Mostra Nacional de Iniciação Científica e Tecnológica Interdisciplinar III MICTI Fórum Nacional de Iniciação Científica no Ensino Médio e Técnico - I FONAIC-EMT Camboriú, SC, 22, 23 e 24 de abril de 29 Universidade Federal de Santa Catarina - Colégio Agrícola de Camboriú DROGADIÇÃO Um estudo sobre pacientes numa clinica de reabilitação de dependentes químicos de Balneário Camboriú, SC. Ana Karina Clezar Fantini 1, Jéferson Fernandes da Silva 2, Larissa Ivone Rodrigues 3, Afrânio Austregésilo Thiel 4, Dra. Eney Oliveira Fernandes 5. RESUMO As notícias sobre drogas estão constantemente presentes no nosso dia-a-dia. Socialmente, costuma-se caracterizar como droga aquelas substâncias que não são aceitas no convívio social, tais como maconha, crack, cocaína, ignorando os efeitos de tantas outras no organismo humano e nas relações sociais. Estudos mostram que o meio social global do paciente exerce impacto importante, tanto sobre o desenvolvimento, como sobre a recuperação da dependência de drogas. O meio social modela atitudes com relação ao contexto apropriado para o uso de drogas (como as diferenças verificadas entre o hábito de beber socialmente quando em reuniões familiares e o recreacional até atingir intoxicação). Modelos entre a família ou companheiros influenciam o contexto social e psicológico para o uso e escolha de drogas e o grau de controle exercido sobre os comportamentos dos usuários. Diante do exposto, o grupo propôs-se a aprofundar o tema, relatando os diversos tipos de drogas existentes, relacionando seu uso com as manifestações no organismo humano e causas de dependência. O tema foi explorado por meio de revisão bibliográfica e pesquisa quantitativa, obtida através de levantamento de dados em prontuários de pacientes em um centro especializado de reabilitação e tratamento de dependentes químicos no município de Balneário Camboriú, por um período préestabelecido (jan/26 a dez/27). Palavra-chave: Drogas, Meio social, Organismo, Recuperação. 1 INTRODUÇÃO Desde o período neolítico há relatos da utilização de substâncias que produzem efeitos colaterais, sendo encontradas em todas as antigas civilizações, como: egípcia, mesopotâmia, persa, grega e romana. Por exemplo o ópio era componente básico para mais de 7 remédios, entre eles um paregórico que era usado para acalmar crianças. A partir desse período as drogas e seus efeitos se expandiram de forma brusca. Mas afinal o que vem a ser drogas? Entende-se por drogas são todas as substâncias que ao entrar no seu organismo causam alterações físicas e/ou psíquicas. É também definida como 1 Aluna do Curso Técnico em Informática. CAC/UFSC. E-mail: anakarina.clezar@hotmail.com. 2 Aluno do Curso Técnico em Informática. CAC/UFSC. E-mail: duk_mad@hotmail.com. 3 Aluna do Curso Técnico em Informática. CAC/UFSC. E-mail: lari.isr@hotmail.com. 4 Professor Orientador. E-mail: afraniothiel@yahoo.com.br. 5 Professora Co-orientadora E-mail: eney@unb.br
2 qualquer substância natural ou sintética que, administrada por qualquer via no organismo, afeta sua estrutura ou funcionamento. Ocorre que socialmente só se costuma apontar como droga substâncias que não são bem aceitas no convívio social, ignorando os efeitos de tantas outras no organismo humano e na alteração das relações sociais. Um grande contingente de usuários de drogas tem sido relatado na literatura e, através de estudos distintos, tenta-se classificá-los, especialmente quanto à freqüência do uso como: a) usuário experimental, que usa drogas pouquíssimas vezes e não se fixa em nenhuma delas; b) usuário ocasional, que usa drogas em determinadas situações; c) usuário habitual, que passa a ter o hábito rotineiro de usar drogas; d) usuário dependente, que não consegue ficar muito tempo sem usar drogas; e) usuário de abuso, que usa drogas de forma compulsiva; f) usuário crônico, que é aquele em que a droga passa a ser parte da sua vida, sendo o fator mais importante (ROCHA, 22). O Meio social global do paciente exerce impacto importante tanto sobre o desenvolvimento, como sobre a recuperação da dependência de drogas. O meio social modela atitudes com relação ao contexto apropriado para o uso de drogas (como as diferenças verificadas entre o hábito de beber socialmente quando em reuniões familiares e o recreacional até atingir intoxicação). Modelos entre a família ou companheiros influenciam o contexto social e psicológico para o uso de drogas e a escolha da droga e o grau de controle exercido sobre os comportamentos dos usuários de drogas. (MORAIS,28). Diante deste desafio à sociedade e do exposto decidiu-se pesquisar sobre o assunto DROGADIÇÃO, fazendo referência a inserção de qualquer tipo de droga no organismo num centro de reabilitação de dependentes químicos no Município de Balneário Camboriú SC, com o objetivo de conhecer quais os tipos de drogas utilizados por pessoas internadas neste centro, tempo de dependência, existência de caso de drogas na família e também conhecer a incidência e a adesão ao tratamento proposto no Centro Especializado em Reabilitação de Toxicômanos e Alcoolistas (C.E.R.T.A.).
