BEM JURÍDICO TUTELADO (DIREITO PROTEGIDO)



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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BEM JURÍDICO TUTELADO (DIREITO PROTEGIDO) O direito protegido é o funcionamento da administração pública, ou seja, a normalidade, prestígio da administração em geral. Capítulo I: CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA ADMINISTRAÇÃO EM GERAL (art. 312 a 327). Os crimes previstos neste capítulo só podem ser praticados por funcionário público, pois a lei exige uma característica específica no sujeito ativo, por isso são chamados de crimes funcionais. Porém é possível que a pessoa que não seja funcionário público responda por crime funcional, como coautor ou partícipe, mas exige-se, que o terceiro saiba da qualidade de funcionário público do outro. Ex: funcionário público e um terceiro que não é funcionário público furtam bens do Estado. Ambos responderão por peculato. - CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO: O Código Penal determina em seu artigo 327 o conceito de funcionário publico: considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. Cargo: são criados por lei, com denominação própria, em número certo e pago pelos cofres públicos. Emprego: são serviços temporários, com contrato em regime especial ou CLT. Ex: contratados, mensalistas, diaristas etc. Função pública: abrange qualquer conjunto de atribuições públicas que não correspondam a cargo ou emprego público. Ex: jurados, mesários, etc. São funcionários públicos os Juízes, Delegados de Polícia, Escreventes, Oficiais de Justiça, etc. 1

- CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO POR EQUIPARAÇÃO: Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. Assim, consideram-se funcionários públicos, para efeitos penais, os funcionários das autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista, desde que elas exerçam atividade pública (art. 327, 1º do CP). CAUSA DE AUMENTO DE PENA (ARTIGO 327, 2º DO CP) A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes funcionais forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo Poder Público. PECULATO (artigo 312 do Código Penal) Art. 312: Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio. Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Bem jurídico: Protege-se a regularidade e a probidade administrativa, bem como o patrimônio público e eventualmente o patrimônio particular. Sujeito ativo: É o funcionário público, nos termos do art. 327 do CP, que se apropria ou desvia bem no exercício da função pública. Trata-se de crime próprio, que admite tanto a coautoria como a participação, por outro funcionário público ou por particular. Para o particular responder pelo crime funcional ele deve conhecer a condição de funcionário público do sujeito ativo, sem o qual não haverá crime funcional para o particular, mais outro delito se típica a conduta. 2

Sujeito passivo: É o Estado ou a Administração Pública, como sujeito passivo principal. O particular será sujeito passivo secundário, na hipótese do peculato-malversação. Tipo objetivo ou conduta: O peculato próprio, definido no caput do art. 312 do CP, pode ser cometido por duas condutas: a apropriação, que dá origem ao peculato-apropriação. o desvio, que enseja o peculato-desvio. Apropriar significa agir como dono, assenhorear-se, enquanto desviar significa alterar o caminho, mudar o destino, com vistas à satisfação própria ou de outrem. É pressuposto necessário do crime a situação de posse que constitui um antecedente necessário para o peculato. Objeto material do crime: Pode ser dinheiro, valor, ou qualquer utilidade, desde que se constitua em bem móvel e corpóreo, público ou particular. Tipo Subjetivo: É o dolo de se apropriar, na modalidade apropriação, ou seja, a vontade do funcionário ter a coisa para si como se dono fosse e na modalidade desvio, o dolo diz respeito apenas à vontade do agente de retirar a coisa do seu caminho natural, em benefício próprio ou de outrem. Consumação: Na apropriação, ocorre com a inversão da posse do bem. Na modalidade desvio, a consumação ocorre quando a coisa é retirada do seu trâmite, do seu caminho. Tentativa: admite-se a tentativa. PECULATO-FURTO (artigo 312, 1º do Código Penal) 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. caput do CP. O bem jurídico é o mesmo do peculato do art. 312, 3

