AVALIAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DOS PRINCIPAIS POLUENTES



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Transcrição:

1 UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL THIAGO AUGUSTO BRATTI SOUZA AVALIAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DOS PRINCIPAIS POLUENTES ATMOSFÉRICOS MONITORADOS NA REGIÃO SUL DO ESTADO DE SANTA CATARINA CRICIÚMA, JUNHO DE 2010

2 THIAGO AUGUSTO BRATTI SOUZA AVALIAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DOS PRINCIPAIS POLUENTES ATMOSFÉRICOS MONITORADOS NA REGIÃO SUL DO ESTADO DE SANTA CATARINA Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de Engenheiro Ambiental no curso de Engenharia Ambiental da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Orientadora: Profª. Paula Tramontim Pavei. CRICIÚMA, JUNHO DE 2010

3 THIAGO AUGUSTO BRATTI SOUZA AVALIAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DOS PRINCIPAIS POLUENTES ATMOSFÉRICOS MONITORADOS NA REGIÃO SUL DO ESTADO DE SANTA CATARINA Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela Banca Examinadora para obtenção do Grau de Engenheiro Ambiental, no Curso de Engenharia Ambiental da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, com Linha de Pesquisa em Controle de Qualidade do Ar. Criciúma, 24 de Junho de 2010. BANCA EXAMINADORA Profª. Paula Tramontim Pavei Mestre (UNESC) Orientadora Prof. Eduardo de Oliveira Nosse Doutor (IPC/DPA) Profª. Nadja Zim Alexandre Mestre (UNESC)

4 Àqueles que acreditaram no meu potencial e torceram ao meu lado para vencer cada obstáculo em minha vida.

5 AGRADECIMENTOS À Deus, primeiramente, por ser meu melhor amigo e me dar força e coragem nessa caminhada. Minha avó Ana, que é minha força vital e meu maior exemplo, meu avô Antonio, um verdadeiro PAI, repleto de amor e sabedoria, que embora não mais entre nós, carrego sempre no meu coração. À minha mãe que com muito amor foi imprescindível na minha vida e meu pai, por ter sido o principal responsável pelo título que agora levo. Jaquiane, que sempre me apoiou e esteve ao meu lado em todos os momentos da minha vida, tanto bons quanto ruins, te amo eternamente. Deivid pelo incentivo, compreensão, paciência, por saber entender meus momentos de ausência e por todo seu amor. Agradeço imensamente à Professora M.Sc. Paula Tramontim Pavei, por me aceitar como seu orientando, por me passar ensinamentos que jamais esquecerei, e pela paciência e empenho na realização deste. Além de professora é para mim uma grande amiga. Agradecimento em especial ao Professor Dr. Eduardo de Oliveira Nosse, que durante minha vida acadêmica se mostrou, além de professor, um grande amigo. E por aceitar compor minha banca examinadora, juntamente com a professora M.Sc Nadja Zim Alexandre, que fez despertar em mim o amor que hoje tenho pela profissão, e com seus ensinamentos e incentivos me mostrar a direção certa a seguir na minha carreira. Ao Professor M.Sc. Mário Ricardo Guadagnin, pelos ensinamentos, pela amizade, e pela figura paternal que exerceu perante minha família acadêmica. Aos familiares que sempre estiveram presente me apoiando e incentivando em especial Fernanda, Jaqueline, Filipe e Chico. Aos amigos e colegas que sempre estiveram ao meu lado e que espero que permaneçam ainda por muito tempo, Heloisa, Maria Gisele, Quênia, Cintia, Renata, Adonai, Pabline, Mariana, Marcos e Franciane. Aos que já se foram e deixaram saudades, ao mesmo tempo em que levaram consigo parte de mim, Bruna e Laura. Ao meu supervisor de campo e responsável por grandes ensinamentos

6 que permanecerão e pela oportunidade para desenvolver este trabalho, João Oto Schimitz Junior. Aos professores os quais convivi uma boa e inesquecível parte dos meus dias e que se tornaram muito mais que mestres, mas amigos inesquecíveis, Marta, Zeca Virtuoso, Gilca, Jacira, Carlyle.

7 Nunca o homem inventará nada mais simples nem mais belo do que uma manifestação da natureza. Dada a causa, a natureza produz o efeito no modo mais breve em que pode ser produzido. Leonardo da Vinci

8 RESUMO A necessidade de se garantir a preservação da qualidade do ar atmosférico representa um papel prioritário, devido à importância que esse recurso tem em nossas vidas. O ar, diferentemente da água, não é um elemento que pode ser tratado antes de seu consumo, dessa forma a manutenção da sua qualidade dentro dos padrões estabelecidos por leis, deve garantir a saúde e o bem estar da população em geral, principalmente em regiões com maior incidência de atividades potencialmente poluidoras (IAP, 2007). Nesse sentido a resolução CONAMA nº. 005 de 15 de junho de 1989, ao instituir o Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar (PRONAR), determinou que compete aos estados o estabelecimento e implementação dos Programas de Controle da Poluição do Ar. Frente a isso, a Fundação do Meio Ambiente (FATMA) em parceria com a Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), vêm monitorando a qualidade do ar em quatro municípios da região sul catarinense (Criciúma, Morro da Fumaça, Sangão e Tubarão), avaliando a concentração de dióxido de enxofre (SO 2 ), partículas totais em suspensão (PTS), partículas inaláveis (PI) e fumaça (FMC). Apesar da existência de tais dados, os mesmos nunca foram avaliados como um todo. Desta forma, este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) tem como objetivo geral analisar a concentração dos principais poluentes atmosféricos monitorados na região sul de Santa Catarina, verificando seu comportamento ao longo do período em que as amostras foram coletadas. O desenvolvimento consiste na avaliação da qualidade do ar na região sul de Santa Catarina, mediante análise dos dados existentes no monitoramento realizado em quatro municípios da região, no período de 1993 a 2009. A temática visa reunir os dados e comparar com a legislação pertinente, expondo-os em gráficos de forma a abordar diferentes contextos, tais como análise das concentrações diárias identificando o número de ultrapassagens dos padrões estabelecidos, obtenção de médias anuais avaliando o histórico de degradação da qualidade do ar ao longo do período monitorado, e identificação de outros episódios onde há desconformidade com os padrões de qualidade do ar. Durante a análise dos dados foram encontradas lacunas ou períodos em que o monitoramento não foi realizado. Frente a isso foi necessário adotar um critério de representatividade de dados. Os resultados obtidos mostram que houve ultrapassagens do padrão primário para médias diárias e anuais de PTS, SO 2 e PI. Ao contrário da FMC que não foi detectado ultrapassagens do padrão para ambas as médias. Foram detectados ainda alguns episódios agudos de poluição do ar para os parâmetros PTS e SO 2. De uma forma geral não foi possível a obtenção de um estudo completo para o monitoramento da qualidade do ar na região, principalmente em virtude da não representatividade das médias anuais detectadas, decorrentes da ausência de resultados. Porém, as médias diárias possibilitaram um entendimento inicial da qualidade do ar na região, sobretudo na identificação de áreas mais críticas em relação à deterioração deste compartimento ambiental. Palavras-chave: Monitoramento da qualidade do ar. Região sul de Santa Catarina, Poluentes atmosféricos.

