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Transcrição:

xiv semana de pós-graduação em ciências sociais da unesp/fclar movimentos sociais no século XXI: olhares sobre o brasil contemporâneo de 16 a 19 de novembro de 2015 - unesp/fclar Migrações atuais no Brasil: o haitiano e o visto humanitário Andréia Brito de Souza Mestranda em Ciências Sociais - UNESP/FCLAr - Bolsista CNPq Resumo: O Haiti é um dos países mais pobres da America Latina e em 2010 passou por um desastre ambiental que o deixou em uma situação ainda mais grave, com altos índices de violência e fome. Após esse evento, os haitianos se viram obrigados a sair do país em busca de melhores condições de vida e, nesse momento se deparam com o fechamento das fronteiras dos países europeus e da América do Norte. O Brasil, devido aos laços militares com os haitianos formados pela presença da MINUSTAH no Haiti, concedeueles um visto especial de caráter humanitário com algumas garantias e diferenciações em relação ao outros imigrantes no país. Esse artigo pretende esclarecer de forma breve o que consiste esse visto humanitário e os motivos pelo qual ele foi proclamado por meio de uma Resolução Normativa e as diferenças dele com as outras categorias de vistos e reconhecimento de estrangeiros existentes no Brasil. Palavras-chave: Visto Humanitário; Imigração; Haitianos. 470

Migrações atuais no Brasil: o haitiano e o visto humanitário 1. Introdução O Haiti é um país pobre e que tem o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da América Latina. Em 2010, sofreu um terremoto que deixou mais de 300 mil pessoas mortas e milhares de feridos, além de destruir toda a capital do país onde se localizava seu centro econômico mais forte, as escolas, as universidades, os hospitais e os bancos, agravou ainda mais a crise socioeconômica do país, forçando assim 1,5 milhão de pessoas ao deslocamento nacional e internacional. Assim, [...] a vulnerabilidade do Haiti é geral, pois a política e a segurança são instáveis, há crise de alimentos, escassez de água potável, falta de infraestrutura e saneamento básico. Muitos dos haitianos que permanecem no país estão na condição de deslocados internos, vivendo em mais de 300 campos espalhados pelo país, onde os serviços básicos, como acesso a água encanada e saúde básica praticamente inexistem, e, até o final de 2013, são 172 mil pessoas vivendo nesses campos (FRANÇA, 2014, p.01). Após esse desastre ecológico, os haitianos foram forçados a saírem do país em busca de melhores condições de vida e para trabalhar, pois o Haiti não mais oferecialhes essas possibilidades. Nesse artigo, além dos fatores econômicos e ecológicos como fatores de atração dos haitianos para o Brasil, levaremos em consideração o que diz a socióloga Saskia Sassen (2010, p.117) sobre esse fenômeno, segundo ela, não é apenas o crescimento econômico que desperta o interesse de imigrantes, mas também laço laços político-econômicos anteriores, que também podem ser criados a partir de relações militares entre os países de origem e de destino, seja com uma ex-colônia e o seu excolonizador, seja com países que sofreram ocupações com guerras, missões ou qualquer outro tipo de intervenção militar. No nosso caso, identificamos esses laços geopolíticos entre o Brasil e o Haiti através da liderança brasileira na MINUSTAH Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Mission des Nations Unies pour la Stabilization en Haiti) que, desde 2004 auxilia nas políticas públicas e tem a função de ajudar na reconstrução e na estabilização do Haiti, por meio da reestruturação e reforma da política haitiana, do auxílio no Programa de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração, da restauração do Estado de direito e do restabelecimento da segurança pública no país. Cabe ainda à missão a proteção aos civis, ao staff da ONU, o apoio aos processos políticos e a garantia do cumprimento dos direitos humanos no país (ALVES, 2014). 471

