UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA



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Transcrição:

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA COLEGIADO DE ENGENHARIA CIVIL ÍTALO GIOVANNE CARVALHO ANDRADE LIMA UM ESTUDO SOBRE PRODUÇÃO DO CONCRETO LEVE ESTRUTURAL Feira de Santana-BA 2010

ÍTALO GIOVANNE CARVALHO ANDRADE LIMA UM ESTUDO SOBRE PRODUÇÃO DO CONCRETO LEVE ESTRUTURAL Esta monografia é a avaliação do trabalho de conclusão de curso realizado pela disciplina Projeto Final II do curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Feira de Santana. Orientador: Professor Mestre em Estruturas Élvio Antonino Guimarães Feira de Santana-BA 2010

ÍTALO GIOVANNE CARVALHO ANDRADE LIMA UM ESTUDO SOBRE PRODUÇÃO DO CONCRETO LEVE ESTRUTURAL Esta monografia é a avaliação do trabalho de conclusão de curso realizado pela disciplina Projeto Final II do curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Feira de Santana Feira de Santana, 28 Julho de 2010 Professor Élvio Antonino Guimarães Mestre Universidade Estadual de Feira de Santana Professor Antonio Freitas da Silva Filho Mestre Universidade Estadual de Feira de Santana Professora Cintia Maria Ariani Fontes Doutor Universidade Estadual de Feira de Santana

AGRADECIMENTOS Primeiramente a mim, pelo empenho e dedicação demonstrados durante os últimos semestres; A minha família, em especial meus pais José Andrade e Terezinha e minhas irmãs Lorena, Saphira e Verbena, pelo apoio incondicional; Aos meus amigos e colegas, em especial: Carlos Alibert, Daniel Corrêa por contribuir direta ou indiretamente na realização deste trabalho; Ao Professor Élvio pelas orientações e conhecimento transmitido; A toda equipe do Labotec pela ajuda e auxílio na realização do programa experimental. Aos colaboradores VEDACIT e CINEXPAN.

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO... 12 1.1 JUSTIFICATIVA... 14 1.2 OBJETIVOS... 15 1.2.1 Objetivo geral... 15 1.2.2 Objetivos específicos... 15 1.3 METODOLOGIA... 16 1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA... 16 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA... 18 2.1 CONCRETO DE CIMENTO PORTLAND... 18 2.2 PROPRIEDADES DO CONCRETO FRESCO... 19 2.2.1 Exsudação e segregação... 20 2.3 PROPRIEDADES DO CONCRETO ENDURECIDO... 21 2.4 PRODUÇÃO DO CONCRETO... 22 2.4.1 Dosagem... 23 2.5 CONCRETO LEVE... 24 2.5.1 Breve histórico da utilização do concreto leve... 24 2.5.2 Definições... 26 2.5.3 Potenciais de aplicações... 29 2.5.4 Agregado Leve... 30 2.5.4.1 Processo de fabricação... 33 2.6 ADITIVOS... 36 2.7 PROPRIEDADES DO CONCRETO LEVE ESTRUTURAL... 37 2.7.1 Concreto Fresco... 37 2.7.1.1 Trabalhabilidade e massa específica... 37 2.7.2 Concreto endurecido... 40 2.7.2.1 Resistência... 40 2.7.3 Dosagem... 43 3. PROGRAMA EXPERIMENTAL... 45 3.1 MATERIAIS... 45 3.1.1 Caracterização dos Materiais... 45 3.1.1.1 Cimento... 45

3.1.1.2 Agregado Miúdo... 46 3.1.1.3 Agregado Graúdo... 47 3.1.1.4 Incorporador de ar... 52 3.2 MÉTODOS... 52 3.2.1 Dosagem experimental... 52 3.2.2 Determinação dos traços... 53 3.2.2.1 Cálculo da quantidade de aditivo... 54 3.2.3 Produção do concreto... 54 3.2.3.1 Pesagem dos materiais... 54 3.2.3.2 Mistura dos materiais... 55 3.2.3.3 Ensaio de abatimento de tronco de cone... 56 3.2.3.4 Lançamento, adensamento e cura do concreto... 57 3.2.3.5 Ensaio de compressão axial... 59 3.2.3.6 Ensaio de determinação de massa específica... 60 4. ANÁLISE DE RESULTADOS... 62 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS... 69 5.1 CONCLUSÕES... 69 5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS... 700 REFERÊNCIAS... 711

LISTA DE FIGURAS Figura 1 Cúpula do Panteão; El Tajin... 25 Figura 2 Edifícios de executados com concreto leve... 26 Figura 3 Tipos de argila expandida... 32 Figura 4 Esquema do processo de fabricação em forno rotativo... 35 Figura 5 Distribuição granulométrica Agregado Miúdo 0500... 47 Figura 6 Curva granulométrica Agregado Graúdo... 51 Figura 7 Distribuição granulométrica Agregado Graúdo misturado... 51 Figura 8 Realização do ensaio de abatimento... 57 Figura 9 Sequência de execução do capeamento... 59 Figura 10 Execução do ensaio de ruptura... 60 Figura 11 Esquema de ruptura dos corpos de prova... 62 Figura 12 Resistência aos7 e 28 dias x Consumo de cimento... 65 Figura 13 Resistência aos 28 dias x Resistência teórica de Neville... 65

LISTA DE TABELAS Tabela 1 Classificação do Concreto Leve... 28 Tabela 2 Valores de referência da massa específica dos concretos leves... 29 Tabela 3 Equivalência e Densidade Aparente da Argila Expandida... 33 Tabela 4 Características do Cimento CP-II Z 32... 45 Tabela 5 Caracterização do Agregado miúdo 0500... 46 Tabela 6 Composição granulométrica Agregado miúdo 0500... 46 Tabela 7 Caracterização do Agregado graúdo 1506... 48 Tabela 8 Caracterização do Agregado graúdo 2215... 48 Tabela 9 Composição granulométrica Agregado graúdo 1506... 48 Tabela 10 Composição granulométrica Agregado graúdo 2215... 49 Tabela 11 Determinação da proporção entre agregado graúdo 1506 e 2215... 49 Tabela 12 Caracterização do Agregado graúdo misturado... 50 Tabela 13 Composição granulométrica Agregado graúdo misturado... 50 Tabela 14 Características do Incorporador de ar... 52 Tabela 15 Consumo de materiais utilizados... 53 Tabela 16 Dados dos traços T1, T2, T3... 55 Tabela 17 Resultado do Ensaio de abatimento (Slump Test)... 57 Tabela 18 Número de camadas para moldagem dos corpos-de-prova.... 58 Tabela 19 Resistência à compressão aos 7 dias... 63 Tabela 20 Resistência à compressão aos 28 dias... 64 Tabela 21 Massa específica do concreto fresco... 67 Tabela 22 Massa específica do concreto seco ao ar... 67

