CADASTRO AMBIENTAL RURAL: UMA FORMA DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL CONTEMPORÂNEA Cíntia Camilo Mincolla 1 Luiza Rosso Mota 2 1 INTRODUÇÃO Um dos maiores fatores contribuintes para o dano ambiental é a vida humana, nos últimos anos o ser humano vem utilizando os recursos naturais demasiadamente, como algo de existência infinita. Segundo Machado (2004), a prática da extração tornou-se um problema para todos, devido ao desenfreio de produções hiperbólicas, em que visam somente atender as altas demandas exigidas pela sociedade, esse mundo social vem manifestando um grande descaso com o ecossistema o meio ambiente e as politicas de preservação ambiental, demonstrando-se extremamente materialista, enfatizando somente a visão antropocêntrica. Para controlar a exploração de recursos naturais, várias legislações foram surgindo ao longo dos anos. Na área rural houve uma mudança significativa a partir da edição do decreto nº 7.830, de 17 de outubro de 2012, que instituiu o Sistema de Cadastro Ambiental Rural, este, estabelece normas de caráter geral aos Programas de Regularização Ambiental, de que trata a lei nº12.651, de 25 de maio de 2012 instituída pelo Novo Código Florestal, (Vide Decreto nº8.235, de 2014). Segundo Rodrigues (2013), o CAR é uma das grandes novidades da lei, que tem por objetivo efetivar o princípio da informação ambiental para controlar, monitorar, realizar o planejamento ambiental e econômico e combater o desmatamento, pois atingindo esses, a 1 Acadêmico do Curso de Direito da Faculdade Metodista de Santa Maria. E-mail: cintia_mincolla@hotmail.com 2 Professora do Curso de Direito da Faculdade Metodista de Santa Maria, professora substituta na Universidade Federal de Santa Maria, mestre em Direito pela Universidade Federal de Santa Maria, pós graduanda em direito público com ênfase em Gestão Pública E-mail: luiza_mota@yahoo.com.br
responsabilidade socioambiental será efetivada, a implementação do CAR foi muito apreciada e comemorada, em razão de que será possível obter maior controle da exploração das áreas, incentivando a preservação e a conservação ambiental, garantindo juntamente direitos e deveres aos cidadãos. Rodrigues (2013) afirma que o Cadastro Ambiental Rural é um cadastro eletrônico de âmbito nacional que comtempla dados do proprietário rural, o mesmo é realizado por meio do Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural ( SiCAR ), ao efetuar o cadastro o cidadão estará regularizando sua propriedade rural privada, registrando as áreas de preservação e contribuindo para a realização da responsabilidade socioambiental. Com o CAR efetivado, o cidadão ficará desobrigado da averbação da reserva legal no cartório de registro de imóveis, Deverão efetuar o cadastro os proprietários de minifúndio, pequena propriedade, média propriedade e grande propriedade, Atenta-se que o tamanho do módulo fiscal, em hectares, para cada município está fixado na Instrução Especial de 1980 do INCRA. 2 OBJETIVOS Nesse sentido, a pesquisa tem por objetivo a reflexão acerca do modo de efetuar a informação e sensibilização da importância de realizar o CAR, visto que sua abstenção ocasiona grandes consequências para o meio ambiente, como o problema do desenfreio da exploração dos recursos naturais e a falta dos benefícios para os cidadãos. A ausência do CAR pode acarretar várias advertências, multas e impedimento de autorização ambiental e credito rural, comprometendo a atividade do cidadão rural. A divulgação da importância de cadastrar a propriedade é imprescindível, para que seus proprietários saibam que possuem direitos, benefícios e deveres com o meio ambiente. Atenta-se que embora o CAR seja de âmbito nacional, sua inscrição deve ser realizada preferencialmente em nível municipal ou estadual, para assim obter uma facilitação de acesso. 3 METODOLOGIA Para desenvolver a temática elegeu-se o método indutivo, partindo de um dado específico, qual seja o desconhecimento do CAR e sua função como assistência para efetivar a
preservação e conservação dos recursos naturais em áreas particulares, juntamente pautando a função socioambiental, a fim de demonstrar os danos de sua abstenção para o meio ambiente. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Uma das maiores importâncias de realizar o CAR é a efetivação da responsabilidade socioambiental, um dos maiores objetivos da sua implementação é a proteção das áreas, que serão protegidas contra o desmatamento, é de grande valor preocupar-se com as áreas florestais, visto que estão ameaçadas e suas ausências causam grande impacto ambiental e no ecossistema, Para contribuir com a restauração tem-se o reflorestamento, o mesmo pode ser realizado de duas formas, por processo de indução ou processo natural, atenta Dias. (2009) O processo de indução será realizado com a mão do homem, o proprietário terá que reflorestar a área danificada, através do plantio de mudas, reconstruindo a mesma que foi explorada para evitar degradação, no processo natural, o proprietário poderá isolar a área afetada e esperar que a mesma se regenere naturalmente, para esses processos tem-se a contribuição dos princípios da preservação e da conservação. Valle (2012), ressalta que é de grande importância ressaltar, que há diferenças entre preservação e conservação, que embora muitas pessoas reconheçam essas palavras como sinônimo uma da outra, elas distinguem conceitos e significados bem diferentes na linha ambiental. Na preservação ambiental é adotado o critério da intocabilidade da natureza e do ecossistema, acredita-se que o homem não poderá interferir, pois uma vez rompido o equilíbrio, este nunca mais irá voltar ao seu estado original e se recompor. Já na conservação é o contrario, neste princípio é admitido o aproveitamento controlado dos bens e recursos naturais, porém este controle deverá mantê-los em um ritmo que permita sua recomposição, esta poderá ser de forma induzida ou naturalmente, como nos processos citados acima. O CAR irá contribuir na efetivação dos processos de preservação e conservação, pois através da obrigatoriedade do reflorestamento o cidadão irá realizar sua função socioambiental, preservando e restaurando a área explorada. È necessário ampliar a conscientização ambiental na sociedade rural, para que seja possível atingir maior eficácia ao executar um planejamento de a restauração das áreas.