9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Camadas da atmosfera e seu perfil médio de temperatura em função da altitude.... 20 Figura 2 - A Amostrador de grande volume para coleta de partículas totais em suspensão; B Componentes principais do AGV/PTS... 47 Figura 3 - A Amostrador de grande volume para coleta de partículas inaláveis (AGV/PI); B Cabeça Andersen.... 48 Figura 4 - A Elementos básicos da Cabeça Andersen; B Elementos básicos do amostrador.... 49 Figura 5 A Amostrador de pequeno volume - Tri-Gás; B Elementos básicos do Amostrador de pequeno volume - Tri-Gás.... 50 Figura 6 - Amostrador de pequeno volume para coleta de fumaça OPS/OMS... 51 Figura 7 Relação entre a concentração do poluente atmosférico e o valor de índice de qualidade.... 54 Figura 8 - Municípios da região sul de Santa Catarina onde há monitoramento da qualidade do ar... 60 Figura 9 - Relação entre dados representativos e não representativos das médias anuais para os poluentes monitorados.... 71 Figura 10 - Concentrações médias anuais de SO 2 para as estações monitoradas na região sul de Santa Catarina entre os anos de 1993 e 2009.... 74 Figura 11 - Ultrapassagens do padrão primário da concentração média diária de SO 2 na Estação 8 - Terminal Central, Criciúma.... 76 Figura 12 Concentrações médias diárias de SO 2 (µg/m 3 ) em 1999, detectadas na Estação 8 Terminal Central, Criciúma.... 77 Figura 13 - Concentrações médias diárias de SO 2 (µg/m 3 ) em 2000, detectadas na Estação 8 Terminal Central, centro de Criciúma... 78 Figura 14 - Concentrações médias diárias de SO 2 (µg/m 3 ) em 2001, detectadas na Estação 8 Terminal Central, centro de Criciúma... 79 Figura 15 - Ultrapassagens do padrão primário da concentração média diária e nível de atenção de SO 2 na Estação 9 SINDICER, Morro da Fumaça... 81 Figura 16 - Concentrações médias diárias de SO 2 (µg/m 3 ) em 2006, detectadas na Estação 9 SINDICER, centro de Morro da Fumaça.... 82

10 Figura 17 - Concentrações médias anuais de PTS para as estações monitoradas na região sul de Santa Catarina, entre os anos de 1993 e 2009.... 87 Figura 18 - Concentrações médias diárias de PTS (µg/m 3 ) em 1997, detectadas na Estação 1 CEIC do bairro Boa Vista, Criciúma.... 89 Figura 19 Concentrações médias diárias de PTS (µg/m 3 ) em 1993, detectadas na Estação 2 Praça Domingos Sônego, Centro, Criciúma.... 90 Figura 20 Concentrações médias anuais de PTS nos anos monitorados da Estação 3 Colégio Princesa Isabel e Estação 9 SINDCER, ambas localizadas no centro do município de Morro da Fumaça.... 92 Figura 21 - Número de ultrapassagens do padrão primário para concentrações médias diárias e nível de atenção de PTS na estação 3, Colégio Princesa Isabel e Estação 9 SINDCER, ambas localizadas no centro do município de Morro da Fumaça.... 93 Figura 22 Concentrações médias diárias de PTS (µg/m 3 ) em 1994 detectadas na Estação 3 Colégio Princesa Isabel, Centro, Morro da Fumaça.... 94 Figura 23 Concentrações médias diárias de PTS (µg/m 3 ) em 1996 detectadas na Estação 3 Colégio Princesa Isabel, Centro, Morro da Fumaça.... 95 Figura 24 Concentrações médias diárias de PTS (µg/m 3 ) em 1997 detectadas na Estação 3 Colégio Princesa Isabel, Centro, Morro da Fumaça.... 96 Figura 25 - Concentrações médias diárias de PTS (µg/m 3 ) em 1999 detectadas na Estação 3 Colégio Princesa Isabel, Centro, Morro da Fumaça.... 97 Figura 26 Concentrações médias diárias de PTS (µg/m 3 ) em 2000 detectadas na Estação 3 Colégio Princesa Isabel, Centro, Morro da Fumaça.... 98 Figura 27 Concentrações médias diárias de PTS (µg/m 3 ) em 2001 detectadas na Estação 3 Colégio Princesa Isabel, Centro, Morro da Fumaça.... 98 Figura 28 Concentrações médias mensais de PTS ao longo dos anos monitorados nas Estações 3 e 9 Centro de Morro da Fumaça... 100 Figura 29 Concentrações médias diárias de PTS (µg/m 3 ) em 1994 detectadas na Estação 6 Vila Moema, Tubarão, SC.... 102 Figura 30 Concentrações médias diárias de PTS (µg/m 3 ) em 1995 detectadas na Estação 6 Vila Moema, Tubarão, SC.... 103 Figura 31 Concentrações médias anuais de PI para as estações monitoradas na região sul de Santa Catarina entre os anos de 2001 e 2009... 105 Figura 32 - Relação entre PI e PTS, monitorados no ano de 2001 na Estação 3 Colégio Princesa Isabel, Centro, Morro da Fumaça.... 106

Figura 33 Concentrações médias anuais de PI para as estações monitoradas na região sul de Santa Catarina entre os anos de 1996 e 2002.... 109 11

12 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Localização das estações de monitoramento da qualidade do ar na região sul de Santa Catarina.... 57 Tabela 2 - Relação de poluentes monitorados, período amostrado e respectiva localização das estações de coleta.... 65 Tabela 3 - Localização e período de monitoramento de SO 2 nas diferentes estações.... 72 Tabela 4 - Localização e período de funcionamento das estações de monitoramento de partículas totais em suspensão - PTS.... 86 Tabela 5 - Localização e período de funcionamento das estações de monitoramento de partículas inaláveis - PI.... 105 Tabela 6 - Localização e período de funcionamento das estações de monitoramento de fumaça - FMC.... 108