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS a/c Relação água/cimento ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ASTM American Society for Testing and Materials cv Coeficiente de variação CP Corpo de prova σ Desvio padrão Dmáx Dimensão máximo do agregado Fck Resistência à compressão aos 28 dias m sub m SSS m Sec Massa do concreto determinado pela balança hidrostática Massa do concreto saturado superfície seca Massa do concreto seco ao ar µ Média aritmética NBR Norma Brasileira NM Norma Mercosul UEFS Universidade Estadual de Feira de Santana

RESUMO O presente trabalho faz uma abordagem sobre a potencialidade da utilização dos concretos leves na construção civil para fins estruturais, de vedação ou enchimento, sendo que o seu uso adequado permite ganhos na redução do peso das estruturas e, quando utilizados em coberturas ou fechamentos, no condicionamento térmico natural dos ambientes. A obtenção de concretos leves requer a introdução de ar em sua composição seja diretamente na massa com o uso de incorporadores de ar, através da eliminação dos finos ou ainda através dos vazios existentes na estrutura dos agregados graúdos ocos ou porosos. Existem diversos agregados leves que podem ser utilizados em substituição total ou parcial aos agregados convencionais com o objetivo de reduzir a massa específica dos concretos. Dentre eles pode-se destacar a pumicita (pedra pomes), a vermiculita, a escória de alto forno expandida, a argila expandida e alguns resíduos industriais. Este estudo analisa, particularmente, as potencialidades da argila expandida na obtenção de concretos leves que possam ser utilizados para fins estruturais em obras de construção civil, demonstrando graficamente a variação da resistência à compressão em função do teor de cimento utilizado no concreto. O uso da argila expandida no desenvolvimento experimental obteve concretos leves com resistências à compressão entre 17 e 24 MPa e massa específica do concreto seco em torno de 1200,0 kg/m³, demonstrando que, dependendo do módulo de deformação, o material pode ser uma excelente alternativa para a produção de concretos leves estruturais. Palavras chave: concreto leve, dosagem, argila expandida.

ABSTRACT This work makes an approach on the potentiality of uses of lightweight concrete in construction for structural purposes or filling, sealing and its proper use allows gains in weight reduction of structures and, when used in roofs or closures, in natural environments thermal conditioning. Obtaining concrete light requires the introduction of air into your composition is directly in the mass with the use of incorporators of air through the elimination of fine or even through existing voids in the structure of hollow or porous aggregates all ages. There are several lightweight aggregates that can be used in completely or partially replacing conventional household to reduce the density of the concrete. Among them one can highlight the pumicita (pumice stone), vermiculite, the blast furnace slag, expanded clay expanded and some industrial wastes. This study examines, in particular, the potential of clay expanded in obtaining concrete light that can be used for structural purposes in civil works, charting the variation of the compressive strength of cement used in concrete. The use of expanded clay in experimental development expected to obtain concrete light with resistance to compression between 17 and 24 MPa and density of the concrete dry of 1200,0 kg/m³, demonstrating that, depending on the deformation of module, the material can be an excellent alternative for the production of structural lightweight concrete. Keywords: lightweight concrete, mix, expanded clay.

12 1. INTRODUÇÃO O concreto é um dos materiais de construção mais antigos já conhecidos, tendo como suas primeiras utilizações datando de 1845, na construção de calhas de concreto armado utilizadas em jardinagem e floricultura. Porém, somente a partir do inicio do século passado é que surgiram as primeiras especificações para concreto, estudos de seus materiais e propriedades físicas (TARTUCE, 1990). O crescente avanço tecnológico em todos os setores, e muito particularmente em técnicas construtivas, exigiu o aparecimento de novos materiais que viessem a atender às necessidades impostas pelas obras. A utilização de concretos armados e protendidos acompanham essa tendência, com isso foram desenvolvidas varias aplicações como na fabricação de elementos pré-moldados, pavimentos entre outros (COUTINHO, 2006; PETRUCCI, 2005). Geralmente, o concreto tem como responsável pela fabricação o próprio engenheiro no canteiro de obras, e deve apresentar características e propriedades compatíveis com a finalidade a que se destina, dentro dos limites econômicos de cada obra. O concreto exige, por parte do executor, um bom conhecimento das propriedades e qualidade dos materiais constituintes e da proporção deste, assim como da técnica de seu preparo e uso. A tecnologia do concreto consiste em se determinar as propriedades que requerida para o concreto endurecido. Portando, o estudo do concreto deve compreender: materiais, dosagem do concreto, produção do concreto, propriedades concreto fresco e endurecido, qualidade do concreto e principalmente o custo. Com a ampliação de seu uso, os especialistas começaram a estudar mais a fundo as características dos materiais componentes e das propriedades do concreto em seu estado fresco e endurecido, bem como seu comportamento reológico, a fim de disponibilizar ao mercado técnicas e processos que permitam o desenvolvimento tecnológico compatível com as novas necessidades (BAUER, 1995; PETRUCCI, 2005).