Andréia Brito de Souza Além disso, há no Haiti ONGs e empresas privadas brasileiras, atuando de forma expressiva, tais como a Viva Rio, a ActionAid, a K9 Creixell, a Pastoral da Criança, a Diaconia, o Grupo de Apoio à Prevenção da AIDS GAPA, todas voltadas para o desenvolvimento do país, e também há diversas parcerias dele com o governo brasileiro, como projetos para a construção de uma usina hidrelétrica no sul do país; programas desenvolvidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), com financiamento da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) (MORAES, ANDRADE, MATTOS, 2013, p. 101). Podemos elencar outros vários motivos para justificar inicialmente a opção pelo Brasil, dentre eles, o resultado de uma série de acontecimentos relacionados às políticas migratórias de outros países, como o Canadá, os Estados Unidos, Austrália e países da União Europeia que endureceram as punições direcionadas aos migrantes indocumentados e, consequentemente, direcionaram o fluxo migratório para a América Latina. No entanto, focaremos nesse artigo os benefícios oferecidos pela Resolução Normativa nº 97 como uma das principais causas dessa escolha. O presente artigo pretende, a partir da análise das atuais leis de imigração e de refúgio regentes no Brasil, esclarecer algumas questões para compreender a política direcionada especialmente aos migrantes haitianos. Para isso, inicialmente discorremos de maneira breve os diferentes tipos de classificação de estrangeiros no Brasil e os modos de tratamento dado pelas leis nacionais e internacionais para cada um deles. Daremos especial atenção aos haitianos e ao Visto Humanitário concedido a eles, que é o foco central da nossa discussão. Inicialmente, as migrações podem ser divididas em dois grandes grupos: as involuntárias e as voluntárias. No primeiro grupos podemos exemplificar as migrações forçadas pela escravidão de pessoas na época da colonização da América e as migrações ocasionadas por exilo ou refúgio decorrente de guerras por questões diversas, como políticas, ideológicas ou por situações onde o refugiado ou o exilado esteja sofrendo perseguição e risco eminente de morte. O outro grupo tem como principal causa a busca por melhores condições de vida, não foram coagidos a deixar sua terra natal por motivos de força maior. Exemplificamos como migração voluntária as significativas correntes migratórias ocorridas antes das duas Grandes Guerras, onde pessoas migraram por causa da eminência dos conflitos e também as migrações de pessoas em busca de trabalho. O Brasil é signatário de Leis Internacionais relacionadas aos direitos humanos e da imigração internacional, dentre essas destacamos aqui a Convenção da ONU de 1951 relativa ao Estatuto dos Refugiados, o Protocolo de 1967 e as Declaração de Cartagena de 1984, Essas leis regulamentam os procedimentos de como os países signatários devem tratar os refugiados e os solicitantes de refúgio. 472

Migrações atuais no Brasil: o haitiano e o visto humanitário A política migratória brasileira é regulamentada pela normativa do Estatuto do Estrangeiro (Lei Federal 6.815), que é uma lei regulamentada na época da Ditadura Militar e, por esse motivo, não contempla as questões migratórias da atualidade. O Ministério da Justiça e o Conselho Nacional de Imigração (CONARE) tem a função de executar e controlar a política migratória nacional e de avaliar as solicitações de refúgio, vistos, etc. Vale frisar que esses órgãos e as decisões vinda deles são legitimadas conjuntamente com outros Ministérios Nacionais envolvidos com as políticas para refugiados. Assim como ilustra Alex Vargem e Bas Ilele Malomalo (2015): A política para refugiados no Brasil é conduzida pelo Comitê Nacional para Refugiados (CONARE), uma comissão interministerial sob o âmbito do Ministério de Justiça, de decisão colegiada. É representado pelo Ministério da Justiça, que preside o Comitê; Ministério das Relações Exteriores, que ocupa a vice-presidência; Ministério do Trabalho e do Emprego; Ministério da Saúde; Ministério da Educação; Polícia Federal e participação da sociedade civil, está representada pela Cáritas e Alto Comissariado das Nações Unidas (ACNUR) com direito a voz, mas não a voto. O Comitê aceita ou rejeita a solicitação de refúgio e ourtoga às pessoas que reconhecem como refugiados, a documentação que lhes permite residir legalmente no país, trabalhar com registro oficial, a ter acesso aos serviços públicos, como os de maior complexidade de saúde, e ao sistema de ensino superior (VARGEM; MALOMALO, 2015, p. 119). Há dois tipos de asilo considerados no Brasil, um é o político, subdividido em asilo territorial, asilo diplomático e asilo militar e o refúgio. A princípio destacamos o contexto o significativo amplo do conceito de asilo comum a ambos, que é o fato dele sofrer perseguição odiosa sem motivos ou por razões políticas e por isso não poder continuar vivendo em seus países de origem. Esses dois grupos possuem um conjunto de institutos que asseguram seu acolhimento (SALADINI, 2012). Refugiados, exilados e também os apátridas (indivíduos que não possuem pátria ou nacionalidade) necessitam de ações efetivas da comunidade internacional e local, além do compromisso por parte do governo e da sociedade civil e ONGs para a sua proteção e integração social, cultural e no mercado de trabalho. Para ser considerado um refugiado, o estrangeiro precisa ter o status reconhecido pelo Governo brasileiro, pela ACNUR ou por qualquer outra organização internacional que tenha como parâmetro a Convenção de 1951. O solicitante de refúgio precisa formalizar um pedido ao governo brasileiro e aguardar para a avaliação do seu pedido, que pode demorar mais de um mês. 473