O crime de peculato-furto nada mais é do que uma forma específica de furto, em que o agente subtrai coisa que não está na sua posse ou mesmo na sua disponibilidade, valendo-se da qualidade de funcionário público para realizar a subtração; a condição de funcionário público é que dá a oportunidade para o agente realizar a subtração. Também realiza o crime, o funcionário público que concorre para a subtração de outrem, que pode ser ou não funcionário público. Nessa hipótese, o funcionário público, valendo-se da sua especial condição, proporciona que outra pessoa realize a subtração do bem, deixando, por exemplo, a porta aberta ou destrancada. PECULATO CULPOSO (artigo 312, 2º do Código Penal) 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. O peculato culposo ocorre se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem, que pode ser funcionário público ou particular. O crime praticado pelo terceiro, segundo entendimento majoritário, pode ser de qualquer espécie, não se exigindo que seja de natureza funcional. Para a configuração do crime, deve ficar demonstrado o vínculo entre a conduta culposa do funcionário público e o crime praticado pelo terceiro, ou seja, o crime deve ter sido proporcionado pela culpa do funcionário. Consumação: Consuma-se o peculato culposo no momento em que o crime praticado pelo terceiro se consumar. CAUSA EXTINTIVA DE PUNIBILIDADE E DE DIMINUIÇÃO DA PENA 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. 4

A reparação do dano antes do trânsito em julgado da sentença condenatória extingue a punibilidade. Se essa reparação se der em momento posterior ao trânsito em julgado, a pena cominada deverá ser reduzida de metade. Esses benefícios aplicam-se exclusivamente ao crime de peculato culposo, não tendo incidência sobre os crimes de peculato próprio ou de peculato-furto. O terceiro que comete o delito, aproveitando-se da culpa do funcionário público, não se beneficia da reparação do dano. PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM OU PECULATO ESTELIONATO (artigo 313 do Código Penal) Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Bem Jurídico: Tutela-se a regularidade ou probidade das funções administrativas; indiretamente o patrimônio do particular também é protegido. Sujeito Ativo: É o funcionário público, nos termos do art. 327 do CP. Trata-se de crime próprio. Sujeito Passivo: O Estado ou a Administração Pública, bem como aquele que teve o seu bem apropriado por erro. Tipo Objetivo ou Conduta: o erro que dá ensejo à apropriação do funcionário público não é por ele provocado, mas espontâneo por parte daquele que lhe entregou o bem. A coisa apropriada deve chegar às mãos do funcionário público em virtude de sua função pública e espontaneamente, por erro solitário da pessoa que entrega o bem. Tipo Subjetivo: É o dolo de se apropriar da coisa havida por erro, a vontade do agente em se apropriar da coisa nasce em momento posterior à posse do bem. 5

Se o agente tiver a vontade pré-ordenada de se apropriar da coisa, antes que ela lhe venha às mãos, haverá estelionato, se caracterizado o elemento fraude ou o crime de peculato-furto. Consumação: Ocorre com a apropriação do bem. A tentativa será possível. INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES Art. 313-A: Pune com pena de reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa o funcionário público autorizado que insere ou facilita a inserção de dados falsos, altera ou exclui dados corretos nos sistemas informatizados ou banco de dados da administração pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano. Bem Jurídico: Protege-se neste artigo a regularidade dos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública. Sujeito Ativo: É o funcionário público, nos termos do art. 327 do CP. Trata-se de crime próprio. Sujeito Passivo: O Estado, pois se trata de crime contra a Administração Pública. Tipo Objetivo ou Conduta: São várias as condutas criminosas: Inserir dados falsos dos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública. Alterar dados existentes, modificando a veracidade deles; Excluir indevidamente dados que deviam ficar constando do sistema ou banco de dados. E ainda pratica o crime quem facilitar a inserção de dados falsos, altera ou exclui dados corretos nos sistemas informatizados ou banco de dados da administração pública. Tipo Subjetivo: Exige-se a vontade de participar qualquer das condutas acima mencionadas com a finalidade de obter vantagem indevida para si ou para outrem. 6