13 Tendo em vista que o concreto convencional, feito com cimento Portland e agregados miúdos e graúdos normais, apresentam diversas limitações, aumenta a necessidade de desenvolvimento de concretos especiais, ou seja, que seja capaz de melhorar algumas de suas propriedades. Dentre os concretos especiais estão os concretos leves, caracterizados pela redução na massa específica. Esta redução é obtida pela substituição do material sólido por ar, que se faz introduzindo vazios na massa do concreto, com a incorporação de ar ou espuma, ou, formando vazios entre as partículas de agregados, produzindo o concreto sem finos, ou ainda, utilizando agregados com altos índices de vazios (METHA, 1994; NEVILLE 1997). Essa propriedade (massa específica) apresentará sua importância com o volume de concreto a ser empregado, podendo conseguir uma sensível economia de material no dimensionamento da estrutura, além da redução de custos de pilares e fundações nas construções de muitos pisos. Entretanto, além da redução da massa específica, a substituição do agregado convencional por agregado leve pode ocasionar implicações em outras características importantes do concreto, como por exemplo, a trabalhabilidade, a resistência mecânica, retração e isolamento térmico (SOBRAL, 1987). A ampla utilização dos concretos leves estruturais deve-se, especialmente, aos benefícios gerados pela redução da massa específica do concreto, como a redução de esforços devido ao peso próprio da estrutura, a economia com fôrmas e cimbramento bem como a diminuição dos custos com transporte e montagem de edificações pré-fabricadas (ROSSIGNOLO, 2005). Sendo assim, da mesma maneira como ocorre com o concreto convencional, tornase fundamental a escolha do método de dosagem mais eficiente e prático para à produção do concreto leve. Isso ocorre porque existem diversos métodos de dosagem de concretos de cimento Portland, os quais são mais ou menos complexos e trabalhosos. A dosagem de concretos leves preconizados através da Prática Recomendada do American Concrete Institute ACI, a qual se baseia na determinação de uma proporção volumétrica inicial entre agregados miúdo e graúdo e também entre

14 agregado e concreto, a partir do qual se faz um ajuste experimental das propriedades de interesse, em função dos materiais disponíveis para a sua confecção (NEVILLE, 1997). Ao se fazer um balanço entre vantagens e desvantagens do concreto leve, apontase como vantagem sua baixa massa específica e seu bom isolamento térmico. Tanto a massa específica reduzida quanto o isolamento térmico são propriedades que estão diretamente relacionadas ao volume de vazios existentes no concreto, sendo, portanto, a presença do ar em sua composição o fator determinante para a obtenção de concretos leves. Entre as desvantagens dos concretos leves são: limitação da resistência destes pela resistência dos agregados de maiores dimensões, um maior consumo de cimento para uma dada resistência e outro problema em sua utilização foi a maior dificuldade em dispor de caracterizações e procedimentos para os agregados leves e para o próprio concreto leve. 1.1 JUSTIFICATIVA Com a crescente procura por materiais que venham satisfazer as necessidades atuais, os especialistas aprofundam-se cada vez mais em estudos e pesquisas nos quais visam melhorar o potencial de utilização de cada material. Um desses materiais é o concreto, o qual atualmente assume o posto de material chave na execução de grande parte das obras. Com isso aumenta-se o foco na melhoria de alguma de suas propriedades, como é o caso da redução de sua massa sem que esse fator interfira muito nas demais propriedades. Do ponto de vista prático, a possibilidade de se executar um concreto com uma menor massa específica, com a manutenção das demais propriedades estruturais, permite a redução das cargas provenientes do peso próprio das estruturas. Tal fato reflete num dimensionamento mais enxuto de elementos como a fundação, o que pode gerar uma diminuição do custo final das edificações. Tendo isso em vista,

15 existe então um grande potencial de uso deste material em concretos estruturais. Além disso, outros fatores a serem levados em consideração é a possibilidade de construção sobre solos com menor capacidade de carga e uma menor pressão nas fôrmas se comparados ao concreto convencional. Para tal, torna-se necessário a escolha do método de dosagem que será utilizado, visto que devido às propriedades do agregado leve influenciam de maneira bastante considerável tanto na resistência, quanto no abatimento. Por esse motivo, a dosagem do concreto leve torna-se tão importante quando se faz um estudo sobre os concretos leves, mais ainda quando esses são para fins estruturais. 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo geral Realizar um estudo sobre a produção do concreto leve. 1.2.2 Objetivos específicos Avaliar os efeitos da variação no teor de cimento na resistência mecânica a compressão axial do concreto leve. Analisar a relação entre a massa específica e à resistência mecânica do concreto.

16 1.3 METODOLOGIA Para avaliar o desempenho da argila expandida na produção de concretos leves que possam ser utilizados para fins estruturais, elaborou-se um programa experimental que pode ser sintetizado em cinco etapas. 1) A primeira parte integrante deste trabalho foi uma revisão bibliográfica sobre os assuntos pertinentes ao tema da monografia. 2) Feito isto, foi realizada uma coleta e caracterização dos materiais que atendam aos objetivos da pesquisa. 3) Em seguida, fez-se feito um estudo de dosagem, a fim de obter as proporções (traço) ideais para o concreto estrutural leve. 4) A próxima etapa constou o processo de produção concreto estrutural leve, que é composto pela dosagem, moldagem, lançamento, adensamento e cura. Nessa etapa, também, foi obtido à massa específica do concreto no estado fresco e posteriormente a massa específica do concreto seco ao ar. 5) Após 7 e 28 dias, ocorreu o ensaio de resistência à compressão axial. Com os resultados obtidos no ensaio foram feitas análises e estas comparadas às de bibliografias existentes. As etapas 4 e 5 foram realizadas no Laboratório de Tecnologia da UEFS (LABOTEC). 1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA A estrutura da presente monografia surge assim como uma consequência dos objetivos enunciados, sendo que o respectivo texto foi organizado em cinco

17 capítulos. Nos parágrafos que se seguem é efetuada uma descrição sumária de cada um desses capítulos. O capítulo 1 contempla a introdução, o objetivo geral e os específicos, bem como a metodologia aplicada, a justificativa e a própria estruturação da monografia. O capítulo 2 consta todo o referencial teórico do concreto leve, como o histórico de seu uso, enunciando suas vantagens e desvantagens nas mais diversas estruturas, fazendo-se posteriormente referências às suas principais aplicações estruturais na atualidade. Efetuou-se também uma breve descrição dos diversos tipos de agregados leves empregado na fabricação do concreto leve, bem como uma sucinta descrição das suas características. Por último, foi efetuada uma descrição mais detalhada dos agregados leves de argila expandida, com ênfase especial para o processo de produção do concreto leve. O capítulo 3 fez-se uma dosagem experimental dos materiais e, posteriormente, apresentado o método de dosagem, os materiais utilizados na produção e o procedimento adotado para dosagem e moldagem dos corpos de prova. O capítulo 4 consta as análises dos resultados provenientes da dosagem, massa específica e ensaios mecânicos executados. E por fim, o capítulo 5 onde foram feitas as considerações finais e sugestões para trabalhos futuros.