Andréia Brito de Souza É importante frisar que, como sugere o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), uma vez que uma pessoa ou grupo é considerado refugiado, o país acolhedor deve fornecer-lhe soluções duráveis, ou seja, repatriação voluntária, integração social e reassentamento (GODOY, 2011, p.77). Soma-se a isso a intermediação nas relações de trabalho. Ainda conforme a Declaração de Cartagena, destacamos aqui o que é o dever do Estado em relação a acolhida de refugiados: [...] estudar com os países da região que contam com uma presença maciça de refugiados, as possibilidades de integração dos refugiados na vida produtiva do país, destinando os recursos da comunidade internacional que o ACNUR canaliza para a criação ou geração de empregos, possibilitando assim o desfrutar dos direitos econômicos, sociais e culturais pelos refugiados (Décima primeira Declaração de Cartagena, 1984). Para Rosita Milesi (2012), diretora do Instituto Migrações e Direitos Humanos, é importante que o Estado brasileiro garanta aos refugiados todos os benefícios assegurados pela legislação para integrá-los à sociedade, ajudá-los na busca e contratação de trabalho, por exemplo. Cabe à coordenadoria dos órgãos municipais, estaduais e federais a responsabilidade de acompanhar as etapas do processo migratório brasileiro, ou seja: [...] a chegada, a documentação, o deslocamento em busca de trabalho, a inserção no mercado laboral e nas políticas sociais do Estado brasileiro, além de suporte na qualificação profissional, no aprendizado da língua, na introdução à cultura local e, também no âmbito de preservação à sua cultura (MILESI, 2012). Outra categoria é o de imigrante econômico que também pode ser chamado de laboral, esses deixam seus lares na terra natal à procura de melhores de trabalhos e salários. Geralmente, nessa categoria encontramos muito imigrante indocumentado, com a situação irregular e, devido a isso, mais propensos a sofrerem com o tralho escravo. Já a categoria de imigrantes humanitários é destinada a aqueles que não se enquadram nos outros grupos de proteção, mas que também são vítimas de violação de direitos humanos ou que se encontram no Brasil em alguma situação delicada (de saúde ou familiar) na qual o retorno forçado ao país de origem pode ser considerado uma transgressão das razões humanitárias. Com o aumento da população mundial vítima de desastres ambientais (naturais ou ocasionados pela tecnologia) foi criada a categoria de deslocado ambiental. 474

Migrações atuais no Brasil: o haitiano e o visto humanitário O esclarecimento desses pontos se faz importante para compreender como devem ser tratados pelo Estado, responsável por seu acolhimento no que diz respeito à moradia, trabalho, inserção social e cultural. 2. O caso do imigrante haitiano Em janeiro de 2010 ocorreu no Haiti um terremoto que destruiu sua capital, agravando ainda mais sua delicada situação econômica, a fome e a violência, o que provocou um considerável aumento do êxodo de haitianos para outros centros em busca de melhores condições de vida. Os principais destinos preferidos dos haitianos eram os Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e França, no entanto, com a finalidade de impedir a entrada ilegal ou não de haitianos, esses países endureceram suas políticas migratórias ponto de inviabilizar a entrada e permanência deles. Os fluxos migratórios frequentemente ocorrem de um país economicamente mais pobre para outro mais rico e Brasil, naquele momento, passava por um bom índice de crescimento econômico e se destacava por causa de dois grandes eventos que estava para ocorrer: a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e as Olimpíadas de 2016, chamando a atenção de povos migrantes para trabalhar na construção dos estágios. Além disso, ainda havia os planos para a construção de grandes hidrelétricas que demandariam ainda mais mão de obra para o setor de serviços, como a construção civil. Os haitianos começaram a chegar ao Brasil um pouco depois do terremoto que assolou o país em janeiro de 2010. Os primeiros entraram pela fronteira com o Peru e seguiram para Brasiléia, uma pequena cidade localizada no Acre, onde foram acolhidos por membros da Igreja Católica Scalabriniana, reconhecida no ato de acolher e ajudar migrantes. Ao chegarem no Brasil em 2010, os haitianos começaram a pedir o reconhecimento de refugiado ao Estado brasileiro para ter os direitos de proteção garantidos. Esses pedidos trouxeram à tona um problema na nossa política migratória que se mostrou obsoleta para a atual realidade nacional e global de imigração. Os haitianos, diferentemente de outros grupos migrantes presentes no Brasil, não podem ser considerados imigrantes econômicos, como são, por exemplo, os bolivianos que estão na cidade de São Paulo trabalhado em fábricas de confecções e que saíram do seu país especificamente para trabalhar. Os haitianos migraram por razão de uma catástrofe ambiental e dos problemas gerados por isso na ordem social, econômica, jurídica e humanitária. 475