3 Há tempos que os homens buscam uma fórmula para a felicidade, mesmo que seja obtida apenas por um breve período. O efeito de determinadas substâncias para o corpo humano, desencadeou o uso muitas vezes indiscriminado e ilegal das mesmas, gerando dependência, sintomas e prejuízos muitas vezes irreversíveis. Atualmente, as drogas podem ser classificadas na seguinte forma: a) Quanto ao modo que agem no cérebro Álcool etílico, os opiáceos, os solventes ou inalantes (cola de sapateiro), os calmantes ou sedativos (soníferos Drogas Depressoras e os ansiolíticos/tranqüilizantes), a morfina, a heroína, os xaropes, os benzodiazepínicos, barbitúricos. Cocaína, o crack, as anfetaminas (substâncias sintéticas produzidas em laboratório, também conhecidas como Drogas Estimulantes bolinhas), os moderadores de apetite, a nicotina e a cafeína. Maconha, os alucinógenos endólicos (LSD, jurema, cogumelos), o haxixe, o ecstasy, anticolinérgicos naturais Drogas Perturbadoras e sintéticos. b) Quanto à composição Drogas Depressoras Naturais Drogas Semi-sintéticas Drogas Sintéticas Cocaína, a maconha, a morfina, a mescalina e a psilocibina. A heroína, obtida em laboratório a partir da molécula de morfina. Barbitúricos, anfetaminas, opiáceos sintéticos, destacando-se a meperidina e designer drugs ou club drugs. c) Quanto à legalidade ou tolerância social Drogas Lícitas Medicamentos (tranqüilizantes, soníferos, remédios para dormir e estimulantes), chás, café, álcool e tabaco. Drogas Ilícitas Maconha, cocaína, crack, ecstasy, inalantes, ópio,
4 cogumelos, heroína, LSD, merla, skank, boa noite cinderela, lança perfume. Conforme relatado na literatura, as drogas podem causar efeitos diversos aos seus usuários. Destacamos alguns efeitos destas fórmulas, classificando-as em: Sedativos Anestésicos Analgésicos Narcóticos Estimulantes Antipsicóticos Alucinógenos O termo overdose vem sendo amplamente divulgado na atualidade, para designar a exposição do organismo a altas doses de uma substância química e denota o crescente uso e abuso de substâncias químicas capazes de alterar o funcionamento cerebral, a percepção, o comportamento e as relações entre as pessoas. (O QUE SÃO DROGAS?, 28) 2 METODOLOGIA Esta pesquisa foi realizada no Centro Especializado em Reabilitação de Toxicômanos e Alcoolistas (C.E.R.T.A.) no município de Balneário Camboriú, onde são aceitos apenas homens maiores de dezoito anos. O método de tratamento preconiza um período de seis meses de internação, prevendo períodos de isolamento absoluto do convívio social externo, rotinas de visitas de familiares e períodos de saídas da Instituição. Na primeira etapa foi realizada uma revisão bibliográfica. Num segundo momento, realizamos uma pesquisa documental em prontuários de pacientes. A coleta de dados foi realizada no período de 16 de abril a 2 de abril de 27 e de 4 de setembro a 12 de setembro de 28. Foram analisadas as fichas de internação para levantar os dados de todos os pacientes internados no período de dois anos (jan/26 a dez/27), totalizando 234 fichas (136 em 26 e 98 em 27). 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5 Através da pesquisa documental realizada junto aos prontuários no C.E.R.T.A., levantou-se os seguintes dados do paciente: data de nascimento, data de internação, data de saída, motivo de saída, tipo de droga, tempo de dependência e se existe caso de drogas na família. A partir desse levantamento, foram realizados gráficos para melhor visualização dos resultados, assim podemos compreender melhor o desempenho e progresso no tratamento dos pacientes. Vejamos alguns dados coletados. Em relação ao número de internações pode-se observar no Gráfico 1, que em 26 obteve-se 136, e que nos meses de maio (14), julho (), agosto () e setembro (16 - pico) acentuou-se um maior número de internações, diminuindo gradativamente até dezembro (7). No ano de 27 (vide Gráfico 2), embora tendo internações em janeiro, reduziu significativamente até julho, oscilando entre 7 e 12 até novembro, aumentando para 18 em dezembro. Ao compararmos as internações entre 26 e 27, constata-se que no último ano houve uma ligeira redução. Um dos pontos a destacar é uma maior conscientização nos meios de comunicação e acompanhamento (diálogo) nas famílias. Número de Pacientes Internados em 26 2 8 11 11 8 14 16 11 7 5 Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Número de Pacientes Gráfico 1 Número de Pacientes Internados em 26.