Carson (1962), acrescenta que a espécie humana já passou por vários processos de evolução, e que o homem adquiriu capacidades significativas para alterar a natureza do mundo, essas capacidades provocaram mudanças de caráter, juntamente com a situação ambiental, o que ocasionou afrontas contra o meio ambiente, gerando poluições, degradações e impactos ambientais, ao qual não eram presentes e passaram a ser universais. Assim, a título de resultados, tem-se que a sociedade é responsável pelo comprometimento da qualidade do meio ambiente. A realidade atual demonstra que o modelo de gestão ambiental adotado tem se mostrado insuficiente, pois os índices de degradação dos recursos e das áreas tem apresentado grande aumento. Para Castro (2003), as cidades hoje se tornaram uma imensa aglomeração de pessoas, ao qual está reunida em interesses materiais e pessoais, fazendo das questões ambientais uma matéria invisível. Mesmo que despercebida pela maioria, a situação do meio ambiente já não pode mais ser ignorada, ou tratada como segundo plano, uma vez que, estamos diante de um cenário de extrema urgência. A crescente urbanização e a falta de uma gestão ambiental eficiente e informativa são as principais causas contribuintes ao comprometimento da qualidade de vida, juntamente com as demandas das atividades comerciais e industriais, que ocasionam perda de qualidade do meio ambiente. Gonsalves (2013), salienta a preocupação ambiental não é algo contemporâneo, mas de muitos anos, essa luta iniciou-se desde a primeira conferencia da ONU a declaração de Estocolmo que ocorreu em 1972 que buscou soluções para diminuir os impactos ambientais, porém essas conferências e os tratados tinham um objetivo muito amplo de abrangência, o que não pautava de forma setorizada. Hoje tem-se uma preocupação maior, um enfoque mais segmentado, em que pauta as soluções por setores dentro do direito ambiental, as novas leis ambientas são as responsáveis por colocar esse objetivo em prática, essa atenção vem sendo nos últimos anos redobrada, tornando o meio ambiente como um roteiro emergente e de extrema atenção, uma vez que a situação em que presencia-se não é das melhores. 5 CONCLUSÕES Assim pode-se concluir que a busca pela conscientização deverá ser constante, visto que não bastam somente implementar leis, criar códigos e punir com multas, é necessário
sensibilizar o ser humano, mostrando a realidade e a necessidade por mudanças, atentando para suas consequências tanto elas ambientais quanto para os cidadãos, o meio ambiente ainda pode ser restaurado. O CAR é uma assistência que implementou mudanças no processo de preservação e conservação dos recursos naturais, o que contribui para a restauração, porem ainda que obrigatório não possui a eficácia merecida, uma vez que muitos ainda não o aderiram e também desconhecem sua existência e obrigatoriedade. O tempo que tem-se é pouco, deve-se conservar os recursos naturais, pois são esgotáveis e escassos, moderar seus usos e suas explorações podem ser a melhor solução, juntamente com a iniciação de politicas publicas, que busquem apresentar os seguimentos da visão biocêntrica, em que o homem deve-se harmonizar com o meio ambiente, e não se considerar o centro dele, como na antropocêntrica. O CAR tem o objetivo de ser um aliado na ajuda da realização dessas ações, a fim de conscientizar os direitos e deveres do cidadão, em outras palavras é cultivar a vida da natureza, resgatar as áreas e os recursos naturais e fazê-los ser renováveis, visando a preservação da vida para as presentes e futuras gerações. REFERÊNCIAS CARSON, Rachel. Primavera silenciosa. Nova York, 1962. CASTRO, João. Resíduos perigosos no direito ambiental internacional: Sua internalização nos países do Mercosul. Porto Alegre, 2003. Código Florestal, 2º edição atualizada, 2014. DIAS, Reinaldo. Gestão ambiental: Responsabilidade social e sustentabilidade. São Paulo, 2009. GONÇALVES, Albernir. Função ambiental da propriedade rural e dos contratos agrários. São Paulo, 2013. MACHADO, Paulo. Direito ambiental brasileiro. São Paulo, 2004. RODRIGUES, Marcelo. Direito ambiental esquematizado. São Paulo, 2013. VALLE, Cyro. Qualidade ambiental: ISSO 1400. São Paulo, 2012.