COMPOSTAGEM: DESTINO CORRETO PARA ANIMAIS MORTOS E RESTOS DE PARIÇÃO



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Transcrição:

COMPOSTAGEM: DESTINO CORRETO PARA ANIMAIS MORTOS E RESTOS DE PARIÇÃO Doralice Pedroso-de-Paiva Med. Vet. Ph.D. Embrapa Suínos e Aves Concórdia,SC INTRODUÇÃO Os produtores rurais, hoje, precisam conciliar a produtividade à preservação ambiental, embora sempre tenham enfrentado inúmeras dificuldades para se manter na atividade. O aumento da consciência ambiental e também da vigilância dos órgãos ambientais, com exigência de licenciamento para as novas e as antigas unidades produtivas, têm contribuído para busca de alternativas para alguns problemas da agropecuária. O destino ambientalmente correto dos resíduos produzidos nessa atividade é um deles e vem exigindo do produtor, investimentos, além de atenção. As carcaças de animais mortos e os resíduos de parição demandavam do produtor rural um esforço extra para eliminá-los. Uma alternativa, que vem sendo lentamente adotada, é a compostagem. Porém, a primeira dificuldade na aceitação dessa tecnologia está, justamente, no preconceito da população de que carcaças desprendem mau cheiro e atraem moscas. As carcaças dos animais mortos antes eram eliminados em fossas, queimadas ou enterradas, exigindo do produtor um trabalho pesado, quando não eram simplesmente abandonadas em valas ou mato adentro. Nesse caso, realmente, não só com produção de mau cheiro mas com atração e até criação de grande quantidade de moscas varejeiras. O uso de fossas, assim como o costume de enterrar as carcaças, além do custo tem como objeção, também, a possibilidade da contaminação do lençol freático. A incineração apresenta ao lado do custo econômico, ainda, alto custo ambiental pela mineralização da matéria orgânica (transformação em cinzas) com emissão de gases nocivos, principalmente quando se utiliza o óleo diesel como combustível. A compostagem é um método econômico e ambientalmente correto de destino dos animais mortos por permitir a reciclagem desses resíduos orgânicos, exigindo menor uso de mão de obra, quando comparado a alguns dos outros métodos, embora necessite de critérios rígidos para sua execução, mas é uma alternativa viável para o criador. Conduzida corretamente, a compostagem não causa poluição do ar ou das águas, permite manejo para evitar a formação de odores, destrói agentes causadores de doença, fornece como produto final um composto orgânico que pode ser utilizado no solo, portanto recicla nutrientes e apresenta custos competitivos com qualquer outro sistema de destinação de carcaças, que busquem resultados e eficiência. A COMPOSTEIRA A composteira pode ser construída com madeiras brutas (troncos) ou beneficiada, com menor tempo de vida útil, ou alvenaria de tijolos ou blocos de cimento pré-fabricados. 28

Uma recomendação fundamental está na impermeabilização do solo ou na construção de estrutura acima dele, evitando a contaminação dos lençóis d água. A construção de uma estrutura com câmaras de 2x2m de área (máximo para manejo manual), com paredes elevadas até 1,60m de altura e telhado de abas largas a 2 ou 2,5m de altura, facilita o manejo dos resíduos no seu interior (Figura 2). A parte superior deve ser aberta, protegida ou não por tela de aviário, permitindo total ventilação. Essa estrutura simples deve garantir que a pilha feita com as carcaças e o material aerador possa ser formada com facilidade, ficando protegia da chuva e da ação de animais (carnívoros e roedores). A composteira é destinada ao uso na mortalidade normal que ocorre em uma criação. Não serve para mortalidade catastrófica, resultante de calor excessivo, problemas com instalações, perdas por doenças, etc. Nesse caso, deve-se montar uma estrutura em separado, emergencial, seguindo todos os passos recomendados, em local próximo à estrutura definitiva. O MATERIAL AERADOR E FONTE DE CARBONO Como material aerador e fonte de carbono pode-se usar cama de aviário, maravalha, serragem de grânulos grossos, palhadas de feijão e outras culturas, casca de arroz, casca de amendoim, etc.. O pó de serra não deve ser usado sozinho por não permitir aeração, embora seja uma boa fonte de carbono, devendo-se misturá-lo a outro resíduo aerador. Quando se usa cama de aviário, tem-se a vantagem da ação de ácaros, cascudinhos e outros organismos existentes nesse material, que também atuam como decompositores. No caso de uso de material aerador novo (cascas, palhadas) é necessário proteger a estrutura dos animais carnívoros pois eles podem ser atraídos pelo cheiro das carcaças. Caso seja usada cama de aviário esse inconveniente não ocorre. A ÁGUA A água é adicionada em quantidade suficiente para manter o material úmido, pois a mistura nunca deve ficar saturada de água. As quantidades de água recomendadas devem equivaler, em litros, no mínimo, à metade do peso das carcaças, ou mais, dependendo da umidade relativa do ar de cada região. Sempre deve-se proteger as pilhas de compostagem da entrada de água da chuva que poderiam ser em excesso. O PROCESSO DE COMPOSTAGEM O processo de compostagem, não é automático, pois trata-se de um processo biológico, que é afetado por fatores que podem influenciar a sua atividade microbiológica, por isso esses fatores devem ser controlados e torna-se necessário dar e manter as condições do meio para que essa atividade ocorra bem. Nesse processo ocorre a fermentação das carcaças constituídas de musculatura (proteína) e ossos (ricos em cálcio) que serão mantidos úmidos e aerados, por digestão pelas bactérias e fungos. 29

