PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS CENTRO DE LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO



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Transcrição:

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS CENTRO DE LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO PRISCILLA DAIANNE GEREMIAS VIDAS REPAGINADAS CAMPINAS 2012

PRISCILLA DAIANNE GEREMIAS VIDAS REPAGINADAS Campinas, Conceito Orientador: Prof. Lindolfo Alexandre de Souza

INTRODUÇÃO A reportagem Vidas Repaginadas veiculada na revista Veja do dia 31 de outubro de 2012, da jornalista Mariana Amaro, aborda na seção Saúde a história de jovens portadores de síndromes genéticas, como a de Down que foram permitidos por seus pais de se submeterem a cirurgias plásticas. Destaca que os avanços com os tratamentos de pessoas com diferenças decorrentes a formação genética é comprovado. No caso dos que nascem com síndrome de Down, a forma de situa-los no tecido da sociedade e as modalidades de tratamento terapêutico, da mais simples à altamente complexa, trouxeram avanços importantes. A expectativa de vida de quem tem Down aumentou de 30 para 60 anos e a participação dessas pessoas na vida social também cresceu visivelmente. A novidade que mostrada na reportagem vem das mais recentes e menos comentados, que são os procedimentos estéticos que suavizam desalinhos físicos típicos da síndrome e também contribuem para aprimoramentos funcionais. A reportagem também aponta a questão ética, onde muitos médicos criticam a prática das plásticas por se tratar de um procedimento apenas estético, e dizem que as cirurgias são dolorosas e desnecessárias. De encontro à opinião dos médicos, pais justificam a escolha das cirurgias por acreditarem que isso melhora a vida de seus filhos e não significam que estão sendo rejeitados por serem portadores das síndromes.

DESENVOLVIMENTO Para fundamentar a discussão apontada na reportagem, foi utilizado o texto A felicidade e o sentido da vida dos autores Ricardo Yepes Stork e Javier Aranguren Echevarría que aborda a maneira que o ser humano busca e aspira à felicidade, a felicidade consiste na posse de um conjunto de bens que significa plenitude e perfeição para o homem. A relação da reportagem com o texto está no objetivo dos pais ao permitirem que seus filhos com síndromes genéticas, como a de Down realizem cirugias plásticas para que tenham uma melhora de vida e se sintam mais felizes. Uma das personagens da reportagem é Paula Werneck, uma carioca de 25 anos. Sua vida melhorou em muitos aspectos. Até cinco anos atrás, ela sofria de dores de cabeça e só comia alimentos moles por causa dos dentes frágeis e pequenos. Quando a arcada dentária superior encostava na inferior, seu maxilar era todo projetado para a frente. Daí, as dores. Levada pela mãe, durante quatro anos a jovem passou por um tratamento que aumentou em 4 milímetros cada um de seus dentes. Com o maxilar reposicionado, o pescoço e o queixo de Paula ganharam novas curvas. O lábio superior também foi reposicionado e até as dobras de pele embaixo dos olhos, outra característica da síndrome, ficaram mais suaves. As dores de cabeça sumiram e o sorriso de Paula ficou mais iluminado ainda. Antes do tratamento dentário, ela já havia se livrado das dores nas costas com uma cirurgia de redução de mamas. A busca da felicidade da filha fez a arquiteta Helena Werneck, afirmar algumas pessoas da minha família falavam que eu estava fazendo minha filha sofrer, que eu tinha de aceitá-la como ela era. Fui em frente porque sabia que isso ia fazer minha filha viver com mais qualidade, disse. Eu fiquei mais bonita, comemora Paula, que chegou a chorar de felicidade ao ver no espelho o resultado das intervenções. Ela está namorando pela primeira vez. Apesar das criticas dos médicos, dizendo que quem tem Down carrega no rosto um carimbo. É preciso mudar o jeito, cheio de constrangimento, como as pessoas olham para quem tem a síndrome. Não mudar o rosto deles, diz

Ana Brandão, pediatra especializada em crianças com Down do Hospital Albert Einstein. No portal da revista Veja a pediatra Ana Brandão esclarece melhor seu ponto de vista dizendo O que me preocupa são as cirurgias estéticas exclusivamente realizadas para "disfarçar" as características físicas das crianças com síndrome de Down, sem qualquer intuito de melhorar função ou problemas de saúde. Muitas destas cirurgias são realizadas em crianças pequenas, que sequer podem opinar sobre o assunto. Me refiro a cirurgias para diminuição da língua, para modificação da forma dos olhos ou da ponte nasal, entre outras. Estas famílias esperam que com a modificação do rosto destas crianças, as mesmas sofram menos preconceito. Será? Não acredito nisto. O que precisamos é que a sociedade as enxerguem com outro olhar: o olhar sem preconceito, com respeito a diversidade e crédito em seus potenciais. Espero ter esclarecido meu ponto de vista. Agora, se um adolescente ou jovem com síndrome de Down deseja fazer uma cirurgia estética porque algo o incomoda, o assunto deve ser abordado da maneira de trataríamos adolescentes e jovens sem síndrome de Down, sem qualquer diferença. Todos tem os mesmos direitos. E deveres. (BRANDÃO, Ana. 2012) Mas para os pais desses jovens com síndrome de Down o importante é o bem estar de seus filhos, e como aponta no texto de apoio para a análise da reportagem o bem estar esta ligada a qualidade de vida que inclui segundo os autores, em primeiro lugar,a a saúde física, e psíquica, o cuidado do corpo e da mente, e a harmonia da alma. Em segundo lugar, a satisfação das diferentes necessidades humanas. Em terceiro lugar, contar com adequadas condições naturais e técnicas ao nosso redor... Os pais dos jovens com Down pensam somente na felicidade como vivência de uma expectativa futura para seus filhos. Uma leitora no portal da revista também comenta O que importa é a felicidade da pessoa. Os que criticam nunca sentiram na pele a dor da discriminação. Essa lamentável pediatra Ana Brandão prefere que os pacientes sofram até que o olhar das pessoas mude? Pelas fotos mostradas, a auto estima dessas crianças deve ter compensado todo o sacrifício das cirurgias. No texto os autores destacam A felicidade não é um sentimento, nem um prazer, nem um estado, nem um hábito, mas uma condição da própria pessoa e é exatamente isso que os pais pensam quando permitem que seus filhos façam a cirurgia.

CONCLUSÃO A felicidade dos jovens com síndrome de Down é a ausência da dor, e isso só se realizou a partir do alcance dos ideias de bem estar, ou seja, com a realização de cirurgias plásticas. A busca do bem estar é para o filho, mas a felicidade que isso trará é para o bem comum de toda a família. Concordo com a pediatra Ana Brandão, não se pode querer maquiar a síndrome para privar a crianças do preconceito, é preciso aprender a lidar com o fato de ser especial e que o preconceito não comece dentro da casa da criança vindo de quem ela deposita seu sentido de vida. Acredito que a intenção das famílias dos personagens da reportagem não tinham a intenção de maquiar o preconceito e sim fazer com que seus filhos se sintam melhores com pequenos reparos estéticos que qualquer pessoa tendo uma síndrome ou não, tem o direito de fazer.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS AMARO, Mariana. Vidas repaginadas. Veja. São Paulo. Ediçaõ 2293 nº44. Pag.: 122/123. 11/2012