18 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 CONCRETO DE CIMENTO PORTLAND Concreto é um material resultante da mistura, em determinadas proporções, de um aglomerante (Cimento Portland), agregado miúdo (areia), agregado graúdo (brita) e água. Pode-se ainda, se necessário, fazer uso de aditivos. Possui massa específica variando entre 2200,0 e 2600,0 kg/m³. A água e o cimento, quando misturados, desenvolvem um processo denominado hidratação e formam uma pasta que adere às partículas dos agregados. Nas primeiras horas após o preparo é possível moldar essa mistura no formato desejado. Algumas horas depois ela endurece e, com o passar dos dias, adquire gradativamente resistência mecânica, transformando-se num material monolítico com características semelhantes de uma rocha (ARAUJO et al., 1999). A resistência do concreto é influenciada basicamente por três fatores, a resistência do agregado, resistência da pasta e da ligação pasta agregado. Geralmente, a resistência do agregado é muito maior que as outras duas, as quais dependem de vários fatores, um deles é a relação água/cimento, ou seja, quanto menor for esta, maior será a resistência do concreto. Mas, evidentemente, deve-se haver um mínimo de água necessária para reagir com todo o cimento e dar trabalhabilidade ao concreto, pois considerar-se a resistência do concreto como sendo função principalmente da resistência da pasta de cimento endurecida, do agregado e da ligação pasta/agregado (ARAÚJO et al., 1999). Entretanto, para obter-se um conjunto monolítico e resistente, é indispensável produzir corretamente o concreto. A produção do concreto consta de uma série de etapas, as quais devem ser executadas e controladas de forma a conseguir, a partir dos materiais componentes, um concreto que depois de endurecido resista aos

19 esforços solicitados, bem como apresente características de durabilidade (ARAÚJO et al., 1999). As etapas necessárias para a produção do concreto são: a dosagem (quantificação dos materiais), a mistura dos materiais, transporte até o local de aplicação, lançamento, adensamento e cura. Para um concreto de boa qualidade é necessário que cada uma dessas etapas seja bem executada, caso contrário poderá a vir comprometer suas propriedades. Para obtenção de concretos com as propriedades adequadas, é necessário, além da seleção de materiais, que seja feito uma dosagem racional do mesmo, através da qual é obtida a melhor proporção entre os materiais constituintes do concreto, como, cimento, água, agregados e, se necessário, aditivos. Além do aumento da resistência, a dosagem racional, irá apresentar outras vantagens como a facilidade na execução, uma maior durabilidade e um menor custo, tornando a obra economicamente mais viável e competitiva. 2.2 PROPRIEDADES DO CONCRETO FRESCO As limitações adquiridas pelo concreto fresco devido à perda de trabalhabilidade antes ou durante o lançamento nas fôrmas, segregação e exsudação durante o adensamento, e uma baixa taxa de crescimento de resistência, podem prejudicar um concreto permanentemente, reduzindo a sua vida útil. A resistência de um concreto com determinadas proporções é bastante influenciada pelo nível de adensamento (trabalhabilidade), sendo assim, é importante que a consistência da mistura do concreto seja tal que possa ser transportado, lançado, adensado, e acabado com facilidade e sem segregar (NEVILLE, 1997). Segundo Petrucci (2005), a trabalhabilidade é definida como o a propriedade que determina o esforço necessário para manipular uma quantidade de concreto fresco, como perda mínima de homogeneidade.

20 Segundo Metha e Monteiro (1994), a trabalhabilidade é uma propriedade composta, tendo como principais componentes a consistência (fluidez) e a coesão (estabilidade). A consistência é definida como a tendência de mobilidade ou fluidez do concreto fresco, sendo medida universalmente pelo ensaio de abatimento do tronco de cone e esta é influenciada, principalmente pela quantidade de água na mistura. A coesão pode ser definida como uma medida qualitativa das características da estabilidade, ou seja, segregação e exsudação. Segundo Araújo et. al (1999), é possível afirmar que um concreto adequado para peças de grandes dimensões e pouco armado pode não ser para peças esbeltas e muito armadas, ou que um concreto que fornece um perfeito adensamento com vibração, sem segregação dos componentes e sem vazios, dificilmente proporcionará uma moldagem satisfatória com adensamento manual. Os fatores que influenciam a trabalhabilidade são a forma e a granulometria do agregado, utilização de aditivo e a quantidade de água na mistura. O consumo de água é o principal desses, pois as misturas muito fluidas de concreto com elevada consistência tendem a segregar e exsudar, desfavorecendo o acabamento. O inverso ocorre com as misturas mais secas, pois se tornam mais difíceis de lançar e de adensar, o que pode gerar uma segregação do agregado graúdo ainda no lançamento (BAUER, 1995; NEVILLE, 1997). 2.2.1 Exsudação e segregação A segregação por ser definida como a separação dos constituintes de uma mistura heterogênea de modo que sua distribuição deixe de ser uniforme. Especificamente no caso do concreto, as diferenças de tamanho das partículas e de massas específicas dos constituintes da mistura são as principais causas da segregação, as quais podem ser controladas com uma granulometria adequada e cuidados no manuseio (MEHTA, 1994; NEVILLE, 1997).

21 Neville (1997) diz que, existem duas formas de segregação. Na primeira, as partículas maiores de agregados tendem a se separar, isso ocorre porque estas tendem a se deslocar ao longo de declives ou a sedimentar mais do que as menores partículas. A segunda forma de segregação, que ocorre particularmente em misturas com grande quantidade água, se verifica pela separação de uma pasta da mistura. O risco pode ser minimizado se o concreto não tiver que ser transportado a grandes distâncias e evitado o lançamento a partir de grandes alturas. O uso de ar incorporado reduz o risco de segregação. Ainda segundo Neville (1997), exsudação também é conhecida como separação da água, é uma forma de segregação em que parte da água da mistura tende a ascender à superfície de um concreto recém-lançado. Esse efeito se deve ao fato de que os constituintes sólidos da mistura serem incapazes de reter água quando tendem a descer, pois, a água apresenta a menor massa especifica da mistura. Inicialmente evolui a uma velocidade constante e prossegue ate que a pasta de cimento esteja suficientemente rija. 2.3 PROPRIEDADES DO CONCRETO ENDURECIDO As características que o concreto endurecido deve apresentar são: resistência, durabilidade e impermeabilidade. Estas características são diretamente influenciadas pela relação água/cimento. Para efeito desta pesquisa, somente a resistência terá relevância no estudo. Quando falamos em resistência mecânica do concreto, três tipos podem ser considerados no estudo das propriedades do concreto em função das solicitações impostas na prática. São elas: compressão axial, tração e tração na flexão. O concreto é bastante resistente aos esforços de compressão axial, porém o mesmo não ocorre quanto à tração, que fica em torno de 10% do valor obtido quando comprimido (ARAÚJO, 1999; BAUER, 1995).