Consumação: Ocorre com a conduta de inserir, alterar ou excluir dados corretos no sistema. MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES Art. 313-B: Pune com pena de detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa o funcionário que modifica ou altera sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente. O parágrafo único estabelece um aumento de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado. Neste crime a conduta refere-se à ação de modificar o sistema ou programa de informática. O sujeito substitui por outro. Ou ainda, altera o sistema ou programa já existente. ATENÇÃO: Não se caracteriza o crime se o funcionário for autorizado pela autoridade competente para a modificação ou alteração. Crime qualificado: O parágrafo único do artigo 313-B dispõe o aumento de pena de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública. EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente. Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave. A lei pune três condutas: 1. Extraviar: fazer desaparecer, ocultar; 2. Sonegar: não apresentar, não exibir quando alguém o solicita; 3. Inutilizar: tornar imprestável. Nas três hipóteses a conduta deve recair sobre livro oficial, que é aquele pertencente à administração pública, ou sobre 7

qualquer documento público ou particular que esteja sob a guarda da administração. Exemplos: livros de registros, notas, atas, protocolos, documentos de arquivos ou de museus, provas de concurso, relatórios, etc. Este crime só será punido se não existir fato que constitua crime mais grave, como corrupção passiva ou supressão de documento. EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PÚBLICAS Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei. Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. O funcionário público emprega a verba ou renda pública de forma diversa da prevista em lei. Bem Jurídico: Protege-se neste artigo à aplicação dos recursos públicos de conformidade coma destinação legal prévia, assim, visa impedir o arbítrio administrativo no que diz respeito a destinação das verbas e rendas públicas. Sujeito Ativo: É o funcionário público, nos termos do art. 327 do CP. Porém somente pode ser aquele que tem a competência de dispor de verbas e rendas públicas Sujeito Passivo: O Estado: União, Estados, Municípios, autarquias e entidades paraestatais. Tipo Objetivo ou Conduta: A conduta é a de empregar irregularmente fundos públicos, no momento em que são desviadas do seu destino legal para atender a outra exigência de natureza diversa. Tipo Subjetivo: Exige-se a vontade de destinar as verbas ou rendas em desacordo com a lei. Consumação: Consuma-se o crime com a aplicação irregular dos fundos públicos. 8

CONCUSSÃO (ARTIGO 316 DO CÓDIGO PENAL) Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida. Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Bem Jurídico: A regularidade das funções administrativas, inclusive a probidade dos funcionários, ao legítimo uso da qualidade e da função por eles exercida. Sujeito Ativo: O funcionário público, nos termos do art. 327 do Código Penal. Sujeito Passivo: O Estado e eventualmente também será a pessoa contra a qual se dirigiu a exigência da vantagem indevida. Tipo Objetivo ou Conduta: É a exigência de vantagem indevida, existe uma espécie de ameaça e a vítima cede à exigência do agente por medo de represálias, esta não responderá por corrupção ativa. São, portanto, incompossíveis, no mesmo fato, os crimes de concussão e corrupção ativa. O verbo é exigir, que significa ordenar, impor. Não é necessário que o agente prometa um mal determinado à vítima, basta que esta sinta o temor de represálias por parte do agente. Ex.: exigência de dinheiro para não prender alguém, para não fchar a empresa, etc. Tipo subjetivo: Exige-se, ainda, um elemento subjetivo específico, contido na expressão para si ou para outrem. Não se configura o crime quando a vantagem visa beneficiar a própria Administração Pública, embora possa a conduta caracterizar o crime do art. 316, 1º 1, CP (excesso de exação). 1 Concussão Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Excesso de exação 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 9

