecendo, não ressuscitarão; por isso os visitaste e destruíste e apagaste toda a sua memória (Is 26.14). Logo a seguir, são usadas outras frases em alusão àqueles que hão de ressuscitar para a vida eterna (v.19). Ele diz: Os mortos que viverão, os teus mortos ressuscitarão.... Não temos certeza absoluta se esta expressão que aqui está em foco foi empregada em sentido real ou se em sentido figurado. Se ela foi empregada em sentido literal, temos aqui, então, uma espécie de aniquilamento total, pensamento esse que não encontra tanto apoio nos outros textos das Escrituras. Parece-nos ficar subentendido que estes mortos não ressuscitarão para a vida eterna com Deus. Jesus falou sobre isso, dizendo: Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem, sairão para a ressurreição da vida e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação (Jo 5.28-29). Seja como for, seguro mesmo é ressuscitar com Cristo, pois, se ressuscitamos com Ele, também com Ele viveremos. d) As sete ocasiões Estas sete ocasiões de ressurreições que aqui estão em foco dizem respeito às ressurreições que se processarão com vista ao mundo espiritual. Não nos referimos aqui àquelas que foram realizadas no Antigo e no Novo Testamentos, envolvendo pessoas que voltaram a viver e morreram novamente. São elas: 1ª. A de Cristo (Mc 16.9; 1 Co 15.20). 2ª. A dos santos de Mateus (27.52-53). 3ª. Daqueles que morreram durante a época da graça por ocasião do arrebatamento (1 Ts 4.16).

26 ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO 4ª. Das duas testemunhas em plena Tribulação (Ap 11.11). 5ª. A dos mártires da Grande Tribulação no início do Milênio (Ap 20.4). 6ª. Daqueles que morreram durante o Milênio no fim do Milênio (Ap 20. 5). 7ª. Diante do trono branco (Dn 12.2; Jo 5.29; Ap 20.13). 3. O inferno. Muitos em nossos dias, usando suas vãs filosofias têm e, para suavizar uma punição de seus pecados, vêm procurando, a todo custo, negar a existência do inferno. Contudo, do ponto de vista divino de observação, o inferno existe como existe o céu e outras realidades da existência. Negar que o inferno existe é negar, por extensão, as verdades divinas e os princípios básicos da existência de Deus. As Escrituras, porém, vão mais além e revelam ser o Sheol não apenas um lugar, mas, sobretudo, um lugar de pena (2 Sm 22.6; Sl 18.5; 116.3), onde os iníquos são lançados (Sl 9.17) e onde estão conscientes. Alguns, procurando negar esta realidade no que diz respeito ao inferno, têm opinado que Sheol pode ser traduzido por Queber (no hebraico), isto é, sepultura. Mas devemos ter em mente que não é a mesma coisa. Sheol vem sempre citado no singular, ao passo que Queber vem sempre no plural e pode, portanto, ser traduzido de fato por sepultura, cova e túmulo. Assim Queber se refere ao lugar do sepultamento do corpo, enquanto que Sheol, em seu sentido primitivo, indica o lugar de prisão da alma que partiu desta vida para o além sem a proteção divina. Em sentido geral, posteriormente, os gregos traduziram Sheol para Hades, palavra esta que se deriva de idein que significa ver, com o prefixo do negativo a=, e, assim, significa o invisível. Seu sentido primitivo, segundo os professores semíticos, leva o sentido de o além, ou o reino dos mortos. Com efeito, porém, ainda que o inferno, em sentido primitivo, apresente este significado de o invisível, é, contudo, descrito na Bíblia como sendo um lugar. Também os escritores de ambos os Testamentos escreveram sobre o inferno mesmo usando palavras diferentes mas todas elas, sem exceção,

ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO 27 apontam para a existência de um lugar real, literal e objetivo. Este lugar é descrito como sendo um grande abismo. O Senhor Jesus falou e advertiu aos homens sobre a existência do abismo. Ele disse:...ali haverá pranto e ranger de dentes. Este lugar é uma plylahê, prisão tenebrosa (1 Pe 3.19). Como uma cidade, tem portões e ferrolhos (Mt 16.18; Ap 1.18). Assim como na terra e no mar, existe também no mundo invisível a região abissal. Este Abyssos é realmente um adjetivo, com significado de sem fundo = insondável. Empregado isoladamente, com o substantivo gê ( terra ) subentendido, significa lugar sem fundo, e, portanto, um Abismo. No grego da Septuaginta (LXX), a palavra representava as profundezas primevas, oceano primevo, ou o reino dos mortos, ou, ainda, o mundo inferior, que significa também uma região tenebrosa, triste e inativa. Ocorre 25 vezes na LXX, mormente para traduzir o hebraico tehôm, isto é, o oceano primevo (Gn 1.2), águas profundas (Sl 42.7), o reino dos mortos (Sl 71.20). O judaísmo e até escritores helenistas conservaram o significado de dilúvio primevo para tehôm. Esta palavra, no entanto, também representa o interior da terra. Em o Novo Testamento, esta expressão é equivalente a Hades, Sheol e outros termos que são traduzidos dentro do mesmo conceito. Nas Escrituras, são usadas algumas palavras para descrever com elas este lugar de sofrimento, dentre outras, estas são as que mais frequentemente são usadas: Inferno, Sheol, Geena, Abismo, Queber, Abadom, Apoliom, Tártaro, Poço do Abismo, Hades, Lago de fogo etc. Nas páginas do Novo Testamento, também, são usadas várias expressões para representar o significado do pensamento. a) O termo inferno Apresenta-se com vários sinônimos nas Escrituras. Por exemplo: 1º. Fogo eterno (Mt 25.41). 2º. Trevas exteriores (Mt 8.12). 3º. Tormento (Ap 14.10-11). 4º. Castigo eterno (Mt 25.46).

28 ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO 5º. Ira de Deus (Rm 2.5). 6º. Segunda morte (Ap 21.8). 7º. Eterna destruição (2 Ts 1.9). 8º. Eterno juízo (Mc 3.29). 9º. As cadeias da escuridão (2 Pe 2.4). 10º. Prisões eternas (Jd v. 6). 11º. Lago de fogo (Ap 20. 14 etc). b) Jesus o descreveu como sendo um lugar A história que marca o episódio entre o rico e Lázaro, narrado por Jesus, em Lucas 16, descreve o Hades como sendo um lugar. Se isso não fosse assim, jamais Jesus o teria descrito desta maneira (cf. Lc 16.28). Alguns podem até alegar que isto é uma parábola portanto uma alegoria, mas devemos ter em mente que o texto em si não diz ser esta história uma parábola apenas. Nela, Jesus começa dizendo: Ora, havia um homem rico.., depois acrescenta: Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro... (vv.19-20). Quando se trata de uma parábola, não aparece durante a alegoria, os nomes dos personagens. Contudo, nesta história contada por Jesus, pelo menos três são citados tanto no texto como no contexto: Lázaro, Abraão e Moisés (vv. 20, 23, 29). Tal acontecimento deve ser aceito como tendo sido um fato real. Jesus sabia onde os dois moravam. Eles viveram depois de Abraão, de Moisés e de muitos profetas que escreveram alguns livros da Bíblia. A cidade que o fidalgo morava ficava dentro dos termos de Israel. O Senhor só não informou o nome da cidade para evitar especulações supersticiosas e adorações falsas. Concluímos o assunto que aqui está em foco, dizendo: o inferno existe! Ele não é simplesmente o hades mitológico dos gregos, cujo irmão chamado Zeus, o mandou aprisioná-lo debaixo da terra, para sua prisão e castigo. Mas, sobretudo, um lugar de sofrimento e dor, onde todo aquele que viveu e morreu sem ter aceitado o plano da redenção oferecido por Deus e efetuado por Jesus, passará toda a sua existência, numa região triste e

ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO 29 inativa. 4. O Paraíso. GAN ÉDEN, em hebraico significa Jardim do Éden, usado como sinônimo do Paraíso. Alguns escritos em torno do Talmude descrevem o GAN ÉDEN, com detalhes que, dir-se-ia, de testemunhos oculares, como tendo cinco câmaras separadas (embora outros depoimentos afirmam que eram sete). De acordo com estas testemunhas, estas câmaras eram reservadas às várias categorias de homens virtuosos. Eles recebiam suas recompensas celestiais segundo a sua ordem hierárquica de mérito. De acordo com este conceito, a terceira câmara do GAN ÉDEN é supostamente reservada para os grandes eruditos da Torah e, segundo a tradição, todas as questões intrincadas da Torah, com as quais eles se sentiram perplexos em seus estudos no decorrer de suas vidas, serão, finalmente, respondidas, pois que no Gan Éden, o Divino, revelará a eles os mistérios da Torah no mundo-do-além. A Quinta câmara é descrita como sendo gloriosamente luminosa, colorida e ingênua: feita de pedras preciosas, de ouro e prata, e com a fragrância de perfumes de plantas. Na frente dessa câmara corre o rio Guihon, em cujas margens, crescem arbustos que exalam aromas embriagadores. Na câmara há divãs de ouro, e de prata com finas cobertas sobre eles para que os virtuosos descansem. No meio, há um baldaquino feito de cedro do Líbano e construído à maneira de um Tabernáculo, com colunas e ornamentos de prata. A tradição ainda fala que, quando o homem virtuoso é admitido no Gan Éden, sessenta miríades de anjos, que fazem a guarda do Paraíso, o despem, primeiramente, de sua tachrichim (mortalha). Depois vestem-no com oito mantos feitos das nuvens da glória e colocam uma coroa em sua cabeça como se ele fosse um rei. Uma coroa é feita de pérolas e a outra de pedras preciosas; outra ainda é de ouro, em suas mãos colocam oito ramos de murta e, encaminhando-o suavemente para dentro dos recintos da Vida Eterna, dizem-lhe: Vá e coma sua comida com alegria!. No Paraíso terrestre, a árvore da vida estava plantada no meio do Paraíso (Gn 2.9). No Paraíso celestial, ela também aparece no meio (Ap 2.7). A diferença agora é

30 ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO que foi abolida a proibição e, ali, o homem, quer dizer o homem santo, terá o direito de comer da árvore da vida, tantas vezes queira. a) Hoje estará comigo no paraíso Jesus garantiu dizendo para o ladrão arrependido que morria ao seu lado: em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso (Lc 23.43). Todos estes santos que morrerem em Cristo, estão, agora, ao Seu lado, no repouso eterno, esperando por Seu retorno à terra, a fim de que sejam novamente recolocados em seus corpos e ressuscitem em um corpo de glória. Paulo diz que...aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com Ele (1Ts 4.14). Há um antigo provérbio judaico que diz: Quando a alma sai do corpo, aquele que é deixado (isto é, o corpo, que era a habitação dessa alma) será edificado de novo, e será a luz do sol e como o resplendor do firmamento (Midrash hannealam apud Zohar). b) Os santos da dispensação da graça Todos aqueles que viveram no primeiro século de nossa Era, tinham um ardente desejo de partirem deste mundo, para ocuparem seus lugares, nos céus, na presença de Deus. Eis alguns exemplos: 1º....Nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo (Rm 8.23b). 2º. E por isso também gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é o céu (2 Co 5. 2). 3º. Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso... (Fp 3. 20-21a). 5. O Juízo Final. Dentre os julgamentos que fazem parte da História humana e sagrada, dois são retratados como sendo os mais especiais: o Julgamento de Cristo e o Juízo Final. a) O julgamento de Cristo O julgamento de Cristo teve sete fases importantes, ou, como podíamos dizer, em outras palavras, houve sete julgamentos em relação a Cristo: três

ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO 31 eclesiásticos, três civis e um divino. Sendo que os seis julgamentos passaram por dois tribunais: um judaico e o outro romano e o sétimo, pelo tribunal divino. Julgamentos eclesiásticos: 1º. Diante de Anás, o sogro de Caifás 2º. Diante de Caifás 3º. Diante do Sinédrio Julgamentos civis: 1º. Diante de Pilatos 2º. Diante de Herodes 3º. Diante de Pilatos novamente Julgamento divino: Diante do tribunal divino. b) O Juízo do Grande Trono Branco Este será o Juízo do grande trono branco. Será um juízo somente dos mortos. Perante ele, João viu os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e se abriram os livros, e se abriu outro livro, que é o da vida, e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras (Ap 20.12). O Juízo Final dar-se-á logo depois do Milênio, quando todos os poderes que atuam contra Deus e contra Seu Ungido tiverem sido aniquilados restando ali, portanto, apenas o último inimigo a ser aniquilado que é a morte (1 Co 15.26). Ela será aniquilada juntamente com o inferno diante do grande trono branco, na cena que envolve o Juízo Final (Ap 20.14). O leitor deve observar como as Escrituras são proféticas e se combinam entre si em cada detalhe. Paulo, escrevendo aos coríntios, disse: Ora o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte (1 Co 15.26). Observando a sequência dos acontecimentos no que diz respeito à sucessão de fracassos por parte dos inimigos de Cristo, vemos como, de fato, a morte como inimigo personificado ficou por último nessa trajetória de prisão e banimento.