22 Quando se trata de resistência à compressão axial, a resistência da pasta é o principal limitador. Por outro lado, é conhecida a influência da porosidade da pasta sobre a resistência do concreto. Como porosidade depende da relação água/cimento, assim como do tipo de cimento, pode-se afirmar que para um mesmo tipo de cimento a resistência da pasta depende especificamente da relação água/cimento, sendo este também um dos principais fatores determinantes da resistência da ligação pasta/agregado (BAUER, 1995). Para o caso do concreto convencional, a resistência do agregado deve ser igual ou superior à resistência do concreto que se deseja produzir. No que diz respeito à ligação pasta/agregado, esta depende, basicamente, da forma, da textura superficial e da natureza química dos agregados. Segundo Neville (1997), a forma e a textura, por exemplo, podem alterar consideravelmente a superfície específica dos agregados, contribuindo diretamente na ligação pasta/agregado. Partículas que tendem à forma cúbica apresentam maior superfície específica do que aquelas que se aproximam da forma arredondada. Da mesma maneira, quando a textura superficial é rugosa, a resistência mecânica do concreto aumenta significativamente, sobretudo nos esforços de tração na flexão. O mesmo efeito é obtido quando se reduz o Dmáx do agregado graúdo. Finalmente, outro fator da maior importância na resistência do concreto a esforços mecânicos é a cura - procedimento utilizado para melhorar a hidratação do cimento que consiste no controle da temperatura e no movimento da água de dentro para fora e de fora para dentro do concreto -, visto que as condições de umidade e temperatura, principalmente nas primeiras idades, têm importância muito grande para as propriedades do concreto endurecido (ARAÚJO, 1999). 2.4 PRODUÇÃO DO CONCRETO Uma vez conhecidas as propriedades que devem possuir o concreto em suas duas fases (fresco e endurecido), pode-se detalhar o processo de produção do concreto.

23 A produção do concreto consiste em uma série de operações de forma a se obter, a partir dos materiais componentes o concreto desejado. As operações necessárias à obtenção do concreto são: dosagem (obtenção do traço); mistura; transporte; lançamento; adensamento; cura. 2.4.1 Dosagem A dosagem é a seleção e mistura dos componentes do concreto, tendo como finalidade a obtenção de propriedades previamente estabelecidas. Consiste em definir o traço, ou seja, a proporção de cada componente do concreto (cimento, água, agregado miúdo, agregado graúdo e aditivo) visando obter características de trabalhabilidade adequada, enquanto fresco, e de resistência e durabilidade quando endurecido (ARAÚJO et al, 1999). A dosagem racional do concreto consiste na aplicação de um conjunto de regras práticas, nas quais objetiva-se a obtenção de um produto com qualidade e proporção mais adequada e econômica, com que cada material entra na composição da mistura, a fim de atingir as propriedades previamente estabelecidas para o concreto no estado fresco e endurecido (PETRUCCI, 2005). Dosar é, portanto, obter um traço que atenda às condições específicas de um projeto, utilizando corretamente os materiais disponíveis. O traço é medido em massa. Para obtenção do traço podem ser utilizados diversos métodos, porém os mais usuais são o método de dosagem ABCP (adaptação do método ACI para agregados brasileiros), o qual fornece uma primeira aproximação da quantidade de materiais, devendo-se realizar uma mistura experimental. Já o método de dosagem de concretos de cimento Portland recomendado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo IPT se baseia na determinação de um traço prévio, obtido através de informações provenientes de

24 experiências anteriores, a partir do qual se faz um ajuste experimental das propriedades desejadas, em função dos materiais disponíveis para a sua confecção (Helene, 1992). Geralmente, os parâmetros balizadores para a dosagem são a trabalhabilidade e a resistência mecânica. A primeira é determinada pela relação água/materiais secos, já a segunda é definida, para os mesmo materiais, numa relação inversamente proporcional à relação a/c. 2.5 CONCRETO LEVE O avanço crescente das tecnologias construtivas forçou o aparecimento de materiais que correspondessem às condições impostas pelas obras. Dentre estes materiais, o concreto é o principal alvo quando se pensa em desenvolver materiais mais eficientes, pois sua presença é cada vez mais constante na maioria das obras. Os concretos são classificados de acordo com as suas características como, por exemplo, resistência, massa específica e trabalhabilidade. No que diz respeito à massa específica, podem ser pesado, normal ou leve, sendo esse último ainda classificado em concreto poroso, com agregado sem finos e com agregado leve (ROSSIGNOLO, 2003). 2.5.1 Breve histórico da utilização do concreto leve Construtores pré-colombianos que viveram na atual cidade de El Tajin (México) fizeram uso de uma mistura de pedra-pomes com um ligante à base de cinzas vulcânicas e cal para construção de elementos estruturais, sendo assim surge como uma das primeiras indicações do uso de concreto leve, datando de aproximadamente 1.100 anos a.c.. Outro exemplo de aplicação da pedra-pomes foi

25 na reconstrução do Panteão, em Roma, pelo imperador Adriano, após incêndio e que até hoje pode ser apreciado (ROSSIGNOLO e AGNESINI, 2005). Figura 1 Cúpula do Panteão; El Tajin Disponível em: pt.wikipedia.org/wiki/panteão; pt.wikipedia.org/wiki/eltajin No entanto, segundo Rossignolo e Agnesini (2005), a utilização de concreto de cimento Portland com agregado leve nos moldes que conhecemos hoje, foram a partir da primeira guerra mundial, onde possuía massa específica de 1700,0 kg/m³ e resistência de 30,0 MPa, sendo este valor para o concreto convencional atingia apenas 15,0 MPa. Ainda Segundo Rossignolo e Agnesini (2005), a evolução da utilização do concreto leve deu-se a partir da década de 30, onde foi utilizado concreto leve na construção da pista superior da ponte São Francisco, nos Estados Unidos, onde proporcionou grande redução dos custos na utilização do aço. O mesmo ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial quando foram construídos centena de navios, tendo a partir daí um aumento considerável de estudos e aplicações de concretos estruturais leves. Porém foi a partir dos anos 60 que o concreto estrutural leve teve sua utilização voltada para a construção civil. Nessa época foram construídos importantes edifícios com múltiplos pavimentos, tais como Austrália Square (Austrália) em 1967, Lake Point Tower (Estados Unidos) em 1968, e o One Shell Plaza (Estados unidos) em