13 LISTA DE QUADROS Quadro 1 Composição dos gases presentes na atmosfera terrestre e sua concentração em volume... 21 Quadro 2 - Fontes de poluição do ar e respectivos compostos emitidos... 35 Quadro 3 - Principais atividades com potencial de degradar a qualidade do ar na região de Criciúma... 36 Quadro 4 - Padrões nacionais de qualidade do ar e critérios para episódios agudos de poluição.... 40 Quadro 5 Metodologia aplicada a representatividade de dados em programas de monitoramento da qualidade do ar.... 46 Quadro 6 - Relação de valores de IQA com a qualificação do ar e suas respectivas cores ilustrativas.... 52 Quadro 7 Classificações de IQA e seus respectivos significados... 53 Quadro 8 - Limites de concentrações e Índice de Qualidade do Ar IQA... 55 Quadro 9 - Representatividade de dados em Rede Manual de Monitoramento da Qualidade do Ar.... 68

14 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas AGV Amostrador de Grandes Volumes Ar Argônio CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental CO Monóxido de Carbono CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente COV Compostos Orgânicos Voláteis CO 2 Dióxido de Carbono DPA Divisão de Poluentes Atmosféricos EPA Environmental Protection Agency F Flúor FATMA Fundação do Meio Ambiente FEAM Fundação Estadual do Meio Ambiente FMC Fumaça FUCRI Fundação Educacional de Criciúma HCl Ácido Clorídrico He Hélio HF Ácido Fluorídrico H 2 O Água H 2 S Gás Sulfídrico H 2 SO 4 Ácido Sulfúrico IAP Instituto Ambiental do Paraná IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE Instituto Brasileiro de Geografia Estatística IPAT Instituto de Pesquisas Ambientais e Tecnológicas IPC Instituto de Pesquisa Catarinense IQA Índice de Qualidade do Ar LME Limite Máximo de Emissão LP Licença Prévia MAA Média Aritmética Anual MGA Média Geométrica Anual

15 MP Material Particulado MW Megawatts NBR Norma Brasileira NO Monóxido de Nitrogênio NOAA National Oceanic and Atmospheric Administration. NO x Óxidos de Nitrogênio NO 2 Dióxido de Nitrogênio NUPEA Núcleo de Pesquisas Ambientais N 2 Nitrogênio O 2 Gás Oxigênio O 3 Ozônio PAN Peróxi-Acetil Nitrato PI Partículas Inaláveis PMC Prefeitura Municipal de Criciúma PQAr Padrão da Qualidade do Ar PRONAR Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar PSI Pollutants Standards Index PTS Partículas Totais em Suspensão SEMA Secretaria de Estado de Meio Ambiente SINDICER Sindicato das Indústrias da Cerâmica Vermelha SO 2 Dióxido de Enxofre SO 3 Sulfeto SO 4 Sulfato TAC Termo de Ajuste de Conduta TCC Trabalho de Conclusão de Curso UNESC Universidade do Extremo Sul Catarinense USA United States of America Xe Xenônio

16 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 18 2 REFERENCIAL TEÓRICO... 20 2.1 Qualidade do ar e poluição atmosférica... 20 2.2 Poluentes atmosféricos... 22 2.3 Indicadores de qualidade do ar... 24 2.3.1 Material Particulado (MP)... 25 2.3.1.1 Partículas Totais em Suspensão (PTS)... 26 2.3.1.2 Partículas Inaláveis (PI)... 26 2.3.2 Fumaça (FMC)... 27 2.3.3 Dióxido de Enxofre (SO 2 )... 27 2.3.4 Monóxido de Carbono (CO)... 28 2.3.5 Óxidos de Nitrogênio (NO x )... 29 2.3.6 Compostos Orgânicos Voláteis (COV)... 30 2.3.7 Oxidantes Fotoquímicos... 30 2.4 Efeitos da poluição do ar... 31 2.4.1 Efeitos sobre a saúde... 31 2.4.2 Efeitos sobre os materiais... 32 2.4.3 Efeitos sobre a vegetação... 32 2.4.4 Efeitos sobre as propriedades atmosféricas... 33 2.4.5 Efeitos sobre a economia... 33 2.5 Fontes de poluição do ar... 34 2.5.1 Atividades potencialmente poluidoras na região de Criciúma, SC... 35 2.6 Legislações nacionais e estaduais relacionadas ao controle da qualidade do ar... 37 2.6.1 Resolução CONAMA nº. 005 de 15 de junho de 1989... 37 2.6.2 Resolução CONAMA nº. 003 de 28 de junho de 1990... 39 2.6.3 Resolução CONAMA nº. 008 de 6 de dezembro de 1990... 41 2.6.4 Resolução CONAMA nº. 382 de 26 de dezembro de 2006... 42 2.6.5 Legislações estaduais relacionadas ao controle da qualidade do ar... 43 2.7 Monitoramento da qualidade do ar... 44 2.7.1 Equipamentos de amostragem... 46

17 2.7.1.1 Amostrador de Grandes Volumes para coleta de partículas totais em suspensão PTS... 46 2.7.1.2 Amostrador de Grandes Volumes para coleta de partículas inaláveis - MP10... 48 2.7.1.3 Amostrador de Pequenos Volumes - Tri-Gás... 49 2.7.1.4 Amostrador de Pequeno Volume para coleta de fumaça OPS/OMS... 50 2.7.2 Índice de qualidade do ar... 52 2.8 Monitoramento da qualidade do ar na região sul de Santa Catarina... 56 3 METODOLOGIA... 59 3.1 Área de estudo... 59 3.1.1 Município de Criciúma... 60 3.1.2 Município de Morro da Fumaça... 61 3.1.3 Município de Sangão... 62 3.1.4 Município de Tubarão... 63 3.2 Coleta de dados... 64 3.2.1 Avaliação das concentrações dos poluentes atmosféricos... 66 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS... 70 4.1 Concentração de poluentes atmosféricos... 70 4.1.1 Dióxido de Enxofre - SO 2... 72 4.1.2 Partículas Totais em Suspensão - PTS... 85 4.1.3 Partículas Inaláveis - PI... 104 4.1.4 Fumaça FMC... 108 5 CONCLUSÃO... 111 REFERÊNCIAS... 115