Consumação e tentativa: A concussão é crime formal, consuma-se no momento em que a exigência chega ao conhecimento da vítima, independentemente da efetiva obtenção da vantagem indevida. A tentativa será possível se a conduta realizada por seqüência de atos. IMPORTANTE: Concussão e corrupção na concussão existe exigência de vantagem indevida e a vítima é levada a atender a exigência por medo de represálias. Na corrupção passiva, há mera solicitação de vantagem e a vítima satisfaz o pedido do agente livremente, visando o recebimento de alguma contraprestação. EXCESSO DE EXAÇÃO (ARTIGO 316, PARÁGRAFO 1º DO CÓDIGO PENAL) Exação significa rigor, logo, o crime trata de excesso de rigor na cobrança de tributos ou sua cobrança indevida. Bem jurídico: regularidade das funções administrativas e, principalmente, os princípios constitucionais da Administração Pública (legalidade, moralidade, impessoalidade). Sujeito Ativo: é o funcionário público, tratando-se de crime próprio, ou seja, aquele que exige do sujeito ativo uma qualidade especial. Sujeito Passivo: é o Estado e indiretamente o contribuinte contra o qual se dirige o excesso de exação. Tipo Objetivo/Conduta: Exação significa o ato de exigir o pagamento. Pune-se o excesso na cobrança, que pode ocorrer de duas formas: 1ª) O funcionário público exige tributo que sabe ou deveria saber indevido (elemento normativo do tipo). Ex: tributo já pago ou tributo declarado inconstitucional; 2ª) O tributo é devido, mas o funcionário emprega na cobrança, meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza. Meio vexatório: é aquele que expõe o contribuinte ao ridículo. Ex: Cobrar tributo com Trio Elétrico. Isso porque, a Administração Pública deve cobrar tributos com base nos princípios constitucionais. 10

Meio gravoso: é aquele que causa despesa ou dispêndio desnecessário para o contribuinte. Tipo Subjetivo: É o dolo, consistente na vontade livre e consciente de realizar as condutas. A expressão que sabe é reveladora de dolo direto, enquanto a expressão que deveria saber reflete dolo indireto, na modalidade dolo eventual. O tipo penal não admite a modalidade culposa. Forma Qualificada de Excesso de Exação (artigo 316, 2º do Código Penal): Ocorre quando o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos. A forma qualificada tem aplicação restrita ao excesso de exação, não abrangendo o crime de concussão. CORRUPÇÃO PASSIVA (ARTIGO 317 DO CÓDIGO PENAL) Art. 317 Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Bem jurídico: A regularidade ou probidade das funções administrativas, notadamente os princípios constitucionais da legalidade, da moralidade e da eficiência. Sujeito Ativo: É o funcionário público, nos termos do artigo 327 do Código Penal. O particular que oferece ou promete vantagem indevida ao funcionário, não figura como coautor, porque a lei incrimina, separadamente, as condutas do corrompido e do corruptor. O primeiro responde por corrupção passiva (art. 317) e o segundo por corrupção ativa (art. 333 2 ). 2 Corrupção ativa Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: Pena reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. 11

O funcionário responde por corrupção quando solicita, aceita ou recebe promessa indevida. O particular só responde por corrupção quando oferece ou promete vantagem ao funcionário. Assim, por exemplo, quando a iniciativa da corrupção é do funcionário, haverá somente corrupção passiva, o particular não responderá por delito algum, ainda que entregue a vantagem solicitada. Haverá bilateralidade, porém, quando a iniciativa da corrupção for do particular, e o funcionário aceitar a vantagem ou anuir à proposta. Sujeito Passivo: É o Estado ou Administração Pública. Tipo Objetivo: As condutas incriminadas são: solicitar, receber ou aceitar promessa de vantagem indevida, valendo-se o funcionário do exercício da função. A vantagem indevida deve ser solicitada e não exigida, ou seja, fazer com que o funcionário beneficie alguém com o seu trabalho. É o comércio ilícito da função pública. Objeto Material: Vantagem indevida. Pode ser qualquer tipo de vantagem, como por exemplo, material, imaterial, patrimonial, funcional, religiosa, sentimental, sexual. Consumação: Consuma-se com a realização das condutas de solicitar, receber ou aceitar promessa. Gratificações, Pequenos Presentes e Mimos: Não caracterizam, segundo entendimento majoritário da jurisprudência, vantagem indevida apta à realização da corrupção passiva. Elas não ensejam a venda da função pública. Tentativa: É possível. CORRUPÇÃO PASSIVA QUALIFICADA (ARTIGO 317, PARÁGRAFO 1º DO CÓDIGO PENAL) 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. Trata-se de uma causa especial de aumento de pena. A pena será aumentada de 1/3 se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica, infringindo dever funcional. 12