26 1969, além de aplicações em construções pré-fabricadas (METHA e MONTEIRO, 1994). Figura 2 Edifícios de executados com concreto leve A partir da década de 70 foi possível obter concreto com altas resistências e melhor durabilidade, isso foi só ocorreu devido ao aprimoramento de tecnologias na execução dos concretos e desenvolvimento de novos materiais componentes. Também nessa época, o concreto com agregados leves começou a ser disseminado no Brasil, onde, logo em seguida, deram inicio a estudos utilizando argila expandida nacional como agregado leve. 2.5.2 Definições Segundo Sobral (1987), há somente uma maneira de se produzir concreto leve, que é o de permitir ou de incorporar ar à sua composição. Isso pode ser conseguido de três maneiras distintas: a) Eliminando as partículas mais finas da granulometria do agregado (concreto sem finos); b) Introduzindo grandes vazios no interior da massa de concreto (concreto aerado);

27 c) Substituindo os agregados normais (areia e brita) por um agregado celular, oco ou poroso (concreto com agregados leves); Os concretos leves são conhecidos por apresentarem baixa massa específica e um bom isolamento térmico e acústico. Por apresentar uma alta massa específica, o concreto convencional tem por consequência o aumento do peso próprio dos elementos de concreto, o que representa um grande acréscimo de carga na estrutura. Tendo isso como parâmetro, o uso de materiais que apresentem uma menor massa especifica pode resultar em vantagens significativas quanto ao peso próprio de elementos estruturais e uma correspondente redução das dimensões das fundações. Porém, em muitos aspectos, o concreto com baixa massa específica tem um comportamento semelhante ao dos concretos normais. No entanto, certas características do concreto são relacionadas com uma massa específica menor (NEVILLE, 1997). A resistência mecânica e a massa específica são propriedades importantes para o concreto leve, pois são essas que o classificam quanto a sua utilização. A densidade do concreto leve estrutural assume valores entre 1200,0 a 2000,0 kg/m³, enquanto que o concreto convencional se apresenta com 2300,0 a 2400,0 kg/m³. O comportamento do concreto leve estrutural está relacionado com a massa específica, a resistência mecânica e a durabilidade que são importantes na qualidade deste (NEWMAN & CHOO, 2003; ROSSIGNOLO, 2005). Segundo Neville (1997), a massa específica do concreto pode ser reduzida substituindo parte dos materiais sólidos por ar. Os valores de massas específicas dos concretos leves ficam em torno de 300,0 a 1900,0 kg/m³. O concreto leve é classificado quanto a sua aplicação, se é para função estrutural, de vedação ou de enchimento. Porém a que nos interessa é o concreto leve estrutural, o qual apresenta massa específica entre 1350,0 e 1900,0 kg/m³ e com resistência mínima de 17,0 MPa. Segundo Metha e Monteiro (1994) concreto leve estrutural é um concreto estrutural em todos os sentidos, exceto que, por razões de redução do custo total, o concreto é

28 produzido com agregados leves, tendo sua massa específica reduzida a aproximadamente dois terços da massa específica do concreto convencional. Segundo Newman & Choo (2003) concreto leve é a substituição completa ou parcial do agregado convencional na mistura do concreto por agregados contendo grande proporção de vazios (agregados leves). A massa específica do concreto leve varia entre 300,0 e 2000,0 kg/m³, o que corresponde à resistência entre 1,0 e 60,0 MPa, a depender de sua utilização conforme sugere a Tabela 1. Tabela 1 Classificação do Concreto Leve Classe e Tipo Propriedades I II III Estrutural Estrutural/ Isolante Isolante Resistência à compressão (MPa) >15 >3.5 >0.5 Coef. de condutividade térmica (W/mK) - <0.75 <0.30 Massa Específica (kg/m³) 1600-2000 <1600 <<1450 Fonte: Newman & Choo, 2003. Os concretos leves com baixa massa específica são utilizados, principalmente, para isolamento térmico. Suas baixas massas específicas e coeficientes de condutividade térmica lhe fornecem altos valores para características de isolamento. Entretanto apresentam baixos valores de resistência, os quais não ultrapassam os 7,0 MPa (SOBRAL, 1987). Ainda segundo Sobral (1987), no outro lado da moeda encontram-se os concretos leves estruturais, que geralmente são feitos com argilas, folhelhos, ardósias, escórias expandidas e cinza volante aglomerada. Para este tipo a mínima resistência à compressão admitida, por definição, é de 17,0 MPa. A Tabela 2 indica os valores de referência da massa específica para concretos leves segundo algumas normas internacionais.

29 Tabela 2 Valores de referência da massa específica dos concretos leves REFERÊNCIA MASSA ESPECÍFICA (kg/m³) RILEM (1975) CEB-FIP (1977) NS 3473 E (1998) ACI 213-87 (1995) CEN pren 206-25 Fonte: Rossignolo e Agnesini, 2005. 2.5.3 Potenciais de aplicação Diversos estudos estão sendo feitos em diversas partes do mundo objetivando analisar o potencial do concreto leve nas mais diferentes obras, verificando vantagens e desvantagens em sua utilização. A presença do concreto leve pode ser observada em diversas estruturas como pontes, plataformas, pré-moldados, na constituição de pavimentos, barragens e em diversos outros empreendimentos (GIACOMIN, 2005; ROSSIGNOLO, 2005; SANTIAGO, 2008). Esses estudos decorrem de vários fatores, como por exemplo, ambientais, onde a reciclagem de resíduos, na forma de materiais e componentes para a construção civil, pode gerar uma série de benefícios à sociedade, como a redução do custo da construção, do consumo de energia na produção de materiais e da emissão de poluentes, assim como a diminuição no consumo de matérias-primas. Entre esses estudos podemos citar a utilização de EVA (Ethylene Vinyl Acetate), resíduos gerados, principalmente, pela indústria calçadista (SANTIAGO, 2008). Outro exemplo é o desenvolvimento elementos de alvenaria utilizando concreto leve de poliestireno expandido (EPS) para aumentar o rendimento da argamassa e diminuir substancialmente o peso da estrutura. Estes materiais apresentam grandes vantagens na execução de um projeto construtivo, pela sua leveza, facilidade no manuseio dos elementos, pelas melhorias no aspecto termo-acústico e pelo baixo