18 1 INTRODUÇÃO O rápido crescimento das cidades fez com que a população aumentasse de forma significativa ao longo dos anos. Para poder suprir a necessidade desta expansão, novas atividades foram tomando espaço no mercado competidor, gerando impactos ao meio ambiente e comprometendo a qualidade dos recursos naturais, inclusive em relação à deterioração da qualidade do ar. A necessidade de se garantir a preservação deste compartimento representa um papel prioritário devido à importância que esse recurso tem em nossas vidas. O ar, diferentemente da água, não é um elemento que pode ser tratado antes de seu consumo. Dessa forma a manutenção da sua qualidade dentro dos padrões estabelecidos por leis, deve garantir a saúde e o bem estar da população em geral, principalmente em regiões com maior incidência de atividades potencialmente poluidoras (IAP, 2007). A região sul de Santa Catarina, cenário deste trabalho, apresenta forte industrialização em várias tipologias de atividades, que proporcionam muitos benefícios para a região, sobretudo no campo econômico. Por outro lado, também acarretam em ônus para a população e ambiente como um todo, dentre os quais se cita a emissão de poluentes na atmosfera. Para evitar os efeitos da poluição atmosférica à coletividade, as únicas formas de se ter um controle do material que está sendo emitido é quantificando, prevendo ou sabendo o quanto reduzir dessas emissões. Para isso é necessário haver um monitoramento direto através das fontes de emissão ou indireto da qualidade do ar das cidades. Diante deste contexto, a Fundação do Meio Ambiente (FATMA) em parceria com a Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC) vem realizando o monitoramento da qualidade do ar na região sul do estado de Santa Catarina desde 1993. Apesar da existência do monitoramento durante este período, não há uma análise histórica dos dados, tão pouco uma avaliação do comportamento destes poluentes na atmosfera das referidas cidades. Tais resultados poderiam subsidiar

19 um maior entendimento da qualidade do ar na região, possibilitando a indicação de novas pesquisas e programas de monitoramento. Desta forma, este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo geral avaliar os resultados das concentrações dos principais poluentes atmosféricos monitorados na região sul de Santa Catarina, verificando seu comportamento ao longo do período em que as amostras foram coletadas. Já, como objetivos específicos definiram-se: a) Levantar dados das concentrações dos poluentes atmosféricos monitorados no período de 1993 a 2009, nas cidades de Criciúma, Sangão, Morro da Fumaça e Tubarão; b) Avaliar as concentrações de dióxido de enxofre (SO 2 ), partículas totais em suspensão (PTS), partículas inaláveis (PI) e fumaça (FMC) nos municípios onde houve monitoramento; c) Averiguar se as concentrações dos poluentes atmosféricos analisados ultrapassaram os padrões estabelecidos pela legislação vigente, quantificando-as; d) Relacionar a qualidade do ar nos períodos monitorados com o Índice de Qualidade do Ar (IQA), destacando os efeitos que a condição do ar exerce na população em geral.

20 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Qualidade do ar e poluição atmosférica O ar atmosférico é um componente de importância vital e primordial para a realização de diversas atividades. Define-se este compartimento como a matéria gasosa que circunda o globo terrestre (CETESB, 2010a). Sua composição não se restringe à presença oxigênio e nitrogênio, mas também da mistura de outros gases presentes no mesmo meio, bem como partículas liquidas como as nuvens de vapor d água e neblina, e partículas sólidas, como poeiras em suspensão (MOUVIER, 1997). A atmosfera é uma camada composta por vários tipos de gases que envolvem a terra e penetra parcialmente em todos os seus ambientes, da qual dependem todos os organismos nela presentes, seja direta ou indiretamente (BRANCO e MURGEL, 1995). Segundo Braga et al (2002) a atmosfera divide-se em quatro diferentes camadas, de acordo com a sua estratificação térmica, em função da altitude. A figura 1 apresenta as camadas da atmosfera (troposfera, estratosfera, mesosfera e ionosfera), bem como seu perfil médio de temperatura em função da altitude. Figura 1 - Camadas da atmosfera e seu perfil médio de temperatura em função da altitude. Fonte: Rocha, Rosa e Cardoso, 2004.

21 Derísio (2000) destaca a importância da camada inferior da atmosfera (troposfera), visto que nela encontram-se aproximadamente 95% das substâncias presentes neste compartimento, o que possibilita a existência da vida e os fenômenos climáticos que a influenciam. A composição dos gases presentes e sua concentração em relação ao volume são apresentadas no quadro 1. Quadro 1 Composição dos gases presentes na atmosfera terrestre e sua concentração em volume. COMPONENTE FÓRMULA QUÍMICA CONCENTRAÇÃO (volume) Nitrogênio N 2 78,1 Oxigênio O 2 20,95 Argônio e outros gases nobres Ar, He, Xe 0,93 Dióxido de carbono CO 2 0,03 Vapor d água e outros elementos H 2 O, SO 2, NO 2, etc. Fonte: Braga et al, 2002; Rocha, Rosa e Cardoso, 2004. 0,04 (variável) De acordo com Rocha, Rosa e Cardoso (2004, p.66), o ser humano tem interferido cada vez mais na composição da atmosfera do planeta, sem conhecer suas conseqüências ou desprezando, em parte, as que já são conhecidas. Ao se falar na composição original da atmosfera e relacionando a atuação antrópica com as alterações nela provocadas, pode-se constatar que este compartimento está sendo degradado. Assim, cabe apresentar o conceito de poluição do ar, sendo: [...] a mudança em sua composição ou em suas propriedades, causada por emissões de poluentes; tornando-o impróprio, nocivo ou inconveniente à saúde, ao bem estar público, à vida animal e vegetal e até mesmo alguns materiais (BRANCO E MURGEL, 1995, p.18). Mais recentemente, Gomes (2001 p.17), conceitua poluição do ar como [...] a presença na atmosfera exterior, de um ou mais contaminantes, ou sua combinação em quantidades ou com uma duração tal que possa vir a ser considerados nocivos para a vida humana, animal, vegetal ou bens.

22 Derísio (2000) e Gomes (2001) direcionam a poluição às atividades antrópicas, dizendo que é essencialmente produzida pelo homem e está diretamente relacionada com os processos de industrialização e a conseqüente urbanização da humanidade, incluindo processos agrícolas, domésticos e de transporte, destacando assim, algumas das atividades como sendo potenciais fontes de geração de poluição. Cabe ressaltar, que os efeitos relacionados com a deterioração da qualidade do ar não é um problema da atualidade e não está relacionada somente a urbanização ou era industrial. Conforme Braga et al (2002, p.170) verifica-se que: Os problemas de poluição do ar não são recentes. A história antiga registra que em Roma, há 2 mil anos, surgiram as primeiras reclamações a respeito do assunto. No século XIII (1273), o Rei Eduardo da Inglaterra assinou as primeiras leis de qualidade do ar, proibindo o uso do carvão com alto teor de enxofre. Países que se encontram em processo de desenvolvimento apresentam um quadro de poluição maior que alguns países que já alcançaram o nível de desenvolvimento desejado, isso devido aos recursos que os países desenvolvidos dispõem para se adequar ao controle da emissão dos poluentes na atmosfera (BAIRD, 2002). 2.2 Poluentes atmosféricos De acordo com Zilberman (1997), qualquer fator que tenha efeito danoso aos seres vivos ou ao seu meio é denominado poluente. A Resolução CONAMA n 003 de 22 de agosto de 1990, no parágrafo único do seu artigo 1º, trás uma definição para poluentes atmosféricos como sendo: [...] qualquer forma de matéria ou energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou características em desacordo com os níveis estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar: I impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde; II inconveniente ao bem-estar público; III danoso aos materiais, à fauna e flora; IV prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade (BRASIL, 1990a, p. 1).