6 Número de Pacientes Internados em 27 2 5 6 8 6 4 3 2 7 12 7 18 Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Número de Pacientes Gráfico 2 Número de Pacientes Internados em 27. Observa-se nos Gráficos 3 e 4 que o percentual de pacientes que utiliza drogas Lícitas tanto em 26 (9%) como em 27 (12%) não apresentam variação significativa. Já o uso de drogas Ilícitas caiu consideravelmente do ano de 26 (33%) para 27 (22%). E o uso de Ambas teve em 26 (58%) e em 27 (66%). Na investigação das causas para uso de drogas, as fontes pesquisadas (C.E.R.T.A. e outras bibliografias) revelam os mais diversos motivos para justificarem este fato. Dentre os descritos, destacam-se os que se seguem: Esquecer ou memorizar; fugir ou enfrentar situações cotidianas; inspirar; aliviar dores, tensões, angústias, depressões; agüentar situações difíceis, privações e carências; encontrar novas sensações, novas satisfações; força do hábito. Classificação quanto Lícitas e Ilícitas em 26 Classificação quanto Lícitas e Ilícitas em 27 12 9% 12 12% 79 58% 45 33% 22 22% 64 66% Licitas Ilicitas Ambas Gráfico 3 Drogas lícitas e Ilícitas em 26. lícitas e ilícitas em 27 Licitas Ilicitas Ambas Gráfico 4 Drogas Os casos de drogas na família Gráficos 5 e 6, apontados pelos 136 pacientes no ano de 26 surpreendem ao compararmos com os 98 pacientes de
7 27. Enquanto em 26, 83 pacientes afirmavam não ter caso de droga na família, em 27, 65 pacientes afirmavam ter casos no lar. Gráficos 5 Caso de drogas na família, Gráficos 6 Caso de drogas na família, sendo 136 pacientes internados em 26. sendo 98 pacientes internados em 27. As estatísticas da eficácia no tratamento dos pacientes Gráfico 7 e 8, apontam dados alarmantes sendo que em 26, dos 136 pacientes, 57 desistiram do tratamento, 54 não foi informado e apenas 8 terminaram, deixando de fora algumas fugas (3) e expulsões (14). Dos 98 pacientes de 27, 68 desistiram, não foi informado, sendo que apenas 5 concluíram o tratamento, registrando 8 fugas e 7 expulsões. Nota-se então a grande dificuldade de recuperação em virtude de diversos fatores, tais como: processo acelerado de dependência; pouca motivação interior por parte do paciente; em alguns casos falta de conhecimento sobre o assunto e apoio da família; Demora no encaminhamento do paciente há um centro de reabilitação; falta de maior apoio financeiro e logístico dos órgãos governamentais (união, estado e município). Estatísticas dos pacientes em 26 Estatísticas dos pacientes em 27 8 6 4 2 6 5 4 3 2 Desistência Terminou 57 Caso de Drogas na Família 14 8 83 3 53 Fuga Expulsão 26 Número de pacientes Não Informado 54 7 6 5 4 3 2 7 6 5 4 3 2 Desistência 68 Caso de Drogas na Família 65 5 8 7 Terminou Fuga Expulsão 27 Número de pacientes 33 Não Informado Sim Não Gráfico 7 Eficácia no tratamento em 26. no tratamento em 27. Sim Não Gráfico 8 Eficácia Finalmente, quanto a faixa etária dos pacientes apresentada nos Gráficos 9 e, vê-se que predomina os pacientes entre 23 a 32 anos, tanto no ano de 26
8 como em 27, indicando em parte, serem pacientes com estágio mais avançado de dependência. Embora todo o empenho da equipe do C.E.R.T.A. na ajuda aos pacientes buscando a plena recuperação, observa-se que uma vez que esteja desenvolvido o padrão de dependência ou abuso, a motivação e a habilidade em aceitar o tratamento são influenciadas pelo grau de suporte no grupo de companheiros e meio social para permanecer abstinente. Os fatores culturais igualmente exercem influência sobre o envolvimento com drogas. Há pesquisas que sugerem pior prognóstico para as minorias éticas e raciais em programas de tratamento convencional, conquanto isso possa ser decorrente das diferenças das classes sociais. Faixa Etária dos Pacientes em 27 25 2 5 18-22 anos 23-27 anos 25 21 16 9 9 2 1 28-32 anos 33-37 anos 38-42 anos 43-47 anos Número de pacientes 48-52 anos 53-57 anos Faixa Etária dos Pacientes em 26 4 35 3 25 2 5 18-22 anos 25 23-27 anos 35 28-32 anos 38 33-37 anos 17 38-42 anos 6 43-47 anos Número de pacientes 9 48-52 anos 5 53-57 anos 1 Gráfico 9 Faixa etária dos pacientes em 26. Gráfico Faixa etária dos pacientes em 27. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Embora existam poucas pesquisas sobre a eficácia em programas culturalmente específicos, os serviços de tratamento que são sensíveis à cultura e abordam as preocupações especiais de grupos de minoria étnica podem melhorar a aceitação do tratamento, a adesão e, finalmente, o prognóstico terapêutico.