Aqui, o funcionário atua ou se omite cedendo a pedido ou influência de terceiro, mas sem a intenção de obter vantagem indevida. Ao contrário da figura do caput, a corrupção privilegiada, que se consuma com a prática, a omissão ou o retardamento do ato de ofício. A corrupção privilegiada não se confunde com a prevaricação, apesar de ser semelhante. Na primeira, o agente atua para satisfazer interesse de terceiro, enquanto que na prevaricação, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA (ARTIGO 317, PARÁGRAFO 2º DO CÓDIGO PENAL) 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem. Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem, a pena será menor, assim, a forma privilegiada contempla uma corrupção sem vantagem, onde o agente trai o seu dever funcional para ser agradável. FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO (ARTIGO 318 DO CÓDIGO PENAL) Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334): Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. O funcionário público que colabora para a prática do crime, infringindo seu dever funcional, responderá pelo delito autônomo de facilitação de contrabando ou descaminho (art. 318, CP). Tal crime, porém, só pode ser praticado pelo funcionário que tenha por atribuição específica a repressão ao contrabando ou descaminho. 13

PREVARICAÇÃO (ARTIGO 319 DO CÓDIGO PENAL) Art. 319 Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Bem Jurídico: É a regularidade ou probidade das funções administrativas, em especial os princípios constitucionais da moralidade e da impessoalidade administrativas. Sujeito Ativo: É o funcionário público, nos termos do art. 327 do Código Penal. Sujeito Passivo: É o Estado. Tipo Objetivo: O crime pode ser definido como a infidelidade ao dever de ofício. Para satisfazer interesse ou sentimento pessoal, o agente viola os deveres do seu cargo. São três as condutas incriminadas: retardar, que significa atrasar; deixar de praticar, que diz respeito à omissão funcional e praticar ato de ofício contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Nas condutas de retardar ou deixar de praticar, exigese o elemento indevidamente, isto é, contrariamente ao direito, infringindo dever funcional. Na conduta de praticar, exige-se o elemento contra disposição expressa em lei. Elemento Subjetivo: É o dolo, pois o agente atua para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Por interesse pessoal entenda-se qualquer vantagem para o sujeito, independentemente de sua natureza. Por sentimento pessoal entenda-se toda manifestação de afeto por parte do agente. Ex. Amor, amizade, inveja, ciúme. Consumação: Ocorre com o retardamento, a omissão ou a prática do ato de ofício contra disposição expressa de lei. Se deixar de praticar ou retardar, não será possível a tentativa. 14

Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público: - Cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. Estabelece para este crime a mesma pena do delito de prevaricação, houve a criação desse artigo em face da constatação de que presos têm tido fácil acesso a telefones celulares ou aparelhos similares, e que os agentes penitenciários não vêm dando o combate adequado a esse tipo de comportamento. CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA ARTIGO 320, CP 3 Pune a omissão por parte do superior hierárquico que por tolerância, deixa de tomar as providências a fim de responsabilizar outro funcionário público que praticou infração administrativa. Não é possível a tentativa. Sujeito ativo: é o superior hierárquico do funcionário infrator. Ausente tal relação de hierarquia, não haverá crime. Só se aplica o dispositivo quando o funcionário tinha o dever de apurar as infrações praticadas ou de relatar o fato a quem de direito. Sujeito passivo: é o Estado. Tipo objetivo: São duas as condutas típicas: 1. Deixar o funcionário de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo; 2. Não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente, quando lhe faltar competência para punir o infrator. A infração mencionada no dispositivo pode ser de natureza penal ou administrativa. 3 Condescendência criminosa Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 15