23 A emissão de poluentes na atmosfera pode estar associada à obtenção de energia através de processos de combustão, desenvolvidos para diversas finalidades, tais como cozimento de alimentos, transporte em veículos movidos por motores à combustão, obtenção de energia elétrica, processos produtivos industriais, entre outros (ROCHA, ROSA e CARDOSO, 2004). Branco e Murgel (1995) ressaltam ainda que haja relação direta entre a emissão de contaminantes atmosféricos e a queima de combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão mineral) ou recicláveis (lenha, álcool, etc.). Tendo em vista a diversidade das atividades citadas anteriormente, grande é a variedade de substâncias emitidas na atmosfera, para melhor compreender o comportamento destes compostos, os poluentes atmosféricos são divididos em classes, baseado nas suas diferentes características. Quando a finalidade for conhecer as fontes de poluição para poder controlá-las, tais substâncias podem ser classificadas de acordo com sua origem em: a) poluentes primários, aqueles lançados diretamente no ar pelas fontes de emissão; e b) poluentes secundários, cuja formação ocorre na atmosfera por meio de reações físico-química que ocorrem entre os poluentes primários e certas substâncias químicas presentes neste compartimento (BRANCO e MURGEL, 1995; DERÍSIO, 2000; BRAGA et al, 2002). Os poluentes atmosféricos podem ser classificados ainda, de acordo com sua composição química em: a) compostos orgânicos (hidrocarbonetos, alcoóis, aldeídos, cetonas, ácidos orgânicos) e b) compostos inorgânicos (compostos de enxofre, nitrogênio, halogenados, entre outros). E também em relação a sua forma física: a) partículas mistura de compostos no estado sólido e/ou líquido; e b) gases e vapores moléculas separadas, com grande mobilidade, que não tem forma ou volume definido (CETESB, 2010b). Ainda de acordo com CETESB (2010b), foi adotado universalmente um grupo específico de poluentes que servem como indicadores de qualidade do ar, padronizando os processos de monitoramento.

24 2.3 Indicadores de qualidade do ar Indicadores da qualidade do ar é o nome dado a um grupo de poluentes, selecionados em virtude de sua frequente ocorrência e seus efeitos adversos, adotados universalmente para controlar a qualidade deste compartimento ambiental (CETESB, 2010c). De acordo com Braga et al (2002, p.190), a legislação brasileira de qualidade do ar segue muito de perto as leis norte-americanas. Nos Estados Unidos o órgão responsável pela fixação desses índices é a Environmental Protection Agency (EPA) [...]. Braga et al (2002) acrescenta ainda que instituições internacionais como a EPA USA (Environmental Protection Agency United States of America) e NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), bem como as nacionais, através da Portaria Normativa IBAMA nº 348 de 14 de março de 1990 e Resolução CONAMA n 03/90 estabeleceram os padrões de qualidade do ar, definindo sete indicadores: Material Particulado (Partículas Totais em Suspensão PTS e Partículas Inaláveis PI); Fumaça; Dióxido de Enxofre (SO 2 ); Monóxido de Carbono (CO); Dióxido de Nitrogênio (NO 2 ); Compostos Orgânicos Voláteis (COVs); Ozônio (O 3 ).

25 2.3.1 Material Particulado (MP) Segundo Derísio (2000), material particulado (MP) é um conjunto de poluentes constituídos de poeiras, fumaças e todo o tipo de material sólido e líquido que se mantém suspenso na atmosfera por causa de seu pequeno tamanho. Braga et al (2002, p.172), traz uma definição mais completa destacando a origem destes poluentes: [...] entende-se por material particulado as partículas de material sólido e líquido capazes de permanecer em suspensão, como é o caso da poeira, fuligem e das partículas de óleo, alem do pólen. Esses contaminantes podem ter origem nos processos de combustão (fuligem e partícula de óleo) ou então ocorrem devido a fenômenos naturais, como é o caso da dispersão do pólen ou da suspensão de material particulado devido à ação do vento. O material particulado presente na atmosfera pode ter origem natural ou antrópica. Os de origem natural são emitidos através da atividade vulcânica, ação de transporte dos ventos no continente suspendendo o material sólido ou sobre os oceanos, transportando gotículas de água (spray marinho). Os vegetais também são considerados grandes agentes produtores naturais de MP, sobretudo através da polinização direta ou como precursores em forma de compostos orgânicos voláteis (COV), que ao reagir na atmosfera formam partículas. Vírus e bactérias também são considerados material particulado (ROCHA, ROSA e CARDOSO, 2004). O material particulado de origem antrópica é resultante de diversas ações, destacando-se processos de combustão, atividades industriais, veículos que liberam o MP pelo cano de descarga ou através da suspensão de partículas de poeira nas estradas, construções e até mesmo manejo do solo para fins agrícolas (ROCHA, ROSA e CARDOSO, 2004). A poluição do ar provocada pela presença do MP na atmosfera é bastante prejudicial à saúde de quem está exposto a essas partículas, visto que quando inalados os mesmos podem atingir o sistema respiratório inferior, provocando sérias complicações (ZURITA e TOLFO, 2000). Em função das suas diferentes origens, o material particulado apresenta tamanhos diferenciados. Baseado na sua granulometria este grupo de compostos é

26 dividido em dois subgrupos, sendo elas Partículas Totais em Suspensão (PTS) e Partículas Inaláveis (PI). 2.3.1.1 Partículas Totais em Suspensão (PTS) As Partículas Totais em Suspensão (PTS) são aquelas de diâmetro aerodinâmico menores de 100µm e representam uma fração total de matéria particulada em suspensão. As que compreendem tamanho de 100 a 2,5µm são chamadas de partículas grossas (ROCHA, ROSA e CARDOSO, 2004). Os efeitos adversos do PTS encontrado no ar atmosférico podem interferir tanto no aspecto estético, prejudicando as atividades normais da comunidade, como também na saúde, podendo causar sérios problemas (ALEXANDRE et al, 1995). 2.3.1.2 Partículas Inaláveis (PI) As PIs são partículas que apresentam granulometria menor que 10µm. As mesmas recebem ainda uma subdivisão em dois subgrupos, que são: material particulado de tamanho entre 10µm e 2,5µm (MP 10-2,5 ), que já entra na classificação de partículas grossas, e material particulado menor que 2,5 µm (MP 2,5 ) ou partículas inaláveis finas (ROCHA, ROSA e CARDOSO, 2004). Esse tipo de poluente merece uma maior atenção, visto que ao ser inalado, uma parte do material particulado, sobretudo os de maior granulometria ficam retido no trato respiratório superior (partículas grossas); já as partículas finas, em virtude de seu pequeno tamanho podem atingir o aparelho respiratório inferior, e assim permanecer nos pulmões, ficando retidas nos alvéolos pulmonares. Essas partículas mais finas associadas a determinadas substâncias minerais ou compostos orgânicos, podem apresentar propriedades tóxicas e cancerígenas, provocando danos graves à saúde (ALEXANDRE et al, 1995; DERÍSIO, 2000).