9 Além disso, a recuperação pode ser apenas parcial. O prognóstico terapêutico depende de fatores intrínsecos e extrínsecos, da história patológica pregressa, do meio em vive e não só do tratamento em si. Informações do C.E.R.T.A. reforçam então que os transtornos decorrentes do uso de drogas penalizam os membros da família, contribuindo para altos níveis de conflito interpessoal, violência doméstica, inadequação, separação e divórcio, dificuldades financeiras e legais, problemas clínicos relacionados ao uso de drogas (como AIDS, tuberculose). Além disso, as crianças criadas em famílias nas quais outros membros abusam ou são dependentes de álcool e outras substâncias também apresentam risco elevado para abuso físico e sexual. Geralmente as famílias que contam com um ou mais membros com transtorno decorrente do uso de drogas, demonstram um padrão de múltiplas gerações de transmissão de abuso de substâncias e outros transtornos psiquiátricos freqüentemente associados (como transtorno de personalidade anti-social, vício de jogo). Além disso, o comportamento patológico "facilita" a existência de problemas psiquiátricos e clínicos com pais e irmãos, e os níveis elevados de estresse social também exercem um papel no desenvolvimento e perpetuação do transtorno decorrente do uso de drogas. Para adolescentes, uma forte influência se origina no círculo de amigos. Sabemos a que o ponto a experiência da amizade é importante nessa idade, e que um adolescente não vive sem seus amigos. Um grupo de amigos se forma então, cuja regra suprema é a fusão e solidariedade. Por fraqueza, por medo do desprezo dos outros, por solidariedade incondicional, junta-se ao grupo para ultrapassar as portas das drogas e a lei da amizade prevalece e se torna importante fator de adesão à droga. Começa, então, a repetição dos acontecimentos e dos lugares: as festas de fim de semana são corrompidas pelas drogas, às quais se junta frequentemente o álcool para que os efeitos sejam mais penetrantes e mais violentos. É claro que esta descrição não serve para todos adolescentes. Muitos são os círculos de amizade saudáveis e salutares. Porém, em matéria de droga, como em tantas outras coisas, cabe o ditado: "Dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és".
Conclui-se então, que mesmo existindo centros de recuperação, há muito caminho a percorrer para sanar os problemas relacionados à DROGADIÇÃO, tendo em vista a dificuldade do dependente químico em continuar o tratamento e o não consumo destes. Vê-se que os meios de comunicação embora citem leis alertando sobre os riscos no consumo de bebidas alcoólicas e/ou drogas lícitas como o tabagismo, fazem marketing de produtos comercializados pelas empresas. Um dos pontos a destacar é uma maior conscientização do problema nos meios de comunicação e na esfera governamental e a adesão ao tratamento que depende, em grande parte, do acompanhamento contínuo (diálogo) no ambiente familiar. REFERÊNCIAS O QUE são drogas? Disponível em: <http://www.cruzazul.org.br/nocoes/1.htm>. Acesso em 17 de março de 28. ROCHA, Simone Mariano da. O USO DE DROGAS PELOS ADOLESCENTES AUTORES DE ATO INFRACIONAL NA CIDADE DE PORTO ALEGRE: uma questão só de Polícia? 22. Disponível em: <http://www.mp.rs.gov.br/areas/infancia/arquivos/usodrogas.pdf>. Acesso em 22 de Setembro de 28. MORAIS, Vilson Dias de. REIKI X DROGA? PENSE...VOCÊ PODE VENCER.28. Disponível em: <http://terapeutavdm.blogspot.com/28/8/reiki-x-droga-pensevocpode-vencer.html>. Acesso em 22 de Setembro de 28.