Andréia Brito de Souza Mesmo com problemas em todos esses aspectos, o haitiano também não poderia ser aceito no Brasil como refugiado, pois, conforme as atuais leis de refúgio vigentes no Brasil expostas no Estatuto do Estrangeiro, para se considerado refugiado a pessoa ou grupo teria que estar correndo perigo de vida por razões ideológicas ou por perseguição política ou estar sofrendo por violação generalizada de direitos humanos, como diz na lei de refúgio nº 9.474/97, o que não é o caso dos haitianos, que saíram do seu país por causa de um desastre ambiental. Nas busca de como tratar esse novo grupo de imigrantes, buscamos a definição dada pela Declaração de Cartagena de 1984, tal Declaração acrescentou novos parâmetros para a classificação de refugiados ao Estatuto de Estrangeiro da Convenção de 1951, segundo ela também são consideradas refugiadas: [...] pessoas que tenham fugido dos seus países porque a sua vida, segurança ou liberdade tenham sido ameaçadas pela violência generalizada, a agressão estrangeira, os conflitos internos, a violação maciça dos direitos humanos ou outras circunstâncias que tenham perturbado gravemente a ordem pública (TERCEIRA DECLARAÇÃO DE CARTAGENA, 1984). De acordo com essa passagem a Declaração de Cartagena, poderíamos considerar e enquadrar os haitianos como refugiados, visto que o terremoto de 2010 causou desordem social, violência e conflitos internos, no entanto, conforme a ACNUR eles não podem ser reconhecidos como refugiados. Mesmo com o fato de este desastre ambiental ter deixado mais de 30o mil mortos, inúmeros feridos e cerca de 600 mil pessoas desabrigadas, de ser o país mais podre da América Latina e estar entre os 40 mais miseráveis do mundo (DELGADO, 2015). Esse fato desafiou os países latinos americanos e exigiu das autoridades responsáveis pelas questões migratórias uma resposta de cunho humanitário. 3. A Resolução Normativa nº 97 de janeiro de 2012 ou o Visto Humanitário Com a finalidade de resolver a questão migratória relativa ao imigrante haitiano, em 2012, o Conselho Nacional de Imigração (CONARE) junto ao Governo Brasileiro decretaram a Resolução Normativa nº 97, destinada aos nacionais do Haiti. As relações geopolíticas entre os dois países foram de fundamental importância para a publicação dessa Resolução Normativa, a qual é considerada um acordo político entre o governo brasileiro e o governo haitiano para tentar deter a imigração irregular e, por consequência, a ação de coiotes e o trabalho precário ou similar ao escravo. 476

Migrações atuais no Brasil: o haitiano e o visto humanitário Após a publicação da Resolução Normativa acima referida, em janeiro de 2012, o fluxo de haitianos no Brasil teve considerável aumento (COSTA, 2012; CAFFEU e CUTTI, 2012; THOMAZ, 2013). Isso porque ela concede visto humanitário com permanência de cinco anos, carteira de trabalho e CPF para o haitiano ingressar no mercado de trabalho brasileiro com todos os direitos civis e trabalhistas reservados. Nos primeiros 12 meses da Resolução Normativa nº 97, foram emitidos 1.255 vistos nas embaixadas do Brasil e do Haiti, em 2015, esse número saltou para 20.548 vistos, sendo que a soma de todos os anos de sua vigência é de 202.250 vistos e haitianos regularizados pelo Estado brasileiro (FUGÊNCIO, 2016). Em 2015, o Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS) e da Justiça, junto com o Conselho Nacional de Imigração (CNIg) autorizaram 43.781 vistos de permanência para haitianos que se encontravam em situação irregular no país e deram o prazo de 1 ano para providenciarem a Carteira de Identidade do Estrangeiro, requisito obrigatório para ingressar no mercado formal de trabalho (PORTAL BRASIL, 2015). Esse visto humanitário foi pensado especialmente para nacionais do Haiti, já que a situação destes não se enquadra nem nas classificações estabelecidas pelo Estatuto do Estrangeiro nem na definição feita pela Convenção de 1951 sobre o Estatuto do Refugiado da Organização das Nações Unidas (ONU). Tais classificações não contemplam a realidade do haitiano por ter migrado em decorrência de uma catástrofe ambiental. Não podemos dizer que foi somente por causa do visto humanitário diferenciado para os haitianos que eles optaram pelo Brasil como destino, mas sim a soma de vários fatores, como já ilustramos acima, por exemplo, o crescimento econômico brasileiro e o fechamento das fronteiras de outros países. 4. Considerações finais Mesmo com a diferenciação de um visto de caráter humanitário, os haitianos no Brasil ainda estão vulneráveis e sujeitos ao trabalho precário, assim como qualquer outro grupo de imigrante dentro país, pois, mesmo eles sendo pessoas instruídas na questão da formação acadêmica, fazem parte de um mercado internacional de trabalho precário destinado aos trabalhadores estrangeiros, que ocupam cargos dos quais os trabalhadores nacionais não querem ocupar, como por exemplo, em carvoarias, frigoríficos, construção civil e garçons em grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro. O visto humanitário destinado aos haitianos e concedido pelo Governo brasileiro em conjunto com instituições internacionais e nacionais ligadas à imigração internacional e direitos humanos foi uma medida de caráter econômico, que visa a estimulação e a legitimação da entrada deles de uma forma regularizada para trabalhar de modo formal e, assim, ter seus direitos e deveres tal como um cidadão brasileiro trabalhador. 477