27 2.3.2 Fumaça (FMC) Derísio (2000, p.100) apresenta a fumaça como sendo: [...] outro parâmetro, ainda utilizado, desenvolvido pela Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Europa, e consiste em expressar o teor de material particulado suspenso na atmosfera em termos de fumaça internacional normalizada. A fumaça (FMC) está associada ao PTS, presentes na atmosfera, que são provenientes dos processos de combustão. A metodologia de quantificação se baseia na medida de refletância da luz quando incide na poeira. Essa poeira geralmente é coletada em um filtro, conferindo a este parâmetro a característica de estar diretamente relacionado ao teor de fuligem presente na atmosfera (CETESB, 2010b). Esta determinação está baseada na medida da refletância da poeira, o que confere a este parâmetro a característica de estar intimamente relacionado ao teor de material carbonáceo na atmosfera (DERISIO, 2000). 2.3.3 Dióxido de Enxofre (SO 2 ) Os óxidos de enxofre são compostos produzidos a partir da queima de combustíveis que contenham enxofre em sua cadeia atômica, como os combustíveis derivados do petróleo (gasolina, óleos combustíveis de alto teor de enxofre e carvão mineral). Além de serem gerados em processos biogênicos naturais como de decomposição de matéria orgânica, processo esse caracterizado pela geração de ácido sulfídrico (H 2 S) não somente no solo, mas também na água (ALEXANDRE et al, 1995; ZURITA e TOLFO, 2000; BRAGA et al, 2002). De acordo com Branco e Murgel (2005, p.39), o dióxido de enxofre (SO 2 ) é um dos poluentes mais comuns e por este motivo e considerado um indicador dos óxidos de enxofre. Em relação a seus efeitos, o dióxido de enxofre é responsável por diferentes danos, tanto a saúde humana, quanto ao ambiente em geral.

28 De acordo com CETESB (2010b, sp.) o dióxido de enxofre pode reagir com outras substâncias presentes no ar formando partículas de sulfato que são responsáveis pela redução da visibilidade na atmosfera. Zurita e Tolfo (2000) acrescentam que a presença de SO 2 na atmosfera pode gerar o aparecimento de outras substâncias ainda mais tóxicas, tais como o trióxido de enxofre (SO 3 ) e ácido sulfúrico (H 2 SO 4 ), devido à ação da luz solar e reações com ozônio, peróxido de hidrogênio e vapor d água. Por este motivo, tal poluente é considerado o principal precursor da chuva ácida. Na saúde humana este composto se fixa nas paredes do aparelho respiratório em suas passagens úmidas, onde é altamente solúvel, produzindo ali uma maior resistência a passagem do ar para os pulmões, aumentando a produção do muco. Quando adsorvido a partículas menores, ele pode penetrar mais fundo nos pulmões danificando mais fortemente os tecidos, podendo agravar doenças respiratórias pré-existentes ou contribuindo para seu desenvolvimento (DERÍSIO, 2000). Ao relacionar o exposto com as atividades produtoras na região sul de Santa Catarina, o SO 2 recebe atenção especial, visto que processos que apresentam elevado potencial em emitir tais partículas, como a extração do carvão (depósito de rejeitos) e sua utilização como fonte energética e, até mesmo em automóveis que utilizem combustíveis derivados de petróleo são desenvolvidas em grande proporção na região (ALEXANDRE et al, 1995). 2.3.4 Monóxido de Carbono (CO) O monóxido de carbono é um gás incolor e inodoro, resultante da combustão incompleta de combustíveis fósseis e outros materiais que contenham carbono em sua composição, como madeira, carvão mineral, petróleo e outros combustíveis orgânicos (BRANCO e MURGEL, 1995; BRAGA et al, 2002). Além de ser um dos mais perigosos tóxicos respiratórios, é um dos poluentes gasosos mais comumente encontrados nas grandes cidades, onde há áreas de intensa circulação de veículos automotores, um de seus maiores produtores (BRANCO e MURGEL, 1995).

29 Segundo Zurita e Tolfo (2000) o monóxido de carbono também pode ser emitido através de fontes naturais, como os vulcões em erupção. Em linhas de Derísio (2000, p. 101) verifica-se que os efeitos da exposição de seres humanos ao monóxido de carbono estão associados à capacidade de transporte de oxigênio na combinação da hemoglobina com o sangue. [...] Isso se deve pelo fato de o CO ter 210 vezes mais afinidade com a hemoglobina do que o próprio O 2, que ao se ligarem formam um composto chamado carboxihemoglobina que dificulta o transporte de oxigênio até o cérebro. 2.3.5 Óxidos de Nitrogênio (NO x ) Gomes (2001, p.23) refere-se aos óxidos de nitrogênio como óxidos de azoto e complementa dizendo que os óxidos de azoto são poluentes emitidos a partir de fontes estacionárias como equipamentos de combustão e são compostos essencialmente por monóxido (NO) e dióxido de azoto (NO 2 ). Os compostos gasosos de nitrogênio são formados geralmente em grandes cidades, durante processos de combustão. Gomes (2001, p.23) explica a complexidade da formação destes compostos na combustão de fósseis e cita que [...] a formação de NO é afetada por inúmeros fatores, entre os quais predominam as características do processo de combustão, tipo de combustível e sua composição química, geometria e dimensões, assim como a carga do equipamento de combustão. Após a emissão do NO na atmosfera, sob a ação de luz solar, o mesmo reage com o oxigênio reativo e se transforma em NO 2, o que torna seu controle mais problemático (BRANCO e MURGEL, 1995; CETESB, 2010b). Zurita e Tolfo (2000) apresentam o NO 2 como um gás toxico de coloração marrom-avermelhada, que apresenta forte odor. Pode levar à formação de ácido nítrico, nitratos e compostos orgânicos tóxicos. Dependendo das concentrações, o NO 2 causa prejuízos à saúde, visto que sua baixa solubilidade e capacidade de chegar mais fundo no sistema