Não há crime de condescendência criminosa, se a omissão do superior diz respeito à falta disciplinar ou infração penal que não guarde relação com o exercício do cargo, ainda que estas possam ser sancionadas administrativamente. Exemplo: embriaguez habitual, agressão contra familiares. Tipo subjetivo: Exige-se, que a omissão ocorra por indulgência, isto é, por tolerância, por benevolência. Consumação e tentativa: O crime consuma-se com a omissão do funcionário. É inadmissível a tentativa. ADVOCACIA ADMINISTRATIVA ARTIGO 321, CP 4 Sujeito ativo: é o funcionário público. Nada impede a participação de terceiro, pois a lei fala expressamente em patrocínio direto ou indireto. Sujeito passivo: é o Estado. Tipo objetivo: A conduta típica consiste em patrocinar interesse privado perante a Administração Pública, valendo-se da qualidade de funcionário. O patrocínio pode ocorrer perante o próprio órgão em que o sujeito exerce suas funções ou perante outras esferas da Administração. Interesse privado é qualquer vantagem a ser obtida pelo particular, legítima ou ilegítima. Se a vantagem for ilegítima, o crime será qualificado. Configura o crime quando o sujeito patrocina interesse privado alheio perante a Administração. Não há crime quando patrocina interesse próprio. O tipo prevê três condutas típicas: solicitar, receber e aceitar promessa de vantagem indevida. 4 Advocacia administrativa Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. 16

O funcionário público valendo-se de sua condição, ou seja, prestígio junto a outros funcionários defende interesse alheio, legítimo ou ilegítimo perante a Administração Pública. É desnecessário que o fato ocorra na própria repartição em que trabalha o agente, podendo ele valer-se de sua qualidade de funcionário para pleitear favores em qualquer esfera da administração. Tipo subjetivo: é a vontade de patrocinar interesse privado perante a Administração Pública. Consumação e tentativa: O crime se consuma com a prática de algum ato indicativo ao patrocínio do interesse alheio, cuja consumação independe da obtenção do interesse visado. A tentativa é admissível. Advocacia administrativa qualificada: Se o interesse privado for ilegal ou indevido, a pena será maior, já que sofre maior dano a administração pública. VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la. Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência. Sujeito ativo: é o funcionário público. Porém, o guarda-noturno, ainda que remunerado por particulares, exerce função evidentemente pública, ligado que está, de perto à segurança da coletividade. Sujeito passivo: é o Estado, como também a pessoa física contra quem é praticada a violência. Tipo objetivo: A conduta típica consiste apenas na violência física, não configurando o crime a prática de violência moral (ameaça). Deve a violência ser arbitrária, sem motivo legítimo. Ex. se preso ao reagir á sua atuação em flagrante, dá lugar a uma necessária ação da Polícia, logo não restará caracterizado o delito em questão. É indispensável que a violência ocorra no exercício da função ou que o agente pretende exercê-la 17

