PROJETO CIDADANIA: FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL BIOMÉDICO. Citizenship Project: Biomedical Professional Formation



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Transcrição:

PROJETO CIDADANIA: FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL BIOMÉDICO Citizenship Project: Biomedical Professional Formation Carlos Henrique Gomes Martins 1 Maria Aparecida Tedeshi Cano¹ Sandra Maria Brandão Lemos Moura² Zenaide Maria da Silva Guagneli² Érica Schisari Demacq³ RESUMO: A saúde é um bem que todo indivíduo tem o direito de possuir, assegurada pelo poder público, com a participação da comunidade, na qual se encaixam as universidades, que têm importante papel social, tanto na formação técnico-científica de seus alunos quanto na humanização do conhecimento que pode ser alcançada por meio dos serviços de extensão à comunidade. Esta atividade tem sido um dos objetivos do Projeto de Formação da Cidadania da Universidade de Franca SP que tem buscado, junto com a comunidade, a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. O Curso de Biomedicina, por meio da disciplina de Saúde Pública, tem participado do projeto em parceria com a Pastoral do Menor e da Família da Diocese de Franca, com ações de educação em saúde, junto a crianças, famílias e educadores da instituição. UNITERMOS: Educação em saúde; Saúde Pública; Biomedicina; Comunidade. ABSTRACT: Health has to be assured by public government to every person, with the participation of the community. As a member of that community, the university plays a very important social role in the students technical-scientific education as well as in the humanization of knowledge that can be reached through community extension services. This activity has been one of the objectives of the Citizenship Formation Project of the University of Franca SP, which has, in conjunction with the community, aimed at the improvement in the life quality of citizens. The Undergraduate Course of Biomedicine, by means of its term course on Public Health, has participated in the project in association with the Pastoral do Menor e da Família in Franca s dioceses, focusing on health education actions for children, families and for the Institution s educators. KEYWORDS: Health education; Public health; Biomedicine; Community. INTRODUÇÃO A saúde é um bem que todo o indivíduo tem o direito de possuir. Até há algumas décadas, a saúde era vista apenas como ausência de doença. Hoje, sabemos que esse bem 1 Docentes da Faculdade de Biomedicina da Universidade de Franca (SP). ² Coordenadoras da Assessoria de Estágio da Universidade de Franca (SP). ³ Coordenadora da Pastoral do Menor e da Família da Diocese de Franca (SP). 91

abrange outras dimensões como: educação, moradia, lazer, nutrição, emprego, paz, entre outros, que, se ausentes, afetam a saúde humana (KAWAMOTO, 1995). Segundo PELICIONI (2000), várias Conferências Internacionais de Saúde aconteceram nas últimas décadas, sempre buscando idéias e modelos para melhorar as condições de saúde das populações. Nessas conferências, a Promoção à Saúde surge como um novo paradigma mundial da Saúde Pública. A promoção da saúde é um processo de fortalecimento e capacitação dos indivíduos e coletividade (municípios, sindicatos, escolas, entre outras entidades) no sentido de que se ampliam suas possibilidades de controlar os determinantes de saúde/doença e com isso possibilitar a obtenção de melhores níveis de saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1996). Enquanto processo de capacitação, a promoção à saúde pretende que a população torne-se apta para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo, de forma a identificar suas aspirações e necessidades, utilizando a educação como instrumento para atingir esses objetivos (PELICIONI, 2000). A educação em saúde é um dos níveis da promoção em saúde e tem sido a ferramenta utilizada para levar as pessoas a tomarem consciência de seus problemas e terem a coragem de buscar soluções para mudá-los. A Universidade de Franca UNIFRAN, vem discutindo, há alguns anos, a questão da formação da cidadania com seus alunos e desenvolvendo junto com eles vários projetos em parceria com instituições do município, cumprindo assim seu papel social. Neste contexto, o Curso de Biomedicina resolveu, através da disciplina de Saúde Pública, envolver seus alunos do terceiro ano em atividades de Educação em Saúde em uma das comunidades mais carentes da cidade. Foi com essa visão que uma parceria com a Pastoral do Menor e da Família da Diocese de Franca foi acertada. OBJETIVOS Ampliar a visão profissional dos alunos de Biomedicina para além dos laboratórios, dando-lhes a oportunidade de conhecer outra realidade, vendo o ser humano em seu contexto bio-social-emocional e propiciando o desenvolvimento de atitudes tidas como desejáveis para a Promoção da Saúde na comunidade. Desenvolver ações de Educação em Saúde, planejadas de acordo com as necessidades, a partir de levantamento junto à comunidade. METODOLOGIA A Pastoral do Menor e da Família localiza-se no bairro Aeroporto III e atende 200 crianças com idades entre 6 e 12 anos e seus familiares. As crianças freqüentam a Pastoral antes ou após o período de aulas regulares nas escolas da região. Após várias reuniões entre os profissionais da Pastoral e a UNIFRAN/Curso de Biomedicina, foi proposto um programa para atender algumas das necessidades da comunidade, como: realização de exames copro-parasitológicos; exames de sangue 92