32 ESCATOLOGIA: VISÃO PANORÂMICA DO FUTURO 1º. Em Apocalipse 19.20:...a besta foi presa, e com ela, o falso profeta. 2º. Em Apocalipse 20.1-2, no início do Milênio, o diabo foi preso e depois, no final do Milênio, ele é banido para sempre no lago de fogo (Ap 20.10). 3º. Em Apocalipse 20.14, chegou também a vez da morte. Ela e o inferno são também lançados no lago de fogo. Sendo ali, portanto, consolidada a sua eterna destruição. Ela, a morte, será o último inimigo que será aniquilado (1 Co 15. 26).

CAPÍTULO 2 CRONOLOGIA DO FUTURO I. ESCATOLOGIA GERAL 1. Cronologia da escatologia interna. Ela envolve desde o nascimento de Cristo até as Bodas do Cordeiro. a) O nascimento de Cristo (Gl 4.4) b) A fundação da Igreja (Mt 16.18; Ef 2.20) c) A existência da Igreja (1 Tm 3.15) d) O arrebatamento (1 Co 15.51-52; 1 Ts 4.13-18) e) O tribunal de Cristo (2 Co 5.5) f) A entrada da Igreja no céu (Ap 3.21) g) As bodas do Cordeiro (Ap 19.7) h) A ceia das bodas (Ap 19.9) 2. Cronologia da escatologia externa. A escatologia externa envolve desde a Grande Tribulação ao Estado Eterno. a) A Grande Tribulação (Ap 3.10) b) O aparecimento do anticristo e do falso profeta (2 Ts 2.3-4, 8; Ap 13) c) O fim dos sete anos da Grande Tribulação (Mt 24.29-30) d) O retorno de Cristo para o Armagedom (Mt 24. 30; Ap 1. 7; 19. 11-21)

34 CRONOLOGIA DO FUTURO e) A batalha do Armagedom (Is 63. 1-6; Ap 19.17-19) f) A prisão da besta e do falso profeta (Ap 19.20) g) O juízo das nações vivas no Vale de Josafá (Jl 3.12-14; Mt 25.31-46) h) Seleção para entrar no Milênio (Mt 25.32-34, 46) i) Início do Milênio (Ap 20.1-2) j) A prisão de Satanás (Ap 20.1-2) k) Satanás será solto (Ap 20.7) l) A revolta de Gogue e Magogue (Ap 20.8-9) m) Satanás será lançado no lago de fogo e enxofre (Ap 20.10) n) O aniquilamento da morte e do inferno (1 Co 15.26; Ap 20.14) o) O juízo final (Ap 20.11-15) p) A expurgação dos céus e da terra (2 Pe 3. 7-10; Ap 21. 1) q) O Estado Eterno (Ap 21 e 22) Evidentemente que outros acontecimentos e detalhes de menores magnitudes encontram-se intercalados entre uma e outra seção dos acontecimentos que aqui estão em foco. Contudo, eles são mais tópicos do que cronológicos, razão por que eles não são descritos no texto imediato, e, sim, no contexto consequente. II. ESCATOLOGIA INTERNA 1. O arrebatamento da Igreja. Chamamos de escatologia interna os acontecimentos que terão lugar desde o arrebatamento até a Ceia das bodas do Cordeiro. Com efeito, porém, antes de darmos prosseguimento aos acontecimentos tópicos e cronológicos que marcam o futuro da Igreja e do povo gentílico, mencionaremos aqui alguns detalhes importantes que marcam a vida da Igreja desde o seu princípio