30 custo final da construção. Obtendo-se assim, novos materiais para a construção civil em condições ecologicamente sustentáveis. Um estudo bastante interessante é o desenvolvimento de concretos leves estruturais destinados à execução de habitações de interesse social produzidas segundo o sistema construtivo de painéis monolíticos moldados in loco. Os resultados apresentados nesse trabalho indicaram a viabilidade técnica do uso desse sistema. A possibilidade desse tipo de execução torna-se importante em um momento no qual, no Brasil, vem aumento cada vez mais a construção desse tipo de habitação. 2.5.4 Agregado Leve Os agregados leves incorporados na produção de concreto leve podem ser classificados segundo a sua natureza em agregados naturais e artificiais. Os agregados naturais são obtidos através da extração direta das jazidas, seguida de uma classificação granulométrica. Devido a grande variabilidade das propriedades e a localização das jazidas, possuem pouca aplicação para concretos estruturais (ROSSIGNOLO, 2003). Os principais agregados naturais são a diatomita, a escória, a pedra pomes, cinzas vulcânicas e os tufos; com exceção da diatomita, todos têm origem vulcânica. Por serem encontrados apenas em algumas partes do mundo, esses tem pouca utilização, apesar de obter um concreto com boa resistência. Em comum, todos os agregados leves têm como principal característica a estrutura porosa, a qual resulta em uma baixa massa específica (NEVILLE, 1997). Os agregados artificiais são obtidos em processos industriais e, normalmente, são classificados com base na matéria-prima utilizada e no processo de fabricação. Os agregados leves para concretos estruturais fabricados a partir de materiais naturais são: argilas, xistos e escórias expandidas.

31 Segundo Neville (1997), os agregados produzidos industrialmente possuem uma grande variedade de nomes comerciais, porém sua classificação é feita segundo a matéria prima e o processo de fabricação que causa a expansão. Somente agregados leves obtidos por expansão da argila, xisto ou ardósia podem ser utilizados em concretos estruturais. Estes são obtidos por meio de aquecimento adequado em forno rotativo até à fusão incipiente, quando ocorre a expansão do material devido à expansão dos gases aprisionados em massa tornada plástica por ação do calor. Existe uma grande diversidade de tipos de agregados leves, o que permite a produção de vários tipos de concretos leves com diferentes características mecânicas e físicas. Os agregados podem ser mais leves ou mais pesados, mais ou menos resistentes, com maior ou menor condutibilidade térmica, etc. Desta maneira diversos materiais como argila e escória, após utilização de diferentes processos na produção de agregados apresentam importantes semelhanças de estrutura e substâncias químicas. Geralmente, eles possuem uma estrutura da matriz densa, semelhante à cerâmica e a maior parte tem uma relativa densidade da estrutura com uma maior quantidade de vazios. Os agregados leves são fabricados geralmente livres de substancias deletérias alem de não induzirem reações nocivas à estrutura (NEWMAN & CHOO, 2003). A argila expandida, a qual será utilizada neste trabalho, vem sendo bastante estudada. Esta pode ser produzida pelo tratamento térmico da matéria-prima, triturada e classificada granulometricamente, ou moída e pelotizada, feito, geralmente, em forno rotativo a gás ou óleo diesel, similar aos usados na fabricação de cimento Portland. Pode, também, ser obtido por sinterização contínua. Nesse caso, o material umedecido é transportado numa esteira, sob queimadores de modo que o calor atinge gradualmente toda a espessura da camada (MORAVIA et al. apud SANTIAGO, 2008). Os tipos de argilas expandidas utilizadas em concretos leves constam na Figura 3.

32 Figura 3 Tipos de argila expandida A forma e a textura superficial deste agregado influenciam nas propriedades do concreto, principalmente na resistência, pois estas estão relacionadas com a quantidade de água necessária para obtenção da trabalhabilidade desejada. Isso devido à dificuldade em se determinar quanto da água será absorvida pelo agregado. Fato este que, ocorre não só pela grande de absorção de água pelo agregado como também pelo fato de que alguns agregados continuam a absorver água durante várias semanas (METHA e MONTEIRO, 1994). Outra propriedade a ser considerada é o índice de absorção, o qual, dependendo dos valores, se torna necessário à saturação do agregado, assim evitando prejuízos à trabalhabilidade do concreto fresco. A grande absorção de água dos agregados pode ser desfavorável também para as propriedades dos concretos no estado endurecido como o aumento da retração. A argila expandida é um agregado leve que se apresenta em forma de bolinhas de cerâmica leves e arredondadas, com uma estrutura interna formada por uma espuma cerâmica com microporos e com uma casca rígida e resistente. Suas principais características são: leveza, resistência, inerte quimicamente, estabilidade dimensional, incombustibilidade, além de excelentes propriedades de isolamento térmico e acústico (CINEXPAN S.A.). As argilas a serem utilizadas nos experimentos estão apresentadas na Tabela 3, segundo especificação do fabricante.

33 Tabela 3 Equivalência e Densidade Aparente da Argila Expandida TIPO EQUIVALÊNCIA DENSIDADE APARENTE kg/m³ 2215 BRITA 1 500 ± 10% 1506 BRITA 0 600 ± 10% 0500 AREIA GROSSA 850 ± 10% Fonte: CINEXPAN S.A. 2.5.4.1 Processo de fabricação Os dois processos mais utilizados para a fabricação dos agregados leves artificiais são a sinterização e o forno rotativo. O processo utilizado para fabricação da argila expandida é o forno rotativo, que consiste em aproveitar da tendência que alguns materiais têm de se expandirem, como é o caso de algumas argilas quando submetidas a elevadas temperaturas. Os agregados produzidos por esse processo, geralmente, apresentam-se com uma granulometria variada e forma arredondada regular (ROSSIGNOLO, 2005). Santos et al. (1986), descreve resumidamente o processo de fabricação da argila expandida em forno rotativo em oito etapas, as quais são: a) Homogeneização: a matéria prima é lançada em depósitos para homogeneização; b) Desintegração: o material é lançado em um desintegrador para reduzir os grandes torrões a um diâmetro máximo de 50 mm; c) Mistura e nova homogeneização: o material é transportado por meio de esteiras para um misturador com a finalidade de deixar a argila com a trabalhabilidade adequada para extrusão. Nessa etapa ocorre a correção de água e podendo ser adicionados aditivos para aumentar a expansão durante a queima ou melhorar a plasticidade da argila.