Observa-se na compostagem a elevação da temperatura após 2 a 3 dias do início do processo, o que permite a destruição de agentes patogênicos. Essa temperatura se mantém acima de 55ºC por 4 a 5 dias destruindo a maioria dos patógenos. Testes realizados mostraram a destruição de bactérias como a que causa a erisipela (Erysipela rhusiopathiae) e as causadoras de diarréias (como a Salmonella sp.), além de vírus como o da doença de Aujeszky, Gumboro e New Castle. TEMPO DE FERMENTAÇÃO O tempo de fermentação vai depender do tipo de carcaça alojada. Para carcaças de frangos de corte pode-se usar dois períodos de 10 dias, a partir da última carcaça alojada. Para poedeiras e matrizes, dois períodos de 15 a 30 dias. Para carcaças de suínos e bovinos, um período de 120 dias após o fechamento da composteira. Na compostagem de carcaças não se pode movimentar a pilha que está sendo processada, pois isto exporia as carcaças parcialmente compostadas, gerando desequilíbrio desse pequeno ambiente alterando a temperatura, apressando a evaporação, podendo ocorrer maus odores e atração de animais. A única modificação feita é quando se agregam novas carcaças. A pilha fica sem movimento pelo tempo recomendado para cada espécie, até que os ossos menores e mais flexíveis sejam decompostos e a temperatura comece a cair. O manejo da compostagem requer pouco tempo por dia, mas é necessário seguir criteriosamente os passos da operação, pois o seu manejo errado poderá realmente resultar na produção de odores desagradáveis e na atração de moscas. Sendo um processo biológico, podem ocorrer problemas na condução da compostagem. Os mais comuns são identificados a seguir: Adulto 20 a 35 dias O vo 4 dias Pupa 5 dias Larvas 21 dias 30

Guia para identificação de problemas na compostagem de carcaças PROBLEMAS 1. Problemas c/ temperatura SINTOMAS CAUSA PROVÁVEL SUGESTÕES 1.1. Dificuldade de - Pilha muito seca - Abra a pilha e adicione mais água na camada atingir a das carcaças temperatura ideal - Pilha muito úmida - Abra a pilha, remova as zonas empapadas de líquidos substituindo por maravalha seca - Relação C/N imprópria - Avalie se a Quantidade de maravalha está correta e adicione mais onde faltar 1.2. Dificuldade de manter a temperatura ideal - Maravalha usada é muito grossa - Secagem prematura das camadas - Condições ambientais adversas - Abra a pilha e misture maravalha mais fina - Abra a pilha e adicione água - Evite dispor carcaças congeladas, assegure cobertura adequada com maravalha. 1.3. Dificuldade de Compostar - Muita umidade - Relação C/N imprópria - Adicione e misture maravalha seca para absorver a umidade. - Uso de maravalha já compostada, ou pouca quantidade de maravalha em relação aos tamanhos das carcaças. Misture nova maravalha nas proporções recomendadas. - Fazer uma linha única de carcaças, não amontoar placentas. - Carcaças dispostas muito próximas, ou amontoadas - Carcaças próximas às paredes - Manter as carcaças afastadas pelo menos 0,30m das paredes e comportas. Recolocar as que não estiverem nesta distância. 31