Tipo subjetivo: é a vontade de praticar a violência no exercício da função ou a pretexto de exercê-la. Consumação e tentativa: O crime se consuma com a violência. ATENÇÃO: Ocorrendo lesões corporais ou homicídio, haverá aplicação da pena correspondente ao crime. ABANDONO DE FUNÇÃO Art. 323 Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei: Pena detenção: de quinze dias a um mês, ou multa Sujeito ativo: é o funcionário público. Porém, o guarda-noturno, ainda que remunerado por particulares, exerce função evidentemente pública, ligado que está, de perto à segurança da coletividade. Sujeito passivo: é o Estado, como também a pessoa física contra quem é praticada a violência. Tipo objetivo: A conduta é abandonar o cargo e para que esteja configurado o abandono é necessário que o agente se afaste do seu cargo por tempo relevante, de forma a colocar em risco a regularidade dos serviços prestados. É necessário que o fato acarrete perigo à Administração Pública. Não ocorrendo essa situação de perigo o fato constituirá mera falta disciplinar Logo, não há crime na falta eventual, bem como no desleixo na realização de parte do serviço, que caracterizam apenas falta funcional, sendo punido na esfera administrativa. Tipo subjetivo: é a vontade de abandonar o cargo. Consumação e tentativa: O crime se consuma com o abandono, ou seja, com o afastamento do cargo por tempo que resulte dano para a Administração Pública. Crimes qualificados: - Dispõe o parágrafo 1, pena de detenção de três meses a um ano, e multa se o fato resultar prejuízo público. 18

Assim, havendo prejuízo efetivo para a Administração há fato mais grave, assim merece pena maior. - Dispõe o parágrafo 2, pena de detenção de um a três anos, e multa se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira. Considera-se por lei faixa de fronteira a situada dentro de 150 quilômetros ao longo das fronteiras nacionais. EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADO OU PROLONGADO Art. 324 Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Este crime só pode ser praticado por funcionário público que se antecipa ou prolonga nas funções, caso o particular venha praticar ato de ofício de funcionário público comete outro crime chamado usurpação de função pública. VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL ART. 325, CP 5 Sujeito ativo: é o funcionário público. Não responde pelo crime o particular a quem é feita a divulgação do segredo, salvo se tiver atuado como partícipe, induzindo ou instigando o funcionário. Como o dever de sigilo subsiste mesmo após o encerramento da função, pode figurar como sujeito ativo o funcionário aposentado ou posto em disponibilidade, já que não desvinculado totalmente de seus deveres para com a Administração. Todavia, não responde pelo crime o funcionário demitido ou exonerado, por haver cessado o seu vínculo com o Estado. 5 Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave. 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: I - permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública; II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 19

Será punido o funcionário público que revelar ou facilitar a revelação desses segredos, desde que deles tenha tido conhecimento em razão de seu cargo. Sujeito passivo: é o Estado, e, subsidiariamente, a pessoa eventualmente prejudicada pela conduta. Tipo objetivo: A conduta típica consiste em revelar ou facilitar a revelação do fato de que tem conhecimento em razão do cargo e que deva permanecer em segredo. O segredo pode derivar de uma imposição legal ou determinação de autoridade competente. É indispensável, para a caracterização do crime, a existência de um interesse público na preservação do segredo. Tratando-se de interesse exclusivamente particular, o crime será o do art. 154, CP. É necessário, ainda, que o sujeito tenha conhecimento do fato em razão do cargo por ele exercido. Se tomou conhecimento do fato por outros meios, não há crime. Tipo subjetivo: A lei não exige, o elemento sem justa causa. Mas, não haverá crime se houver justa causa para a divulgação do segredo. Ex.: defesa em processo judicial ou administrativo, comunicação de crime à autoridade policial, etc. Consumação e tentativa: O crime se consuma com a revelação ou com a facilitação da revelação, isto é, quando terceira pessoa toma conhecimento do fato que deveria permanecer em segredo. Basta a revelação a uma única pessoa, não se exigindo que o fato chegue ao conhecimento de um número indeterminado de pessoas. Não haverá crime, porém, se a pessoa a quem é feita a divulgação já tinha conhecimento do segredo. Crime qualificado: Se, a conduta gerar dano à Administração ou a terceiro, o crime será qualificado, na forma do 2º. O crime é eminentemente subsidiário, só se aplica o dispositivo se o fato não configurar crime mais grave. Ex.: Lei de Interceptação Telefônica. 20