30 respiratório podem ocasionar o desenvolvimento de substâncias cancerígenas como a nitrosamina (DERISIO, 2000). Os óxidos de nitrogênio têm ainda, papel importante na formação de oxidantes fotoquímicos como o ozônio e no meio ambiente leva a formação da chuva ácida, danos à vegetação que pode influenciar nas colheitas, afetando economicamente a agricultura (CETESB, 2008; CETESB, 2010b). 2.3.6 Compostos Orgânicos Voláteis (COV) De uma maneira bastante abrangente, Mouvier (1997, p.23), aponta que são chamados de compostos orgânicos voláteis (COV) os compostos gasosos presentes na atmosfera. Eles compreendem especialmente os hidrocarbonetos gasosos. Já, Lora (2000, p.238), com uma visão mais analítica, diz que os COVs são hidrocarbonetos do tipo aldeídos, cetonas, solventes clorados, substâncias refrigerantes, etc. A resolução CONAMA n. 382 (2006) complementa ao dizer que COVs são compostos orgânicos que possuem ponto ebulição de até 130 ºC na pressão atmosférica e podem contribuir na formação dos oxidantes fotoquímicos. 2.3.7 Oxidantes Fotoquímicos Oxidantes fotoquímicos é a denominação dada para a mistura de poluentes secundários formados pela reação de hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio lançados na atmosfera, por meio da reação química entre esses compostos, catalisada pela radiação da luz solar. Dentre os produtos formados destacam-se o peróxi-acetil nitrato (PAN) e o ozônio (O 3 ), sendo este último usado como parâmetro indicador da presença de tal grupo de poluentes (DERÍSIO, 2000). O ozônio é um gás incolor, inodoro nas concentrações ambientais, bastante conhecido pelo seu poder oxidante. Não é emitido diretamente na

31 atmosfera, ele é resultante de processos fotoquímicos onde a radiação solar incide sobre óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis. Provoca danos a colheitas, danifica materiais como a borracha e o couro tornando-os quebradiços e na saúde humana provoca irritações nos olhos e no aparelho respiratório e, redução das funções pulmonares quando submetidos a altas concentrações (ZURITA e TOLFO, 2000; CETESB, 2008). Lora (2000, p.245) diz ainda que o O 3 constitui um irritante severo dos olhos, nariz e garganta. Para concentrações de ozônio de 0,01ppm ocorre irritação dos olhos; concentrações de 2,0 ppm provocam tosse severa. 2.4 Efeitos da poluição do ar Ao estudar os efeitos da poluição do ar presente na atmosfera, Branco e Murgel (1995, p.30) relatam que Os efeitos da presença de poluentes na forma de gases ou de partículas no ar atmosférico variam muito, quer em qualidade, quer em quantidade. Em geral, podemos classificar esses efeitos em tóxicos, estéticos e irritantes. De acordo com a referência citada, os efeitos estéticos são danos causados pela emissão de compostos que causam alterações na aparência do ar. Efeitos irritantes estão relacionados a certa irritação no corpo receptor. E finalmente, efeitos tóxicos os que causam intoxicação quando exposto aos poluentes. Já Lora (2000) e Derísio (2000) dividem os efeitos da poluição do ar em danos à saúde, aos materiais, à vegetação, às propriedades atmosféricas e à economia. 2.4.1 Efeitos sobre a saúde Os efeitos da poluição do ar sobre a saúde humana incluem uma série de doenças agudas e crônicas, bem como, alterações importantes nas funções fisiológicas do corpo humano e do sistema nervoso. Além disto, pequenos danos

32 também podem ser percebidos, tais como desconforto, odor, e diminuição da visibilidade (LORA, 2000). Derísio (2000, p.244) acrescenta que altas concentrações de poluentes estão relacionadas com o aumento da mortalidade em regiões afetadas, assim como o agravamento do estado de saúde com doenças respiratórias. 2.4.2 Efeitos sobre os materiais Ao se falar dos danos provocados pela poluição atmosférica aos materiais, verifica-se a ocorrência de alguns fenômenos, destacando-se a abrasão, deposição e remoção, ataque químico direto e indireto e corrosão eletroquímica (DERÍSIO, 2000). O mesmo autor ainda expõe que a presença de tais efeitos tem influência direta de alguns fatores atmosféricos, a saber: umidade relativa, temperatura, luz solar, velocidade do ar, a posição no espaço do material. Lora (2000) evidencia alguns casos onde ocorreram à deterioração de materiais em virtude da ação de poluentes atmosféricos, tais como desgastes das estátuas Caríatidas no Parthenon (Grécia) e Taj Mahal (Índia). 2.4.3 Efeitos sobre a vegetação A vegetação quando exposta aos poluentes atmosféricos, segundo Derísio (2000) podem ser afetadas por três mecanismos diferentes: redução da penetração da luz, deposição de poluentes no solo alterando a composição química dos mesmos e penetração dos poluentes pelos estômatos das plantas, que dificultam o processo de fotossíntese. Lora (2000, p.243) explica os danos à vegetação ao relatar que os poluentes penetram nas plantas através da respiração normal, provocando a destruição da clorofila e a interrupção da fotossíntese.

33 2.4.4 Efeitos sobre as propriedades atmosféricas Em regiões urbanizadas onde ocorrem altas concentrações de poluição atmosférica é comum verificar efeitos relacionados às propriedades da atmosfera, como formação de névoas e precipitação, redução da intensidade de radiação solar, alteração da distribuição das temperaturas e do vento e redução da visibilidade (LORA, 2000). Derísio (2000, p. 90) diz que para um cidadão comum, a deterioração da visibilidade é a primeira indicação da existência da poluição do ar. Essa deterioração se da pelo fato de a luz ser absorvida e dispersada ao incidir nas partículas sólidas e líquidas em suspensão na atmosfera. Formações de névoas geralmente podem ser relacionadas à presença do SO 2 na atmosfera, visto que gotas de ácido sulfúrico acabam formando pequenos núcleos de condensação e, posteriormente pequenas gotas de névoa (LORA, 2000). 2.4.5 Efeitos sobre a economia A economia sempre, de uma forma ou de outra será afetada pela poluição atmosférica. Segundo Derísio (2000, p.92) o custo acurado destes efeitos é complexo de se determinar; no entanto, certas estimativas foram e podem ser feitas. Essas estimativas são referentes a levantamentos feitos em determinadas cidades com os gastos referentes a danos causados pela deterioração da qualidade do ar. Nos Estados Unidos estima-se que tais gastos sejam na ordem de U$ 60,00 / habitante/ ano (DERÍSIO, 2000). Outro fator que deve ser levado em conta são os custos referentes à prevenção e controle da poluição atmosférica em termos de custo-benefício, estimase que, para cada dólar gasto no controle de poluição do ar, se evita o gasto de dezesseis dólares decorrentes dos danos causados (DERÍSIO, 2000, p.92).