PROBLEMAS 2. Problemas c/ Odores SINTOMAS CAUSA PROVÁVEL SUGESTÕES 2.1. Maus odores - Pilha muito úmida - Abra a pilha, revolva as zonas empapadas de Indicam que a líquidos acrescentando maravalha seca compostagem está anaeróbica (sem ar) - Dificuldades no fluxo de ar - Afofar as camadas da pilha e afastar as carcaças das paredes e fazer uma só linha de carcaças, não empilhar. -Excessiva compactação 2.2. Cheiro de podre - Cobertura inadequada das carcaças - Longos períodos de baixa temperatura. 2.3. Cheiro de amônia - Relação C/N imprópria e muito baixa - Abrir a pilha e descompactar as zonas endurecidas. - Cubra as carcaças com 0,30m de maravalha sempre que as carcaças sejam dispostas na pilha, Não deixe a cobertura para depois. - Adicione Nitrogênio ao sistema. Adicione 0,5 kg de Nitrato de Amônia, ou Uréia, para cada 50 kg de carcaças dispostas. Distribua o Nitrogênio na camada de maravalha a ser utilizada para cobertura.. PROBLEMAS 3. Problemas c/ Moscas SINTOMAS CAUSA PROVÁVEL SUGESTÕES 3.1. Surtos de moscas - Cobertura inadequada das - Mantenha camada de maravalha de 0,30m sobre a pilha ou nas carcaças para cobertura. áreas próximas - Baixas condições de higiene do local - Mantenha a área limpa, livre de dejetos, pedaços de carcaças e entulhos diversos. Limpe sempre o local - Dificuldade de atingir a temperatura. Siga os passos mencionados no tópico Problemas com Temperatura. - Muita geração de chorume - Abra a pilha e adicione maravalha seca. Misture com a umedecida. 32

PROBLEMAS 4. Problemas c/ Animais escavadores SINTOMAS CAUSA PROVÁVEL SUGESTÕES 4.1. Exposição das - Cobertura inadequada das - Mantenha camada de maravalha de 0,30m carcaças em processo carcaças para cobertura. de compostagem e pilhas revolvidas. - Na colocação das carcaças não deixe criar fendas nas camadas de maravalha. - Não coloque carcaças a menos de 0,30m das paredes e comportas. - Aberturas inadequadas nas comportas de carga e descarga - Verifique sempre se as comportas de tábuas de madeira estão vedando corretamente sem comprometer o fluxo de ar. PREPARANDO A COMPOSTAGEM, PASSO A PASSO O processo de compostagem é feito em camadas de cama de aviário (esterco), carcaças de animais (aves, suínos, ou outro qualquer), uma palha ou resíduo vegetal e água as proporções descritas na Tabela 1. Tabela 1 Proporção de materiais necessários no processo de compostagem por volume e por peso (a) Ingredientes Volume Pesos Palha 1 0,1 Aves 1 1 Esterco (ou cama) 2,5 à 4,0 2 à 3 Água (b) 0 à 0,33 0 à 0,5 (a) A mistura deve ser ajustada para diferentes fontes de carbono. (b) Mais ou menos água deve ser adicionada para garantir que a mistura não fique saturada. A mistura deve ser semelhante à uma esponja úmida. A quantidade adequada de água é importante para o sucesso do processo de compostagem. Os materiais devem ser adicionados, na primeira compostagem, de acordo com a seguinte escala (veja também a Figura 1): 1 Coloque 30 cm de maravalha limpa, cama de aviário ou esterco seco, no fundo da composteira. Esta camada não fará parte do composto (Não será umedecido). 2 Adicione 15 cm de cama de aviário, palhada de milho, feijão, soja, capim seco, folhas secas ou outra fonte aceitável de carbono. Além de fornecer carbono esta camada permite a aeração das carcaças. 33

3 Adicione uma camada de carcaças. Não amontoe as aves e ser for carcaça de suínos até 30 kg de peso, corte a barrigada e perfure as tripas. Sendo uma animal de mais de 30 kg, corte em pedaços menores (esquartejado). Faça uma camada de carcaça deixando um espaço de 15 cm entre uma carcaça e outra (ou entre um pedaço de carcaça e outro) e entre eles e as paredes. 4 Contorne as carcaças com cama de aviário (ou esterco seco). Durante um único dia, quando as aves estão maiores ou quando ocorre alta mortalidade, podem ser formadas várias camadas de palha, aves e esterco. Trate cada camada individualmente. 5 Adicione água para umedecer a superfície, em quantidade correspondente a 50% do peso das carcaças (para cada quilo de carcaça acrescentar meio litro de água). Se as carcaças forem cobertas com cama, é aconselhável inserir o regador dentro da pilha após umedecer a superfície para assegurar que a água penetre no material. 6 Cubra com 15 cm de cama ou esterco secos sobre a parte umedecida. 7 Quando a última camada de carcaça for adicionada à composteira, cubra a pilha com uma camada dupla de esterco seco ou cama. 10 cm de cama ou esterco p/ cobertura Cama ou Esterco Última Camada Aves 15 cm de palha Palha Cama ou Esterco Camadas Seguintes Aves Palha O esterco é sempre colocado sobre as carcaças Cama ou Esterco Aves Primeira Camada 15-20 cm de cama ou esterco para deixar as carcaças afastadas das paredes Palha Esterco ou Cama 15-20 cm Concreto Figura 1 - Recomendações para formação das camadas de aves mortas para compostagem. (Fonte: Agricultural Waste Management Field Handbook, part 651, fig. 10-38, p. 10-61). 34