34 d) Laminação: etapa onde o material passa por dois cilindros rotativos para eliminação de torrões maiores que 5 mm, preparando a mistura para extrusão; e) Pelotização: é realizada por extrusão contínua em que o material é forçado contra uma placa perfurada por orifícios circulares, estes influenciam diretamente no diâmetro dos agregados; f) Secagem e queima: Parte mais importante do processo. Na primeira fase, ocorre a secagem das pelotas. Na zona de combustão, o forno atinge a temperatura prevista para expansão das pelotas (1000 ºC e 1350 ºC). O combustível utilizado geralmente é óleo ou gás. g) Resfriamento: geralmente é utilizado um cilindro, na saída do forno, onde é soprado ar por ventiladores. h) Classificação e estocagem final: os agregados leves são classificados em peneiras vibratórias e armazenadas para comercialização. A Figura 3 consta do esquema do processo de fabricação em forno rotativo dos agregados leves.

35 HOMOGENEIZAÇÃO DESINTEGRAÇÃO MISTURA E NOVA HOMOGENEIZAÇÃO SECAGEM E QUEIMA PELOTIZAÇÃO LAMINAÇÃO RESFRIAMENTO CLASSIFICAÇÃO E ESTOCAGEM FINAL Figura 4 Esquema do processo de fabricação em forno rotativo Por serem produzidos em forno rotativo, os agregados de argila expandia apresentam formas esféricas e uma fina camada externa com baixa porosidade, possibilitando a obtenção de boa trabalhabilidade com baixas relações água/cimento. Porém, em função de seu formato esférico, esse tipo de agregado apresenta uma maior facilidade em segregar (ROSSIGNOLO, 2005) Segundo Neville (1997), as características de porosidade e absorção de água do agregado leve afetam sensivelmente as propriedades do concreto no estado fresco bem como o processo de hidratação do cimento. A absorção de água dos agregados é proporcional à consistência do concreto, podendo aumentar com o uso de plastificantes. Com isso é recomendado fazer uma pré-saturação dos agregados caso estes apresentem altos índices de absorção a fim de evitar prejuízos à trabalhabilidade do concreto no estado fresco. O efeito do alto valor de absorção de água também pode ser observado no concreto no estado endurecido, como o aumento da retração, da massa específica e a redução da resistência ao fogo (ROSSIGNOLO, 2005).

36 2.6 ADITIVOS Aditivos são substâncias introduzidas nas misturas de concretos ou argamassas a fim de melhorar certas propriedades da mistura básica ou evitar algumas deficiências que não são possíveis de contornar com os materiais básicos. Os aditivos são geralmente utilizados objetivando melhorar a trabalhabilidade, retardar ou acelerar a pega e consequentemente o endurecimento, melhorar a durabilidade, reduzir a água da mistura, melhorar a cura, melhorar a impermeabilidade do concreto, causar expansão do concreto, entre outros (MEHTA & MONTEIRO, 1994; NEVILLE, 1997). O aditivo é definido como sendo a substância utilizada em porcentagem inferior a 5% da massa do cimento, com a finalidade de modificar certas propriedades destes materiais no estado fresco, endurecido ou na passagem de um estado a outro. Em geral os aditivos apresentam muitos efeitos, por isso torna-se necessário classificálos determinando sua ação principal (COUTINHO, 2006; PETRUCCI, 2005). Aditivos são produtos utilizados na produção de concretos, argamassas e caldas de cimento para modificar certas propriedades do material fresco ou endurecido, tornando os mais fáceis de manusear e incrementando sua resistência diante das solicitações físico-químicas (VEDACIT, 2005). Alguns aditivos são eficientes para se obter as propriedades desejadas, porém pode ocorrer casos em que o seu uso não seja plenamente justificável. Para se decidir sobre o uso ou não de determinado aditivo alguns fatores devem ser levados em consideração, como a possibilidade de se obter o resultado desejado comum a pequena modificação da mistura básica (COUTINHO, 2006). Os incorporadores de ar são aditivos que, como o próprio nome indica, incorporam à massa de concreto minúsculas bolhas de ar. Para uma mesma trabalhabilidade, permite uma redução de até 10% na água de amassamento. O uso correto do aditivo incorporador de ar confere ao concreto benefícios como melhoria da trabalhabilidade, redução da água de amassamento, redução da segregação, redução da exsudação (VEDACIT, 2005).

37 Os incorporadores de ar são tensoativos iônicos, orgânicos ou sintéticos, caracterizados por cadeias longas de carbono, que reduzem a tensão superficial da água, mediante a introdução de microbolhas de ar estáveis. Os incorporadores fluidificam e plastificam pela dispersão dos finos, incluindo o cimento, graças à grande quantidade de bolhas de ar que se repelem devido á carga de igual polaridade atuante. Os diâmetros variam de 100 a 300 mícrons, dependendo da base química utilizada. Estas bolhas agem como um fluido substituindo parte da água (MEHTA & MONTEIRO, 1994; NEVILLE, 1997). A utilização de incorporadores de ar melhora as propriedades do concreto fresco, tornando-o mais coeso, reduzindo a segregação e reduzindo a impermeabilidade. Outro efeito positivo é o aumento da durabilidade do concreto, tornando-o mais resistente à ação de elementos agressivos que penetrando no concreto pelos poros, reagem com o cimento formando cristais expansivos, que assim, alojados criam tensões internas que podem acarretar sua ruptura. 2.7 PROPRIEDADES DO CONCRETO LEVE ESTRUTURAL 2.7.1 Concreto Fresco 2.7.1.1 Trabalhabilidade e massa específica O aumento da absorção reduz a massa específica e limita a avaliação do agregado leve, devendo ser levada em consideração quando se faz a dosagem do concreto. A água absorvida é grande de importância. Todos os agregados, seja ele natural ou artificial, absorvem água em uma razão que diminui com o tempo. Desta maneira a absorção é importante de modo que, esteja o agregado insaturado ou parcialmente saturado, influencia de maneira direta nas propriedades do concreto fresco como trabalhabilidade, além de afetar as propriedades do concreto endurecido como densidade e resistência ao fogo (NEWMAN & CHOO, 2003).