34 2.5 Fontes de poluição do ar O ser humano, ao interagir com o meio em que vive, produz resíduos, dos quais uma parte deles causa problemas de poluição do ar. Tais problemas resultam das chamadas fontes de poluição (DERÍSIO, 2000, p.111). Zurita e Tolfo (2000) e Silva (2010) explicam que as fontes de poluição do ar podem ser classificadas em estacionárias ou fixas, móveis, naturais e formadas por reações químicas na atmosfera. As fontes estacionárias ou fixas contemplam as indústrias, atividades comerciais e prestadoras de serviços e as queimadas onde há ação direta do homem (ZURITA E TOLFO, 2000; SILVA, 2010). Fontes móveis são constituídas por veículos automotores (principais fontes), trens, aviões e embarcações marinhas. As emissões de poluentes acontecem através da queima incompleta dos combustíveis utilizados nos veículos, seja para veículos leves (movidos à gasolina e álcool) ou veículos pesados (movidos a óleo diesel) (DERÍSIO, 2000; SILVA, 2010). Fontes naturais são aquelas que ocorrem sem a interferência da ação humana, tais como erupções vulcânicas, descargas elétricas, processos de decomposições e queimadas, tempestades de areia e poeira, poeira cósmica, evaporação natural, maresia dos mares e oceanos (ZURITA E TOLFO, 2000; DERÍSIO, 2000). Finalizando os tipos de fontes, existem ainda aqueles poluentes cuja origem está relacionada a reações químicas que ocorrem entre os poluentes primários e componentes presentes na atmosfera, a estes se denomina poluentes secundários (CETESB, 2010b). O quadro 2 explana de uma forma mais simplificada a relação dos principais poluentes atmosféricos produzidos por suas fontes de emissão.

35 Quadro 2 - Fontes de poluição do ar e respectivos compostos emitidos. Fontes Estacionárias Fontes Combustão Processo Industrial Queima de resíduo Solido Outras Poluentes MP, SO 2, SO 3, CO, Hidrocarbonetos e Óxidos de Nitrogênio. Material Particulado (fumos, poeiras, nevoas), Gases - SO 2, SO 3, HCl, Hidrocarbonetos, Mercaptanas, HF, H 2 S, NO x Material Particulado, Gases - SO 2, SO 3, HCl, NO x Hidrocarbonetos e Material Particulado Veículos Gasolina / Diesel, álcool, Fontes Móveis aviões, motocicletas, barcos, locomotivas Fontes Naturais Reações Químicas na Atmosfera Fonte: CETESB, 2010a. Material Particulado, CO, NO x, Hidrocarbonetos, Aldeídos e Ácidos Orgânicos Material Particulado, Poeira, SO 2, H 2 S, CO, NO, NO 2, Hidrocarbonetos Poluentes Secundários - O 3, Aldeídos, Ácidos Orgânicos, Nitratos Orgânicos, Aerossol Fotoquímico, etc. Derísio (2000) reconhece que as indústrias são as fontes de maior potencial poluidor. As indústrias podem ainda ser classificadas quanto a sua atividade, seja ela cerâmica, têxtil, química, etc. e através dessas classificações se pode fazer uma estimativa ou calcular o potencial poluidor do ar de cada categoria. 2.5.1 Atividades potencialmente poluidoras na região de Criciúma, SC Segundo Derísio (2000), o potencial poluidor de cada atividade industrial varia bastante de acordo com a natureza da mesma e produtos fabricados. As emissões atmosféricas são características de cada processo relacionado às

36 tipologias de matérias primas, insumos e combustíveis utilizados nos processos, bem como da eficiência dos equipamentos de controle de emissões aplicados. Baseado em estudos de Alexandre et al (1995) são apresentados no quadro 3 as principais atividades com potencial de degradar a qualidade do ar na região de Criciúma, bem como, a relação com os principais poluentes emitidos em seus processos produtivos. Quadro 3 - Principais atividades com potencial de degradar a qualidade do ar na região de Criciúma. Atividades PTS SO 2 HC CO H 2 S NO X SO 3 F Cerâmicas e Colorifícios X X X X X X X X Artefatos Cimento / Amianto X X X X X X Metalurgia X X X X X X Indústrias de Fundição X X X X X X X Indústrias Químicas X X X X X X X X Lavanderias e Tinturarias X X X X Beneficiamento de Cereais X X Torrefação de café X X Hospitais e Congêneres X X X X X Coquerias X X X X X X X X Olarias X X X X X X X Beneficiamento de Carvão X Mineração a Céu Aberto X Depósitos de Rejeitos Piritosos X X X X X X X Aterro de Resíduos Urbanos X X X Aterro de Resíduo Industrial X X X X Graxarias e Fabrica de Rações X X PTS Partículas Totais em Suspensão; SO 2 Dióxido de Enxofre; HC Hidrocarbonetos; CO Monóxido de Carbono; H 2 S Gás Sulfídrico; NOx Óxidos de Nitrogênio; SO 3 Trióxido de Enxofre; F Flúor. Fonte: ALEXANDRE et al, 1995. Conforme exposto no quadro 3 verifica-se que os poluentes que estão presentes em grande parte das atividades desenvolvidas na região são PTS, SO 2 e CO. Ressalta-se que todas as atividades citadas necessitam de monitoramento e controle de suas emissões, minimizando assim os efeitos a coletividade.

37 2.6 Legislações nacionais e estaduais relacionadas ao controle da qualidade do ar O levantamento das legislações relacionadas ao controle de qualidade do ar foi realizado com o intuito de apresentar os direitos da população a usufruir do ar limpo, bem como, as metodologias e critérios adotados para o controle e monitoramento de poluentes atmosféricos no território nacional e estadual. 2.6.1 Resolução CONAMA nº. 005 de 15 de junho de 1989 A Resolução CONAMA nº. 005 de 15 de junho de 1989 surgiu para Instituir o Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar (PRONAR), um instrumento de política pública que visa promover a melhoria na qualidade do ar a nível nacional, estabelecendo limites dos níveis de emissão de poluentes atmosféricos por tipologia e fonte de poluição (BRASIL, 1989). A criação desse programa visa permitir o desenvolvimento econômico e social do país ao mesmo tempo em que haja uma melhoria na qualidade do ar, para proteger a saúde e o bem estar da população e melhoria da qualidade de vida (BRASIL, 1989). Para atingir seus objetivos a resolução estabelece dois tipos de padrões de qualidade do ar, sendo eles padrões primários e secundários. a) São padrões primários de qualidade do ar as concentrações de poluentes que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população, podendo ser entendidos como níveis máximos toleráveis de concentração de poluentes atmosféricos, constituindo-se em metas de curto e médio prazo. (BRASIL, 1989, p. 2) b) São padrões secundários de qualidade do ar, as concentrações de poluentes atmosféricos abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem estar da população, assim como o mínimo dano à fauna e flora aos materiais e meio ambiente em geral, podendo ser entendidos como níveis desejados de concentração de poluentes, constituindo-se em meta de longo prazo (BRASIL, 1989, p. 2).