Proc. nº. 892/2010-GO Pregão Eletrônico nº. 27/2014 Prezado Licitante, Em razão da impugnação apresentada, informo: A empresa BRILHANTE ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇO LTDA-EPP apresentou, em 30/09/2014, pedido de impugnação em face do Edital de Pregão Eletrônico nº. 27/2014, com data de abertura prevista para o dia 06/10/2014. Portanto, a presente impugnação foi proposta dentro do prazo previsto no subitem 5.1 do Edital. DA IMPUGNAÇÃO A impugnante insurge contra as exigências contidas no subitem 10.10.1, que trata da comprovação de experiência para a prestação dos serviços, in verbis: 10.10 - As licitantes deverão apresentar a seguinte documentação para fins de qualificação técnico-operacional: 10.10.1 - Um ou mais Atestado(s) e/ou Declaração (ões) de Capacidade Técnica, expedido(s) por pessoa(s) jurídica(s) de direito público ou privado, em nome da licitante, que comprove(m) experiência mínima de 3 (três) anos, ininterruptos ou não, na prestação, de forma satisfatória, de serviços terceirizados de MANUTENÇÃO PREDIAL, compatível com o objeto desta licitação e que contenha, no mínimo, 18 (dezoito) postos, até a data de abertura do Pregão; Segundo a empresa, a exigência acima é ilegal, tendo em vista não estar prevista na Lei nº. 8.666/1993, e ainda, por direcionar o certame e restringir o caráter competitivo da disputa. Ataca o edital também, por não ter sido incluída a exigência de comprovação de capacidade técnica do responsável técnico, nível superior, por meio de atestado registrado no CREA, consoante prevê o artigo 30, 1º, da citada Lei de Licitações. RAZÕES DO PREGOEIRO E EQUIPE DE APOIO O referido edital foi elaborado observando todas as regras contidas na Lei nº. 10.520/2002 (modalidade Pregão), Decreto nº. 5.450/2005 (modalidade Pregão na forma eletrônica) e, subsidiariamente, a Lei nº. 8.666/1993 (Lei Geral de Licitações). Além das legislações supracitadas, o edital foi confeccionado em estrita conformidade com a Instrução Normativa nº. 02/2008, da Secretaria de Logística da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (SLTI/MPOG), que dentre outras, disciplina a contratação de serviços continuados no âmbito da Administração Pública. Referida instrução normativa foi alterada pela IN nº. 06/2013, que trouxe
várias inovações para a contratação de serviços continuados, dentre elas: Art. 19. Os instrumentos convocatórios devem conter o disposto no art. 40 da Lei nº. 8.666, de 21 de junho de 1993, indicando ainda, quando couber: XXV - disposição prevendo condições de habilitação técnica nos seguintes termos: a) os atestados ou declarações de capacidade técnica apresentados pelo licitante devem comprovar aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível em características, quantidades e prazos com o objeto de que trata o processo licitatório; 5º Na contratação de serviços continuados, a Administração Pública poderá exigir do licitante: I - comprovação de que tenha executado serviços de terceirização compatíveis em quantidade com o objeto licitado por período não inferior a 3 (três) anos; e 6º Para a comprovação da experiência mínima de 3 (três) anos prevista no inciso I do 5º, será aceito o somatório de atestados. 11. Justificadamente, a depender da especificidade do objeto a ser licitado, os requisitos de qualificação técnica e econômicofinanceira constantes deste artigo poderão ser adaptados, suprimidos ou acrescidos de outros considerados importantes para a contratação, observado o disposto nos arts. 27 a 3l da Lei nº 8.666, de 1993. As inovações trazidas pela IN nº. 06/2013 foram editadas a partir do Acórdão nº. 1214/2013, do TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, o qual foi proferido após representação formulada pela Secretaria Adjunta de Planejamento e Procedimentos Adplan daquela Corte de Contas, que teve como objetivo apresentar proposições de melhorias nos procedimentos relativos à contratação e à execução de contratos de terceirização de serviços continuados na Administração Pública Federal. Segundo a referida representação, nos últimos anos a Administração Pública enfrentou vários problemas na execução desse tipo de contrato, com interrupções na prestação dos serviços, ausência de pagamento aos funcionários de salários e outras verbas trabalhistas, trazendo prejuízos à Administração e aos trabalhadores. Em razão disso, o então Presidente do TCU da época, determinou à Administração daquele Tribunal que fossem realizados trabalhos conjuntos com outros órgãos da Administração Pública com o objetivo de formular propostas para ao menos mitigar tais problemas. Para cumprir essa determinação, reuniram-se representantes do TCU, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão MPOG e da Advocacia-Geral da União AGU, que corroboraram as percepções do Tribunal, reforçando a pertinência da realização do trabalho conjunto determinado pelo Presidente daquela Corte. Foi constituído, então, um grupo de estudos, composto por servidores do MPOG, da AGU, do TCU, Ministério da Previdência Social, do Ministério da Fazenda, do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo e do Ministério Público Federal, que discutiram aspectos relacionados aos procedimentos licitatórios, à gestão e ao encerramento desses contratos, sendo elaborado relatório com destaque à exigência da qualificação técnica das licitantes, conforme trechos a seguir descritos:
III PROCEDIMENTO LICITATÓRIO 74. Como se tem observado, o Judiciário Trabalhista tem condenado a União de forma rotineira, amparado no Enunciado TST 331, como responsável subsidiária pelo pagamento de verbas trabalhistas não honradas pelas empresas contratadas para a prestação de serviços, com cessão de mão de obra, sob o argumento de culpa in eligendo e in vigilando. Em síntese, afirma o Judiciário trabalhista que a União contrata mal seus prestadores de serviços, não obstante os instrumentos que a Lei 8.666/93 lhe oferece para evitar esse tipo de problema. 76. Mesmo ante todas as cautelas atualmente adotadas com a solicitação de vasta documentação, diversos contratos de terceirização apresentam, de forma sistemática, irregularidades graves na sua execução, tais como a falta de pagamento ou pagamento atrasado de salários, verbas rescisórias, férias, FGTS, décimo terceiro salário, contribuições previdenciárias. 79. Nessa linha de raciocínio, é essencial que a Administração reexamine seus editais, inserindo critérios rigorosos de habilitação, em especial no que se refere às qualificações técnico-operacional, profissional, e econômico-financeira das licitantes. 80.Cumpre observar que o art. 3º da Lei 8.666/93 fixa orientação no sentido de que A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional, e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. 81. Considera-se a proposta mais vantajosa para a administração aquela que contempla produto ou serviço de boa qualidade, associada a preço compatível com o praticado pelo mercado, conforme previsto no art. 43, inciso IV, da Lei 8.666/93. 82. Para que se obtenha a proposta mais vantajosa é necessária a especificação do produto ou serviço adequada às reais necessidades da Administração e a formulação de exigências de qualificação técnica e econômico-financeira que não restrinjam a competição e propiciem a obtenção de preços compatíveis com os de mercado, mas que afastem empresas desqualificadas do certame. 83. Com esse propósito, o Grupo de Estudos investiu no debate dos pontos abaixo relacionados: 2. Atestados de capacidade técnica 3. Experiência mínima de 3 anos III.b Qualificação técnico-operacional 103. Ante a percepção da fragilidade das exigências fixadas nas cláusulas do edital relativas à qualificação técnicooperacional das empresas de terceirização, visto que a Administração Pública vem se balizando em orientações voltadas à contratação de obras, que se refere a objeto absolutamente distinto dos serviços de natureza continuada, foram envidados esforços no sentido de formular critérios mais
adequados a demonstrar a capacidade operacional dessas empresas, compatível com o que está sendo licitado. III.b.2 Atestados de capacidade técnica 106. Outro ponto de vital importância refere-se à comprovação de que a empresa possui aptidão em realizar o objeto licitado, haja vista as particularidades atuais inerentes à prestação de serviços de natureza continuada. 107. De acordo com o art. 30, inciso II, e 1º, da Lei nº 8.666/93, a comprovação de aptidão para o desempenho de atividade pertinente e compatível em características, quantidades e prazos, com o objeto da licitação, deve ser verificada por meio de atestados técnicos, registrados nas entidades profissionais competentes, fornecidos por pessoas jurídicas de direito público ou privado. III.b.3 Experiência mínima de 3 anos 121. Observe-se, ainda, que o mesmo art. 30, inciso II, da Lei 8.666/93, autoriza expressamente a administração a exigir da licitante a comprovação de que já executou objeto compatível, em prazo, com o que está sendo licitado. De acordo com o art. 57, inciso II, dessa Lei, os contratos para prestação de serviços de forma contínua poderão ser prorrogados por até sessenta meses. Nesse sentido, compreendemos pertinente que a exigência relativa a prazo possa ser feita até o limite das prorrogações sucessivas. 122. Não obstante a autorização legal, verifica-se que a Administração não fixa exigência relativa a prazo nas licitações e contrata empresas sem experiência, as quais, com o tempo, mostram-se incapazes de cumprir o objeto acordado. 123. Pesquisa apresentada pelo SEBRAE-SP demonstra que em torno de 58% das empresas de pequeno porte abertas em São Paulo não passam do terceiro ano de existência. Esse dado coaduna com a constatação da Administração Pública de que as empresas estão rescindindo, ou abandonando, os contratos, antes de completados os sessenta meses admitidos por lei. 124. Portanto, em relação ao prazo, a proposta do grupo é a comprovação de experiência mínima de três anos na execução de objeto semelhante ao da contratação. 