(hemograma e tipagem sangüínea) para detecção de anemia; encaminhamento de crianças às áreas de fisioterapia, odontologia, entre outras. Também, a partir dos resultados dos exames, encaminhamento das crianças ao pediatra da Pastoral ou à Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro. Iniciamos as atividades em 2000, com reuniões semanais de três horas de duração, com interrupção do projeto no período de férias escolares. Como parte do programa educativo são trabalhados temas sugeridos pelos pais e educadores da Pastoral, como: alimentação (problemas de obesidade), parasitoses intestinais, higiene das mãos, reciclagem do lixo e preservação do meio ambiente, violência, amizade, solidariedade e doenças sexualmente transmissíveis. Esses temas foram discutidos com as crianças e abordados, de forma geral, por meio de estratégias lúdicas: música, jogos, desenhos, brincadeiras, redações, demonstrações. Com os pais, as reuniões para discussão dos temas aconteciam em pequenos grupos, sendo que os temas mais solicitados foram doenças sexualmente transmissíveis e AIDS, contracepção e menopausa, entre outros. Foram programadas atividades de lazer como as crianças, como visitas aos laboratórios de biologia, química, física e parasitologia, ao centro esportivo e ao hospital veterinário da UNIFRAN, além de uma festa junina na própria Pastoral. Ainda, foi organizado um coral infantil com alunos entre 10 e 12 anos, coordenado por uma aluna do curso de música, sendo previstas apresentações nas festividades natalinas, tanto na Pastoral e comunidade como na UNIFRAN. AVALIAÇÃO O trabalho desenvolvido tem sido avaliado dentro de um enfoque qualitativo, no qual pais, educadores, crianças e alunos dos cursos de graduação da UNIFRAN trazem para as reuniões as discussões acerca dos aspectos positivos, das dificuldades e dos arranjos necessários para se atingir os objetivos propostos pelo projeto. Em todas as avaliações realizadas, houve sugestões de continuidade da parceria Pastoral-UNIFRAN: A continuidade da parceria entre a Pastoral com o Curso de Biomedicina da UNIFRAN tem sido de grande importância, abordando temas que visam a compreensão e a contribuição para o desenvolvimento integral das crianças, refletindo em suas vidas e de suas famílias, enriquecendo a todos. Que bom ver a alegria e o carinho que cada estagiário demonstrava no trabalho realizado com as crianças. Os temas abordados foram bem desenvolvidos, com dinâmica e criatividade, sendo próximo da realidade das crianças. 93

As discussões dos temas de sexualidade, AIDS e doenças sexualmente transmissíveis, trouxeram contribuições para o conhecimento do corpo. Os alunos de graduação consideraram válida a experiência pela oportunidade de participar e conhecer outras realidades e contribuir, profissionalmente, para melhorar a autoestima e o auto-cuidado das crianças, além do levantamento das necessidades de saúde da comunidade, como podemos verificar a seguir: A experiência na Pastoral do Menor fez-se produtiva. Obtivemos resultados surpreendentes e pudemos perceber que a Educação em Saúde é capaz de fazer as pessoas refletirem sobre aquilo que está sendo orientado. Através das práticas realizadas junto à comunidade, pude notar um aumento do interesse dos colegas em relação aos vários problemas sociais, bem como, seu empenho em tentar solucionar ou ao menos amenizar esta gama de problemas. É surpreendente o impacto que sofremos ao nos depararmos com a realidade social brasileira. Percebemos que temos muito a fazer fora dos laboratórios como profissionais de saúde e principalmente como seres humanos. O resultado do trabalho foi gratificante. Conseguimos tirar dúvidas e desmistificar mitos que ainda existem entre os pais sobre a sexualidade. Ficamos muito felizes com o resultado. Foram realizados 12 exames de fezes e 180 de sangue (hemograma e tipagem sangüínea). Com relação aos exames copro-parasitológicos realizados, constatou-se a presença de Giardia lamblia e Ascaris lumbricoides em 60% deles; nos exames de hemograma, foi detectado que 6% das crianças apresentavam um quadro laboratorial sugestivo de anemia. Todos os casos positivos foram encaminhados ao pediatra da Pastoral ou à Unidade Básica de Saúde UBS do bairro. CONCLUSÃO Nesse projeto, verificamos que os objetivos propostos foram alcançados, tanto no que se refere à formação dos alunos de graduação em Biomedicina, quanto no envolvimento destes com a comunidade. Os biomédicos têm um importante papel a desempenhar na comunidade em que estarão inseridos, contribuindo profissionalmente com a sociedade e 94

melhorando a qualidade de vida das pessoas por meio da Educação em Saúde. Por outro lado, contribuem também para que os pais, crianças e educadores exerçam sua cidadania. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MINISTÉRIO DA SAÚDE. Promoção da Saúde: Carta de Otawa, Declaração de Adelaide, de Sundsvall e de Bogotá. Brasília, 1996. PELICIONI, M. C. F. Educação em Saúde e Educação Ambiental: estratégia de construção da escola promotora de saúde. São Paulo, 2000. Tese (Livre Docência). Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. KAWAMOTO, E.E. et al. Enfermagem Comunitária. São Paulo: EPU, 1995. Cap.3. 95