MONITORANDO A TEMPERATURA No caso de compostagem de carcaças de aves, após a câmara primária ter sido completada, ou quando for completada a câmara de compostagem de outro tipo qualquer de carcaça, a temperatura deve ser monitorada diariamente. Um termômetro com escala até 100ºC pode ser usado para esse fim. As temperaturas variam de 60 à 71ºC em 10 dias após o fechamento da pilha. Em alguns casos a temperatura pode exceder a 76ºC. Se a temperatura não atingir 60ºC tente: 1 usar menos água 2 usar mais fonte de carbono (palhada) 3 mudar a fonte de carbono (não use grama ou outro material que impeça a aeração da pilha) A temperatura deve subir até 60ºC para matar as larvas de moscas e a maioria das bactérias patogênicas e vírus. PREPARANDO O TRATAMENTO SECUNDÁRIO PARA COMPOSTAGEM DE CARCAÇAS DE AVES Uma vez atingido o pico de temperatura no primeiro estágio da compostagem de carcaças de aves e quando esta começa a cair, é o momento de se remover o material para o segundo estágio. O composto primário deve ser removido e novamente recolocado na câmara acrescentando água formando assim a câmara secundária. Nessa remoção são destruídas as camadas formadas no início. Essa movimentação do material proporciona a aeração da mistura e reativa a ação das bactérias da fermentação, permitindo que se inicie um novo ciclo de aquecimento. A temperatura deve subir novamente e atingir o pico em sete dias. APLICAÇÃO DO COMPOSTO NO SOLO A composição do composto pode variar significativamente de uma compostagem para outra. Os fatores que mais afetam essa composição incluem a idade da cama usada, o tipo de fonte de carbono e a temperatura atingida durante a compostagem. Por isso, cada criador deve ter uma amostra do composto analisada para níveis de nitrogênio, fósforo e potássio. Um técnico pode auxiliar na interpretação dos dados. Se não for possível obter dados do laboratório, pode-se usar a seguinte informação para estimar o conteúdo de nutrientes do composto: Nitrogênio total = 38 libras./tonelada. = 17,23 kg/tonelada. Fósforo (P 2 O 5 ) = 55 libras./tonelada = 24,94 kg/tonelada. Potássio (K 2 O) = 41 libras./tonelada = 18,59 kg/tonelada. Admite-se que 30 % do nitrogênio será perdido para a atmosfera após a aplicação no solo. Por isso, para fins de planejamento, admite-se que 27 libras (12,25 Kg) de Nitrogênio estará disponível para as plantas. Como o composto de aves mortas é relativamente mais úmido, quando comparado a cama de aviário, podem ser necessários alguns ajustes nos equipamentos utilizados para espalhar a cama de aviário. 35

MANUTENÇÃO DA ESTRUTURA A estrutura da composteira deve ser inspecionada no mínimo duas vezes por ano, quando a construção estiver vazia. Deve ser feita a reposição de qualquer parte de madeira ou de ferragem danificada. A estrutura do telhado deve ser examinada para manter sua integridade. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA DONALD, J.; BLAKE, J. P.; HARKINS, D.; TUCKER, K. Questions and answer about using minicomposters. Alabama: Alabama Cooperative Extension Service, [ 19--]. 2P. (Circular ANR-850). DAI PRÁ, M. A.; MIOLA, V. ZAGO, V., MISTURA, C. Compostagem de placentas e carcaças de suínos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE VETERINÁRIOS ESPECIALISTAS EM SUÍNOS, 9, 1999, Belo Horizonte, MG. Anais. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 1999. p. 287-288. MAC SAFLEY, L. M.; DuPOLDT, C.; GETER, F. Agricultural waste management system component design. In: KRIDER, J. N.; RICKMAN, J. D. Agricultural waste management field handbook. National Engineering Handbook. [s.l. ] U. S. Department of Agriculture, Soil Conservation Service., 1992, Cap. 10, p. 1-85. RYNK, R., ed. On-farm composting handbook. Ithaca: Northeast. Regional Agricultural Engineering Service, 1992. 186 p. (Cooperative Extension. NRAES, 54). WALKER R., CRAWFORD B. Composting swine mortality. In: MINNESOTA PORK CONFERENCE, 1997, Minnesota. Proceedings. Minnesota.: University of Minnesota, 1997. 36

Figura 2 - Projeto de composteira. 37

Figura 3 - Vista da composteira em perspectiva. 38