133. Sendo assim, o Grupo de Estudos compreende que, relativamente à qualificação técnico-operacional, é prudente que a Administração realize as seguintes exigências às licitantes: c) que apresente atestados de que já executou objeto compatível, em prazo, com o que está sendo licitado, mediante a comprovação de experiência mínima de três anos na execução de objeto semelhante ao da contratação; Sendo assim, o TCU, em seu Acórdão nº. 1214/2013 Plenário, assim proferiu: VISTOS, relatados e discutidos estes autos que cuidam de representação formulada pela então Secretaria Adjunta de Planejamento e Procedimentos Adplan, com o objetivo de apresentar propostas de melhorias nos procedimentos de contratação e execução de contratos de terceirização de serviços continuados na Administração Pública Federal. ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante das razões expostas pelo Relator, em: 9.1 recomendar à Secretaria de Logística e Tecnologia
da Informação do Ministério do Planejamento que incorpore os seguintes aspectos à IN/MP 2/2008: 9.1.13 seja fixada em edital, como qualificação técnicooperacional, a obrigatoriedade da apresentação de atestado comprovando que a contratada tenha executado serviços de terceirização compatíveis em quantidade com o objeto licitado por período não inferior a 3 anos; Verifica-se, portanto, a preocupação que o TCU, MPOG e outros órgãos tiveram em proteger a Administração Pública contra possível responsabilidade subsidiária perante a Justiça do Trabalho, bem como, proteger os empregados envolvidos na contratação, no sentido de garantir-lhes, o máximo possível, que os direitos que lhes cabem por lei sejam adimplidos. Observa-se, assim, que a exigência contida no subitem 10.10.1, do Edital do Pregão Eletrônico nº. 27/2014, da Justiça Federal de Goiás, está estritamente amparada pelas legislações vigentes que regem a matéria de contração de serviços continuados com dedicação exclusiva de mão de obra, não sendo, portanto, ilegal, já que está expressamente prevista na Instrução Normativa nº. 02/2008, do MPOG. Com relação a não exigência de capacitação técnico-operacional com profissional com nível superior ou outro curso reconhecido por entidade competente e com vínculo com a empresa, acompanhado de seu respectivo atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou serviços de características ao objeto licitado, esclarecemos que não foi incluída nesta licitação, já que essa exigência se coaduna mais com obras e serviços de engenharia, consoante item III.b mencionado acima e conforme regras constantes nos editais da Justiça Federal de Goiás para contratação desses serviços (Tomada de Preços e Concorrência). Cumpre ainda destacar o Edital do Pregão Eletrônico nº. 59/2014 do Tribunal de Contas da União, cujo objeto é a contratação dos serviços continuados de recepção, copeiragem, limpeza, manutenção predial e jardinagem, o qual não exige profissional de nível superior com o devido atestado registrado no CREA, mas determina, como requisito para a habilitação, a apresentação dos seguintes documentos (subitens 37.1 a 37.3): 37.1. Cópia(s) de contrato(s) vigente(s) e em execução, na data de abertura da sessão pública deste procedimento licitatório, comprovando que a licitante gerencia, no âmbito de sua atividade econômica principal e/ou secundária especificadas no seu contrato social, registrado na junta comercial competente, no mínimo 20 (vinte) empregados terceirizados, condição mínima necessária para que comprove a capacidade de arcar com todas as suas despesas operacionais; 37.2. Um ou mais atestado(s) e/ou declaração(ões) de capacidade técnica, expedido(s) por pessoa(s) jurídica(s) de direito público ou privado, em nome da licitante, que comprove(m) aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível em características e quantidades com o objeto desta licitação, demonstrando que a licitante gerencia ou gerenciou serviços terceirizados, com, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) do número de empregados que serão necessários para suprir os postos contratados em decorrência desta licitação. 37.3. Cópia(s) de contrato(s), atestado(s), declaração(ões) ou outros documentos idôneos que comprove(m) que a licitante possui experiência mínima de 3 (três) anos, ininterruptos ou não, até a data da sessão pública de abertura deste pregão, na
prestação de serviços terceirizados, compatíveis com o objeto ora licitado; CONCLUSÃO Em face do exposto acima, o Pregoeiro e a Equipe de Apoio decidem não acatar os pedidos formulados pela impugnante, mantendo a exigência contida no subitem 10.10.1 do Instrumento Convocatório em epigrafe, bem como, não incluir exigência, para habilitação, de profissional de nível superior ou outro curso reconhecido por entidade competente, com o seu respectivo atestado de responsabilidade técnica registrado no CREA, por não ser relevante na presente contratação. À consideração. Goiânia, 01 de outubro de 2014. Soraya Maria Leal Yoshioka Pregoeira Wellington de Andrada e Silva Equipe de Apoio