Andréia Brito de Souza O haitiano que atravessa as fronteiras com a ajuda dos coiotes gastam um valor bem superior ao que ele gastaria vindo de avião e com o visto de entrada legalizado nas embaixadas haitiana ou na brasileira. Dessa forma, o dinheiro que seria gasto com a travessia irregular será usado dentro das fronteiras brasileiras, aquecendo assim a economia nacional. Do mesmo modo que os cidadãos brasileiros, os haitianos que possuem toda a documentação também pagarão impostos e terão o direito de usufruir dos serviços públicos, como saúde e educação. REFERÊNCIAS ACNUR - Alto Comissariado Das Nações Unidas Para Refugiados da ONU. Disponível em: < http://www.onu.org.br/onu-no-brasil/acnur/ >. Acesso em 12 abr. 2014. BRASIL. Ministério do Trabalho. Conselho Nacional de Imigração. Brasília: Base estatística. Disponível em:< http://portal.mte.gov.br/geral/estatisticas.htm> Acesso em: 18 mar. 2013. BRASIL. Ministério do Trabalho. Conselho Nacional de Imigração. Brasília: Resolução Normativa nº97. Brasília: Diário Oficial da União. 13 de janeiro, p. 96, 2013. CAFFEU, Ana Paula; CUTTI, Dirceu. Só viajar! Haitianos em São Paulo: um primeiro e vago olhar. Dossiê Haitianos: primeiros relatos. In.: Revista Travessia. Revista do migrante. São Paulo. Publicação do CEM. Ano XXV, nº 70, jan./jun. 2012. p.107-113. ISSN: 0103-5576. CONVENÇÃO RELATIVA AO ESTATUTO DOS REFUGIADOS, 1951. Disponível em: <http:// www.acnur.org/t3/portugues/recursos/documentos/ >. Acesso em 18 jan. 2014. DECLARAÇÃO DE CARTAGENA de 1984. Disponível em:< http://www.acnur.org/t3/portugues/ recursos/documentos/ >. Acesso em 18 jan. 2014. DECLARAÇÃO DE DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO DE 1789. Biblioteca virtual de Direitos Humanos. Universidade de São Paulo USP. Disponível em: < http://www. direitoshumanos.usp.br/index.php/documentos-anteriores-%c3%a0-cria%c3%a7%c3%a3oda-sociedade-das-na%c3%a7%c3%b5es-at%c3%a9-1919/declaracao-de-direitos-do-homem-edo-cidadao-1789.html >. Acesso em: 13 mai. 2014. DELGADO, Ana Paula Teixeira. A proteção jurídica dos migrantes haitianos no Brasil. Cadernos de Dereito Actual, nº 3, 2015, p. 499-515. ISSN 2340-860X. Disponível em: <http://webcache. googleusercontent.com/search?q=cache:2hdbn_vcdkej:www.cadernosdedereitoactual.es/ ojs/index.php/cadernos/article/download/66/55+&cd=5&hl=pt-br&ct=clnk&gl=br > e em: < http://www.cadernosdedereitoactual.es/ojs/index.php/cadernos/article/download/66/55.>. Acesso em: 13 out, 2015. 478

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